De Henrique Salles da Fonseca,
sobre Marcelo Caetano, o nº 5 já publicado neste blog, em 11/10:
Henrique Salles da Fonseca
A BEM DA NAÇÃO, 09.10.24
Com Marcelo Caetano na liderança do Governo, a polarização política
deixou de ser bi entre «regimistas» em torno de Salazar e o «reviralho» (PCP +
nuvem quântica de oposicionistas) para passar a tripolar entre «marcelistas»,
«ultras» em torno de Américo Tomás e reviralho. Dois grandes temas em debate na
Assembleia Nacional e fora dela: a legalização de Partidos políticos; a
evolução política das parcelas ultramarinas.
Marcelo preconizava a
«evolução na continuidade», e os seus «jovens amigos» - como se referia aos
membros da «Ala Liberal» - queriam a evolução acelerada rumo à democracia e os
«ultras» queriam o imobilismo, mais do que a continuidade.
PARTIDOS POLÌTICOS – Depois de breve discussão doutrinária, o assunto
reduziu-se à eventualidade da legalização do PCP com os «liberais» a
argumentarem que a melhor forma de liquidar o comunismo seria trazê-los à
critica geral, em vez de continuarem na clandestinidade a engordar, aura que não
mereciam. Mas os «ultra» não quiseram e o máximo que permitiram foi a criação
de Associações Cívicas – SEDES como único «think tank»
que continua a existir.
ULTRAMAR – Foi o livro do General Spínola «Portugal
e o Futuro» que trouxe para a praça pública a discussão sobre o
Ultramar. Grande sucesso editorial, gerou amplo consenso, com excepção dos
radicais: à direita, os «ultras» que queriam o «statu quo» e à esquerda, os russófilos queriam que as
Colónias Portuguesas passassem para o domínio soviético (o que viriam a
conseguir em 1975 pela mão do «camarada Vasco».
E a corda, em vez de esticar e partir,
começou a enrodilhar-se…
1 COMENTÁRIO
Adriano Miranda
Lima 09.10.2024 19:00:
Mais um belo texto nesta viagem do Dr. Salles da Fonseca em revisita à
História.
Ele é um guia precioso que os leitores acompanham com atenção bebendo as suas
palavras. Poucas mas ajuizadas e certeiras palavras, pelo que ficam ansiosos
que venham outras.
Ora, os liberais estavam certos quanto à conveniência, mais que flagrante
inconveniência, de legalizar o PCP. A realidade não o tardou a demonstrar com o
primeiro acto eleitoral e os seguintes, e até à actualidade. O mito que a
clandestinidade criou revelou-se mesmo de pés de barro. Não sei como os seus
militantes continuam a envergar a máscara, aliás os únicos que a ela ainda se
agarram na Europa. Na verdade, a "corda enrodilhou-se" naquele
tempo de grande conturbação, com o "companheiro Vasco" a surpreender
os militares moderados ao ostentar uma "máscara" em cima do proscénio
que poucos teriam imaginado.
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