Uma suavidade cínica, como pano
envolvente, não manto diáfano de fantasia, mas da mais grosseira estopa de uma
verdade atroz, (pese embora o tanto que sofreram esses que nos precederam no
século – sofrimento autêntico próprio das guerras com os instrumentos
adequadamente maléficos). Este pano de agora, citado pelo Dr. Salles, de
monotorização de corpos e almas, ao sabor dos caprichos ou das manobras
pessoais de quem a ordena, é antes um meio de gozo e indiferença, de estagnação
pelo despojamento reflexivo, graças à falsa mansidão dos jeitos dos mandantes
(que igualmente perderam o brio e a vergonha, relativamente a quem lhes fia o
que lhes concede poder) mas que não é mais do que carga pesada a dominar
abstractamente corpos e almas, imbecilizando estas, amodorrando aqueles,
através de um poderio de aprazível sujeição, como se tem visto. Seja o texto de
quem for, ele revela bem a preocupação de quem o colocou no blog “A BEM da
NAÇÃO”, como, de resto, outros o têm demonstrado, sem que este povo se mexa,
para alterar grande coisa o status, Costa saliente nas sondagens, o CDS e o IL,
juntamente com o PSD bem podendo ultrapassá-lo, caso o povo o quisesse. Mas não
vai querer, que prefere a continuidade na modorra fossilizante… (fora os das
excepções, naturalmente).
HENRIQUE
SALLES DA FONSECA
A BEM DA
NAÇÃO, 10.01.22
NOTA PRÉVIA – O texto
seguinte chegou-me por e-mail informando tratar-se da autoria de Günther Anders
e escrito em 1956 mas, parecendo-me insuficiente a identificação da fonte,
considero-o apócrifo e tenho-o em consideração pelo conteúdo que, esse sim, me
parece merecedor da nossa atenção.
* * *
“A obsolescência do homem”
“Para
sufocar antecipadamente qualquer revolta, não deve ser
feito de forma violenta. Métodos arcaicos como os de Hitler estão claramente
ultrapassados. Basta criar um condicionamento colectivo tão poderoso que a
própria ideia de revolta já nem virá à mente dos homens. O ideal seria formatar
os indivíduos desde o nascimento limitando as suas habilidades biológicas
inatas...
Em
seguida, o acondicionamento continuará reduzindo drasticamente o nível e a
qualidade da educação, reduzindo-a para uma forma de inserção profissional. Um
indivíduo inculto tem apenas um horizonte de pensamento limitado e quanto mais
o seu pensamento estiver limitado a preocupações materiais, medíocres, menos
ele pode se revoltar. É necessário que o acesso ao conhecimento se torne cada
vez mais difícil e elitista..... que o fosso se cave entre o povo e a ciência,
que a informação dirigida ao público em geral seja anestesiante de conteúdo
subversivo. Especialmente, sem filosofia. Mais uma vez, há que usar persuasão e
não violência direta: transmitir-se-á maciçamente, através da televisão,
entretenimento imbecilizante, bajulando sempre o emocional, o instintivo.
Vamos
ocupar as mentes com o que é fútil e lúdico. É bom com conversa fiada e música
incessante, evitar que a mente se interrogue, pense, reflicta.
Vamos
colocar a sexualidade na primeira fila dos interesses humanos. Como anestesia
social, não há nada melhor. Geralmente, vamos banir a seriedade da existência,
virar escárnio tudo o que tem um valor elevado, manter uma constante apologia à
leveza; de modo que a euforia da publicidade, do consumo se tornem o padrão da
felicidade humana e o modelo da liberdade.
Assim,
o condicionamento produzirá tal integração, que o único medo (que será
necessário manter) será o de ser excluído do sistema e, portanto, de não poder
mais aceder às condições materiais necessárias para a felicidade. O homem em
massa, assim produzido, deve ser tratado como o que é: um produto, um bezerro,
e deve ser vigiado como deve ser um rebanho. Tudo o que permite adormecer sua
lucidez, sua mente crítica é socialmente boa, o que arriscaria despertá-la deve
ser combatido, ridicularizado, sufocado...
Qualquer
doutrina que ponha em causa o sistema deve ser designada como subversiva e
terrorista e, em seguida, aqueles que a apoiam devem ser tratados como tal.”
Tags: "política port
COMENTÁRIOS:
António Fonseca 11.01.2022 19:07: Doutor Henrique, obrigado por partilhar este e-mail
com os leitores do seu blog. Grande parte do que a missiva invoca está já a ser
posta em prática há bom tempo. Mesmo se o conteúdo do e-mail não seja do
Günther Anders, a visão (ou tribulação) enquadra perfeitamente na perspetiva do
Anders, que tem o Prometeu moderno embaraçado da alta qualidade dos produtos
manufacturados; quando o seu interlocutor quer saber a razão do embaraço,
responde: “porque eu nasci em vez de ser fabricado”. Estaria Gunther Anders mais
à vontade no mundo de robôs? A Humanidade sempre antecipou a Terra Prometida do
outro lado da cortina.
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