O colaboracionismo económico privado ou público, desde os
seus primórdios nacionais, até estes tempos meio estrangeirados, meio
esfacelados em zelo conquistador – (com excepção, talvez - mirabile dictu - do do subsídio
desenrascador). Que a graça crítica não falte nunca ao Dr. Salles, de mistura
com a seriedade informativa.
HENRIQUE
SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÂO, 15.01.22
Pelo direito de conquista, as terras
– e tudo o que nelas estivesse edificado – eram do Rei. Este, querendo, cedia-as em gestão ou posse
a quem lhe fosse fiel – como então se dizia, lhe prestasse vassalagem. Esta
cessão era periodicamente confirmada ou revogada conforme os termos
inicialmente estipulados e conforme o historial da vassalagem. Habitualmente,
aquando da ocorrência de mudanças estruturais no trato sucessivo do cedente (sucessão
real) ou do beneficiário da cessão. Estes,
cobravam impostos aos seus súbditos e pagavam-nos ao seu suserano, o Rei.
Assim
nasceram os Impostos nacionais, os locais e os sucessórios. Para além desta tributação directa (nominativa),
foi igualmente surgindo a tributação indirecta aplicável ao acto (o IVA, p.
ex,) e tudo quanto a imaginação política alcance para espremer quem
produz.
O regresso
da propriedade privada à plena luz do dia foi saudada como instrumento da dignidade humana, recebeu
plena legitimação social através da tributação
em prol do bem comum e foi garante da
racionalidade dos investimentos –
os capitais privados lidam muito mal com «elefantes brancos»; os
capitais públicos tendem a criá-los às manadas.
Eis
por que, a propósito do albinismo paquidérmico, colhe perguntarmo-nos até onde
deve ir o sector público, ou seja, onde devemos fixar a fronteira entre o público
e o privado.
Então,
se com o colapso da URSS, os comunistas (incluindo trotskystas,
gramscianos e quejandos…) se encarregaram de demonstrar à saciedade a falácia
do seu modelo (poder exclusivo do público sobre a titularidade dos
meios de produção, diabolização do lucro, ditadura do proletariado…), nós, os outros, continuamos a discutir sobre
uma panóplia de alternativas que em grande parte fundamenta a democracia por
que optámos em liberdade.
E precisamente porque o nosso modelo assenta na liberdade, também admitimos esses mesmos que nos querem
destruir, os de vocação totalitária tanto à esquerda
como à direita do «arco da moderação».
(continua)
Janeiro de 2022
Tags: "política
port.”
COMENTÁRIOS:
Alice 15.01.2022:
Gostei, aguardo a continuação.
Anónimo 15.01.2022: Gostei! Especialmente do “albinismo
paquidérmico”. Continua. Um abraço .
Adriano
Miranda Lima 15.01.2022 : Boa
introdução ao tema, que vai ter continuação. No fundo, toda a discussão à volta
dos dois sistemas alternativos remete-nos sempre ao reconhecimento de que a
democracia é a fonte geradora das mais justas e equilibradas soluções. Só
os regimes totalitários persistem nas suas crenças inabaláveis, porque não
lidam com doutrinas mas com dogmas, nalguns casos, como o marxismo-leninismo,
tão ou mais empedernidos do que o fundamentalismo religioso. Em
democracia, com a liberdade que concede ao espírito e com a largura que não
restringe à criatividade, as soluções são sempre sujeitas a reavaliações e
correcções, tendo como fim último realizar o bem comum.
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