Este da sua morte. A mudar de canais. A ouvir
programas com ele, a escutar dados da sua biografia, nos vários canais, a
chorar lágrimas sentidas. Ultimamente, fora a SIC que se envolvera em programas
de fim-de-semana a ele dedicados, que eu via religiosamente. Desde que se soubera
do seu cancro, há muitos anos já, a dar-lhe a visibilidade que ele desde sempre
merecia, mas lembro a pouca empatia que a sua pessoa dum modo geral merecia,
por não manter o garbo distante, ou a presença altiva requeridos nestas coisas despertadoras
de fama. Recordo até um caso de troça directa, em antiga reunião, pelos anos
oitenta, com colegas professoras, e em que não pude deixar de exclamar, em
sentido repúdio contra os risinhos maliciosos provocados por essa opinião
displicente: “Mas o Marco Paulo tem uma linda voz” e logo vozes me apoiaram,
deixando o meu ego confortado com a minha palavra, raramente provocadora de tão
imediata anuência. História que não esqueci, e que hoje revivi, infelizmente por
um motivo de tristeza, mas afinal consciente da geral opinião admirativa sobre
a sua fama e a sua voz, que ocupou hoje os vários canais.
Definitivamente, uma linda voz, a de Marco Paulo,
e
realistas os seus temas, como esse do “Ninguém, ninguém poderá mudar o mundo”, ou plenos de poderosa simpatia humana
como o da “Nossa Senhora”,
significativa de dores que sofreu, sem a reserva de as manter recatadamente no
segredo da sua alma, como seria de bom-tom, mas fraternalmente convertendo-as em
oração musical, extensiva a todos nós e que sem dúvida o não desamparará a ele:
«…Nossa
Senhora, me dê a mão
Cuida do meu coração
Da minha vida e do meu destino
Do meu caminho, cuida de nós…»
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