Mário Nogueira Pinto, já há muito
se disse, o carrasco de uma nação acomodada que ele não se importa de esmagar,
impante no seu trono putinesco. Excelentes textos o da jornalista e o do
comentador que põem os respectivos dedos nas respectivas feridas - de excessos
de burocracias, de pseudo-pedagogias, que importam mais que as respectivas
matérias de ensino,……., dois textos a considerar. Inutilmente, é certo.
Mário Nogueira, o Muro de Berlim dos professores
É assim que vamos assistir à queda de
mais um ministro e à sobrevivência do Sr. Fenprof. Os professores, esses, vão
continuar com os mesmos problemas, liderados pelo mesmo protagonista.
RAQUEL ABECASIS Jornalista
e ex-candidata independente pelo CDS nas eleições autárquicas e legislativas
OBSERVADOR, 17
jan. 2023, 00:1712
Passam-se os anos e o problema
persiste. Milhares de professores nas ruas, acampados e fora das escolas,
reclamam pela dignificação da profissão. As escolas estão fechadas e os alunos
em casa (entre pandemia e greves dos professores, qualquer dia já nem sabem o
que é a escola).
Os professores têm razão para
protestar? Têm. São tratados às três pancadas, têm ordenados de miséria, o
sistema dá-lhes poucas condições pedagógicas e físicas para exercerem
competentemente a sua profissão e ainda por cima andam de casa às costas.
Problemas não faltam e a solução, passam-se os anos, não chega.
O
que aqui me traz não é, portanto, uma ausência de reconhecimento das razões de
queixa dos professores. É a sua atitude perante qualquer hipótese de mudança.
Ao longo dos anos, qualquer intenção de mudar o actual estado de coisas gera
uma contestação tal que os ministros acabam por cair e o sistema fica na mesma.
Aparentemente, embora agora se apresse a desmentir, o Ministro da
Educação planeava alterar o método de colocação de professores, atribuindo a
entidades municipais, juntamente com a direcção das escolas, a tarefa de
escolherem os seus quadros docentes. Este é o grande motivo de indignação dos
professores. Qualquer ideia de retirar do ministério central a competência da
colocação de professores faz sindicatos, e atrás de si toda a classe, rasgarem
as vestes e declararem guerra ao Governo.
A pergunta que deve ser feita é como
querem afinal os professores alterar esta situação absurda de andarem de casa
às costas, ano após ano, sendo colocados a centenas de quilómetros de casa? Ou
ainda: o que têm os professores contra o poder local e os directores das
escolas para acharem assim tão indigno serem submetidos a um concurso na sua
área de residência?
Que eu saiba, não há mais nenhuma
carreira da função pública que siga este método. Os médicos são contratados
pelas direcções hospitalares e nas outras carreiras o método é semelhante. Não
se percebe de que têm medo os professores, nem como querem alterar a sua
situação. Será que acham que o poder local é um poder menos legítimo do que o
poder central? E que os directores dos agrupamentos escolares não têm critério
para escolher os melhores professores para as suas escolas? Ou será que estão a
ser envenenados por quem há décadas é incapaz de os defender?
Os professores estão reféns de líderes sindicais que inviabilizam
qualquer solução. Os
ministros, bons e maus, vão caindo uns atrás dos outros. Do outro
lado eterniza-se uma figura que há décadas não sabe o que é uma sala de aula e
que se reclama o dono da classe. Mário Nogueira é o muro de Berlim dos
professores. O líder da Fenprof recusa qualquer mudança que ameace o seu
domínio sobre milhares de professores. Os novos sindicatos que surgiram no
terreno e que poderiam mudar o paradigma acabaram por, também eles, se deixarem
enredar na teia de Nogueira. É assim que vamos assistir à queda de mais um
ministro e à sobrevivência do Sr. Fenprof. Os professores, esses, vão continuar
com os mesmos problemas, liderados pelo mesmo protagonista.
Bem
sei que vou ser atacada pelo que escrevo. Mas antes de me dirigirem os ataques
irracionais habituais quando escrevo sobre este tema e sobre a ditadura do Sr.
Nogueira, quero que saibam que, não sendo professora, sou mãe de filhos que
frequentam a escola pública. A escola existe para ensinar o melhor possível os
seus alunos e é isso mesmo que está em causa no ensino público. Sem professores
ou com professores desmotivados, os alunos portugueses são os grandes
prejudicados por este sindicalismo totalitário que recusa qualquer mudança
manipulando os professores.
FENPROF SINDICATOS DE
PROFESSORES EDUCAÇÃO PROFESSORES COLOCAÇÃO DE
PROFESSORES
COMENTÁRIO (de 5)
Carlos Vito: Tem razão
quanto à dificuldade em mudar qualquer coisa que seja na escola, com excepção
dos programas escolares, e estes ainda assim em grande parte por culpa dos
professores que andam desde o 25 de abril a queixarem-se de que são muito
extensos! Daí a invenção de metas...competências e o que mais virá! Os
concursos a nível local podiam ser uma boa solução se as regras tivessem sido
apresentadas. Burrice do ministério. Os concursos, embora locais, mas sujeitos
a idênticos critérios evitavam a desconfiança de compadrio que os professores
temem (neste caso justificadamente, basta ver o que se passa a nível local). A
Fenprof é a principal, e desde há muito, força de bloqueio de qualquer reforma.
O excesso de burocracia é culpa do ministério e de
alguns professores, sobretudo ligados à área das pedagogias, que adoram aplicar
os modelos teóricos à prática, forçando esta a comprovar os primeiros. É, finalmente, quanto à questão financeira, a
principal...os professores estão mal pagos, tal como estão os médicos e outras
profissões. Não é admissível os professores terem trabalhado e não lhes
contarem todo o tempo de serviço. Não é natural nem desejável, ao contrário do
que pretendem, que todos cheguem ao topo da carreira. Isso não acontece noutras
atividades e é contranatura! Devem existir quotas para premiar os mais
qualificados. Este é um problema insolúvel a contento de todos. Nunca aceitam
uma avaliação que seja inferior a excelente, quando alguns nem deviam ter
concluído as licenciaturas. Avaliar professores é certamente uma das tarefas
mais arriscadas que qualquer sistema de avaliação tem em Portugal.
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