terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Temos o caldo entornado



Carlos César PR? Lagarto, lagarto, lagarto … Mas como já estamos habituados ao «lagarto a quem cortam o rabo e que é rabo para aquém do lagarto remexidamente”... estamos por tudo. Venha mais este rabo não para ser esfolado mas para esfolar. Resignação é o nosso lema.
OPINIÃO: Ana Gomes pode resolver problemas a António Costa
Basta a Ana Gomes um honroso resultado entre os 15% e os 20% para estragar a festa a Marcelo Rebelo de Sousa e cumprir uma missão política que favorece o PS.
SÃO JOSÉ ALMEIDA     PÚBLICO, 15 de Fevereiro de 2020
A antiga dirigente do PS e ex-eurodeputada Ana Gomes tem insistido na recusa de ser candidata nas eleições para Presidente da República previstas para Janeiro. Explicou que não quer e até justificou com o argumento de que o estatuto de candidata presidencial lhe iria “coarctar a liberdade que é essencial” para a sua “capacidade de intervenção cívica”. Intervenção cívica e política que lhe deu um raro currículo de luta em defesa da liberdade e dos direitos humanos e de denúncia e combate contra a corrupção pleno de “medalhas”: Timor, voos da CIA, submarinos, Angola, Iraque, imigrantes, refugiados, presos políticos.
Não é possível hoje saber se Ana Gomes vai manter a recusa em candidatar-se ou se acabará por ter de mudar de ideias e avançar para as urnas, devido a um movimento de apoio à sua candidatura que possa entretanto formar-se. Até agora, no universo do PS, só Francisco Assis e Henrique Neto defenderam claramente que o faça, e fora do partido, Rui Tavares, do Livre. Mas é de admitir que os apoios se densifiquem. Uma coisa parece evidente, a candidatura de Ana Gomes resolveria diversos problemas a António Costa e ao PS quer nas presidenciais quer na futura relação com o actual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, durante o exercício de um seu segundo mandato. Discordo, assim, de Ana Gomes, quando afirmou em entrevista à RTP3: “O primeiro-ministro, António Costa, jamais permitirá.”
É evidente que Ana Gomes nunca poderá surgir como a candidata apoiada oficialmente pelo PS. Nem ela nem nenhum outro militante socialista ou personalidade dessa área política. Primeiro, pela necessidade de António Costa ser coerente em relação às presidenciais de 2016, em que não apoiou nenhum candidato, assumiu a liberdade de voto e os dirigentes e militantes dividiram-se entre Maria de Belém Roseira, Sampaio da Nóvoa e Marcelo Rebelo de Sousa. Sendo que agora os dirigentes de topo do PS poderão vir a integrar as comissões de honra de duas candidaturas. Uns, a de Marcelo Rebelo de Sousa. Outros, a de Ana Gomes ou de outra personalidade de esquerda democrática que venha a candidatar-se.
Em causa está também a necessidade de António Costa e do PS não hostilizarem directamente Marcelo Rebelo de Sousa, com quem terão de conviver institucionalmente, pelo menos até ao fim desta legislatura. É dos livros que, num segundo mandato, o Presidente da República adquire sempre um perfil mais interventivo e fiscalizador do Governo. E a última coisa de que António Costa e o seu Governo de maioria relativa — embora confortável nos seus 108 deputados, num Parlamento fragmentado — precisam é de afrontar directamente a recandidatura do actual Presidente da República, abrindo a porta a uma relação tensa no futuro. É por isso que considero ser impossível uma candidatura, por exemplo, de Carlos César, que é presidente do PS. Tal surgiria como uma provocação directa a Marcelo Rebelo de Sousa por parte do partido liderado pelo primeiro-ministro, António Costa. Este é o aspecto mais importante em que a candidatura de Ana Gomes resolveria um problema a António Costa: o peso e a legitimidade eleitoral com que o actual Presidente da República pode vir a ser reeleito. É sabido que, quanto maior for a percentagem de votos obtida por Marcelo Rebelo de Sousa, mais força ele terá para exercer o segundo mandato e afrontar o Governo. E não é segredo para ninguém que a maior consagração do actual Presidente da República seria aumentar os 52%, que teve em 2016, e atingir uma percentagem superior aos 70,35% dos votos conquistados por Mário Soares, na sua reeleição em 1991, quando Cavaco Silva, líder do PSD e então primeiro-ministro, se limitou a não apoiar ninguém e a deixar subentendido o apoio a Mário Soares.
Ora, com uma candidata claramente oriunda do PS, como Ana Gomes, ainda que apoiada por um movimento de cidadãos, haveria espaço para o debate das ideias socialistas e para estas marcarem a campanha. Tal como seria nítida a possibilidade de Ana Gomes atrair eleitores que terão tendência a votar em Marcelo Rebelo de Sousa se não houver um candidato da área do socialismo democrático. E basta a Ana Gomes um honroso resultado entre os 15% e os 20% para estragar a festa a Marcelo Rebelo de Sousa e cumprir uma missão política que favorece o PS. Além de que Ana Gomes poderá ir buscar votos ao eleitorado do BE e do PCP. Esvaziando assim também a possibilidade de crescimento de Marisa Matias, que em 2016 teve 10,12%, ou de outro candidato mais à esquerda. Não é por acaso que a hipótese da candidatura de Ana Gomes assusta o BE, e Francisco Louçã até já a classificou como “oportunista de circunstância”, e à Rádio Renascença.
Tudo boas razões, do ponto de vista de António Costa, para o primeiro-ministro e líder do PS dormir descansado com a hipótese de Ana Gomes mudar de ideias e, perante um eventual movimento de apoio que se forme, vir mesmo a candidatar-se às presidenciais de Janeiro de 2021.
COMENTÁRIOS:
Maria Correia, 17.02.2020: Eu votaria nela. Mas prefiro ouví-la a desmascarar podres do que vê-la calada pelo protocolo ou em discursos de circunstância, manietada a jogar xadrez com o diabo.
Erro id 399319? Inadmissível!, 16.02.2020:  Ana Gomes, é uma ideia. A minha é a seguinte: por que não igualmente Francisca Van Dunen? Também é mulher, e é... negra! Seria bom que se candidatasse para acabar com as veleidades de racismo entre nós. Se se apresentar, voto nela. Caso contrário, em Ana Gomes, claro.
Dr. Severino, 16.02.2020: Se Van Dunen gaguejasse, era a cereja no topo do bolo.
Erro id 399319? Inadmissível!, 16.02.2020: Caríssimo, olhe que eu estava (estou!) a falar a sério. Pa fazê pouco, é ali na porta ao lado, que com racistas aqui não dá (= não dou, garanto-lhe). Passe bem.
barbosa de almeida, 15.02.2020: A mais ténue possibilidade de Ana Gomes poder concorrer à presidência da República, não representa mais do que, enfraquecê-la, na sua tenaz luta contra a corrupção. Para que quer ela ser eleita, num cargo sem influência e autoridade nenhuma?
Ângela Marta Quelhas Calado.886295, 15.02.2020:  No fundo, se Ana Gomes for candidata é a adversária que pode mesmo fazer frente a Marcelo Rebelo de Sousa, e vir a surpreender o resultado. Mas se isso acontecer é mau para Marcelo. De qualquer forma dá a sensação que faz campanha na SIC tal como fazia Marcelo na TVI. Vejo com maus olhos uma putativa candidatura de Ana Gomes. Esperemos que não venha a acontecer. Apesar deste pseudo casamento entre Marcelo e Costa, sempre têm ideologias diferentes. Eu não quero um primeiro ministro e um presidente da República da mesma cor partidária.
danielcouto1100, 15.02.2020: Como eu há muita gente que precisa de um Presidente da República que não seja um inimigo da Regionalização. Como eu há muitos portugueses que querem um Presidente da República contra a corrupção. Como eu há muitos eleitores que não querem votar no Prof. Marcelo. Ana Gomes pode ser esse candidato e estou certo que pode ser a primeira Presidente da República num século.
Dr. Severino, 16.02.2020: Quem o ler fica com a ideia que, em Portugal, o presidente da República tem poder executivo
reinald, 15.02.2020: Imaginem esta senhora no mais alto cargo soberano do país. Passaria mais tempo nos tribunais do que em Belém. Sabem quantos processos tem por difamação? No Jamor a entregar a taça ao Benfica, levaria uma vaia que envergonharia qualquer chefe de Estado. Não tem condições, esqueça de vez.
Maria Odete Vilas Coutinho, 15.02.2020: Essa parte do Malfica é que não me tinha ocorrido, mas faz de facto todo o sentido… Ana Gomes tem de decidir-se a avançar, interrompendo durante algum tempo a sua apreciável cruzada pessoal, a favor de outra, nacional. O país não pode ficar refém do líder "abraço/selfie", outorgando-lhe uma percentagem de votos injustificada, excepto se não houver concorrência democrática credível. É preciso por vezes avaliar as consequências menos evidentes de atitudes bem-intencionadas, como seria esta da sua eventual abstenção a candidatar-se. Força, Ana Gomes, só se vive uma vez!
reinald, 15.02.2020: Faz tanta falta aos portugueses como a água. Que se dedique a tempo inteiro a Rui Pinto, ao «delinquente» presidente do Benfica. Acho que era mais útil para presidente da câmara do Porto ou concorrer contra o acabado Pinto da Costa.
José Cruz Magalhaes, 15.02.2020:  A esta distância das eleições presidenciais e tendo em conta as questões pendentes e candentes que se avolumam ,com deferimento e procrastinação de resolução, às escolhas e apresentação de candidatos presidenciais não está longe de ser um "fait-divers".
duas da manhã e isto, 15.02.2020: Vou mais longe. Marcelo tornou-se um presidente inútil para os tempos que correm e, com votos roubados à direita pelo populista de sarjeta e votos roubados ao centro e esquerda por Ana Gomes, tem mesmo o seu futuro em risco.
Fernando Ferreira, 15.02.2020: Ana Gomes tem é que resolver os problemas do País ajudando com as suas denúncias a combater toda a podridão que há muito fede. Se ninguém berrar que o Rei vai nu todos os responsáveis continuam com os seus a lambuzarem-se na gamela.
ana cristina: 15.02.2020: É evidente que Ana Gomes nunca poderá surgir como a candidata apoiada oficialmente pelo PS". Quem diz? a porta-voz do antónio costa disse.....
António Cunha, 15.02.2020: Se, por algum malabarismo tresloucado de levar Carlos César a candidato presidencial arriscar-se-ia a ter um resultado pior que Maria de Belém. E seria ainda mais saboroso vê-lo derrotado! Ana Gomes, contudo, teria - claramente - o meu voto. A sua honestidade paira acima das matreirices de Marcelo.
Fernando Luz, 15.02.2020: Eu votava nela, de certeza. Comecei a admirá-la quando da questão que levou à independência de Timor, e a forma frontal como defendeu os timorenses, quando todos temiam a Indonésia, e a coerência que sempre marcou a sua atuação no campo político, e não só. Julgo que saberia conciliar essa sua coerência com as obrigações decorrentes da sua eleição para a Presidência.

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