sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Apontamento

 

Extraído do Facebook de Luís Soares de Oliveira, com uma bonita foto de uma pequena igreja do Estoril, que apresenta um estilo de requinte sóbrio, mas suficientemente expressivo de rebuscamento, nas suas linhas e cores de frontaria e enquadramento de contrastes, que mereceu expressivo diálogo, e a mim me deu vontade de rever noções, refrescando uma memória em extinção, com o contributo da generosa Internet, (que atribui, todavia, o nome barroco a uma “pérola” espanhola, quando eu sempre li que a palavra provinha da tradução portuguesa para a tal “pérola” irregular embutida na pedra, mas outras origens se lhe aplicam - digo-o como referência a alegrias sentidas outrora, quando se analisava o contributo de Portugal no enriquecimento linguístico, entre outros.

Eis a frase maliciosa de Luís Soares de Oliveira, geradora de reencontros aprazíveis:

Barroco em plena modernidade do Estoril

LUÍS SOARES DE OLIVEIRA

«O barroco fez-se para atrair pessoas às igrejas.»

 

Isabel Themudo Gallego: Bem bonito esse barroco pobre!!!

Luis Soares de Oliveira: Isabel Themudo Gallego, chamar-lhe-ia simplificado.

 

NOTAS DA INTERNET:

(em brasileiro)

Barroco

Introdução

O nome "barroco" (provavelmente derivado de barueco, a palavra espanhola que designava uma pérola de forma irregular) foi atribuído nos finais do XVIII e possuía alguma intenção pejorativa, uma vez que nessa altura este período era ainda considerado como a fase de decadência do renascimento. Só nos inícios do século XX este estilo é reconhecido como um dos mais importantes da história moderna.

Desenvolvida durante o século XVII, num ambiente dominado pelos progressos científicos, pela consolidação das grandes monarquias absolutistas, pelo movimento da contrarreforma da igreja católica e pela expansão protestante nos países nórdicos, a arte barroca prolongou-se pelo século XVIII em muitos países. O estilo barroco nasceu em Itália, a partir das experiências maneiristas de finais do século XVI e expandiu-se rapidamente para outros países europeus, atingindo mais tarde as colónias espanholas e portuguesas da América Latina e da Ásia.

Apesar das diferentes interpretações que se verificaram nos diferentes países e regiões, determinadas por diferentes contextos políticos, religiosos e culturais, este estilo apresentou algumas características comuns, como a tendência para a representação realista, a procura do movimento e do infinito, a importância cenográfica dos contrastes luminosos, o gosto pelo teatral, a tentativa de integração das diferentes disciplinas artísticas.

Arquitetura
Durante o período barroco, duas tipologias protagonizaram as pesquisas formais e construtivas: o palácio e a igreja. Os arquitetos barrocos entendiam o edifício de forma integrada, como se fosse uma grande escultura, única e indivisível. A sua forma era ditada por complexos traçados geométricos (muitas vezes baseados em formas curvas e em ovais) que imprimiam qualidades dinâmicas aos espaços e às fachadas. Paralelamente abandonaram-se os rígidos esquemas compositivos baseados nas ordens clássicas.

O Barroco nasceu em Itália, mais especificamente na Roma Papal seiscentista. Três arquitetos protagonizaram o desenvolvimento deste estilo: Gian Lorenzo Bernini, o mais monumental, Borromini, mais original e Piero da Cortona. A pequena igreja de San Carlo alle Quatro Fontane, projectada em 1665 por Borromini, constituiu um dos mais notáveis edifícios construídos neste período pela extrema complexidade e dinâmica da planta, pela total subversão das regras tradicionais e pela forma ondulante das paredes. Fora de Roma, destaque para a igreja de Santa Maria della Salute, de Veneza, projetada por Baldassare Longhena e para os trabalhos de Guarino Guarini, de inspiração borrominiana, como a Capella della Santa Sindone, em Turim.

O Barroco francês assumiu características simultaneamente mais monumentais e clássicas. O seu afastamento relativamente à estética italiana foi afirmado com recusa do projeto de Bernini para a ampliação do Louvre. Este estilo encontrou a sua máxima expressão no Palácio de Versalhes, uma residência real construída nos arredores de Paris por Louis XIV, projetada pelo arquiteto Louis le Vau e pelo jardineiro André le Nôtre, que integra um vasto palácio e um enorme jardim estruturado por longos eixos e pontuado por estátuas, fontes e um enorme canal.

As guerras na Alemanha e a invasão Turca da Áustria condicionaram grandemente a introdução do estilo barroco nestes países. Por esta razão, o Barroco alemão e austríaco foi desenvolvido mais tardiamente e, embora se fundamente em modelos italianos, a sua exuberância decorativa denuncia conceitos já próximos do estilo Rococó.
Em Inglaterra este estilo foi protagonizado por Sir Christopher Wren, autor de muitos projectos para reconstrução das igrejas de Londres, dos quais se destaca o da Catedral de S. Paulo, iniciada em 1675.
Artes plásticas e decorativas

No campo pictórico assistiu-se, neste período, para além da transformação estilística, ao alargamento dos géneros e das próprias dimensões da pintura, de forma a integrar organicamente os espaços arquitetónicos. Esta pintura em trompe l'oeil, aplicada em paredes e tetos constituiu uma das mais originais contribuições do Barroco.
O mais influente pintor deste período foi o italiano 
Caravaggio, famoso pelas pinturas religiosas nas quais os contrastes entre a luz e sombra na modelação dos corpos e dos espaços introduz uma atmosfera dramática de intensa espiritualidade. A pintura barroca flamenga afirmou-se através do trabalhos de dois artistas, bastante diferentes entre si: Peter Paul Rubens, autor de uma pintura vigorosa, sensual e teatral, e Rembrandt van Rijn, pintor mais introvertido, executou inúmeros auto-retratos inspirados na linguagem intensa e dramática de Caravaggio.
Em Espanha a pintura atingiu um elevado nível artístico, protagonizada por
Diego Rodríguez da Silva e Velásquez, por Bartolomeu Murillo e por Francisco Zurbarán. Velásquez, pintor oficial da corte e um dos mais originais artistas barrocos, realizou a sua obra prima, "As Meninas", em 1629. Em França, ao caravagismo de sentido intimista da pintura de Georges de La Tour opõem-se a vertente mais classicista dos trabalhos de Nicolas Poussin e o caráter cenográfico das pinturas de Charles le Brun para o Palácio de Versalhes. A escultura barroca encontrou o seu paroxismo nas obras do italiano Gian Lorenzo Bernini, caracterizadas pelo virtuosismo técnico e pela tentativa de captar o movimento em momentos fugidios, caso das peças "Apolo e Dafné", realizada entre 1622 e 1624 ou no "Êxtase de Santa Teresa", de 1645.

Literatura
Vários países aderiram ao movimento na Europa. Referimos as designações que o classificaram a partir de obras literárias: na Inglaterra foi designado eufuísmo (da obra Euphues de John Lyly, incluindo-se Milton na literatura e Haendel - compositor alemão que se radicou nas Ilhas Britânicas - na música); na Itália surgiu a designação de marinismo (de Giambattista Marino, a que se juntaram Tassoni e Palavicini); Hoffmann e Lohenstein da segunda escola da Silésia e, principalmente, Angelus Silesius divulgam o movimento da escola com o nome de silesianismo; na FrançaMolière desvia-se dos grandes clássicos, como CorneilleRacine, Boileau, Bossuet, e ridiculariza a vida de salão, as "preciosas ridículas", em Sabichonas, e o movimento surge com o nome de preciosismo; na Espanha, apesar da excelência dramática de Tirso de MolinaLope de Vega e Calderón de La Barca, o movimento desponta com Luís de Gôngora em Saudades, a Fábula de Polifemo y Galateia, surgindo a designação de Gongorismo. Portugal adere, também, como podemos ver em Lampadário de Cristal de Jerónimo Baía, superlativando o real quotidiano, e aceita o nome que a Espanha dera ao movimento.

Acentua-se o emprego dos recursos estilísticos, nomeadamente metáforas, paronímias, hipérbatos, comparações, anáforas, hipérboles, antíteses, assíndetos, catacreses, pleonasmos, perífrases, trocadilhos, a assimetria, o geometrismo, o predomínio da ordem imaginativa sobre a lógica, os conceitos com o seu engenho e agudeza com vista à novidade e ao inusitado. Entre outros, refira-se o soneto de Jerónimo Baía, no qual cada verso é composto de duas metades que formam um todo, afirmando o geometrismo formal. Barroca, também, a forma como é transmitida a doutrina espiritual, cultivando o medo do inferno, como se pode ver na prosa de Manuel Bernardes e Frei António das Chagas. De cariz barroco é a obra moralista como a vemos representada por D. Francisco Manuel de Melo (Feira de Anexins, Apólogos Dialogais, Carta de Guia de Casados), em Manuel Bernardes na Nova Floresta, nos Sermões de António Vieira, na Corte na Aldeia de Rodrigues Lobo.

Este movimento que, no século XVII, entre nós, floresceu em pleno nas várias artes, na poesia em vários poetas, com especial relevo em Rodrigues Lobo e D. Francisco Manuel de Melo, entra em declínio no século XVIII, dando origem ao estilo rococó, o mesmo acontecendo na literatura brasileira, que desperta no século XVII com marcas do Barroco de escritores portugueses e espanhóis. Entre nós, A Arte Poética de José Freire, em 1739, é o primeiro grande golpe dado no seiscentismo; depois, é a publicação do Verdadeiro Método de Estudar de Verney em 1746 e, por último, a fundação da Arcádia Ulissiponense em 1756.

 

 

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