Extraído do Facebook de Luís Soares de Oliveira, com uma bonita foto de uma pequena igreja do Estoril,
que apresenta um estilo de requinte sóbrio, mas suficientemente expressivo de
rebuscamento, nas suas linhas e cores de frontaria e enquadramento de
contrastes, que mereceu expressivo diálogo, e a mim me deu vontade de rever
noções, refrescando uma memória em extinção, com o contributo da generosa Internet, (que atribui, todavia, o nome barroco a uma “pérola” espanhola, quando eu
sempre li que a palavra provinha da tradução portuguesa para a tal “pérola” irregular embutida
na pedra, mas outras origens se lhe aplicam - digo-o como referência a alegrias
sentidas outrora, quando se analisava o contributo de Portugal no enriquecimento
linguístico, entre outros.
Eis a frase maliciosa de Luís
Soares de Oliveira, geradora de reencontros aprazíveis:
Barroco em plena modernidade do Estoril
LUÍS SOARES DE
OLIVEIRA
«O barroco
fez-se para atrair pessoas às igrejas.»
Isabel Themudo Gallego: Bem bonito esse barroco pobre!!!
Luis Soares de Oliveira: Isabel
Themudo Gallego, chamar-lhe-ia simplificado.
NOTAS DA INTERNET:
(em brasileiro)
Barroco
Introdução
O
nome "barroco" (provavelmente derivado de barueco, a
palavra espanhola que designava uma pérola de forma irregular) foi
atribuído nos finais do XVIII e possuía alguma intenção pejorativa,
uma vez que nessa altura este período era ainda considerado como a fase de
decadência do renascimento. Só nos inícios do século XX este estilo é
reconhecido como um dos mais importantes da história moderna.
Desenvolvida durante o século
XVII, num ambiente dominado pelos progressos científicos, pela consolidação
das grandes monarquias absolutistas, pelo movimento
da contrarreforma da igreja católica e pela expansão
protestante nos países nórdicos, a arte barroca prolongou-se
pelo século XVIII em muitos países. O estilo barroco nasceu
em Itália, a partir das experiências
maneiristas de finais do século XVI e
expandiu-se rapidamente para outros países europeus, atingindo mais tarde as colónias espanholas e portuguesas da América Latina e
da Ásia.
Apesar das
diferentes interpretações que se verificaram nos diferentes países e
regiões, determinadas por diferentes contextos políticos, religiosos
e culturais, este estilo apresentou algumas características comuns,
como a tendência
para a representação realista, a procura do movimento e do infinito, a
importância cenográfica dos contrastes luminosos, o gosto pelo teatral, a
tentativa de integração das diferentes disciplinas artísticas.
Arquitetura
Durante o período barroco, duas
tipologias protagonizaram as pesquisas formais e construtivas: o
palácio e a igreja. Os arquitetos barrocos entendiam
o edifício de forma integrada, como se fosse uma grande escultura, única e
indivisível. A sua forma era ditada por
complexos traçados geométricos
(muitas vezes baseados em formas curvas e em ovais) que imprimiam qualidades dinâmicas aos
espaços e às fachadas. Paralelamente abandonaram-se os rígidos esquemas compositivos baseados nas
ordens clássicas.
O
Barroco nasceu em Itália,
mais especificamente na Roma Papal seiscentista. Três arquitetos protagonizaram o desenvolvimento deste estilo: Gian Lorenzo Bernini, o
mais monumental, Borromini, mais original e Piero da Cortona. A pequena igreja de San Carlo
alle Quatro Fontane, projectada em 1665 por Borromini, constituiu um dos mais notáveis edifícios construídos neste
período pela extrema complexidade e dinâmica da planta, pela total subversão
das regras tradicionais e pela forma ondulante das paredes. Fora de Roma,
destaque para a igreja de Santa Maria della Salute, de Veneza, projetada por Baldassare
Longhena e para os trabalhos de Guarino Guarini, de inspiração borrominiana, como a Capella della Santa Sindone, em Turim.
O
Barroco francês assumiu características simultaneamente mais monumentais e
clássicas. O seu afastamento
relativamente à estética italiana foi afirmado com recusa do projeto de Bernini para a ampliação do Louvre. Este estilo encontrou a sua
máxima expressão no Palácio de Versalhes, uma residência real construída nos arredores de Paris por Louis XIV, projetada pelo arquiteto Louis le Vau e
pelo jardineiro André le
Nôtre, que integra um vasto palácio e um enorme jardim estruturado por
longos eixos e pontuado por estátuas, fontes e um enorme canal.
As
guerras na Alemanha e a invasão
Turca da Áustria condicionaram grandemente a
introdução do estilo barroco nestes países. Por esta razão, o Barroco
alemão e austríaco foi desenvolvido mais tardiamente e, embora se fundamente em modelos italianos, a sua exuberância decorativa denuncia conceitos já próximos
do estilo Rococó.
Em Inglaterra este estilo foi protagonizado por Sir Christopher Wren,
autor de muitos projectos para reconstrução das igrejas de Londres, dos quais se
destaca o da Catedral
de S. Paulo, iniciada em 1675.
Artes plásticas e decorativas
No
campo pictórico assistiu-se, neste período, para além da transformação
estilística, ao alargamento dos géneros e das próprias dimensões da pintura, de
forma a integrar organicamente os espaços arquitetónicos. Esta pintura em trompe l'oeil, aplicada em
paredes e tetos constituiu uma das mais originais contribuições do Barroco.
O mais influente pintor deste período foi o italiano Caravaggio, famoso pelas pinturas religiosas nas quais os contrastes entre
a luz e sombra na modelação dos corpos e dos espaços introduz uma atmosfera
dramática de intensa espiritualidade. A pintura
barroca flamenga afirmou-se através do
trabalhos de dois artistas, bastante diferentes entre si: Peter Paul Rubens, autor de uma pintura vigorosa, sensual e teatral, e Rembrandt van Rijn, pintor
mais introvertido, executou inúmeros auto-retratos inspirados na
linguagem intensa e dramática de Caravaggio.
Em Espanha a
pintura atingiu um elevado nível artístico, protagonizada por Diego Rodríguez da Silva e
Velásquez,
por Bartolomeu Murillo e por Francisco Zurbarán. Velásquez, pintor oficial da corte e um dos mais originais artistas
barrocos, realizou a sua obra prima, "As Meninas", em 1629. Em França, ao caravagismo de sentido
intimista da pintura de Georges de La Tour opõem-se a vertente mais classicista
dos trabalhos de Nicolas Poussin e o caráter cenográfico das pinturas de Charles le Brun para o Palácio de
Versalhes. A escultura barroca encontrou o seu paroxismo nas obras do italiano Gian Lorenzo Bernini,
caracterizadas pelo virtuosismo técnico e pela tentativa de captar o
movimento em momentos fugidios, caso das peças "Apolo e Dafné",
realizada entre 1622 e 1624 ou no "Êxtase
de Santa Teresa", de 1645.
Literatura
Vários países aderiram ao movimento na Europa.
Referimos as designações que o classificaram a partir de obras literárias:
na Inglaterra foi designado eufuísmo (da obra Euphues de John Lyly, incluindo-se Milton na literatura e Haendel - compositor alemão que se
radicou nas Ilhas Britânicas - na música);
na Itália surgiu a designação de marinismo (de Giambattista Marino, a que se juntaram Tassoni e Palavicini); Hoffmann e
Lohenstein da segunda escola da Silésia e, principalmente, Angelus Silesius
divulgam o movimento da escola com o nome de silesianismo; na França, Molière desvia-se dos grandes clássicos, como Corneille, Racine,
Boileau, Bossuet, e ridiculariza a vida de salão, as "preciosas
ridículas", em Sabichonas, e o movimento surge com o nome de preciosismo; na Espanha,
apesar da excelência dramática de Tirso de Molina, Lope de Vega e Calderón de La Barca,
o movimento desponta com Luís de Gôngora em Saudades,
a Fábula de Polifemo y Galateia, surgindo a designação de Gongorismo. Portugal adere, também, como podemos ver em Lampadário de
Cristal de Jerónimo Baía, superlativando o real
quotidiano, e aceita o nome que a Espanha dera ao
movimento.
Acentua-se
o emprego dos recursos estilísticos,
nomeadamente metáforas, paronímias, hipérbatos, comparações, anáforas,
hipérboles, antíteses, assíndetos, catacreses, pleonasmos, perífrases,
trocadilhos, a assimetria, o geometrismo, o predomínio da ordem imaginativa
sobre a lógica, os conceitos com o seu engenho e agudeza com vista à novidade e
ao inusitado. Entre outros, refira-se o soneto de Jerónimo Baía, no qual cada verso é composto de duas metades
que formam um todo, afirmando o geometrismo formal. Barroca, também, a forma como é transmitida a doutrina espiritual, cultivando o medo do inferno, como se pode ver na prosa de Manuel Bernardes e Frei António das Chagas. De cariz barroco é a obra
moralista como a vemos representada por D. Francisco Manuel de Melo (Feira de
Anexins, Apólogos Dialogais, Carta de Guia de Casados), em Manuel Bernardes na Nova
Floresta, nos Sermões de António Vieira, na Corte na Aldeia de Rodrigues Lobo.
Este
movimento que, no século XVII, entre nós, floresceu em pleno nas várias artes,
na poesia em vários poetas, com especial relevo em Rodrigues Lobo e D. Francisco Manuel de Melo, entra em declínio no século XVIII, dando origem ao estilo rococó, o mesmo acontecendo na
literatura brasileira, que desperta no século XVII com marcas do Barroco de
escritores portugueses e espanhóis. Entre nós, A Arte Poética de José Freire, em 1739, é o primeiro grande
golpe dado no seiscentismo; depois, é a publicação do Verdadeiro Método de Estudar de
Verney em 1746 e, por último, a fundação da Arcádia
Ulissiponense em 1756.
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