Concordo com Salles da Fonseca sobre o
tema da ausência de competência da AR
na
questão da devolução, aos respectivos países, do património museológico
trazido das ex-colónias. Os países são hoje independentes, mas foram
portugueses durante séculos e nessa qualidade se justifica o património
nacionalizado. Os diversos museus do mundo, a começar pelo Louvre, contêm salas de exposição de peças
universais e a própria “Vitória de
Samotrácia” embeleza um patamar das suas escadarias. A questão a
viabilizar-se, terá que ser tratada noutros locais por outras competências
menos vocacionadas para a peixeirada.
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 31.01.20
Divulguei
há dias por e-mail o que penso sobre uma proposta de debate parlamentar lançada
pela Deputada Joacine Moreira do «Livre». Daí, o «AINDA» do título do presente
escrito apesar de o tema se estar agora a estrear no “A bem da Nação”.
Dizia
eu na referida mensagem por e-mail que:
«Eis
o que vos digo:
A
questão da devolução às ex-Colónias do património museológico português com
origem naqueles países é questão que deve ser tratada por esses mesmos países e
posteriormente por eles negociada com o Governo Português. Não faz sentido que
seja tratado na nossa Assembleia da República pois não é tema do interesse
nacional e sim do potencial interesse de países estrangeiros que não passaram
procuração ao nosso país para tratarmos do assunto.
O
tema não deve, pois, ser sequer admitido à discussão na nossa Assembleia da
República.»
HSF
Entretanto,
a Deputada Joacine, única representante parlamentar do «Livre», viu o Partido
retirar-lhe a confiança política e aconteceu aquilo que se estava mesmo a ver
que ia acontecer: o «Livre» saiu da Assembleia da República e a Deputada perdeu
o direito ao uso da palavra no hemiciclo. Ou seja, o tema que estava para ser
debatido, morreu antes de nascer. Um nado morto.
Mas
fiquei a pensar no assunto e aqui estou eu para o retomar.
A segurança do património museológico
é tema de grande importância e em regimes políticos com incidência cleptómana,
só por mero acaso é que passado algum tempo as peças devolvidas não
desapareceriam misteriosamente a favor de algum coleccionador de tentador poder
financeiro.
Fica
o alerta.
Mas,
sejamos realistas, não há quem possa afirmar com plena segurança estar imune a
esse tipo de «mistérios». Contudo, há por esse mundo além quem seja mais seguro
e quem seja menos seguro. Creio que a Europa é mais segura do que outras
paragens e, dentre estas, o leitor que as imagine…
Apesar
de tudo, tenho a Europa como uma das regiões de maior segurança museológica e
essa a razão por que me lembrei de que poderia ser imaginado um Pacto
Europeu de Correcção Histórica ao abrigo do qual os museus dos países
(apenas europeus) aderentes poderiam requerer a devolução de peças museológicas
desviadas do país de origem por actos de apropriação indevida.
Por exemplo, onde estarão as peças de
arte levadas de Portugal pelas tropas de Napoleão ou durante a nossa terceira
Dinastia?
Aqui
deixo a sugestão aos Eurodeputados portugueses e a mais quem se interesse pelo
tema. Tenho a certeza de que este, sim, é tema a bem da nossa Nação.
Janeiro de 2020
Henrique Salles da Fonseca
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