Para nosso
entretenimento, estes percursos e estes discursos diários cansativos e monocórdicos.
E aprende-se sempre alguma coisa, sobretudo se a seguir haja quem os comente. Esta
análise de Alexandre Homem Cristo é mais um ponto de vista sério
e equilibrado, no seu julgamento.
Cinco
vitórias da campanha eleitoral
O surgimento de novos partidos gerou
mais concorrência e propostas inovadoras, que fizeram bem à política
portuguesa. Este arejamento do debate, só por si, contribui para o
desenvolvimento do país.
ALEXANDRE HOMEM CRISTO
OBSERVADOR, 27 jan 2022
A estagnação da economia
portuguesa tornou-se um tema de primeira linha. O país percebeu, finalmente, que tem sido ultrapassado
pelas economias dos países do Leste Europeu e o debate público já não deixa
passar o assunto sem exigir explicações ou soluções. Um dos momentos inesquecíveis dos duelos televisivos
resulta precisamente daí: quando António Costa foi pressionado e tentou sacudir
esse fracasso afirmando que “a história explica” o porquê de Portugal estar a
ficar para trás. Tanto PSD como IL fizeram do tema o coração da sua campanha
eleitoral — e acertaram. A esquerda, que não tem uma resposta para este atraso
económico português, ficou de fora da conversa — o que a fragilizou. O tema
veio para ficar, e ainda bem.
Apesar
de muitas discussões irrelevantes nestas últimas semanas, houve
temas e propostas eleitorais inovadoras que conseguiram sobressair. Desde a flat tax ou a privatização da TAP à organização
de serviços públicos de forma integrada com o sector privado (na saúde ou
educação), a IL foi o partido que melhor conseguiu introduzir as suas ideias na
campanha. Concorde-se
ou discorde-se dessas propostas, o essencial da mensagem passou: é possível
implementar políticas públicas diferentes daquelas que Portugal discute há 20
anos. E este arejamento do debate público, só por si, contribui para o
desenvolvimento do país.
Enquanto
os partidos da geringonça tentaram reanimar um projecto esgotado (BE e CDU
sofrerão as consequências eleitorais disso), a
candidatura do Livre mostrou que a esquerda pode ser radical
sem cair nos clichés anti-sistema. O
Livre tem inúmeras propostas duvidosas no seu programa (como o insólito
subsídio de desemprego para quem se despede), mas evidenciou uma inclinação
dialogante, ecologista e europeísta que o diferencia, pela positiva, dos
partidos que, à esquerda, vivem de estar sempre a prometer rupturas. A esquerda radical portuguesa deve evoluir para além
das suas raízes ideológicas herdadas da Guerra Fria e a campanha do Livre foi
um esforço nesse sentido.
A
ecologia deixou de ser um tema acantonado no activismo do BE. Da esquerda (PAN, Livre, PS) à direita
(IL, CDS, PSD), os partidos esforçaram-se para
propor soluções
que lidem com as alterações climáticas e a protecção do eco-sistema. É particularmente de salutar que, à direita, se tenha
finalmente abraçado o tema — que é uma prioridade dos eleitores jovens e que
será cada vez mais importante para as nossas vidas.
O
populismo de André Ventura ficou exposto nas suas fragilidades e incoerências. Porque teve de participar em vários debates
televisivos, a sua eficácia foi-se esvaziando: os seus desempenhos
tornaram-se repetitivos, o seu estilo belicoso gerou aversão, as suas propostas
eleitorais não resistiram ao contraditório, os seus ziguezagues reivindicativos
para negociações exibiram com clareza a instabilidade que provocaria num
governo à direita. Depois de ter sonhado com resultados de dois dígitos,
André Ventura fez tudo bem para apanhar uma desilusão no dia 30.
A
campanha eleitoral termina amanhã. Ainda bem. As últimas semanas deram-nos
uma longa
lista de incompetências e fracassos políticos. Alguns discretos — a
inexistência de críticas à gestão da pandemia pelo governo ou a ausência
completa da Educação nas prioridades para o desenvolvimento do país (sobretudo,
agora, que voltamos a ter milhares de crianças sem ensino presencial). Outros ruidosos — a incapacidade de organizar as eleições com regras
adequadas ao contexto pandémico e o colapso da estratégia eleitoral do PS (que
só dá tiros nos pés). Mas também mostraram uma evolução no debate político que seria injusto não assinalar. No meio de tanto pessimismo, um pouco de esperança: o
surgimento de novos partidos gerou um aumento da concorrência, que fez muito
bem à política portuguesa. A campanha já o mostrou. Agora, resta esperar que
tal se veja também na governação.
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COMENTÁRIOS:
Grreite Rissete: Estas eleições são as mais importantes de sempre. No dia 30 está em causa
uma simples escolha: Liberdade ou Tirania! O certificado N A Z I é o 1º passo
para a instauração de um sistema de Crédito Social, ao estilo chinês. Ao permitir-se
esse precedente, tudo o que se seguirá não terá Resistência. Neste momento, o
Povo Português está como o Sapo na panela, a ser cozido lentamente. Lutar pela
Democracia não está no ADN dos actuais partidos com assento parlamentar. O voto
é a única arma que temos para impedir o avanço desta ditadura sanitária. Quem
se costuma abster, é muito importante que desta vez não o faça. Ana Torres: Se alguém tem dúvidas quanto à estagnação da economia
portuguesa, que veja a intervenção isenta do José Gomes Ferreira, ontem
à tarde na SIC Noticias, apontou exactamente a que se deve a estagnação
da economia e porquê de estarmos na cauda da Europa! Joaquim
Rodrigues: Um dos grandes problemas de Portugal é a
falta de "políticas públicas liberais" na actividade económica.
Não é por acaso. O
"capitalismo" em Portugal, quando nasceu, já nasceu torto.
Os
"princípios básicos" da "livre e sã concorrência" e da
"igualdade de oportunidades" foram desde sempre mandados às
"malvas" e substituídos pelo "capitalismo dos compadres",
encostados ao Estado e protegidos pelo Estado. Como nos
mostraram os Sócrates, os Costas, os Salgados, os Pinhos, os Linos, Vieiras, os
Granadeiros, os Bavas e os Berardos deste País, é esse capitalismo, o
"capitalismo dos compadres" que ainda hoje temos em Portugal. É por isso muito
bem-vinda e muito importante a "Iniciativa Liberal" que obriga à
discussão das "alternativas liberais" para as políticas públicas Ananás Flambé: O surgimento de
novos partidos não vem mudar grande coisa ao estado geral da situação. Aliás,
há uma bazucada de massa a ser distribuída e isso atrai os parasitas, por isso
aparecem mais organizações parasitárias, os partidos, mas no geral nada muda, o
poder económico continua a controlar e mandar, e quem pegar no barco só pode
navegar ao longo da costa, como até aqui. Podem mudar o cenário e os actores,
mas a peça vai continuar a ser a mesma! Madalena Sa; Tenhamos esperança que o País
dê a volta! Já não se aguenta ouvir tanta asneira!
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