Que faz o título do comentário de Luis Soares
de Oliveira, que recebi por email, comentário, que utilizarei igualmente
como epígrafe do meu texto, pese embora a diferença de contextos em que a
personagem Tartufo surge
aplicada. No caso de A. Costa, a
hipocrisia esconde esperteza, fuga temerosa - apatetada - à frontalidade, em
defesa do tacho, talvez, não tem, de facto, a ver com a História dos heróis do
mar e da nação valente de outrora. Mas isso de mentira tem sido uma constante
por cá, de graves consequências, de resto, sobre o estado da Nação, desde que descambámos
na senda do parasitismo económico contínuo e definitivamente insolúvel – talvez
na sequência da pequenez de formação literária de que sempre enfermou este
país, por razões que Antero bem explicou. Eis o comentário do Sr. Embaixador:
«O Novo Tartufo.»
«Perguntado porque é que o seu
país se atrasa em matéria de crescimento económico, A. Costa respondeu «É a
História». Tartufo não teria feito melhor.»
O caso que me serve de paralelo com o tal
Tartufo - que não tem mãos a medir nos jeitos histriónicos curvilíneos de
sedução maliciosa, que apenas engana os tolos - não se parece, de facto, com o
que vou referir. Trata-se de uma Mulher extremamente culta – Clara Ferreira Alves – a propósito
de um texto que acabo de ler, na sua Pluma
Caprichosa de 7 de Janeiro, da Revista
E, com o título “O Mundo não está bem”, em que, pelo contrário, varre com
admirável saber e enorme convicção, à esquerda e à direita, toda a panorâmica
humana, quer social, quer política, quer da sua vizinhança nacional, sendo essa
a que mais despreza, na sua superioridade intelectual brilhante e
majestosamente irrequieta.
Refiro-me, no seu artigo de fôlego
global, sobretudo ao último parágrafo, que transcrevo, por nele estar contida
uma frase que, de certo modo, me atinge, no anonimato de uma vida – a minha –
que desde sempre desejou dele sair, sobretudo na fúria de um desejo que fosse
obstáculo – esse sim - à cobarde destruição pátria que – essa sim – mereceu a
adesão das Claras Alves e demais compinchas do nosso país, na altura
defensores entusiastas e ardilosos dessa destruição – à la page – e que, passada ela, no decurso de uma evolução
reveladora de graves fraquezas sociais, ignoram esse facto para sempre inócuo,
para passarem ao ataque a tudo quanto de mau nos vai sucedendo, de decadência
nos usos, nos interesses espirituais, no envilecimento económico, o que é fácil
de descortinar, mas difícil de exprimir, como o faz CFA…
O último parágrafo de “O Mundo
não está bem”:
«…
Para onde estes sistemas forem, iremos nós, europeus, mais lentamente. A
fraqueza e a falta de qualidade das personagens políticas, a ausência de debate
intelectual, a mediocridade das instâncias artísticas devotadas a propósitos
políticos e identitários de autocomplacência, a cobardia dos praticantes da
indignação anónima e dos idólatras do like, a inexistência de uma
comunidade internacional actuante e preocupada, a indigência de grandes instituições
nacionais e internacionais, a ausência de uma consciência moral que se sobreponha
à ganância e à indiferenciação e relativismo que cobrem todas as questões do
nosso tempo, incluindo as alterações climáticas, são a manta de retalhos com
que cobrimos a passividade e os falhados propósitos. Com ou sem pandemia, o
mundo não está bem.»
Na realidade, pertenço hoje ao anonimato
dos comentadores bloguistas, embora sem a cobardia que nos atribui a expressiva
Clara. De facto, vários livros tenho publicado, no frenesi de uma dor jamais
ultrapassada – a da derrocada mandatada pelos povos superiores do comando,
contestada por um Salazar clarividente e patriota, mas definitivamente arrumada
por uma sociedade que se autodenominou fabricante de um novo espírito que traiu
a história da sua pátria.
Clara
Ferreira Alves foi das que diligentemente seguiu as imposições dessa
esquerda que mais tarde pareceu renegar, na escolha decisiva de um caminho pátrio
mais aprazível, segundo as suas coordenadas sofisticadas de humanidade e amor
pelo próximo, como convinha, para hoje se revelar severamente e
intransigentemente agressiva com esse povinho – essa gentinha - que desde
sempre, aliás, desprezou, na superioridade de um saber e um exprimir que não se
orienta pelo conceito já banalizado da velha e modesta relatividade, é bem de
ver, mas que apresenta um carisma de oportunismo e hipocrisia, conforme temos
seguido, nos seus passos de prudência, já como seguidora zelosa dos passos de Mário
Soares, como vimos em tempos, talvez de amizade, talvez de subserviência
interesseira, imprópria da Mulher que admiramos, pela inteligência de um
discurso que se impõe, a vários níveis… Salvo o pedagógico.
Quanto aos outros comentadores, aqueles que tenho lido e transcrito de textos vários a que, com gratidão, tenho tido acesso, dum modo geral reconheço a qualidade de muitos, reveladores da qualidade mental, por vezes científica, textos que muito me apraz ler e transcrever, pela sua dimensão política. O que, para mim, reforça o valor de uma Internet que nos proporciona tanto de belo em tantos níveis. Nisso, o Mundo está bem, sobretudo se o compararmos com o passado, despojado de tanta comodidade e amplitude, para as quais também nós, gente portuguesa, contribuímos… Não, não se destrua - ditatorialmente - a Internet, que nos traz tanto do Mundo, hoje.
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