sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Dia de Marco Paulo

 

Este da sua morte. A mudar de canais. A ouvir programas com ele, a escutar dados da sua biografia, nos vários canais, a chorar lágrimas sentidas. Ultimamente, fora a SIC que se envolvera em programas de fim-de-semana a ele dedicados, que eu via religiosamente. Desde que se soubera do seu cancro, há muitos anos já, a dar-lhe a visibilidade que ele desde sempre merecia, mas lembro a pouca empatia que a sua pessoa dum modo geral merecia, por não manter o garbo distante, ou a presença altiva requeridos nestas coisas despertadoras de fama. Recordo até um caso de troça directa, em antiga reunião, pelos anos oitenta, com colegas professoras, e em que não pude deixar de exclamar, em sentido repúdio contra os risinhos maliciosos provocados por essa opinião displicente: “Mas o Marco Paulo tem uma linda voz” e logo vozes me apoiaram, deixando o meu ego confortado com a minha palavra, raramente provocadora de tão imediata anuência. História que não esqueci, e que hoje revivi, infelizmente por um motivo de tristeza, mas afinal consciente da geral opinião admirativa sobre a sua fama e a sua voz, que ocupou hoje os vários canais.

Definitivamente, uma linda voz, a de Marco Paulo, e realistas os seus temas, como esse do “Ninguém, ninguém poderá mudar o mundo”, ou plenos de poderosa simpatia humana como o da “Nossa Senhora”, significativa de dores que sofreu, sem a reserva de as manter recatadamente no segredo da sua alma, como seria de bom-tom, mas fraternalmente convertendo-as em oração musical, extensiva a todos nós e que sem dúvida o não desamparará a ele:

«…Nossa Senhora, me dê a mão
Cuida do meu coração
Da minha vida e do meu destino
Do meu caminho, cuida de nós…»

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