quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Um texto que me escapou

 

De Henrique Salles da Fonseca, sobre Marcelo Caetano, o nº 5 já publicado neste blog, em 11/10:

 

MARCELO CAETANO - 4

 Henrique Salles da Fonseca

A BEM DA NAÇÃO, 09.10.24

Com Marcelo Caetano na liderança do Governo, a polarização política deixou de ser bi entre «regimistas» em torno de Salazar e o «reviralho» (PCP + nuvem quântica de oposicionistas) para passar a tripolar entre «marcelistas», «ultras» em torno de Américo Tomás e reviralho.  Dois grandes temas em debate na Assembleia Nacional e fora dela: a legalização de Partidos políticos; a evolução política das parcelas ultramarinas.

Marcelo preconizava a «evolução na continuidade», e os seus «jovens amigos» - como se referia aos membros da «Ala Liberal» - queriam a evolução acelerada rumo à democracia e os «ultras» queriam o imobilismo, mais do que a continuidade.

 

PARTIDOS POLÌTICOS – Depois de breve discussão doutrinária, o assunto reduziu-se à eventualidade da legalização do PCP com os «liberais» a argumentarem que a melhor forma de liquidar o comunismo seria trazê-los à critica geral, em vez de continuarem na clandestinidade a engordar, aura que não mereciam. Mas os «ultra» não quiseram e o máximo que permitiram foi a criação de Associações Cívicas – SEDES como único «think tank»

que continua a existir.

ULTRAMAR – Foi o livro do General Spínola «Portugal e o Futuro» que trouxe para a praça pública a discussão sobre o Ultramar. Grande sucesso editorial, gerou amplo consenso, com excepção dos radicais: à direita, os «ultras» que queriam o «statu quo» e à esquerda, os russófilos queriam que as Colónias Portuguesas passassem para o domínio soviético (o que viriam a conseguir em 1975 pela mão do «camarada Vasco».

E a corda, em vez de esticar e partir, começou a enrodilhar-se…

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1 COMENTÁRIO

 Adriano Miranda Lima  09.10.2024  19:00:

Mais um belo texto nesta viagem do Dr. Salles da Fonseca em revisita à História. Ele é um guia precioso que os leitores acompanham com atenção bebendo as suas palavras. Poucas mas ajuizadas e certeiras palavras, pelo que ficam ansiosos que venham outras.
Ora, os liberais estavam certos quanto à conveniência, mais que flagrante inconveniência, de legalizar o PCP. A realidade não o tardou a demonstrar com o primeiro acto eleitoral e os seguintes, e até à actualidade. O mito que a clandestinidade criou revelou-se mesmo de pés de barro. Não sei como os seus militantes continuam a envergar a máscara, aliás os únicos que a ela ainda se agarram na Europa. Na verdade, a "corda enrodilhou-se" naquele tempo de grande conturbação, com o "companheiro Vasco" a surpreender os militares moderados ao ostentar uma "máscara" em cima do proscénio que poucos teriam imaginado.

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