quinta-feira, 3 de outubro de 2024

E logo Cabo Verde!

 


Como exemplo de não descobrimento. Terra desabitada, quando os portugueses lá chegaram:

NOTAS DA INTERNET:

História

«As ilhas de Cabo Verde foram descobertas por navegadores portugueses em Maio de 1460, sem indícios de presença humana anterior. Santiago foi considerada a ilha mais favorável para a ocupação, cujo povoamento se iniciou em 1462.

Dada a sua posição estratégica, as ilhas serviram de entreposto comercial e de aprovisionamento, com particular destaque no tráfego de escravos. Com a abolição do comércio de escravos e a constante deterioração das condições climáticas, Cabo Verde entrou em decadência e passou a viver com base numa economia pobre, de subsistência.

Europeus livres e escravos da costa africana fundiram-se num só povo, o caboverdiano, com uma forma de estar e viver muito própria e o crioulo emergiu como idioma da comunidade maioritariamente mestiça.

Em 1956, Amílcar Cabral criou o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), lutando contra o colonialismo e iniciando uma marcha para a independência. A 19 de Dezembro de 1974 foi assinado um acordo entre o PAIGC e Portugal, instaurando-se um governo de transição em Cabo Verde. Este mesmo Governo preparou as eleições para uma Assembleia Nacional Popular que em 5 de Julho de 1975 proclamou a independência.

A demarcação cultural em relação a Portugal e a divulgação de ideias nacionalistas conduziram à independência do arquipélago em Julho de 1975.

Em 1991, na sequência das primeiras eleições pluripartidárias realizadas no país, foi instituída uma democracia parlamentar com todas as instituições de uma democracia moderna. Hoje Cabo Verde é um país com estabilidade e paz sociais, pelo que goza de crédito junto de governos, empresas e instituições financeiras internacionais.»

 

Não quero que se ensine esta História aos meus netos

Não é compreensível nem aceitável que se queira instilar nas escolas visões da História deformadas, militantes e ignorantes.

JOÃO PEDRO MARQUES Historiador e romancista

OBSERVADOR, 02 out. 2024, 00:1854

O vídeo circula no Instagram, no X, no Facebook, e mostra um grupo de crianças africanas — do arquipélago de Cabo Verde, ao que tudo indica — declamando uma mensagem patriótica e política. Não é claro se a actuação das crianças decorre numa escola ou num outro espaço, mas é manifesto que resulta de algo que lhes foi ensinado, e que elas estão a aprender, e que é, acima de tudo, uma visão da História profundamente deformada, militante e ignorante. Ou seja, trata-se de ideologia política, no pior sentido da palavra.

Mas vejam e ouçam o vídeo. O primeiro menino diz o seguinte: “Verde é o que simboliza a terra; dourado são as nossas riquezas; vermelho é o sangue derramado na luta contra a escravatura e preto é a cor da pele. Prestando reverência ao original africano e não imitação. Prestando reverência ao ventre preto que gerou todas as nações do mundo. Prestando reverência ao berço e farol da Humanidade, a fundação de toda a espiritualidade, porque a história insiste em negar e a academia eurocêntrica não quer que saibamos quem nós somos.”

Quando esse primeiro menino se cala um segundo menino prossegue com a declamação: “E continua essa blasfêmia” — diz. — “Eles continuam a ensinar que um tal Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil. Imagina que prepotência afirmar que descobriu um lugar onde já havia moradores, um lugar onde estava a civilização milénios antes. Além disso o africano já estava nos quatro cantos do mundo muito antes. Não te deixes, não te deixes ser enganado! Melanina não é tua desgraça, mas sim tua glória. Nossa história não começou na escravatura. Escravatura foi a interrupção de nossa história e nossa grandeza”.

O vídeo termina com uma menina a fazer uma espécie de súmula e um apelo final ao combate, ao brio africano, e uma invectiva aos dados da História: “Já chega, já chega de fraude intelectual africana. Vamos acordar, levantar e unir. Lutamos para unir e unimos para lutar. África para os africanos. Hoje e sempre”.

Ora, de onde vem isto? Uma breve investigação permite perceber que se trata de excertos de uma canção chamada “Reverência”, do grupo de música reggae brasileiro GrooVI, cuja versão original pode ser ouvida aqui e cuja letra integral pode ser lida aqui.

No YouTube um comentador escreveu o seguinte a respeito desta canção: “um hino… Se todas as escolas passassem essa música uma vez ao ano, já mudaria muita cabeça”. Ora é justamente aqui que eu quero chegar. É perfeitamente compreensível e legítimo que em Cabo Verde se ensine às crianças de escola este hino reggae e a ideologia que ele veicula. O mesmo se diga no Brasil, ou em grandes regiões do Brasil, cuja maior parte da população é afrodescendente. O que já não é compreensível é ver que há, aqui em Portugal, gente que quer transpor parte desta visão, parte desta mensagem, para as nossas escolas básicas e secundárias, e para o ensino da nossa História. O que já não é compreensível nem aceitável é que se queira injectar nas crianças europeias a rejeição do conceito e da  palavra “descobrimento” com o indigente argumento de que as terras descobertas pelos navegadores portugueses, italianos, espanhóis, já tinham habitantes. Saberão essas pessoas o que significa o verbo “descobrir”? Perceberão elas que implica uma acção que não é exactamente a mesma coisa para quem descobre e para quem é descoberto? O dicionário da Porto Editora dá uma ajuda a essas cabeças. “Descobrir” significa  “achar ou encontrar o que se ignorava, desconhecia ou estava oculto; pôr à vista, mostrar; avistar”. E é claro que para os portugueses, os europeus e quaisquer outros habitantes do Velho Mundo, a chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil implicou um descobrimento. Querer subverter isto ou fazer da história de África aquilo que ela não foi, ensinar às crianças que os africanos lutaram sistematicamente contra a escravidão — o que é falso —, transmitir que a academia e os historiadores brancos estão a omitir maliciosamente a verdade e a esconder dos africanos a sua (suposta) anterior grandeza, dizer que no ano 1500 d.C. os africanos já estavam há muito nos “quatro cantos do mundo”, ou que a África foi a “fundação de toda a espiritualidade” é colaborar numa trama de ficções e mistificações, num encadeado de fraudes históricas, numa mitologia.

É claro que tudo isso é perfeitamente aceitável no plano da arte, no reportório de uma banda musical ou como estímulo ao patriotismo, ao orgulho étnico e civilizacional. Mas já o não é a nível do ensino oficial no nosso país. Ora a insistência para que as coisas caminhem nesse sentido é pública e conhecida. Ainda há dias o grupo parlamentar do Bloco de Esquerda promoveu na Assembleia da República uma sessão subordinada ao tema “Libertar Portugal do colonialismo: reparações e políticas públicas”, com a audição de cinco supostos especialistas, sendo que um deles, que iria falar sobre políticas públicas para a educação, é Miguel Monteiro de Barros, cujas posições nessa área são bem conhecidas. Essa sessão passou despercebida, não foi a bem dizer noticiada — excepção feita ao jornal Público —, mas revela que as coisas continuam a mover-se. Não tenho qualquer dúvida de que Monteiro de Barros irá continuar a tentar levar a sua carta a Garcia, e o Bloco de Esquerda também, claro. Nada disso surpreende. Estão no seu papel e a exercer os seus direitos e a sua militância política. O que surpreende e inquieta neste contexto é o silêncio ou falta de clareza do ministério da educação. Quais são as linhas com que se cose nesta matéria? Alguém o sabe?

HISTÓRIA     CULTURA     ENSINO BÁSICO     EDUCAÇÃO     ENSINO SECUNDÁRIO

COMENTÁRIOS (de 54)

klaus muller: Passado algum tempo depois de José Manuel Fernandes ter deixado de ser director do Público, deixei de comprar o Jornal pois não me estava a agradar o rumo que estava tomando. Nunca percebi porque é que os Belmiros continuam a "aguentar" um jornal que só dá despesa e é cada vez menos lido. Pelos vistos, aquilo agora é onde se acolhe toda essa gentalha woke. Daí que tenha deixado de ir ao Continente pois não há de ser com o meu dinheiro que o Público é aguentado.                  A D: Concordo com o que a menina terá dito de que a África é para os africanos; e também que a Europa seja para os europeus, ou isso já se não pode dizer?               João Floriano: Sobre as linhas com que se cose o Ministério da Educação, penso não haver dúvidas e segue o mesmo caminho de todo o governo: medo da esquerda, medo de «humilhar« mas total falta de amor próprio quando se deixa humilhar. O exemplo das «pessoas que menstruam», embora não seja da responsabilidade do Ministro da Educação, é a prova provada que este governo  está infestado de wokismo e que daqui não se espera nada. Lamento que a sessão esclarecedora do Bloco de Esquerda tenha passado despercebida e aqui estou a usar de ironia, porque não lamento absolutamente nada. O que o Bloco de esquerda é e o que representa ficou bem à vista no último domingo no largo do Intendente: discurso pueril, perdido no tempo,  muita doutrina ultrapassada e é pena que as imagens não tivessem cheiro porque todos sabemos que seria um a mistura de ganzas, sovacos mal cheirosos, rastas rancosas e sapatilhas que intoxicariam uma doninha fedorenta que estivesse no local. É isto o Bloco de esquerda representado na contra manifestação por organizações que pagamos como o SOS Racismo. «África para os africanos», diz a criança inocente. Então que estão  a fazer em África os russos e os chineses? então porque milhares e milhares de africanos pagam pequenas fortunas para sair do inferno em que se tornaram vários países de África dominados por ditadores e guerras fraticidas? O problema não está em quem anda por aí a pregar disparates e mentiras. o problema está nos que lhes dão cobertura e não os combatem. O governo de Montenegro ignorando, fingindo-se de morto, tolhido pelo medo daquilo que a extrema esquerda e a CS a ela associada poderão dizer, está  a dar apoio.                       Carlos Chaves: Muito obrigado João Pedro Marques, por levantar mais uma vez esta importante questão. Começo a suspeitar que este governo AD está a dar mais importância do que julgamos à defesa de políticas esquerdistas e “woke”, e não é só na educação. Porque é que o imposto “Mortágua” ainda está em vigor?                     Joao Lamim: Como luso-brasileiro, tenho imenso orgulho da nossa história comum. A história deve ser compreendida no seu contexto, sem os filtros do anacronismo, para que possamos aprender com os erros e celebrar os acertos. Portugal é um gigante, com uma trajetória notável que moldou o mundo através das grandes navegações. Nunca deixem de ter orgulho dessa herança.                   José Quintã > klaus muller: O Jornal Público, e a “taxa revolucionária” que a Sonae paga, para ser poupada às acções dos Sindicatos e comentários críticos, dos activistas de esquerda.               Joaquim Almeida: Até  os tupiniquins do Brasil já inscreviam no tronco das palmeiras a fórmula de Einstein e a rainha  Ginza, em Angola, ensinava a lei  de Lavoisier aos quimbundos ...E os xavantes já praticavam o canibalismo anti-racista  ou cultural..                 Rui Lima: O grave não é o que o jovem diz, muito grave é o Ocidente comprar esta versão da humanidade. Manuel Lisboa: A tolerância em relação ao sectarismo e racismo deve ser zero. Portanto, não me revejo na compreensão que se pode ter face às crianças em Cabo Verde ou noutro sítio qualquer a repetir tamanhos disparates, que só as podem confundir. Na expressão musical cada um cantará o que lhe bem aprouver, mesmo disparatado ou demagógico. No Brasil conhecem-se os complexos de muita gente, quanto à própria complexidade étnica e histórica das respectivas origens. Quase nunca vi telenovelas brasileiras, mas tenho a recordação vaga de raramente ter ouvido apelidos portugueses, principalmente nas personagens que representavam os ricos ou os bem sucedidos.  Todavia, concordo com as concluões de João Pedro Marques, quanto à necessidade de se tomar em atenção o que é ensinado nas escolas portuguesas. Repetindo pela enésima vez, Portugal é um dos estados mais antigos da Europa, cujo percurso ao longo de quase nove séculos está, evidente e intrinsecamente, ligado, desde o início até aos dias de hoje, à História Europeia. Nunca estivemos sós, nem orgulhosamente; os portugueses estiveram e estão bem ou mal acompanhados, conforme as conjunturas e as suas decisões. No entanto e ao contrário da esmagadora maioria dos países do mundo, Portugal teve papel precursor na aproximação de povos e territórios. Claro, nem tudo se revelou idílico, como a carta de Pêro Vaz de Caminha narrava ao Rei D. Manuel I, perante a recepção acolhedora dos ameríndios, em 1.500; pelo contrário, as experiências demonstraram-se traumáticas em múltiplas ocasiões. Muitas centenas de portugueses perderam as suas vidas por esse mundo fora nesses arrojados anos pioneiros. No entanto, as ligações marítimas com as consequentes trocas de gentes, animais e flora permaneceram e desenvolveram-se, até aos dias de hoje. Assim, não houve uma "primeira globalização", seguida por outras, mas apenas uma, cujo início aconteceu com a chegada de Vasco da Gama à Índia em 1498, porque tudo se começou a mudar, a partir daí. Portanto, os Descobrimentos Portugueses integram indubitavelmente a História Universal. Impossível ignorá-los. E, de certeza, que não constituíram apenas glórias; contudo pretender que foram apenas perniciosos ou reduzi-los ao esclavagismo só pode ser demonstração de estupidez.                Carminda Damiao: São necessários mais artigos destes para mostrar como estão a enganar as crianças (e adultos), com narrativas falsas da história. A África é dos africanos, mas todos estão desejosos de vir para a Europa ou para a América. Estes movimentos wokes, só, servem para fazer divisões e aumentar o racismo. Licínio Bingre do Amaral: Muito interessante o seu artigo. É absolutamente essencial que se defenda o ensino de uma história que não esteja sujeita a ideias falsas e que respeite os factos. Não se pode permitir a tentativa que os wokistas tentam fazer para mudar o ensino da história baseado em razões ideológicas e destinada apenas a atacar a civilização ocidental.                    Isabel Amorim: Mais um belissimo artigo de opinião.  Bem ao modo da ditadura marxista, obrigam os miúdos a decorarem ou repetirem o que vai na cartilha. (Ainda têm o desplante de insultarem o regime do Estado Novo  de ter feito o mesmo) Usarem as crianças para repetirem inverdades é  um abuso e deveria ser investigado a fundo, a seguir será que os vão treinar militarmente para se "defenderem" dos brancos? Bem possível, com os horrores sabidos que as ditaduras marxistas fizeram e continuam a fazer. Acerca dos manuais escolares pejados de mentiras terão que ser os pais a corrigir essas falhas em casa, informá-los da verdade e explicar-lhes que há gente desonesta que escreve para os meninos serem aldrabados.             bento guerra. Os africanos ficaram com a sua terra e é bem feita! Perderam a corrida da modernização. Estão enterrados em dívidas, em grande parte à China e têm chefes nababos à moda medieval. Mas é o caminho deles                   Maria Nunes: Excelente artigo Dr. João Pedro Marques. É inacreditável como o ME não tem uma palavra a dizer sobre o assunto. Espero que o faça, para que os que votaram AD não se sintam defraudados.              Maria Cordes: Quando acordarem, já será tarde, o que se passa nos conteúdos programáticos, insidiosamente convertidos em aberrações wokistas , é grave. Ando na carreira 58, a caminho das portas de Benfica ou nos transportes para a Amadora, e sou a única branca. No BE, não vejo pretos e também não se encontram em transportes coletivos.                 Nuno Abreu: Mais uma vez extraordinário. Muito bem explicada a razão de os europeus falarem em descobertas. É lamentável que esses doidos varridos proclamem “África para os Africanos”. Não pensam eles que isso levará  a que cada vez mais europeus gritem “Europa para os Europeus?”                 Maria Augusta Martins: O Pedro Alvares Cabral descobriu o Brasil e quem lá estava, depois levaram para lá muitos cabeças de burro e eles germinaram bem "em semeando tudo se dá" dizia o Pero Vaz de Caminha. E não é que o homem tinha razão!                Novo Assinante: Parabéns ao senhor João Pedro Marques por ter conseguido, pela terceira semana consecutiva, escrever um artigo de opinião de forma clara e objectiva, sem usar os habituais e desnecessários termos "woke", "wokismo", derivados, similares e afins, que apenas serviam para atrair um maior número de comentários e de gostos, nada acrescentando ao valor intrínseco da opinião formulada.               Joaquim Almeida > klaus muller: Estão simplesmente a trair a ideia democrática do pai Belmiro e a comprar a corda para serem enforcados quando for abolida a liberdade sindical pelos neo-leninistas.               Tim do Aklaus muller: Fez muito bem em deixar de comprar o jornal Público. Aquilo é o jornal mais Woke de Portugal. É um lixo de propaganda Woke. Os belmiros são Wokes. O único jornal decente em papel é o seminário O Diabo.

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