terça-feira, 11 de janeiro de 2022

“Nevoeiro” cerrado, “hoje”…


Uma suavidade cínica, como pano envolvente, não manto diáfano de fantasia, mas da mais grosseira estopa de uma verdade atroz, (pese embora o tanto que sofreram esses que nos precederam no século – sofrimento autêntico próprio das guerras com os instrumentos adequadamente maléficos). Este pano de agora, citado pelo Dr. Salles, de monotorização de corpos e almas, ao sabor dos caprichos ou das manobras pessoais de quem a ordena, é antes um meio de gozo e indiferença, de estagnação pelo despojamento reflexivo, graças à falsa mansidão dos jeitos dos mandantes (que igualmente perderam o brio e a vergonha, relativamente a quem lhes fia o que lhes concede poder) mas que não é mais do que carga pesada a dominar abstractamente corpos e almas, imbecilizando estas, amodorrando aqueles, através de um poderio de aprazível sujeição, como se tem visto. Seja o texto de quem for, ele revela bem a preocupação de quem o colocou no blog “A BEM da NAÇÃO”, como, de resto, outros o têm demonstrado, sem que este povo se mexa, para alterar grande coisa o status, Costa saliente nas sondagens, o CDS e o IL, juntamente com o PSD bem podendo ultrapassá-lo, caso o povo o quisesse. Mas não vai querer, que prefere a continuidade na modorra fossilizante… (fora os das excepções, naturalmente).

INDUZINDO A ESTUPIDEZ

 HENRIQUE SALLES DA FONSECA

 A BEM DA NAÇÃO, 10.01.22

NOTA PRÉVIAO texto seguinte chegou-me por e-mail informando tratar-se da autoria de Günther Anders e escrito em 1956 mas, parecendo-me insuficiente a identificação da fonte, considero-o apócrifo e tenho-o em consideração pelo conteúdo que, esse sim, me parece merecedor da nossa atenção.

* * *

 “A obsolescência do homem”

“Para sufocar antecipadamente qualquer revolta, não deve ser feito de forma violenta. Métodos arcaicos como os de Hitler estão claramente ultrapassados. Basta criar um condicionamento colectivo tão poderoso que a própria ideia de revolta já nem virá à mente dos homens. O ideal seria formatar os indivíduos desde o nascimento limitando as  suas habilidades biológicas inatas...

Em seguida, o acondicionamento continuará reduzindo drasticamente o nível e a qualidade da educação, reduzindo-a para uma forma de inserção profissional. Um indivíduo inculto tem apenas um horizonte de pensamento limitado e quanto mais o seu pensamento estiver limitado a preocupações materiais, medíocres, menos ele pode se revoltar. É necessário que o acesso ao conhecimento se torne cada vez mais difícil e elitista..... que o fosso se cave entre o povo e a ciência, que a informação dirigida ao público em geral seja anestesiante de conteúdo subversivo. Especialmente, sem filosofia. Mais uma vez, há que usar persuasão e não violência direta: transmitir-se-á maciçamente, através da televisão, entretenimento imbecilizante, bajulando sempre o emocional, o instintivo.

Vamos ocupar as mentes com o que é fútil e lúdico. É bom com conversa fiada e música incessante, evitar que a mente se interrogue, pense, reflicta.

Vamos colocar a sexualidade na primeira fila dos interesses humanos. Como anestesia social, não há nada melhor. Geralmente, vamos banir a seriedade da existência, virar escárnio tudo o que tem um valor elevado, manter uma constante apologia à leveza; de modo que a euforia da publicidade, do consumo se tornem o padrão da felicidade humana e o modelo da liberdade.

Assim, o condicionamento produzirá tal integração, que o único medo (que será necessário manter) será o de ser excluído do sistema e, portanto, de não poder mais aceder às condições materiais necessárias para a felicidade. O homem em massa, assim produzido, deve ser tratado como o que é: um produto, um bezerro, e deve ser vigiado como deve ser um rebanho. Tudo o que permite adormecer sua lucidez, sua mente crítica é socialmente boa, o que arriscaria despertá-la deve ser combatido, ridicularizado, sufocado...

Qualquer doutrina que ponha em causa o sistema deve ser designada como subversiva e terrorista e, em seguida, aqueles que a apoiam devem ser tratados como tal.”

Tags: "política port

COMENTÁRIOS:

 António Fonseca  11.01.2022  19:07: Doutor Henrique, obrigado por partilhar este e-mail com os leitores do seu blog. Grande parte do que a missiva invoca está já a ser posta em prática há bom tempo. Mesmo se o conteúdo do e-mail não seja do Günther Anders, a visão (ou tribulação) enquadra perfeitamente na perspetiva do Anders, que tem o Prometeu moderno embaraçado da alta qualidade dos produtos manufacturados; quando o seu interlocutor quer saber a razão do embaraço, responde: “porque eu nasci em vez de ser fabricado”. Estaria Gunther Anders mais à vontade no mundo de robôs? A Humanidade sempre antecipou a Terra Prometida do outro lado da cortina.

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