Que há jovens que se apercebem. E se
revoltam. Prova de que o país resiste, apesar da palhaçada. Mas um tal estado
de revolta mereceria mais atenção. Dos “BONS”.
O PM soprou no balão após os sopros nos ouvidos?
Terá Montenegro ingerido uma boa dose
de álcool antes da declaração sobre coisas sopradas ao ouvido dos jornalistas?
Espero que sim, se não recorro eu a esse ansiolítico para me acalmar com o
governo.
TIAGO DORES Colunista
do Observador
OBSERVADOR, 16 out.
2024, 00:1714
E começou o julgamento do caso Banco Espírito Santo/Grupo Espírito
Santo. Já? Perguntam vocês. Ah, pois é. Uma escassa década após os factos, inicia-se o julgamento do maior
escândalo dos últimos – serei simpático – 50 anos em Portugal. Sem contar,
como é óbvio, com aquele longo período durante o qual Pauleta foi o melhor marcador da história da selecção
nacional à frente do Eusébio, até o Cristiano encerrar, em princípio para todo
o sempre, o assunto.
Mas se
detectaram ironia no “escassa década” acima, têm os vossos ironiómetros
demasiado sensíveis, pois falava sem vislumbre de sarcasmo. Neste país, mais do que os grandes julgamentos não
terem fim, na sua esmagadora maioria não chegam sequer a começar. Este, pelo menos, já principiou. Bem bom. Comam o
que têm no prato e não façam fita, se fazem favor.
Quem
pareceu pouco interessado em juntar-se a este festim indigesto é o principal
acusado no processo, Ricardo Salgado. A defesa do ex-líder do BES/GES bem
tentou alegar problemas de Alzheimer do seu cliente para extinguir, ou
suspender, o processo, mas a juíza não foi na conversa. Realmente, era o que
faltava. Por o principal arguido poder
não recordar factos do processo, não tentar de tudo para termos um vislumbre de
justiça para aqueles que, por mais Alzheimer de que padecessem, jamais
esquecerão as provações deste desastre.
Bom,
desanuviemos deste desastre nacional, com um continuado desastre internacional. Refiro-me à ONU, claro. Ora, o que é que
a organização supremamente liderada pelo de facto engenheiro de entre os
ex-primeiros-ministros socialistas, António Guterres, aprontou desta vez no
Médio Oriente? Mais uma muito gira. Depois da revelação de que a organização da
ONU para os refugiados palestinianos, UNRWA, não passa de uma espécie de Casa
do Hamas em Gaza, desta vez o exército israelita descobriu, no
Líbano, túneis para armazenamento de munições do Hezbollah construídos a
escassos metros de quartéis das Nações Unidas. Também é mais um caso da ONU a
dar tiros nos pés. Mas é mais o caso da ONU ter aos seus pés munições com que o
Hezbollah dá tiros a civis e tropas israelitas e não reparar em nada que
espanta.
Poderão vocês perguntar: “Túneis? Mas
que tipo de túneis? Se calhar são
túneis daquele tipo dos que fazemos na praia, em que cada mão escava de um lado
até se encontrarem, para gáudio da pequenada. E talvez o Hezbollah
usasse esses túneis para armazenar chumbinhos calibre 4,5mm, para afugentar
gatos vadios de quintais, ou assim”.
Hum… Não. Os túneis de que estamos a
falar são túneis cuja construção seria tão difícil de ignorar como a de uma
nova estação de metro na vossa sala de jantar estando vocês no quarto. Mesmo
que com a porta trancada.
A propósito de barulhos que não se podem
ignorar, não posso ignorar o barulho
provocado pelas declarações do primeiro-ministro relativamente aos jornalistas.
Na apresentação do plano de apoio aos media, o primeiro-ministro disse ficar
“impressionado” com perguntas supostamente “sopradas” aos jornalistas, e
criticou o ritmo “ofegante” do jornalismo. Alguém
maldoso poderia assinalar quão sinistro é o primeiro-ministro referir, para
mais na apresentação de apoios aos órgãos de comunicação, ser fã de jornalistas
mansos. Mas como não contam comigo para maldades, assinalo
apenas como isto terá soado a qualquer ser humano possuidor de ouvidos. Estas palavras sopradas por Luís
Montenegro soam a backvocals de um Augusto Santos Silva, ou até – por
que não? – de um José Sócrates.
É o que dá termos um PSD que parece
querer ser o PS. Enquanto o PS tem vontade de ser o
Bloco de Esquerda. Bloco do Esquerda que é o que o Livre gostava de ser no seu
mundo de sonho. E nós a
vivermos neste pesadelo.
LUÍS MONTENEGRO POLÍTICA RICARDO
SALGADO PAÍS ANTÓNIO GUTERRES
COMENTÁRIOS (de
14)
Paulo Machado: Só pelo último parágrafo teria valido a pena. Parabéns Ana Luís
da Silva: Excelente! A degustar com prazer, pela arte e virtude de conseguir dizer
muito em pouco espaço. O parágrafo final está uma obra-prima. unknown
unknown: Ao menos o marido da xuxi ouviu as perguntas. Por norma nem permite as
perguntas dos jornalistas. Só da Cristina. Por falar em comer o que está no
prato - que tal ficarmos contentes com Montenão que, no auge da sua
complacência, aceitou perguntas dos jornalistas - antes destes aceitarem a
próxima OPA à CS já anunciada e bem ao jeito de AC? Pois… com um tal pitéu que
parece cozinhado pela Maria Leal, mais vale passar fome.
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