domingo, 16 de janeiro de 2022

Tristes verdades


E os “porquês” de sempre, explicados com a mestria de sempre.

Uma campanha triste

Porque é que isto é assim? São muitas décadas de abandono da cultura política ou de algo que com tal se pareça. São os 20 anos finais do Estado Novo e os anos que se lhes seguiram de lavagem cerebral.

JAIME NOGUEIRA PINTO, Colunista do Observador              

OBSERVADOR, 15 jan 2022

Dos debates e dos comentários aos debates para as eleições legislativas resulta uma certeza: Portugal continua “na cauda da Europa”. Somos, claramente, o país mais à esquerda do Continente, em termos ideológicos, partidários e mediáticos, e na economia e na sociedade sofremos as consequências disso. Apesar do aparecimento do Chega e da afirmação conservadora do CDS, o eixo político-partidário português permanece exoticamente enviesado à esquerda e enfeudado à extrema-esquerda.

O mesmo acontece com as manifestações mais correntes da opinião disseminada. E não estou só a falar do panorama mental de alguns comentadores de programas de entretenimento, que chegam a mostrar-se chocados e surpreendidos por o Papa Francisco ser, afinal, católico; e um “católico fundamentalista”, que, apesar do carinho repetidamente demonstrado pela líder do Bloco de Esquerda e pela “opinião evoluída”, ousa lamentar a quebra dos nascimentos na Europa e o facto de muitos casais não se abrirem à vida, concentrando em animais de estimação afectos menos exigentes e duradouros. Nem falo só da boçalidade e ignorância exibidas nas redes sociais e caixas de comentários ou do grau zero de Humanidades no discurso político. Falo sobretudo da ausência de política nos debates políticos, onde não há ideias políticas e muito menos as ideias políticas que hoje contam e dividem o mundo.

O que ouvimos sobre o mundo, a geopolítica ou a geoeconomia globais? O que é que pensam os partidos portugueses sobre a nova guerra fria China-Estados Unidos? O que nos dizem sobre a União Europeia e o debate entre os países defensores de uma Europa mais identitária, de uma Europa das Nações, e os mais federalizantes? O que propõem quanto aos eixos tradicionais da política externa de Lisboa – euro-continental, anglo-atlântico e lusófono? E problemas como o peso do investimento chinês em Portugal em sectores estratégicos, alguém fala deles? E, contudo, para um país da periferia euro-americana, cuja sorte dependerá da evolução do centro, essas são questões determinantes.

Também não se fala de valores nem de princípios. Os partidos de extrema-esquerda, como o BE ou o PCP, calam as suas referências históricas trotskistas ou estalinistas sem que ninguém lhes pergunte por elas. Aparecem como tranquilos democratas de sempre, preocupados com as liberdades públicas, com memórias do tempo do “fascismo” e da “ditadura”, que veem reencarnados no Chega de Ventura ou espreitando no CDS de Francisco Rodrigues dos Santos – os únicos “demagogos” na sala, entre lágrimas vertidas em directo em prol de minorias de eleição, num país onde a miséria e a pobreza contaminam já as classes médias e as maiorias.

Discutir valores políticos, hierarquizar princípios – a Nação, a Europa, o Mundo, a Liberdade, a Igualdade, a Vida –, relacionar e equacionar hipotéticos dilemas entre esses valores, ninguém faz. E introduzir esses valores, ideias e princípios nas linhas programáticas dos Partidos, também parece ser pouco interessante para os próprios e para “as audiências”. Assim, a futilidade e o maniqueísmo perturbam os debates e as teorias da conspiração abrem caminho. À esquerda, ao centro e à direita.

Depois dos debates vêm os comentadores, uns mais sossegados, outros mais excitados. Aqui, com honrosas e conhecidas excepções, imperam o maniqueísmo e as teorias da conspiração de esquerda, que dão pelo nome de “neutralidade” e “objectividade”. Quase todos, inteligentes ou básicos – os inteligentes, por causa da vaga direitista que vai pelo mundo e pela Europa, os básicos, porque são mesmo assim –, parecem firmemente convencidos de que o Mal está em progresso no universo desde que Trump e Bolsonaro assomaram ao poder. E é um mal absoluto, como para os velhos cristãos eram os mafarricos que povoam os assustadores infernos de Bosch, ou como para os nazis eram os judeus. E sendo a prioridade combater esse Mal Absoluto – que, evidentemente, encarnou na Direita ou na “extrema-direita” –, vale tudo para o combater. Por isso, para a legião dos comentadores, o partido de Ventura, o próprio Ventura e os seus potenciais eleitores são claramente sub-humanos, Unmensch, e devem ser tratados como tal. A partir daí, ai de quem ouse esboçar um gesto conducente a uma eventual normalização dessa espécie de leprosos da política – ou do género humano.

Antíteses à direita, domínio à esquerda

De resto, nos partidos que aqui poderiam aproximar-se das direitas europeias – o Chega dos populares identitários e o CDS dos conservadores democrata-cristãos –, há coisas que podiam estar presentes e outras que eram dispensáveis. André Ventura podia dar algum descanso aos ciganos e ao agravamento das penas e falar da desnacionalização da economia portuguesa, com a entrega de sectores estratégicos – Banca, Seguros, Indústria – a mãos estrangeiras; ou da desmoralização de um Estado que prefere oferecer a morte a tratar da vida dos mais frágeis e desprotegidos. Podia também ser mais claro na rejeição da regionalização e, em matérias de Justiça, que lhe são tão caras, na denúncia da desigualdade de acesso à Justiça. E Rodrigues dos Santos, que se tem esforçado por trazer alguma afirmação de princípios conservadores e democrata-cristãos ao eleitorado e ao partido conservador e democrata-cristão, escusava de alinhar com a Esquerda e com a cartilha reinante no insulto pronto e gratuito ao “fascista André Ventura”.

Olhando o panorama político, ideológico e económico que fica, não restam dúvidas de que estamos, de facto, “na cauda da Europa”, como diziam os antifascistas do antigamente. E nesta “cauda da Europa”, entre o analfabetismo dominante e a pobreza de ideias, a Esquerda continua a ter espaço de sobra para dominar o discurso ideológico e ditar a “normalidade”. E reina, não apenas nos seus dois partidos mais radicais – o PCP e o Bloco – mas no PS e até no PSD, cujo líder se declara de centro-esquerda. Devemos também ser o único país da Europa em que o político que pretende representar a direita conservadora chama insultuosamente “Fascista!” ao candidato da direita popular, granjeando o aplauso das esquerdas. Pergunto-me se alguém imagina, numa discussão entre o PCP e o BE, uma troca de insultos paralela – o arremesso de um “Estalinista!” ou de um “Trotskista!” que seja.

Porque é que isto é assim?

Porque é que isto é assim? São muitas décadas de abandono da cultura política ou de algo que com tal se pareça. São os vinte anos finais do Estado Novo, em que o pensamento político à direita secou, monopolizado pela figura de Salazar, glosado pelos acólitos e ignorado pelos tecnocratas; são os anos que se lhes seguiram de lavagem cerebral e de limpeza ideológica antifascista, com a submissão das direitas toleradas no pós-25 de Abril aos cânones da esquerda, por razões de sobrevivência, e a ascensão da direita da Esquerda como única Direita.

Depois, a partir do fim da Guerra Fria, Portugal não passou pelos fenómenos que percorreram as economias avançadas do Ocidente, com a globalização económica e o globalismo político-cultural das elites neoliberais, que levaram à desindustrialização da Europa (com excepção da Alemanha) e de parte dos Estados Unidos.

Com a globalização, a desindustrialização, a crise demográfica e a abertura das fronteiras às migrações culturalmente diversas, os povos europeus voltaram a ser sensíveis à importância da nação, da fronteira e da identidade. A Ocidente, em França, por exemplo, surgiu uma literatura política realista, centrada em alternativas ideológicas e culturais adaptadas aos tempos de hoje. Ao mesmo tempo, da Europa Central pós-soviética à Espanha, despontaram e afirmaram-se, no governo ou na oposição, movimentos e partidos de Direita, uns mais nacionalistas outros mais conservadores, mas com um pensamento nacional e identitário claro, que, entretanto, foi trabalhado e estruturado em livros, em revistas, em jornais, em redes sociais.

Aqui, continuamos na Idade da Pedra do antifascismo da ignorância em transição directa e acelerada para a pós-modernidade da Cultura do Cancelamento, enquanto os debates políticos ignoram qualquer movimento de ideias na Europa e no mundo e se desinteressam do que quer que tenha a ver com a Geopolítica do século XXI ou com a configuração da Europa e as suas decisivas consequências para a política nacional.

Assim sendo, não admira que os resultados de 30 de Janeiro não tragam alterações substanciais ao panorama político nacional – nem que, sob o arco-íris do “vai ficar tudo bem”, continuemos a ir de mal a pior.

CRÓNICA   OBSERVADOR   POLÍTICA   LEGISLATIVAS 2022   ELEIÇÕES

COMENTÁRIOS:

angelo sousa: Contrariamente à campanha, mais uma vez este seu ensaio é uma alegria e um convite ao aprofundamento do pensamento livre, pilar de qualquer regime democrático saudável. Obrigado.           Gil Lourenço: Excelente artigo. Os jornalistas do Observador ao menos que o leiam.          Joaquim Moreira: Compreendo perfeitamente que Jaime Nogueira Pinto considere que lhe assiste achar que esta é uma campanha triste! Porque em boa verdade, conhece bem a realidade desta sociedade. Que, depois de 48 anos de “fascismo”, está a outros tantos anos “a caminho do socialismo”! Onde os partidos de direita eram e são os que, ao que parece, estão à esquerda do PS! Até o CHEGA nasce de dentro do PSD e do CDS! Por isso, compreendo perfeitamente, que um historiador da velha direita, esteja também muito triste e descontente. Mas não pode dizer, que há qualquer diferença entre o actual PSD e os PSD que já foram poder. Basta só analisar os programas eleitorais e as políticas reais que fizeram ou vão fazer! E se agora nasceram novos partidos, como o IL e o CHEGA, a sua razão de ser tem apenas a ver com oportunidades que viram de ser poder. Depois da Geringonça criada pelo PS acontecer!            Maria Rita Menezes: Muito bom, muitíssimo lúcido, parabéns! Cpts e muito obrigada           Paulo Orlando: A mole humana é constituída por pessoas comuns, sem talento ou brilhantismo. Incluo-me nesse lote e desinteresso-me por cultura, progresso ou grandes causas. A minha cinzentude, ignorância e irrelevância faz de mim um ser egoísta apenas preocupado com o meu bem-estar imediato. Feito o retrato do eleitor português, quero lá saber que as próximas gerações paguem o que devo. Dêem-me é subsídios, aumentem-me a pensão ou o salário, reduzam-me o horário de trabalho e façam uma selfie. O resto é só para gente inteligente, aqueles de quem sabemos o nome quando aparecem na televisão.           manuel soares Martins: J N P faz um diagnóstico impecável da situação em que nos afundamos e explica muito bem como chegamos a ela. Texto excelente, no meu entender, sobre a doença que nos mina. Mas qual é a terapêutica adequada? Ou, como diria Lenine (lagarto, lagarto!) : que fazer?                  JOSÉ AFONSO: Porque será que temos tão poucos Jaime(s) Nogueira(s) Pinto(s). Fazem tanta falta no nosso “deserto”....            Christiana Baldini: É urgente retomar uma formação que dê aos portugueses as condições para discutir esses assuntos fundamentais para eles, que não fazem a menor ideia disso, para conveniência dos políticos de plantão. Não consigo imaginar o país daqui a 20 anos…               Simplesmente Maria: Simplisticamente falando, tivemos 50 anos de ditadura protagonizada pelo regime de Salazar em que a pobreza era generalizada e conotada com a chamada direita. Sem transição, sem reformas, sem evolução, abruptamente surgiu a revolução protagonizada pela chamada esquerda que por convicção ou eleitoralismo satisfez as necessidades mais básicas das populações das cidades e dos campos. Este estigma direita=pobreza e esquerda=social, está gravada na memória colectiva deste povo governado por múltiplos azares. Por muitos mais anos ainda, todas as campanhas eleitorais serão tristes, a não ser que abruptamente as leis do acaso se cumpram.         Acg: Espetacular texto, pode (deve) ser lido por todos os políticos, sem exceção, é um texto pedagógico sobre o que já deveria ter sido feito e não foi, arruma de vez com este tipo de debates que discutem tudo e o seu contrário, num ignorância frenética da chamada ideologia que é, nem mais nem menos a síntese das ideias que queremos para um mundo melhor, Europa e Portugal incluídos, bem-estar e qualidade de vida para as populações, para todos, sem discriminação de qualquer tipo. Espero bem que todos tirem daqui algum proveito, não há neste texto qualquer disparate de ir a reboque deste ou daquele, descreve tudo aquilo que devemos fazer mas que, com tanta confusão e tanta conversa, até nos perdemos            N Antunes: Nem sempre concordo. Mas este é um artigo sério. Falta-nos lucidez. Se perdermos os fundos europeus acordaremos..           Christiana Baldini > N Antunes: Pensar nos fundos europeus quando o autor fala de princípios?? Isso é um abismo!          Pensamento Positivo > N Antunes: Caríssimo: Os "Fundos Europeus" dependem de uma coisa que são os tratados fundadores da União Europeia e esses estão cá e vão cá estar ainda por muitos e bons longos anos. Claro que PT vai receber menos, mas isso também está nesses tratados, pois vamos ter menos população e pelo menos algumas regiões vão ter alguma convergência com a Europa que lhes ditarão o fim de alguns desses fundos. Esse não será o problema. O problema é que neste momento só precisávamos de um pequeno esforço extra na nossa economia para que essa, com ligeira ajuda dos fundos pudesse suprir as nossas necessidades. No entanto, se nada for feito, dentro de poucos anos atingiremos uma situação em que nenhum esforço económico por mais que o queiram fazer junto com qualquer ajuda que nos possam dar fará com que possamos suprir as nossas necessidades. Nessa altura seremos um país pária plenamente dependente de tudo e de todos. Se isso acontecer a coisa pode vir a ser feia... Mas, ninguém parece muito preocupado com isso. Alguém falou nesta campanha sobre o facto de, neste momento sermos uma ilha ferroviária, termos um "apeadeiro" para aviões na Portela, e apesar de termos "só" o melhor Porto de águas profundas do mundo - o Porto de Sines - sermos uma ilha portuária? Se alguém falou disso eu não ouvi!... Mas, retirem o cavalinho da chuva os meninos da redução do IRC: Enquanto não alterarmos o que falei acima PT não terá condições objectivas nenhumas para ser atractivo para se produzir cá o que quer que seja, porque não haverá condições de escoar de cá sequer um calhau furado!... Quanto ao resto: Com a prosperidade tudo se resolve! E quanto aos costumes? Olhem: Nunca fomos uns santinhos... A comissão para investigar os abusos na Igreja ainda a semana passada tomou posse e parece já ter uma centena de casos em mãos. Quem diria que isto ainda tem potencial para vir a ser "lindo" por cá, mesmo com tudo a "levar e calar" porque "o respeitinho é muito bonito e eu gosto"?...         Elvis Wayne: Excelente crónica, gostaria apenas de comentar alguns pontos específicos: Quanto à "Questão Cigana" (já me vão apelidar de nazi, eheheh), admito que o CHEGA! deverá gradualmente dar menos palco ao tema. Mas tal deverá apenas acontecer após alterações significativas ao RSI, até lá os amantes da ciganada que tapem os ouvidos. Quanto ao domínio mediático do comentariado esquerdista, começo a notar um fenómeno curioso, para dizer o menos. Cada vez mais pessoas se apercebem do tratamento desigual dado à direita no geral e ao CHEGA! (em particular). Já tenho conhecidos que (tendo votado PS e PCP!) se queixam das interrupções constantes a Ventura e dos pós-debates enviesados (o pós-debate a seguir ao confronto com Costa, foi o exemplo mais gritante). A pouco-e-pouco, até este povo sonolento vai acordando. Relativamente ao estado da direita em si, é verdadeiramente triste o exemplo dado por Rodrigues dos Santos. Bastava omitir as referências feitas ao Papa e ao Cristianismo e quase que jurava que era um qualquer bloquista a falar. É ainda mais deprimente o facto de termos um socialista que se enganou no partido (Rui Rio) como o "líder" da "Direita". Geralmente ressalvam sempre o facto de serem da "direita" "social", por isso só é enganado quem quer. Há esquerda do centrão, nada de novo. Tavares é o lírico, que roga dia e noite aos céus para ter o tachinho que lhe foi negado nas autárquicas. Catarina Martins converteu-se ao catolicismo. Jerónimo (Deus o ajude) já sofre de antecipação pelos resultados eleitorais. Costa, que prepara uma manobra (ou melhor, "habilidade") digna do nosso saudoso "cherne", julga mesmo que conseguirá o tacho dourado na Europa. Concordo com o cronista, quando o mesmo aponta que estamos a transitar diretamente do antifascismo analfabeto à lá anos 70, para a Cultural do Cancelamento (made in USA), que hoje em dia está tão na moda. E nós lá nos vamos aguentando, enquanto houver estrada para andar (e dinheiro da Europa para esbanjar). Francisco Tavares de Almeida: Já escreveu "De Goa ao Largo do Carmo" mas talvez estivesse na altura de escrever "Do Largo do Carmo ao Largo do Rato". Não vejo quem o pudesse fazer melhor. Obrigado pelo excelente artigo.         Isabel Gomes: Parabéns! Excelente artigo e reflexão!          José Pinto de Sá: Excelente, como sempre.           Maria Fernanda Sousa: Tanta verdade que é dita aqui, e o que dizem porque têm tal lavagem cerebral, são as mesmas imbecilidades que lemos sempre que alguém como Jaime Nogueira Pinto, expõe os males deste país. Continue a ser um momento de aprendizagem, um ar fresco e saudável, neste país mesmo na cauda da Europa. Obrigado..        Alberto Ortigão: muito bom              Maria Tubucci: Tudo verdade. Repare na narrativa que está a ser montada, mais uma vez, para enganar os eleitores: o PSD é perigoso, o CDS é infantil, a IL é aventureira, o Chega é fascista, só esquerda, o PS é o bom garante “estabilidade” e o bom, tal como, o PAN (proibicionista), o BE (hipócrita) e o PCP (retrógrado) e o Livre a nova coqueluche dos inúteis e parasitas. A narrativa da lavagem ao cérebro continua, agora, a direita quer pôr as pessoa a pagar o SNS, como se elas não o pagassem com impostos. A S Social investe dinheiro do fundo de pensões na bolsa, mas se a direita disser que o irá fazer, é logo apelidada de irresponsável. Enquanto existirem 2 pesos e 2 medidas para avaliar a mesma realidade, o nosso futuro será a indigência monetária e moral. Estamos na cauda da Europa porque a CS é 98% virada para a esquerda, foram 50 anos a proclamar a “moralidade” superior da esquerda, e as pessoas acreditaram, agora é difícil enxergarem a realidade. Vamos a caminho do empobrecimento geral, excepto a classe política socialista e afins, mas as pessoas continuam a votar na esquerda, e a dizerem que estes se preocupam com as pessoas, esperando cheirar algumas migalhas.           Nuno Fonseca: Este artigo, digno  de um verdadeiro "Velho do Restelo" apenas ilustra a visão distorcida da realidade do autor. Que desgraçada, parca e turva visão sobre o Portugal de hoje.          acg > Nuno Fonseca: Só não explica o porquê dessa visão distorcida da realidade, ou seja, é o verdadeiro socialista(?), sem ofensa para os verdadeiros socialistas, inculto a largar verdete.            servus inutilis > Nuno Fonseca: Chamar velho do Restelo a JNP é sinal de analfabetismo militante. É de quem não faz a mínima ideia do que significa o 'o velho do Restelo'. Vítima da ignorância licenciada (anterior e posterior ao 25 de Abril) pensa o desgraçado Fonseca que velho do Restelo significa reaccionário ou conservador. Está redondamente enganado, a personagem camoniana representa exactamente o contrário, o moralismo de um Louçã com a condenação da ambição e da cobiça, a Europa connosco de Soares com o realista abandono do Oriente para defesa das praças de África. JNP, com uma dose de irrealismo notável, esteve e está nos antípodas dessas ideias. Vá, não custa assim tanto, leia Os Lusíadas 4.94-104 e vai ver como é fácil enganar estúpidos.        João Afonso > Nuno Fonseca: A  "desgraçada, parca e turva visão sobre o Portugal de hoje", é a mesma que se observa nos índices económicos da UE, onde a Roménia e a Bulgária nos livram da cauda), do estado da Justiça (ou da falta dela), da descida no índice Pisa da OCDE, onde saímos da Europa e estamos ao nível da Turquia, do número escandaloso de 4,5 milhões de pobres (48 anos depois do 25 de Abril), da miserável prestação de serviços de saúde, em que quem tem poder financeiro contrata seguros de saúde para recorrer aos hospitais privados. É aliás sintomático que sejam os funcionários públicos, activos ou reformados, os que mais recorrem aos serviços privados de saúde. Depois disto, está bem patente quem é o velho do Restelo!           Gil Lourenço > Nuno Fonseca: Para um socialista está tudo bem. É só ver o atraso do país. E os outros é que são os velhos do restelo. O Portugal de hoje são mais meio milhão de pessoas que foram atiradas para a pobreza. Oxalá que você fosse um desses. Nunca se sabe. Estamos conversados com a sua contribuição altamente lúcida...            José Anes: dixit et sic est           Vitor Batista: Muito bem JNP! um dos maiores pensadores do nosso tempo.  Deve ser por isso que é tão atacado pelas esquerdalhas fascistas... miguel cardoso: Uma das últimas vozes lúcidas de Portugal. e que consegue manter o equilíbrio e a inteligência sem quaisquer facciosismos, antes mantendo a sua visão do mundo e estando atenta à dos outros. É sempre um bálsamo ler JNP. Só por ele já valia manter a assinatura do Observador.           MCMCA A: Admira-se JNP do marasmo intelectual das ditas elites e não entende porque não reagimos. Fizemos o mesmo nos últimos anos da ditadura: somos um povo aculturado por séculos de migrações em que os nossos melhores se foram e ficaram os piores e os que adquirimos ainda eram piores do que os que ficaram porque achavam que isto era bom. Virámos o século e continuamos na mesma educados por uma escola que não visa a excelência mas a quantidade irmanada numa cultura de laxismo em que o que interessa é ter uma graduação no papel mesmo que quase nada se saiba. Basta comparar os antigos profissionais formados nas escolas industriais com os mestrados de agora: a diferença profissional é enorme. Agora temos os bem falantes vendedores de competências que não sabem aplicar, do outro temos os profissionais competentes, que pouco falam, mas fazem muito. A geração mais qualificada de sempre no papel vale menos que os seus pais, e os poucos que são bons fogem a setes pés deste país. A aculturação e a aplicação das teorias da escola de Frankfurt deram estes frutos.            Américo Silva: Dizia Freitas do Amaral que o CDS era um partido charneira, e diz André Ventura que o Chega será um partido charneira. Charneira é aquela peça de um qualquer sistema que vai rodando sem sair do mesmo lugar. Mau presságio. O CDS será um partido para conservadores, mas de conservador não tem nada, nem nos hábitos dos dirigentes, nem na sua navegação tipo submarino, nem no seu humanismo, mais despejar velhotes e vender as habitações aos estrangeiros.          bento guerra: Uma campanha de desgarradas, que representam a política fabricada pelas televisões, com intervalos publicitários. Democracia para o "share" e o povo, em concorrência com o futebol e as novelas.            Madalena Magalhaes Colaco: Nunca aqui em Portugal, vamos ouvir a von der Leyen dizer o que disse à Polónia, quando a ameaçou de não lhe dar a bazuca se o país não se sujeitasse à constituição europeia. Aqui estamos nas tintas se a Constituição da Europa viola alguns dos nossos valores culturais, o que queremos é o dinheirinho e o resto é para fazer o que nos manda a Ursula. Sem valores culturais, o wokismo é fácil de se alastrar. O homem novo, que renasce depois de denegrir o branco privilegiado, que constantemente é obrigado a flagelar-se por actos de um passado colonial, dominam no vocabulário corrente. É preciso acabar com o homem branco e a sua cultura, e já não estamos muito longe disso. É preocupante o que se passa nas universidades com o que se pode ou não estudar. A cultura Ocidental está em vias de se extinguir e aqui em Portugal queremos lá bem saber disso, o que queremos é o dinheirinho da bazuca. Como quer que os debates e comentários tenham outro nível?

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