José Milhazes, aos
problemas com a Rússia. Desta vez, a crise no Cazaquistão, com repercussões, talvez, a ocidente. Esperemos que
não seja tão mau como um dos comentadores –
PortugueseMan – sublinha, na perspectiva de guerra com a Rússia…
Cazaquistão: Nova frente de combate de
Vladimir Putin
Para
o Kremlin, esta crise veio na pior das alturas, quando a Rússia se prepara para
conversações com os Estados Unidos e a NATO sobre a situação na Ucrânia e a
segurança europeia.
JOSÉ MILHAZES.
Colunista do Observador. Jornalista e investigador
OBSERVADOR, 06
jan 2022
As manifestações e distúrbios no
Cazaquistão começaram com reivindicações económicas, principalmente contra o
aumento brusco do gás condensado, mas rapidamente surgiram reivindicações
políticas. Mais uma dor de cabeça não só para os dirigentes cazaques, mas
também para Moscovo, Pequim e Ancara.
Raramente o Cazaquistão é motivo de
notícias, o que não significa que o país,
embora rico em matérias-primas e com uma população pouco numerosa, enfrente
graves problemas económicos e sociais. Estes vão-se acumulando como um barril
de pólvora que só espera que se acenda o rastilho para explodir.
Desta
vez, o rastilho foi aceso pelo aumento brusco (100%) do gás condensado nas
regiões ocidentais do país, onde esse combustível é extraído. O gás é utilizado
não só para cozinhar e aquecer as casas, mas também para abastecer automóveis,
sendo o seu preço mais baixo do que o petróleo. O aumento do preço tornou ainda
mais difícil a vida dos habitantes de um
país com rendimentos miseráveis.
Kassym
Tokayev, actual Presidente do Cazaquistão, demorou
a reagir à indignação dos cidadãos e, quando prometeu fazer baixar o preço do
gás, os manifestantes passaram a exigir a demissão do governo e a retirada da
vida política de Nussultan Nazarvayev (Velho, vai-te embora! – gritam os descontentes),
antigo presidente cazaque que, na realidade, governava o país no cargo de
dirigente do Conselho de Segurança Nacional e através de familiares e membros
da sua clã, que ocupam importantes cargos nas estruturas do poder.
Pelo
menos numa cidade cazaque os manifestantes derrubaram a estátua de Nazarvayev e
o actual dirigente cazaque demitiu o seu antecessor desse importante cargo e,
segundo a imprensa local, Nazarvayev deverá sair do país “para tratar da
saúde”.
Todavia,
as manifestações e distúrbios não terminaram, mas alargaram-se a
praticamente todas as regiões cazaques, agravando-se seriamente na cidade de
Alma-Ata, antiga capital do país.
Rússia pode intervir
Esta
situação preocupa seriamente o Presidente russo, Vladimir Putin,
pois o Cazaquistão é o maior país da Ásia Central e fulcral
para a calma nessa região que o Kremlin considera ser sua zona de influência.
Por
enquanto, Moscovo declara que se trata de um problema interno do Cazaquistão,
mas, se os dirigentes deste país não souberem travar a onda de revolta,
Putin não irá ficar de braços cruzados. A preparação propagandística de uma possível
intervenção russa já começou. “Analistas políticos” russos afirmam que
os distúrbios são provocados a partir de fora com vista a provocar mais uma
“revolução colorida” como na Geórgia ou na Ucrânia. Por outro lado, o próprio Kassym Tokayev já veio
apoiar essa tese e apressou-se a lançar um apelo à intervenção dos países
membros da Organização do Tratado de Segurança Colectiva, considerando-a
“apropriada e oportuna para superar a ameaça terrorista”.
A OTSC,
que reúne a Rússia, Arménia, Bielorrússia, Cazaquistão, Tadjiquistão e
Quirguízia, é uma espécie
de NATO e o citado
tratado prevê “ajuda militar” dos outros membros caso os dirigentes cazaques
peçam.
Vladimir
Putin espera
que os dirigentes cazaques sejam capazes de esmagar as manifestações de
protesto tal como fez o ditador Alexandre Lukachenko na Bielorrússia, mesmo que
para isso tenham de provocar um banho de sangue. Mas o apelo lançado por Tokayev é um sinal
de que está com dificuldades para controlar a situação e tenta dissuadir os
descontentes com uma ameaça de intervenção de tropas do OTSC.
Kassym
Tokayev tem a vida facilitada pelo facto de as manifestações e distúrbios não
terem um centro de organização. A oposição cazaque encontra-se na mesma
situação que a russa ou bielorrussa: na prisão ou no exílio.
Além
disso, embora no
Cazaquistão o Islão seja a religião dominante, estamos a falar de um dos países
mais laicos entre todos os Estados islâmicos.
Porém,
Tokayev não tem revelado grandes qualidades na gestão desta perigosa crise. Se
ele continuar a “esconder o lixo debaixo do tapete”, ou seja, desprezar os
protestos da sociedade e realizar reformas sérias para melhorar a vida das
populações, pode esmagar esta onda com um banho de sangue, mas outras ondas se
seguirão.
A “segunda frente”
Pequim
e Ancara também seguem
os acontecimentos com atenção. O Cazaquistão faz fronteira com a região
autónoma de Xinjiang, cuja população é muçulmana, muito próxima dos cazaques, e
alvo de fortes repressões por parte da ditadura comunista chinesa. As
manifestações no país são um mau exemplo para os uigures.
No
que respeita à Turquia, esta é uma das zonas de influência pretendidas pelo
Presidente Erdogan, pois o Cazaquistão é um país turcomano.
Para
o Kremlin, esta crise veio na pior das alturas, quando a Rússia se prepara para
conversações com os Estados Unidos e a NATO sobre a situação na Ucrânia e a
segurança europeia. No fundo,
trata-se da abertura de uma segunda frente de confronto nas costas do dirigente
russo e resta saber que Putin tem meios e inteligência para gerir estas duas
graves situações. Moscovo terá de resolver rapidamente este problema na Ásia
Central, pois, caso contrário, poderá ver-se enfraquecido na luta para alcançar
os objectivos apontados no ultimato apresentado aos Estados Unidos, Aliança
Atlântica e União Europeia.
RÚSSIA
MUNDO CAZAQUISTÃO
VLADIMIR
PUTIN
COMENTÁRIOS:
Antonio Tavares: Mais um território com um sistema político tipo regime Mobutu nos serviços
do estado ou seja : os politicos, os familiares, os "amigos" e/ou "sócios"
de negócios. Nota informativa : Mobutu Sese Seko foi um político africano do século XX e chefe de estado da
República Democrática do Congo / Zaire. Anarquista Inconformado: Uma homenagem do povo Cazaque,
aos que invadiram o Capitólio há um ano. Censurado Censurado > Anarquista Inconformado: Também foram cazaques? E
trumpistas aposto.
Anarquista Inconformado > Censurado Censurado:
Não, foram
trumpistas. Baa
Censurado Censurado: A boa notícia é que Vinoukorov volta a liderar a
equipa de ciclismo azul celeste do World Tour, agora rebatizada como Astana
Qazaqstan para dar ainda mais ênfase á nação Cazaque. E já anunciaram algumas
contratações bombásticas como o regresso de Vicenzo Nibali e o Superman Migel
Angel Lopez com Moscon e Dombrowski. Mais feliz pelo Cazaquistão era
impossível. Um país riquíssimo em recursos naturais. com grandes reservas de
combustíveis fósseis como o petróleo e o gaz natural mais limpo no Cáspio e
grandes jazidas de outros minerais como o urânio. Talvez por aqui também fosse
importante definir o GDP como Gaz derivado do Petróleo. E claro que as duas
frentes são pura coincidência Milhazes. Como quase tudo na vida que acontece ao
mesmo tempo.
bento guerra: Do que leio no La Stampa, aquilo é uma revolta organizada, com mortos e
feridos e nada a manifestação por causa do preço do gás Milhazes JoséAUTOR > bento guerra: Organizada por quem? Bruno Ferrari > Milhazes José: FSB e GRU.. Milhazes JoséAUTOR > Bruno Ferrari: Uma hipótese Bruno Ferrari > Milhazes José:
Porquê o número
anormalmente alto de forças de segurança cazaques eliminados (e até
decapitados) p’los populares revoltosos….? Snyder Cut: Entretanto já foram enviadas
forças russas para o Cazaquistão. PortugueseMan: ...No fundo, trata-se da abertura de uma segunda
frente de confronto nas costas do dirigente russo e resta saber que Putin tem
meios e inteligência para gerir estas duas graves situações. Moscovo terá de
resolver rapidamente este problema na Ásia Central, pois, caso contrário, poderá
ver-se enfraquecido na luta para alcançar os objectivos apontados no ultimato
apresentado aos Estados Unidos, Aliança Atlântica e União Europeia... Se está a colocar estas duas
situações no mesmo nível de gravidade, meu caro, você não está bem a ver no
molho de brócolos onde nós europeus estamos enfiados. Esta situação não vai afectar
ao que a Rússia deu início na Europa. A Rússia nem vai falar com os Europeus. A
Rússia quer uma resposta concreta e rápida sobre as bases americanas na Polónia
e na Roménia. Se falhar a conversa, os russos vão à bruta resolver o
problema. Infelizmente nem você nem a imprensa parece estar a
perceber muito bem a gravidade da situação. Todos os dias saem notícias a
martelar a mesma lenga-lenga, uma possível invasão da Ucrânia. Mas o que o últimato da Rússia
diz de forma clara é que se os americanos não recuam haverá uma nova guerra na
Europa. Devíamos estar a preparar-nos para isto, mas pronto
vamos todos estar a pensar que o problema são os 100.000 russos que vão correr
para dentro da Ucrânia... Se as exigências não forem tidas em conta, vamos um
destes dias ter um acordar muito violento. Milhazes JoséAUTOR > PortugueseMan: Você pensa que Putin é um
super-homem. Há muito que compreende a gravidade da situação e que o ditador
russo está a enfiar o seu país num beco sem saída. Porém, pode haver surpresas:
o Cazaquistão parecia ter um dos mais sólidos regimes no mundo, mas... PortugueseMan > Milhazes José: Então continue a enfiar a
cabeça na areia. Eu só espero, só espero, que haja cabecinhas na europa
que tenham uma ideia do que aí vem. Porque você está mesmo a leste da coisa. Milhazes JoséAUTOR > PortugueseMan: A Europa deve ajoelhar-se
perante Putin? É isso? Putin, com a sua política agressiva, está a perder todo
o antigo espaço soviético. Julga que os cazaques o vão perdoar pela entrada de
tropas russas? Não os conhece.
PortugueseMan >
Milhazes José: ...A Europa deve ajoelhar-se perante Putin?... Você nem tem a noção. NADA. A Rússia nem vai falar com a
Europa, vai falar com os americanos. A saída do tratado INF pelos
americanos foi a gota de água, coisa que eu já chamo a atenção desde que eles
fizeram isso, os americanos COMPROMETERAM a segurança europeia. Portanto é simples. Basta os
europeus, fazerem o que você diz, mandarem Putin dar uma curva. Mas se você nem
os vê a mandar uma curva ao gás deles... Agora, quando caírem uns mísseis nas bases da Polónia
e da Roménia, espero que ainda exista internet para ver os seus artigos
seguintes. Eu quero ver que forças europeias vão marchar em
direcção à Rússia. Porque estes nem vão se mexer do quentinho do seu lar. Milhazes JoséAUTOR > PortugueseMan:
Tenha juízo! PortugueseMan > Milhazes José: Eu vou guardar este artigo. E
daqui a uns tempos vamos ver quem é que deve ter juízo. Você pense! em 2021 foram
terminadas as ligações energéticas para a Alemanha. Era o que faltava para se
tratar do assunto. Há 17 dias que não passa gás pelo pipeline da Polónia. Em
pleno Inverno. As novas ligações vão assegurar a energia para uma
parte da Europa, por cima pelo Nord Stream e por baixo pelo Turkish Stream. Os
pipelines que atravessam a Polónia e a Ucrânia perderam a sua importância. O que vai acontecer nestes
países... Vamos ver em breve. Bruno Ferrari > Milhazes José: E a China…? Com o xinjiang logo
na fronteira cazaque.. Vai ao auxílio do vizinho russo..? E, já agora, em que direcção
vão as outras repúblicas da Ásia Central, como o Uzbequistão ou o
Turquemenistão, este último sendo o país mais isolado e fechado do planeta
(cujo solo/território repousa sobre milhares de milhões de metros cúbicos de
gás natural) verdadeiros ‘backyards’ da Rússia..? Milhazes JoséAUTOR > Bruno Ferrari: A China espera que a Rússia tire as castanhas quentes
do fogo, as repúblicas da Ásia Central acompanham a situação com preocupação. klaus muller > PortugueseMan: Pelos vistos, o pipeline para a
Alemanha também não tem servido para nada. E a verdade é que ainda nenhum
polaco morreu de frio. O gás americano (que até tem vindo a ser importado
pela Europa) poderá ficar mais caro que o russo e, mesmo assim, não sei,
atendendo aos preços com que a Rússia o está a querer impingir. Além de que os contratos com os
States são fiáveis. Já com os russos ... David Pinheiro > PortugueseMan: Espero
que, caso não ocorra guerra nenhuma num prazo razoável, tenha a decência de vir
publicamente pedir desculpa pelos (quase) insultos ao articulista. PortugueseMan > David Pinheiro: Parece estar com algum problema
em interpretar português. Eu falei em guerra? eu falo que certas bases na Polónia
estão na mira de ser obliteradas, CASO os políticos que tomam as decisões
tenham a mesma clarividência que o articulista. Tal como os americanos lançaram
dezenas de mísseis para uma base síria, a Rússia presta-se a fazer o mesmo na
Polónia. SE alguém resolver ignorar o ultimato russo. A partir daí está tudo à
vontade para ir dar uma coça aos russos. Eu achava melhor que não. Mas para
isto acontecer vamos ter que engolir uns sapos e como diz o articulista, "...ajoelhar-nos perante Putin". PortugueseMan >
klaus muller: Klaus, É claro que os pipelines para a Alemanha são de
extrema importância. E vão ser usados mais tarde ou mais cedo. Os polacos não
vão morrer de frio, mas vai ficar muito difícil explicar por que vão começar a
fechar as fábricas por falta de energia e ao mesmo tempo estarem a enviar gás
para a Ucrânia. Já para não falar de quem paga... O gás americano vem para cá se
pagarmos mais que os asiáticos, no final do ano passado os aumentos do gás na
Europa rondavam os 800%. Ora estes valores mais tarde ou mais cedo vão ter que
se reflectir nos consumidores e na Indústria europeia, o impacto da coisa... A
Rússia não está a impingir preços. Eles cumprem os contractos com a Europa.
Devias pesquisar na net como foram feitos estes contractos e se calhar ficará
claro a coisa, também podes ir espreitar lá no meu blogue. Há gás russo
disponível para a Europa. Condição: tem que usar os novos pipelines. É a Europa
que recusa comprar pelos novos pipelines. Porque, claro, isto vai lixar a
Ucrânia e a Polónia. Ou seja, esta subida artificial do gás é um braço de ferro
entre a Europa e a Rússia. Porque gás disponível há. Por enquanto. bento guerra: Terá sido encomendado ? Milhazes JoséAUTOR
> bento guerra: Por quem? Bruno Ferrari > Milhazes José …O próprio FSB..? Milhazes JoséAUTOR > Bruno Ferrari: Uma das suspeitas.
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