De MARGARIDA BENTES PENEDO. De
desassombro inteligente e certeiro sobre a realidade, feita de exaltações de
diferentes vibrações e empatias, a darem nas vistas, com a sofreguidão indiscreta
e unilateral dos generosos da actualidade, segundo as habituais demonstrações informáticas.
Sem-abrigo, imigração, e
dogmas woke
O problema dos sem-abrigo, agora ligado à imigração,
tornou-se mais difícil de contrariar. Entrou no campo da guerra santa pela
porta do puritanismo woke. E a esquerda não aceita perder esse poder.
MARGARIDA BENTES PENEDO Arquitecta e
deputada municipal
OBSERVADOR, 17
out. 2024, 00:1877
Carlos Moedas discursou no 5 de Outubro.
Naturalmente, a esquerda exaltou-se umas horas depois, tanto na Câmara de
Lisboa como na Assembleia Municipal, a pretexto de imigração e sem abrigo.
Naturalmente, o jornalismo respeitável tratou de averiguar se os sem-abrigo
estão ou não a ser instrumentalizados como arma de arremesso político. A
resposta é sim, estão a ser instrumentalizados e vamos ver de que maneira.
Ouvindo o discurso do 5 de Outubro,
percebe-se que, para efeitos desta agitação, Moedas disse duas coisas. A primeira, é que tinha conseguido retirar
da rua as pessoas que viviam em tendas em cima do passeio no Jardim António
Feijó, à volta da Igreja dos Anjos, em Arroios. Essas pessoas terão sido
alojadas em hostels. Só isto já dói nos joelhos da esquerda.
Transcrevo a segunda: “Hoje
assistimos a manifestações de um drama humanitário que nos envergonha a todos
como país. Nós precisamos de imigração, mas não podemos aceitar uma política de
portas escancaradas que conduz à desordem, dá espaço a redes criminosas, e
multiplica casos de escravatura moderna.” Moedas faz aqui um apelo ao
governo central e tem toda a razão.
A Câmara de Lisboa está perante um
problema adicional que resulta de políticas acima das suas. O governo da República é quem tem tutela
e competências para definir políticas de imigração; mas as consequências dessas
políticas e respectivos erros afectam especialmente Lisboa, por ser a capital
do país, por morarem nela os ministérios, o Parlamento, os serviços e as
instalações do Estado central, pela presença das redacções dos jornais e canais
de televisão, pela visibilidade que as agitações alcançam quando agitam Lisboa. A
Câmara vê-se obrigada a dar uma resposta porque tem responsabilidades no bem
estar dos munícipes e no equilíbrio da própria cidade. Mas a Câmara não tem
instrumentos para resolver a origem do problema, já que ele não depende de
políticas municipais. Não está nas suas competências. Por isso é uma situação
desesperante, irresistivelmente exposta à instrumentalização.
Toda a vida os problemas
persistentes, ou difíceis de resolver, se transformaram em armas políticas; desde que o mundo é mundo foram instrumentalizados e
alvo de demagogia. Este é um caso entre uma longa lista de casos
exemplares. A questão dos sem-abrigo já tinha há muitos anos
despertado o interesse da extrema-esquerda e respectivos activistas,
infiltrados nas “associações” até à medula, para contrariar as ajudas das Câmaras
e das Juntas de Freguesia. Só assim, morando e dormindo em cima do passeio,
aquelas pessoas podem ser usadas na litigância permanente de que os activistas
se alimentam a propósito de habitação. Querem levar-nos a acreditar que elas
são o produto imoral da falta de habitação. É falso. Não é um problema de
habitação.
A questão dos sem-abrigo é um
problema muitíssimo complexo de saúde mental, de álcool, de drogas, de modo de
vida, e agora também de imigração. A imigração acrescentou-lhe um elemento de
puritanismo woke: reduzir os números de sem-abrigo é reduzir os números da
imigração e, portanto, um exercício de racismo, xenofobia, e todos os pecados
abjurados pela seita.
A extrema-esquerda vive no
Inferno, culpa-nos do calor, e quer à força arrastar-nos para junto dela. Usa
esse elemento precioso do puritanismo woke, um puritanismo quase religioso,
sujeito a cruzadas e perseguições; e os activistas – das associações, do
jornalismo, ou da universidade – definem os dogmas. Só se pode falar da maneira
certa, sob pena de heresia. E a maneira certa muda a cada minuto, de acordo com
os novos dogmas e as novas taras da extrema-esquerda na sua raiva ao
capitalismo. Todos os dogmas e preceitos da incultura woke são maneiras
inventadas pela extrema-esquerda para se opor ao capitalismo. Têm este laço
inescapável entre elas, uma espécie de assinatura doutrinária sem lógica
interna e com dois ou três milímetros de profundidade intelectual.
O problema dos sem-abrigo, por
estar agora ligado à imigração, tornou-se mais difícil de contrariar. Entrou
no campo da guerra santa pela porta do puritanismo woke. Não se pode encontrar
uma solução porque a esquerda não aceita a perda do poder que este puritanismo
lhe dá.
COMENTÁRIOS (de 77)
Maria Paula
Silva: Muito bom, como sempre, sintético e certeiro. Exemplar é a sua coragem. p.s. - adorei a "com dois ou três milímetros de
profundidade intelectual." Eheheh Carlos
Chaves: Neste país
que julgávamos de brandos costumes, a extrema-esquerda trauliteira, está a
conseguir os seus objectivos! Depois dos criminosos políticos, António Costa e
Pedro Nuno Santos, terem trazido a extrema-esquerda para participarem na
“governação “deste país, e após quase 9 anos, os resultados estão à vista de
todos! A imigração descontrolada (mas estratégica) e só um deles! A esquerda já
não faz revoluções para tomar o poder, rebenta o Estado e a sociedade por
dentro para lá chegar, é o que estamos a assistir nesta velha Nação! Obrigado
Margarida Bentes Penedo por mais este bem-vindo “grito” de alerta!
Alcides
Longras: Um traço
transversal ao Marxismo e suas metástases: instrumentalização política dos
problemas sociais, disfarçada de virtude e humanismo. Excelente denúncia
com a realidade actual.
Ana Luís da Silva: Assim
de repente parece que o adulto no PSD é Carlos Moedas. O único (será?!)) que
lida de frente com o problema que o premiado da Paz pela Unesco arranjou para
os portugueses, o povo que supostamente o elegeu para governar Portugal (não o
“ministério mundial das migrações ”) e que traiu em prole de uma agenda woke
multiculturalista, povo que, pelo contrário, devia ter representado e defendido
de uma imigração avassaladora a qual descaracteriza cada vez mais as nossas
cidades, vilas e aldeias… com a estúpida e suicida “manifestação de
interesse”, que imagine-se, até nos deu problemas dentro da UE! Excelente
artigo! Parabéns a Margarida Bentes Penedo, mais uma vez. Rui Lima: Portugal é caso único no mundo, abre totalmente aos
PALOPs e Costa e Cia, não satisfeitos, destroem o SEF
para abrir, ao resto do mundo, quem chega, gente sem profissão, de cultura e
religião oposta à nossa, ou seja, nunca se irão integrar, já tínhamos uma
minoria que nunca se integrou, iremos ter várias em todos os países onde isso
se passa existe violência e miséria. As consequências serão o maior
desastre da nação portuguesa, os dados aí estão, a pobreza dispara de uma
forma brutal, sem abrigos por todo o lado, e os que têm “abrigo” são às
dezenas, em apartamentos com consequências dramáticas para a sua saúde, por
isso não há SNS que resista. Gostava de saber a reacção do Sr. Costa
europeu, a carta enviada pela presidente da comissão europeia a todos os
primeiros-ministros sobre o combate à invasão da Europa de povos do resto do
mundo, ela finalmente quer combater mas já é tarde. Eu vi com os meus olhos a miséria do mundo, o meu coração sofre mas a minha
cabeça diz-me que não pode ser nossa vocação resolver toda a miséria do mundo
até porque ficaremos como eles, já que eles chegam e impõem o seu modo de vida
(se aceitassem a nossa tudo seria mais fácil) é essa forma de estar e ser
que os tornou miseráveis. Cristina Torres: Completamente de acordo! Aconselho vivamente a ver a reportagem ontem
à noite deu na CMTV sobre imigração e a "Mesquita" num prédio,
precisamente Arroios, nem a Presidente da Junta consegue mudar alguma coisa, AC
foi a par do Sócrates o pior PM que tenho memória e ainda ontem ganhou um
prémio, é de bradar aos céus, enterrou o país nesta imigração desregulada e se
é verdade que precisamos de imigrantes para trabalhar pergunto o porquê de lhes
dar a nacionalidade, o Dubai tem 90% da população é imigração e turismo e
apenas os nativos é que têm direito á nacionalidade e deveria ser assim em toda
a Europa. Ana C: Muito bem !!! João Floriano: Como sempre, um artigo excelente. A batalha contra
os wokes e as falsas causas que nos querem impor também se combatem na acção
política. Moedas está a fazê-lo, daí o ataque a que é sujeito, e cada
dia mais duro visto que há no ar cheiro a autárquicas e legislativas.
Entretanto por parte do poder central não se vê qualquer interesse em combater
o wokismo, antes pelo contrário, associam-se a ele. Carlos Moedas aparece
sozinho na batalha. É bom que isso seja lembrado se, como espero, a extrema-
esquerda perder novamente a CML. Para já, Montenegro anda a promover um
candidato a Belém cuja fraca estatura, não é apenas a altura no cartão do
cidadão. Maria
João Vasconcelos: Excelente
comentário! É mesmo isso. A população em geral partilha dessa ideia e está
contra a troca dos nossos jovens que não são valorizados cá e saem do país.
Este problema não se resolve com mais faculdades que irão servir para colmatar
as necessidades dos outros países da Europa, mas antes em proporcionar
condições que lhes permitam cá ficar. É evidente que também precisamos de
mão-de-obra que está a ser assegurada pelos emigrantes, pois a mesma mão-de-obra
portuguesa quase desapareceu também. Se são jovens e competentes também eles
deixam o país. Os emigrantes que vierem trabalhar para cá e aceitarem a nossa
cultura, evidentemente que deverão ter os direitos que qualquer português tem,
sem mais nem menos. Já o deixar entrar tudo de portas escancaradas, é um assalto
ao país e aos nossos impostos pagos tostão por tostão com muito trabalho e
sacrifício. É um roubo descarado por parte de quem decide fingindo ser bom a
custa do sacrifício dos outros.
bento guerra: Tenho a impressão que a primeira pessoa
a falar do "escândalo dos Anjos" foi o candidato do Chega, Tânger
Correia, que disse que da experiência internacional dele, nem em campos de
refugiados tinha visto tão mau. A indignação hipócrita
"woke"insurgiu-se... Depois até fizeram reportagens e finalmente
"limparam". O problema da imigração não é só português e a Europa
caiu na real Lápis
Afiado: Grande
análise a manipulação da imigração pela esquerda Tim do A:
É o que o Chega anda a dizer há que
tempos. Parece que o Chega tem sido o único adulto na sala. Os outros só vão lá
com o problema plasmado na frente e outros, como a esquerda ou a IL, nem chegam
lá. Este país só arranja problemas com os péssimos governos em que votamos.
Artigo importante. Fernando
ce: Muito bem. Concordo com as suas posições em geral.
Pena é que muito do centro-direita ainda tem medo de ser mal visto pela
esquerda e esquerdistoides. Coxinho: Será que o embrutecimento woke conseguiu infectar o
próprio governo ?? Hugo
Silva: Ontem no
parlamento, o deputado André Ventura, no decorrer da sessão parlamentar sobre o
referendo à imigração descontrolada, fez referência ao apelo de Carlos
Moedas... O PSD como é seu apanágio juntou-se à esquerda e fez-se morto. O CDS
deu sinal de vida para demonstrar que é cada vez mais um partido oco e
subserviente ao PSD. antonyo
antonyo: Totalmente de
acordo . A política da esquerda é sempre rasteira e neste caso desonesta porque
se estão realmente a fazer coisas.
Pedromi: Infelizmente,
é exatamente assim...pena é que não haja mais profissionais da comunicação
social a ter a mesma verticalidade e honestidade factual, para expor o caso
neste termos, leia-se, com verdade! João
Ramos > Armando
Semedo: Ainda há muito miserável mental por estas bandas… Pedro
Campos: Parabéns!
Excelente artigo! Paulo Valente: Há artigos de opinião que deviam, obrigatoriamente,
ser enviados por mensagem a todos os portugueses, seguindo o exemplo e os
canais dos avisos de catástrofe enviados pelo PROCIV. Talvez
as malhas do tricot canhoto se rompam mais facilmente e a lucidez se instale!
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