sábado, 15 de janeiro de 2022

Historiando

 

O colaboracionismo económico privado ou público, desde os seus primórdios nacionais, até estes tempos meio estrangeirados, meio esfacelados em zelo conquistador – (com excepção, talvez - mirabile dictu - do do subsídio desenrascador). Que a graça crítica não falte nunca ao Dr. Salles, de mistura com a seriedade informativa.

AB INITIO AD COMITIA - 1

 HENRIQUE SALLES DA FONSECA

A BEM DA NAÇÂO, 15.01.22

Pelo direito de conquista, as terras – e tudo o que nelas estivesse edificado – eram do Rei. Este, querendo, cedia-as em  gestão ou posse a quem lhe fosse fiel – como então se dizia, lhe prestasse vassalagem. Esta cessão era periodicamente confirmada ou revogada conforme os termos inicialmente estipulados e conforme o historial da vassalagem. Habitualmente, aquando da ocorrência de mudanças estruturais no trato sucessivo do cedente (sucessão real) ou do beneficiário da cessão. Estes, cobravam impostos aos seus súbditos e pagavam-nos ao seu suserano, o Rei.

Assim nasceram os Impostos nacionais, os locais e os  sucessórios. Para além desta tributação directa (nominativa), foi igualmente surgindo a tributação indirecta aplicável ao acto (o IVA, p. ex,) e tudo quanto a imaginação política alcance para espremer quem produz.

O regresso da propriedade privada à plena luz do dia foi saudada como instrumento da dignidade humana, recebeu plena legitimação social através da tributação em prol do bem comum e foi garante da racionalidade dos investimentosos capitais privados lidam muito mal com «elefantes brancos»; os capitais públicos tendem a criá-los às manadas.

Eis por que, a propósito do albinismo paquidérmico, colhe perguntarmo-nos até onde deve ir o sector público, ou seja, onde devemos fixar a fronteira entre o público e o privado.

Então, se com o colapso da URSS, os comunistas  (incluindo trotskystas, gramscianos e quejandos…) se encarregaram de demonstrar à saciedade a falácia do seu modelo (poder exclusivo do público sobre a titularidade dos meios de produção, diabolização do lucro, ditadura do proletariado…), nós, os outros, continuamos a discutir sobre uma panóplia de alternativas que em grande parte fundamenta a democracia por que optámos em liberdade.

E precisamente porque o nosso modelo assenta na liberdade, também admitimos esses mesmos que nos querem destruir, os de vocação totalitária tanto à esquerda como à direita do «arco da moderação».

(continua)

Janeiro de 2022

Tags: "política port.”

COMENTÁRIOS:

 Alice  15.01.2022: Gostei, aguardo a continuação.

 Anónimo  15.01.2022:  Gostei! Especialmente do “albinismo paquidérmico”. Continua. Um abraço .

 Adriano Miranda Lima  15.01.2022 : Boa introdução ao tema, que vai ter continuação. No fundo, toda a discussão à volta dos dois sistemas alternativos remete-nos sempre ao reconhecimento de que a democracia é a fonte geradora das mais justas e equilibradas soluções. Só os regimes totalitários persistem nas suas crenças inabaláveis, porque não lidam com doutrinas mas com dogmas, nalguns casos, como o marxismo-leninismo, tão ou mais empedernidos do que o fundamentalismo religioso. Em democracia, com a liberdade que concede ao espírito e com a largura que não restringe à criatividade, as soluções são sempre sujeitas a reavaliações e correcções, tendo como fim último realizar o bem comum.

 


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