Indeed.
O homem deles na ONU
O problema não é o ínfimo eng.
Guterres, a quem Israel fechou as fronteiras como qualquer pessoa civilizada
fecharia a sua casa. Nem a ONU. O problema é o mundo, ou a parte ocidental
dele.
ALBERTO GONÇALVES Colunista do Observador
OBSERVADOR, 05
out. 2024, 00:20
Após o Irão bombardear Israel,
socialistas de toda a Ibéria apressaram-se a demonstrar sincera solidariedade. Com
Israel? Nada disso: com o eng. Guterres, coitado, que acabara de
declarado persona non grata pelo governo israelita e proibido de
entrar no país. Além de uns espanhóis com prestígio no Rato, e do
recomendável sr. Lula, o carismático Pedro Nuno Santos, por exemplo, afirmou o
seguinte: “Quero manifestar toda a minha solidariedade e apoio ao Secretário-Geral
da ONU, António Guterres, pela forma corajosa como tem defendido a paz e
condenado todas as formas de violência no Médio Oriente. Lamentamos e
repudiamos as declarações do Ministro dos Negócios Estrangeiros do Estado de
Israel que atingem toda a ONU – e não apenas o seu SG. A escalada de violência
tem de terminar e deve ser estabelecido um plano para a paz e para o
reconhecimento internacional de um estado palestiniano, no quadro da solução
dos dois Estados. Neste contexto, o governo não pode permanecer indiferente às
declarações do MNE de Israel, em coerência com o discurso recente do
Primeiro-Ministro nas Nações Unidas. Esperamos, portanto, uma reacção oficial
do governo português.”
Foi notável esta incursão do dr.
Pedro Nuno pela política internacional, já que não se lhe conhece uma única
opinião sobre os mísseis (“basílicos”,
disse uma especialista na Sic Notícias) iranianos. Ou os rockets do
Hezbollah. Ou os psicopatas do Hamas. Ou os ataques do Iémen. Quando o ainda
chefe do PS espreme bem espremido o Médio Oriente, o que mais o aflige é o desrespeito da única democracia da região
pelo eng. Guterres. No que toca à reacção do governo português, o dr.
Pedro Nuno não precisou de esperar: sete minutos antes do seu penetrante texto
no X, ou Twitter, os Negócios Estrangeiros já haviam “lamentado profundamente a decisão do Governo de Israel”. E
acrescentado que a “missão” do eng. Guterres “é indispensável para assegurar o diálogo, a paz e o multilateralismo.
Insta-se o governo de Israel a rever a sua decisão”. E insta muito bem.
Não se percebe o que motiva tamanho
consenso entre a oposição e o governo, ou o dr. Pedro Nuno e o dr. Rangel.
Patriotismo, a bela arte de exaltar um compatriota por ridículo que seja?
Partilha de convicções geo-estratégicas? Pior que tudo é a hipótese de ambos
acreditarem de facto na “forma corajosa” como o eng. Guterres “tem defendido a
paz e condenado todas as formas de violência no Médio Oriente”, e concordarem
que a criatura “é indispensável
para assegurar o diálogo, a paz e o multilateralismo”.
Em primeiro lugar, o eng. Guterres não tem “condenado todas as formas de violência no Médio Oriente”. O que ele faz – recorrente e explicitamente – é condenar a título de “escalada” cada acto de retaliação israelita aos ataques de que é alvo. Quanto aos ataques propriamente ditos, o eng. Guterres, a fim de simular isenção, limita-se a lançar uns suspiros raros e difusos, por norma sem identificar os agressores. A “paz” que ele “defende” prevê por omissão a extinção de Israel e estende-se, nos guinchos dos anti-semitas, “do rio até ao mar”.
Em segundo lugar, o eng. Guterres está
longe de ser “indispensável para assegurar o diálogo”, palavra que aliás ele
proferia abundantemente ao tempo em que era primeiro-ministro (com resultados
espantosos). Imagine-se a mesa onde se discutiriam os eventuais acordos. De um
lado, Israel. Do outro, terroristas, violadores e assassinos que não admitem a
existência de Israel. Ao centro, um
espécime que, assaz legitimamente, Israel considera “apoiar terroristas,
violadores e assassinos”. O
sucesso das negociações seria inevitável.
Não tenciono especular acerca do que leva o eng. Guterres a dizer o
que diz, e a calar o que cala. É irrelevante apurar se se trata de dinheiro,
carácter, ideologia, distúrbio ou chantagem. A verdade é que interesses
subterrâneos (ao estilo dos túneis de Gaza), mas “descobríveis” (ao estilo dos
túneis de Gaza), despejaram a figurinha certa no lugar certo. Ninguém
serviria tão fielmente os propósitos da ONU quanto aquela gelatina desconsolada, sem sabor nem decência, sem pigmento nem
vergonha. O problema não é o ínfimo eng. Guterres, a quem Israel fechou
as fronteiras como qualquer pessoa civilizada fecharia a sua casa. O problema também não chega a ser a ONU,
agremiação que há demasiados anos ergueu o “sionismo” a inimigo número um e
único, e que agora já dispõe de funcionários alistados nas fileiras do terror.
O problema é o mundo, ou o
rumo que a parte dita ocidental do mundo decidiu tomar. Nas mãos de líderes (?)
débeis ou puros vendidos, “sensíveis” e “tolerantes”, o Ocidente teima em ceder
a senhores e a culturas a que não falta vontade, que infelizmente acumulam com
a escassez de escrúpulos e a intolerância radical. De um lado, “abertura”; do
lado oposto, conquista. Neste cenário, a excepção é Israel, que por
necessidade trava as guerras que abdicamos de sequer prevenir. Se Israel não
vencer, a célebre “escalada” será igual a esta estranha época: de pernas para o
ar. E vai conduzir-nos a um fundo de que não se vê retorno.
ANTÓNIO GUTERRES POLÍTICA MÉDIO
ORIENTE MUNDO
COMENTÁRIOS:
Meio Vazio: E pensar que, em 2016, por ocasião da sua
candidatura ao tacho de Nova Iorque, o homem iria salvar o Mundo, apenas porque
tinha a superior vantagem sobre a rival eslava de ser português... Ruço
Cascais: Mais um fantástico texto e uma excelente escolha do
tema. Não obstante, para variar, hoje vou defender o compatriota Guterres com
unhas e dentes, já que considero que as acusações do artigo a Guterres acertam
ao lado. O texto acusa Guterres de defender uma paz
que prevê por omissão a extinção de Israel apoiando a berraria dos
anti-semitas; “do rio até ao mar”. Na
minha opinião, Guterres não quer a extinção de Israel, o que se passa é que ele
é simplesmente incompetente enquanto Secretário Geral da ONU. Já o tinha sido
enquanto primeiro-ministro, e, no papel de comissário da ONU para as
imigrações ao escolher o papel de Gandhi foi mais um imigrante do que um
comissário para resolver os problemas, ou seja, incompetente no cargo. Repare
caro Alberto Gonçalves que Guterres anda a reboque dos israelitas no que
respeita ao desempenho do seu papel como principal representante da ONU. Israel
começou a implicar com ele - com toda a razão - quando Guterres num dos seus
sonhos húmidos de paz se esqueceu de invocar o 7 de Novembro e os reféns
israelitas. Estava no papel de Gandhi, só que enfeitiçado com tal
espiritualidade tinha-se esquecido do ataque do Hamas a Israel e dos reféns.
Depois dos israelitas lhe terem apontado o dedo ao nariz, Guterres acordou e
começou a falar do 7 de Outubro e dos reféns nos suas divagações pela paz. Ora,
se Guterres fosse competente nunca teria dado azo a ser chamado à atenção pelos
israelitas. Com o ataque dos Aiatolas do Irão a Israel foi precisamente a
mesma coisa. Novamente a possessão de Gandhi em Guterres, e este volta a pedir
a paz esquecendo de mencionar os mísseis Fatah do Agostinho Costa com que o
Irão atacou Israel. Mais uma vez vieram os israelitas zangados fazer o
exorcismo a Guterres e este rapidamente se apresentou a criticar o ataque do
Irão. Novamente os israelitas a ensinarem diplomacia a Guterres, se bem que
Guterres pareça ser um daqueles alunos muito teimosos em aprender que precisam
de muitas horas extra de explicação. Só mais uma nota que diz respeito à defesa
da honra de Guterres pelo nosso corajoso Presidente da República. O presidente
disse que é tudo uma questão de bom senso e que os israelitas certamente iriam reconsiderar a posição. Ou seja, Marcelo,
pelo sim pelo não, achou que o melhor era não dizer nada. Marcelo sempre foi
muito medroso. Um bom fim-de semana para todos os
caríssimos comentadores que apesar de já não apreciarem o sexo oposto, não
deixam de ser boas pessoas. Alexandre Barreira: Pois. Caro AG, Olhe que o "bailinho". Ainda não acabou. Depois gostava de o ver. A "dançar sózinho"....!!!
Alcides Longras: À boa maneira da "ciência",
alguém devia estudar este fenómeno cada vez mais notório na transversal como na
longitudinal: como é que a ideologia provoca cegueira? Defenderem e aplaudirem uma personagem
destas que nem se dá ao trabalho de disfarçar o seu viés posicional para o lado
da fanfarronice, do exibicionismo, da falta de realismo e, pior que tudo, do
terrorismo e da intolerância, é de uma falta de consciência que me deixa estupefacto. Mas
somos cada vez menos, aparentemente. Ricardo
Ribeiro: Caro
Alberto, o mais engraçado sem graça alguma é que já estão a perfilar esta
personagem para a candidatura a prémio nobel da paz! Quem tinha razão era o Major Valentim de
Gondomar...Guterres! Guterres!
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