quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

A luta continua


O povo para a rua… Com os respectivos mentores de momento, em cata de votos, transmitindo o seu programa - um modo de transmissão espalhafatoso, que nos quadra. Os jornalistas e fotógrafos fazem o resto, aqueles conduzindo as entrevistas no confronto dos candidatos, que se entre acusam e se desdobram em mostrar os seus programas, na televisão. Vivemos, assim, da arruada e do ruído há 48 anos, na liberdade de expressão, com escassez de leitura, talvez, mas com muitas mostras de sensibilidade, para chegarmos ao coração do povo. E assim vamos aprendendo. Mas há os que escrevem e nos ajudam na desmistificação das tramoias. Assim o Dr. Salles, triste, esclarecendo.

AB INITIO AD COMITIO - 6

 Henrique Salles da Fonseca

 25.01.22

Para ganhar uma batalha eleitoral basta saber comunicar; para a perder, basta qualquer coisa de tudo o resto…

Nas campanhas eleitorais, o que interessa são os «chavões», não a lógica nem sequer a verdade.

Mas isso é para quem anda em comícios e arruadas porque quem está no recato das ideias, tem a obrigação de explicar, de se centrar na verdade ou naquilo que crê ela ser.

Em política, onde sempre existe algum subjectivismo, a verdade está onde a cremos mas não onde a queremos, sob pena de sofisma. Desta «nuance» entre crer e querer, resulta muita desconversa, muito torcionismo da democracia e muito contorcionismo de carácter. E já não refiro as promessas irrealizáveis, as exigências utópicas, os anúncios de fracturas sociais se não mesmo de ameaças encapotadasE é isto num país com quase 900 anos de História!

Eis por que as sondagens tão maltratam quem não é trauliteiro, quem não acena com a utopia nem apregoa demagogias.

Eis a «sorte» que cabe a quem procede sempre com determinação e serenidade.

A ver

Janeiro de 2022

COMENTÁRIOS

 Alice Gouveia  25.01.2022: Muita verdade, Henrique. Mas em campanhas eleitorais, aquele que não for Pinóquio não tem credibilidade. O país está de rastos; mas o povo espera promessas de Shangrilá. Se não o fizer, é automaticamente excluído mesmo antes de chegar às urnas. " Este não tem nada para oferecer/prometer", dirão. Ainda não caímos na "real"(bras) para avaliarmos que há muito caminho por fazer. Daí que, entra Pinóquio, sai Pinóquio, e ficámos na mesma, ou um pouco pior. Era preciso que o Povo não se lançasse em "aventuras", que a nossa dívida baixasse, e quem sabe iríamos vislumbrar melhor futuro. Na minha perspectiva, nestas eleições, vai ganhar o menos pior (aparentemente). Ai a Política.....

  Adriano Miranda Lima  27.01.2022  01:02A disputa eleitoral nunca deixará de ser o que é. Em Portugal como em qualquer outro país de regime democrático. Cada um julgará ou não se o que se considera excesso verbal, teatralização, simulação ou diatribe constituem males menores face aos reais benefícios que a democracia liberal oferece: no mínimo, o respeito pelos direitos individuais e pela condição humana. É pura utopia acreditar numa democracia que funcione irrepreensivelmente limpa e sem atropelos, desilusões e constrangimentos.

Desde 1975 que venho votando no mesmo partido, pelo que comícios e arruadas não passam de folclore.
Quanto ao resto, discordo do comentário que refere que o "país está de rastos". Talvez seja uma opinião demasiadamente radicada numa visão partidária.

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