sábado, 29 de janeiro de 2022

Querer é poder

 

Um dia, “havemos de ir a Viana”, ou, mais eruditamente, iremos “embora pra Pasárgada”, pois lá somos “amigos do rei”… ou mais castiçamente “tantas vezes vai o cântaro à fonte que um dia lá deixa a asa” - tantas vezes leremos as troças de Alberto Gonçalves sobre a nossa “subjugação” aos protectores da covid, que um dia reverteremos caminho, na vergonha de tanta sujeição amedrontada.

Mais depressa, contudo, AG mudará de tecla temática – a do país baço a entristecer, a morrer de pasmo, o tal “país nevoeiro”, embora também isso se não nos afigure possível. Mas já era tempo de AG mudar de tecla, sem dúvida. O país continuará “nevoeiro”, “nem rei nem lei, nem paz nem guerra”, apenas “a entristecer”, apenas “nevoeiro”…

 

A Associação de Amigos da Covid

Para os fanáticos, “endemia” é palavra medonha. Atropelados diariamente pela realidade, tencionam resistir até ao fim. Ou, e aqui está a ameaça, até arranjarem maneira de o fim não chegar.

ALBERTO GONÇALVES

OBSERVADOR, 29 jan 2022

Amanhã muitos portadores do vírus e sujeitos em mera quarentena irão votar. Muitos “covidófilos”, aqueles que resolveram dedicar a vida à preocupação irracional com a morte, não votarão. Deve haver aqui uma espécie de ironia: umas eleições cuja campanha não discutiu as políticas “contra” a Covid, o tema dominante nos dois anos anteriores e com impacto devastador nos próximos, podem ser decididas pela consequência imediata dessas políticas, que é o medo. Além de irónico, era bom que fosse justo. Porém, o conceito de justiça não se aplica: desde Março de 2020 que quase todos os partidos alinham com a subjugação do bom povo e todos, mesmo todos, decidiram que essa subjugação não cabia na elevadíssima discussão das últimas semanas.

Por falar em tratar pessoas feito gado, o exacto gado que um candidato promete acarinhar, alimentar e engordar, não me convém insistir nas “legislativas”, já que hoje é dia de “reflexão” e há entidades criadas para punir perturbações. Ao longo de 24 horas, aliás à semelhança das restantes 8736 horas do ano, é comer e calar. Não admira que o gado engorde. Nem admira que o gado cale.

Noutros lugares, o gado não cala. Talvez porque nesses lugares haja gente suficiente fora do rebanho. Existem países, por exemplo a Suécia, onde o Estado nunca rebaixou os cidadãos ao estatuto de retardados. Outros lugares, por exemplo certos estados dos EUA, regressaram à civilização e à decência logo após o susto inicial. Outros, por exemplo a Dinamarca e a Inglaterra, cederam à avalanche de “infectados” e decretaram agora o fim da histeria. E temos os governos que não cedem a bem mas que, à conta da impaciência de boa parte das populações, arriscam ceder a mal, por exemplo o Canadá e a França. E temos por exemplo Portugal, que à cautela (risos) deixa-se ficar para trás e mantém em vigor as regras discriminatórias ditadas pela ciência, se por ciência entendermos a geleia que sai das cabecinhas de uns ministros “informados” por “especialistas” em gerir as próprias carreiras.

É verdade que, em todo o lado, sopra um agradável arzinho de mudança. Nisso, importa agradecer ao mais extraordinário e fulgurante avanço técnico dos tempos recentes. As vacinas? Não exageremos. Embora úteis para adultos e doentes prévios, as vacinas têm eficácia moderada e duração pífia. Refiro-me à Ómicron, a “variante” que, nas suas diversas mutações, rebentou com a engraçada “matriz de risco” e retirou o simulacro de controlo das mãos dos políticos e das autoridades [sic] de saúde. Do lado sanitário, a Ómicron transformou a Covid numa inevitabilidade sem baixas comparáveis à prevalência. Do lado simbólico, agitou o risco da impopularidade aos senhores que mandam e forçou-os à desvalorização de um fenómeno que são incapazes de influenciar – ou de fingir influenciar, para ser preciso. “Casos” e mortes, “medidas” e “efeitos”: a Ómicron cortou os fios, reais ou imaginários, que desenhavam a teia da opressão. Com isso, libertou-nos. Ou criou as condições para nos libertarmos.

A liberdade é um caminho, que por cá se adivinha particularmente torto. Jamais houve tanta aflição com a “desinformação” quanto em 2020 e 2021. É natural: jamais se desinformou tanto. Menos natural é o facto de os maiores mentirosos serem os principais aflitos. Mentiu-se imenso. Mentiram-nos imenso, governantes e “peritos”. Com excessiva frequência, os “media” serviram de simples megafone da mentira. Os interesses seriam diferentes, mas nenhum invalida a trafulhice e o pânico que a trafulhice espalhou e utilizou para se perpetuar sem esforço. Denunciar a mentira, quando óbvia, ou suspeitar dela, quando difusa, significava descer perto da clandestinidade social: um “negacionista”. O termo confundia, deliberadamente, os que juravam que as vacinas obedeciam a um plano de extermínio com os que mostravam que a exigência do certificado de vacinação não salva uma única alminha. Ou com os que alertavam para os profundos rombos na economia, na saúde em geral, na democracia. Mentiu-se imenso, destruiu-se imenso.

Hoje, as circunstâncias empurram a ortodoxia da Covid para terrenos outrora (há 15 dias) reservados ao “negacionismo”. Devagarinho, os “casos” deixaram de valer, as hospitalizações depende e os óbitos têm dias. Diversos perpetradores do medo começam a reparar nos factos que os fintaram durante 23 meses. Não sei de um que reconheça o erro, os sucessivos erros. Tudo normal: reconhecer erros seria admitir incompetência, reconhecer a intenção de errar seria reconhecer desonestidade. Dos males, o menor. O fundamental, numa perspectiva optimista, é que a situação deu uma reviravolta.

A perspectiva realista avisa que a volta ainda vai a meio. Se, nos governos e na “ciência”, alguns hipócritas se esquecem do que disseram, fizeram e causaram, não se pode desprezar os fanáticos irredutíveis, que continuam agarrados a delírios com a convicção da primeira hora e o empenho de uma lapa. Os fanáticos advertem para cataclismos hipotéticos. Exigem restrições intermináveis. Proclamam intenso amor ao bem-estar alheio sem esconder a aversão que a progressiva inocuidade do vírus lhes suscita. Para os fanáticos, “endemia” é palavra medonha. São eles que, atropelados diariamente pela realidade, tencionam resistir-lhe até ao fim. Ou, e aqui está a ameaça, até arranjarem maneira de o fim não chegar. Os motivos de cada um são sortidos, o vício de todos é evidente. Por dinheiro, fama, estatuto, poder ou pura demência, a Covid vicia os que decidem como o medo vicia os que obedecem. Essa gente é perigosa. Desmascarada, essa gente é perigosíssima.

Antes de se “dissolverem”, as duas grandes epidemias precedentes passaram em dois ou três anos. A “espanhola”, antepassada da maioria das gripes dos 100 anos seguintes, passou em dois. É tempo de a Covid passar dos noticiários para um cantinho vergonhoso da memória. Eu quero, você quer, suponho que a vasta maioria dos habitantes da Terra quer. Há quem não queira. Há que estar atento.

PANDEMIA   SAÚDE

COMENTÁRIOS

Alberto Rei: eu recordo-me antes, com as mortes, infectados e contágios em catadupa por esse mundo fora, chorávamos e pedíamos às farmacêuticas para que rapidamente inventassem uma vacina para nos livrar do mal.  Pois, fizeram-se vacinas e foram aprovadas em tempo recorde, tal era a pressão dos governos, esses por sua vez pressionados pelos cidadãos, investimentos em laboratórios etc. Passados quase dois anos daqueles tristes tempos, estamos melhor? Claro que sim, bastante melhor. Devido às vacinas? 90% claramente que sim. 

As medidas tomadas por diferentes países, estão à vista, é melhor não confundir           Coronavirus corona: A vacina que está a tratar de acabar com esta pandemia é a mesma vacina que acabou com a espanhola: a natureza. E como sempre aconteceu ao longo da história, os erros cometidos durante uma crise (seja uma pandemia, seja uma guerra, seja o que for) não são reconhecidos de imediato. Mas ao fim de algumas décadas o absurdo vem à tona. Já não estaremos cá para poder rir. Os pais do absurdo vão continuar a viver nas graças do povo. Só a memória irá fazer a devida justiça.              Francisco Correia: Nesta espécie de país, nunca se vai ficar a saber quem morreu "de" covid e quem morreu "com" covid. Assim sendo, ficar a saber, dos que morreram "de" covid, quantos estavam vacinados, ficará no segredo dos deuses.            Cipião Numantino: AG com a sua particular e reiterada cruzada anti-couvinhas. É uma pena que tal assunção nos coloque em confronto com similar ausência dos artigos contra os verborreicos esquerdosos que nos vão infernizando quotidiana e sistematicamente a vida e que acabarão por desgraçar o pouco que ainda resta deste desditoso país. Mas eu entendo. Entendo sobretudo que lhe deva meter "fornicoques" assistir a tanta e desregrada mentira. Ou melhor, em não conseguir "lui-même" assistir ao pavoneio irresponsável da grande maioria dos políticos e ser também, ele próprio, considerado como uma peça de gado obrigado ao recalque e ao remanso fastidioso do redil. Convenhamos, é simplesmente demais para uma mente tão introspectiva e irrequieta como é o caso de AG! Recuando cronologicamente, relembro que o aparecimento do bicharoco foi assustador. Para pessoas como eu que tenho por óptimo ou péssimo costume indagar causas e efeitos não foi, claro, uma espécie de catarse, tanto que exerci a minha vida sem alterações de grande monta. Mas, ainda assim, tento colocar-me em pele alheia e não me custará reconhecer que, meio Portugal, passou a andar-às-aranhas. De resto, dou até de barato que os políticos, numa primeira fase, fizeram aquilo que uma pessoa sensata poderia fazer. Não esquecer, depois, que a politicagem reinante tem resmas e paletes de assessores que os vão informando desde o boletim meteorológico até à catrefada de manjericos que, sozinhos, dentro dos seus próprios carros, viajavam de fuças tapadas. Os políticos decisores são, assim, influenciados pelo próprio pulsar dos efeitos que chegam ao seu conhecimento. Donde, num tipo se nasceu primeiro o ovo ou a a galinha, restará saber quem influenciou quem. Se foram os políticos que quiseram confinar o gado ou se, em alternativa, não foi mesmo o Zé povinho, que tratou de se encafuar em casa e obrigou a politicagem a actuar em conformidade e fazer uma mera gestão de danos. Confesso que me inclino mais para esta segunda hipótese. Depois é o que se tem visto. A catarse rebaldeira de quase todos os regimes fez visivelmente o resto. E, no caso dos regimes esquerdosos, elevou-se o conceito a tais peripécias que atingiu (e ainda atinge) laivos de autêntica paranoia. Paranoia mentirosa e trapalhona, aliás. Começando a vir agora ao de cima a imensa mentira de toda esta relativa treta que, tal como a ponta do icebergue, vai sustentadamente emergindo. No Reino Unido parecem ter já chegado à conclusão que só cerca de10% dos apontados morreram efectivamente de couvinhas e, mesmo por cá, começam a noticiar-se maroscas ou espertezas apontando neste mesmo sentido. Inacreditável, não é mesmo? Chegado aqui quero fazer lembrar um aspeto curioso. Já repararam que o Sr. Bolsonaro desapareceu praticamente do radar dos esquerdosos e da sua sanha contumaz de maledicência? Pois é! Querem ver que, afinal, parece que ele é que tinha mesmo razão? Inacreditável também, não é mesmo?...           Manuel Elias: já repararam que cada vez que há evidências da decadência deste vírus vem a OMS proclamar que afinal isto está muito longe de acabar? muito estranho!            José Ramos: Uma crónica para uso durante o período de "reflexão". Por mim, como já "reflecti" em quem vou votar, vou só  pensar num simpático condado da Califórnia. Mesmo ali, ao lado de São Francisco. Contra Costa, é o nome do pitoresco sítio.           Maria da Conceição Gaivão » José Ramos: Contra Costa County.  Sim. Bonita terra, agora massacrada pelo fanatismo covid.            Censurado Censurado: O AG esta semana estava cheio de pressa. Imagino as coisas muito interessantes que deve trazer para todos reflectirmos muito. Aqui e na Macedónia.            josé maria: O problema não está tanto no sars-cov-2, está ainda mais no vírus que deve ter invadido a estrutura cerebral daqueles que acham a pandemia poucochinha e que ainda conseguem fazer galhofa por cima das mortes dos seus concidadãos.           Coronavirus corona » josé maria: Está a falar dos dinamarqueses ou dos suecos? Os dinamarqueses deram ouvidos ao Bolsonaro? Imagino como Bolsonaro se deve rir com o decretado fim da pandemia na Dinamarca, quando esse era o cavalo de batalha da sua oposição.            Ricardo Almeida » josé maria: As mortes, que antes seriam por uma doença que "ninguém" queria saber. Passaram a ser por outra, que consegue sobrepor-se, a todas as maleitas que a pessoa tenha. Excepto... sendo a pessoa picada, as maleitas já se conseguem sobrepor à doença. Eu sei que é difícil de entender! Mas com o tempo, chegas lá!          Gonçalo Mergulhão: O discurso deste bacano está cada vez mais parecido com o dos apoiantes do Bolsonabo. Fico com a sensação que parte do nosso povo está a ser alvo de um processo de colonização, por parte de um país que os seus antepassados colonizaram. Se não acreditam, basta aceder a qualquer página de facebook, ou canal de youtube onde se idolatre o idi0ta, gado é a segunda palavra mais encontrada, a seguir a mito.          Coronavirus coronaGonçalo Mergulhão: Está a falar dos dinamarqueses ou dos suecos?            eduardo oliveira: Uma das definições de "ciência" é o facto de esta ser baseada na evidência, caso contrário não se trata de ciência. Os governos  subsidiaram os órgãos de comunicação social em biliões, comprando assim uma uniformidade na desinformação orquestrada. O conhecimento científico sobre as pandemias causadas por vírus respiratórios dos últimos 100 anos foi propositadamente ignorado. Isso para nos venderem as ditas "vacinas", que não cumprem com os mínimos requisitos que definem uma vacina, ou seja prevenir o contágio, imunizar e impedir a transmissão. Esta pandemia já acabou, como todas as anteriores, graças ao surgimento duma estirpe hipercontagiante mas muito mais benigna (basta ouvir o virologista Pedro Simas) no entanto insistem em continuar a inocular o gado com uma "vacina" elaborada para o vírus original, ou seja, manifestamente fora de prazo. Ignoro quais os propósitos da OMS e da esmagadora maioria dos governos por trás desta Grande Encenação, agora o que me choca é a também esmagadora maioria da população/gado ter alegre e obedientemente embarcado neste Logro. E pior, não querer assumir as suas responsabilidades e pensar pela sua cabeça,  analisar os factos e dizer BASTA.          Maria da Conceição Gaivão » eduardo oliveira: Para tal teria que reconhecer (a tal maioria da população) que foi enganada, e isso dói… dói mesmo muito!  Ingénuos (talvez também preguiçosos e cobardes),  que acreditaram na bondade das instituições e na proposta  “sua” vaxcina.   Reconhecer que estas mentiram, e mentiram, e mentiram…e que  afinal este mundo é feio e perigoso (e bastante mais que o SarsCov2), será que ainda têm capacidade para lidar com “medos reais”? Esperemos que sim!          Ricardo Almeida » eduardo oliveira: Alguém disse: É mais fácil enganar alguém, do que convencê-lo que foi enganado.

 

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