Todos são admiráveis

E todos são necessários. Os que analisam os factos baseados nas suas leituras e pesquisas e experiências próprias e disso falam ou escrevem com arte e saber e tantas vezes premonição de acautelamento, são cultos, mas os sábios, que nos seus laboratórios se debruçam sobre o microscópio ou nos seus telescópios descobrem mais mundos para o evoluir do pensamento humano, dando o seu contributo para a maior saliência dos cultos, são tão indispensáveis como os primeiros. E todos falíveis, se nos ativermos ao conceito da multiplicidade das sentenças e dos pontos de vista e da evolução da ciência e das teorias … A omnisciência só mesmo é pertença um Deus criado pelo espírito humano, sempre limitado.

PELO TOQUE DA ALVORADA - 22

HENRIQUE SALLES DA FONSECA            A BEM DA NAÇÃO, 06.06.22

Num exercício de abstracção de particularidades, concluí esta alvorada que a História é a essência da Cultura. Particularizando, a Histótia Pátria, a Universal, a das Artes, a da Filosofia, a Económica,… o que outros pensaram, o que outros fizeram para que nos inspiremos e determinemos o que de nós próprios devemos esperar já que aquele que sabe muitas coisas é apenas uma enciclopédia mas culto é quem conhece o rumo da Humanidade.

Henrique Salles da Fonseca

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COMENTÁRIOS:

Adriano Miranda Lima 06.06.2022 17:08: Sr. Dr., estou com uma aguda e feroz tendinite que me afecta o ombro, o braço e o uso normal da mão, do lado direito. Posto de lado o computador, socorro-me do telemóvel, o que me limita o acto de escrever. Concordo com o que diz. Enciclopedistas existem de todas as formas e feitios. Basta lerem e absorverem tudo o que lhes surge à mão. Sentido crítico dispensam-no, selectividade no que pode verdadeiramente concorrer para a sua cultura é algo que também lhes parece dispensável. Cultura é, como sugere, coisa diferente. Mas acho arriscado e discutível diga que se diga que culto é quem conhece o rumo da humanidade. Porque será então caso para sentenciar que em princípio ninguém será propriamente culto, a não ser intérprete do que percepciona sobre a realidade. Sobre esta matéria, abundam e sobram teorias e princípios filosóficos que atravessaram milénios e séculos, aproveitando-se de legados anteriores, amplificando-os e actualizando-os com novas epistemologias, mas praticamente sem nada de novo acrescentar. Portanto, acho que sobre o rumo da humanidade apenas poderá haver previsões e profecias. Por sinal, pouco animadoras. Adriano Lima

Francisco G. de Amorim 06.06.2022 20:23: Meu Amigo:  Conhecer o rumo da humanidade nunca ninguém previu. Só há alguns desiludidos, como eu, que nada de bom prevêem.
Resta-nos a "certeza" de que a Natureza tudo conserta! Grande abraço

 Antonio Fonseca 07.06.2022 00:44: Doutor Salles da Fonseca, acabo de ler - Da Lógica Humanista 1&2 e Pelo Toque da Alvorada; (estive em atraso estes últimos dias). São reflexões de quem se debruçou a sério sobre a História da Europa, e nota a dicotomia entre o ambiente sócio-político da Europa Ocidental e da Rússia, ainda irremediavelmente saudosista do império de outrora. Creio que a Rússia, um país europeu, é diferente da Comunidade Europeia apenas na cadência - ela acha-se hoje exactamente onde a Europa esteve no século passado. Um dia terão de dar as mãos para que a Europa possa respirar com ambos os pulmões.

Adriano Miranda Lima 07.06.2022 12:12: Concordo consigo. A Rússia não pode alienar a componente europeia da sua cultura, o que de um modo ou outro pode tender a acontecer com a sua ambição imperialista de aglutinar povos de diferentes etnias e culturas dispersos por uma imensidão territorial. Esta, só por si é um factor impeditivo de integracão, interpenetração e consolidação de culturas. Conscientes desta realidade, não é por acaso que os ucranianos rejeitaram e rejeitam com uma firmeza convicta e inabalável outra solução para o seu destino que não seja uma integração plena na UE e a adopção completa dos valores ocidentais.