Esta análise feita por João Marques Almeida parece-me
bastante correcta, segundo os debates que ouvi… Mas coloco antes, como
comentário ao seu texto, a observação de Luís Soares de Oliveira no seu Facebook, em 9/1/22, sobre “crescimento
económico”, que alguns dirigentes partidários das direitas consideraram
prioritário para o desenvolvimento do país:
«Noto que Rui Rio considerou o
crescimento económico um sine qua non e hoje o IL declarou crescimento,
primeira prioridade. O julgamento de alguns políticos está a melhorar.»
E já agora, a talho de foice, os
considerandos de Manuela
Ferreira Leite sobre as ambições de A. Costa, que encontro no facebook
de LSO, em 7 de janeiro:
«Manuela Ferreira Leite respondeu ontem na televisão à pergunta que eu fiz
aqui no dia 19 Dezembro: - Um líder político que conduziu o país a uma situação
económica desesperada - agora mais ameaçada com a subida dos juros - e se dirige
neste momento ao eleitorado para anunciar que está tudo bem e ele só precisa de
mais apoio para continuar a fazer o mesmo, está a evidenciar disponibilidade ou
a manifestar desejo de dispensa? Fundada noutras razões, ela disse: "AC
não quer continuar como PM"»
As direitas dominam os debates
Nos debates viu-se que os partidos de direita neste
momento têm mais energia política e mais propostas novas do que as esquerdas.
Os partidos à esquerda do PS estão gastos, envelhecidos, sem novidades
JOÃO MARQUES
ALMEIDA, Colunista do Observador
OBSERVADOR, 12 jan 2022
Há duas eleições. Uma entre os candidatos a PM, António Costa e Rui
Rio. A outra entre os pequenos partidos
das direitas e os pequenos partidos das esquerdas. A primeira eleição fica
para a próxima semana. Agora interessa a outra eleição. Sem maioria absoluta
de um só partido (PS ou PSD), os resultados dos pequenos partidos são
essenciais. Sobretudo a soma dos partidos nas direitas e nas esquerdas. Ou
seja, quem ficará à frente, o CDS, o Chega e a IL, ou o
Bloco, Livre, o PAN e o PCP? A resposta a
esta questão na noite eleitoral será fundamental.
Neste
contexto, o voto útil é menos importante. O próximo governo será
necessariamente composto por mais de um partido. Por isso, a governabilidade do
país depende da capacidade do PSD e do PS de serem capazes de fazer alianças à
direita e à esquerda respectivamente. Aqui, Rio está a derrotar Costa.
Nos debates até hoje (Rio já debateu com todos à sua direita, e Costa com todos
à sua esquerda), ficou claro que o PSD, o CDS e a IL estão abertos a fazer
uma coligação de governo. Pelo contrário, todos perceberam que, com
Costa, a geringonça morreu. Dito de outro modo, Rio apresentou uma
solução de governo aos portugueses. Costa não mostrou.
Os
debates também mostraram que os partidos de direita neste momento
têm mais energia política e mais propostas novas do que as esquerdas. Os partidos à esquerda do PS estão gastos,
envelhecidos e sem propostas novas. O PCP está desaparecido (já estava
antes do problema de saúde súbito de Jerónimo Sousa). Catarina Martins esteve muito mal nos debates. Nunca conseguiu
encontrar um rumo claro, ficando entre ‘Catarina a beata’ a evocar o Papa, no
debate com Ventura, e ‘Catarina a radical’ no debate com António Costa. Não
apresentou ideias novas, e continua a defender as propostas do Bloco dos anos
de 1990. Pior do que tudo, atacou a herança dos governos de Costa na saúde e os
financiamentos dos bancos depois de o Bloco ter apoiado os orçamentos
socialistas durante quatro anos. É difícil ser mais hipócrita. O PAN foi
penoso e a sua líder é muito fraquinha, com ideias próprias de uma líder
estudantil. O Livre foi o único que trouxe algumas ideias novas, mas Rui
Tavares foi baixando de qualidade nas suas prestações. O debate entre
Tavares e Inês Sousa Real foi talvez o pior debate da história da democracia
portuguesa (talvez a par do debate entre Catarina Martins e Inês Sousa Real).
No fim, Tavares é mais um intelectual de esquerda do que um líder politico.
À
direita há mais energia e mais novidade. A
IL traz ideias novas e pelo menos conseguiu um sucesso (nada fácil): já se
pode ser liberal em Portugal sem sofrer a acusação de fascista. A IL tem
ainda boas ideias para a economia, e que Portugal bem precisa, e sabe justificá-las.
Para mim, Francisco
Rodrigues dos Santos tem sido uma das surpresas positivas dos debates. Tem uma péssima imprensa, de resto injustamente, mas
melhorou ao longo dos debates. Não começou bem e o debate com o PAN foi o pior.
Mas esteve bem com Rio, com Cotrim Figueiredo e sobretudo com Costa. FRS está a lutar pela sobrevivência do CDS. Merece ter
sucesso. Ventura foi
muito desigual. Venceu Rio e Costa, mas esteve fraco com Rui Tavares e com
Cotrim (o pior debate do líder do Chega). Ventura tem talento e coragem, mas
abusa da demagogia. Está preso numa bolha de revoltados e zangados, e
não consegue sair disso. Se houver uma maioria de direita, Ventura terá que
ser responsável pela primeira vez desde que criou o Chega. Terá que
abandonar temas que nada interessam aos portugueses, como a prisão perpétua e a
castração química dos pedófilos. E terá que se entender com os outros partidos
nos quatro temas que todos defendem, incluindo o PSD: descida
da carga fiscal, diminuição da despesa pública, apoio às empresas para aumentar
o crescimento económico, e adopção de medidas eficazes para combater a
corrupção. Isso é que interessa à maioria dos portugueses.
Os
debates tiveram grandes audiências e as eleições estão em aberto. Se o CDS, o
Chega e a IL tiverem mais votos do que o PCP, o Bloco, o PAN e o Livre, poderá
haver um governo de direita. Rio percebe isso muito bem e deixou um
entendimento com os partidos à sua direita em aberto. Ao contrário dos
socialistas, o eleitorado de direita não quer uma maioria absoluta do PSD, mas
uma maioria de vários partidos. E ao contrário das esquerdas, as direitas podem
entender-se.
LEGISLATIVAS
2022 ELEIÇÕES POLÍTICA
COMENTÁRIOS:
Américo Silva: Votos de que Jerónimo de Sousa recupere o melhor possível e tome a decisão
mais acertada que talvez seja ocupar um lugar mais protegido. Os cronistas
entraram em frenesim pré eleitoral, muito idêntico ao dos caciques locais: há
que explicar ao povo em quem votar. Uns acham que para o país enriquecer, nada
melhor do que empobrecer as pessoas, outros, alucinados, vêm umas qualidades
excepcionais no Tavares ou no Cotrim, enfim. Esquerdalhada Verdadeira:
Do lado da
direita vejo uns maluquinhos a guincharem muito. Mas se calhar sou eu. Hoyo de Monterrey > Esquerdalhada Verdadeira: Sim, guincham com razão, pelo
que é mesmo V. Exa. Dinis
Silva: a esquerda cheira a mofo Hoyo de Monterrey > Dinis Silva: E o eleitorado português
também, se as sondagens se confirmarem. O país tem o que merece Vitor Batista: Caro JMA,a esquerda está gasta,
não tem ideias, usa sound bites já muito desgastados e irão ser penalizados por
seis anos medíocres, querem fazer dos portugueses parvos e ignorantes, fazendo
crer que não apoiaram os governos de Pedrógão, de Tancos, do nepotismo
xuxalista e das golas cabrita, e o assassinato do cidadão Ucraniano pelo Sef.
Apoiaram e irão continuar a
apoiar, porque o que lhes interessa é salvarem-se politicamente, mas há muita
gente contra eles porque o povo não é parvo, mas muitas vezes é obtuso, e
é aí que está o perigo, que é darem o benefício da dúvida a alguém que
seguramente não deixa dúvidas da sua incapacidade e charlatanismo. Manuel Martins: No geral concordo com a
análise. Apenas discordo na conclusão que o Costa tenha fechado a porta à
geringonça de esquerda: dependa o PS de se manter no poder desses partidos e
facilmente se engolem os sapos e volta a existir uma geringonça 2.0.... Vitor Batista > Manuel Martins: Será o caos total e o regresso
da tróica! Bazuka? os contribuintes europeus não são parvos, e
não estão para aturar os desmandos de partidos estalinistas sem visão de
futuro, a direita não vai ganhar, mas dia 30 irá marcar o princípio do fim do
charlatanismo bolchevique em Portugal, tarda mas não falha!
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