quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

Mas “pasarán?”


Esta análise feita por João Marques Almeida parece-me bastante correcta, segundo os debates que ouvi… Mas coloco antes, como comentário ao seu texto, a observação de Luís Soares de Oliveira no seu Facebook, em 9/1/22, sobre “crescimento económico”, que alguns dirigentes partidários das direitas consideraram prioritário para o desenvolvimento do país:

«Noto que Rui Rio considerou o crescimento económico um sine qua non e hoje o IL declarou crescimento, primeira prioridade. O julgamento de alguns políticos está a melhorar.»

E já agora, a talho de foice, os considerandos de Manuela Ferreira Leite sobre as ambições de A. Costa, que encontro no facebook de LSO, em 7 de janeiro:  

«Manuela Ferreira Leite respondeu ontem na televisão à pergunta que eu fiz aqui no dia 19 Dezembro: - Um líder político que conduziu o país a uma situação económica desesperada - agora mais ameaçada com a subida dos juros - e se dirige neste momento ao eleitorado para anunciar que está tudo bem e ele só precisa de mais apoio para continuar a fazer o mesmo, está a evidenciar disponibilidade ou a manifestar desejo de dispensa? Fundada noutras razões, ela disse: "AC não quer continuar como PM"»Parte inferior do formulário

As direitas dominam os debates

Nos debates viu-se que os partidos de direita neste momento têm mais energia política e mais propostas novas do que as esquerdas. Os partidos à esquerda do PS estão gastos, envelhecidos, sem novidades

JOÃO MARQUES ALMEIDA, Colunista do Observador

OBSERVADOR, 12 jan 2022

Há duas eleições. Uma entre os candidatos a PM, António Costa e Rui Rio. A outra entre os pequenos partidos das direitas e os pequenos partidos das esquerdas. A primeira eleição fica para a próxima semana. Agora interessa a outra eleição. Sem maioria absoluta de um só partido (PS ou PSD), os resultados dos pequenos partidos são essenciais. Sobretudo a soma dos partidos nas direitas e nas esquerdas. Ou seja, quem ficará à frente, o CDS, o Chega e a IL, ou o Bloco, Livre, o PAN e o PCP? A resposta a esta questão na noite eleitoral será fundamental.

Neste contexto, o voto útil é menos importante. O próximo governo será necessariamente composto por mais de um partido. Por isso, a governabilidade do país depende da capacidade do PSD e do PS de serem capazes de fazer alianças à direita e à esquerda respectivamente. Aqui, Rio está a derrotar Costa. Nos debates até hoje (Rio já debateu com todos à sua direita, e Costa com todos à sua esquerda), ficou claro que o PSD, o CDS e a IL estão abertos a fazer uma coligação de governo. Pelo contrário, todos perceberam que, com Costa, a geringonça morreu. Dito de outro modo, Rio apresentou uma solução de governo aos portugueses. Costa não mostrou.

Os debates também mostraram que os partidos de direita neste momento têm mais energia política e mais propostas novas do que as esquerdas. Os partidos à esquerda do PS estão gastos, envelhecidos e sem propostas novas. O PCP está desaparecido (já estava antes do problema de saúde súbito de Jerónimo Sousa). Catarina Martins esteve muito mal nos debates. Nunca conseguiu encontrar um rumo claro, ficando entre ‘Catarina a beata’ a evocar o Papa, no debate com Ventura, e ‘Catarina a radical’ no debate com António Costa. Não apresentou ideias novas, e continua a defender as propostas do Bloco dos anos de 1990. Pior do que tudo, atacou a herança dos governos de Costa na saúde e os financiamentos dos bancos depois de o Bloco ter apoiado os orçamentos socialistas durante quatro anos. É difícil ser mais hipócrita. O PAN foi penoso e a sua líder é muito fraquinha, com ideias próprias de uma líder estudantil. O Livre foi o único que trouxe algumas ideias novas, mas Rui Tavares foi baixando de qualidade nas suas prestações. O debate entre Tavares e Inês Sousa Real foi talvez o pior debate da história da democracia portuguesa (talvez a par do debate entre Catarina Martins e Inês Sousa Real). No fim, Tavares é mais um intelectual de esquerda do que um líder politico.

À direita há mais energia e mais novidade. A IL traz ideias novas e pelo menos conseguiu um sucesso (nada fácil): já se pode ser liberal em Portugal sem sofrer a acusação de fascista. A IL tem ainda boas ideias para a economia, e que Portugal bem precisa, e sabe justificá-las. Para mim, Francisco Rodrigues dos Santos tem sido uma das surpresas positivas dos debates. Tem uma péssima imprensa, de resto injustamente, mas melhorou ao longo dos debates. Não começou bem e o debate com o PAN foi o pior. Mas esteve bem com Rio, com Cotrim Figueiredo e sobretudo com Costa. FRS está a lutar pela sobrevivência do CDS. Merece ter sucesso. Ventura foi muito desigual. Venceu Rio e Costa, mas esteve fraco com Rui Tavares e com Cotrim (o pior debate do líder do Chega). Ventura tem talento e coragem, mas abusa da demagogia. Está preso numa bolha de revoltados e zangados, e não consegue sair disso. Se houver uma maioria de direita, Ventura terá que ser responsável pela primeira vez desde que criou o Chega. Terá que abandonar temas que nada interessam aos portugueses, como a prisão perpétua e a castração química dos pedófilos. E terá que se entender com os outros partidos nos quatro temas que todos defendem, incluindo o PSD: descida da carga fiscal, diminuição da despesa pública, apoio às empresas para aumentar o crescimento económico, e adopção de medidas eficazes para combater a corrupção. Isso é que interessa à maioria dos portugueses.

Os debates tiveram grandes audiências e as eleições estão em aberto. Se o CDS, o Chega e a IL tiverem mais votos do que o PCP, o Bloco, o PAN e o Livre, poderá haver um governo de direita. Rio percebe isso muito bem e deixou um entendimento com os partidos à sua direita em aberto. Ao contrário dos socialistas, o eleitorado de direita não quer uma maioria absoluta do PSD, mas uma maioria de vários partidos. E ao contrário das esquerdas, as direitas podem entender-se.

LEGISLATIVAS 2022   ELEIÇÕES   POLÍTICA

COMENTÁRIOS:

Américo Silva: Votos de que Jerónimo de Sousa recupere o melhor possível e tome a decisão mais acertada que talvez seja ocupar um lugar mais protegido. Os cronistas entraram em frenesim pré eleitoral, muito idêntico ao dos caciques locais: há que explicar ao povo em quem votar. Uns acham que para o país enriquecer, nada melhor do que empobrecer as pessoas, outros, alucinados, vêm umas qualidades excepcionais no Tavares ou no Cotrim, enfim.             Esquerdalhada Verdadeira: Do lado da direita vejo uns maluquinhos a guincharem muito. Mas se calhar sou eu.             Hoyo de Monterrey > Esquerdalhada Verdadeira: Sim, guincham com razão, pelo que é mesmo V. Exa.           Dinis Silva: a esquerda cheira a mofo              Hoyo de Monterrey > Dinis Silva: E o eleitorado português também, se as sondagens se confirmarem. O país tem o que merece          Vitor Batista: Caro JMA,a esquerda está gasta, não tem ideias, usa sound bites já muito desgastados e irão ser penalizados por seis anos medíocres, querem fazer dos portugueses parvos e ignorantes, fazendo crer que não apoiaram os governos de Pedrógão, de Tancos, do nepotismo xuxalista e das golas cabrita, e o assassinato do cidadão Ucraniano pelo Sef. Apoiaram e irão continuar a apoiar, porque o que lhes interessa é salvarem-se politicamente, mas há muita gente contra eles  porque o povo não é parvo, mas muitas vezes é obtuso, e é aí que está o perigo, que é darem o benefício da dúvida a alguém que seguramente não deixa dúvidas da sua incapacidade e charlatanismo.           Manuel Martins: No geral concordo com a análise.  Apenas discordo na conclusão que o Costa tenha fechado a porta à geringonça de esquerda: dependa o PS de se manter no poder desses partidos e facilmente se engolem os sapos e volta a existir uma geringonça 2.0....         Vitor Batista > Manuel Martins: Será o caos total e o regresso da tróica! Bazuka? os contribuintes europeus não são parvos, e não estão para aturar os desmandos de partidos estalinistas sem visão de futuro, a direita não vai ganhar, mas dia 30 irá marcar o princípio do fim do charlatanismo bolchevique em Portugal, tarda mas não falha!

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