segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Inúteis não são

 

Inúteis não são

Para os que as aplicam… no próprio proveito. E por vezes dos seus afins.

Portugal, o país das inteligências superlativas. E inúteis

A propósito do não-Nobel de Guterres relembrou-se a sua extraordinária inteligência. Também temos o inteligentíssimo Marcelo... Portugal, está cheio de inteligências superlativas. E inúteis.

HELENA MATOS Colunista do Observador

OBSERVADOR, 13 out. 2024, 07:572

António Guterres. Agora que o Nobel da Paz não lhe foi atribuído – sim, a fazer fé no que por aí se lê e ouve não foi uma organização anti-armas nucleares japonesa a vencer o Nobel da Paz, simplesmente o Nobel da Paz não foi atribuído a Guterres – mas voltemos ao princípio desta conversa: agora que o Nobel da Paz não foi atribuído a António Guterres logo nos lembraram essa espécie de marco geodésico da política nacional, a saber a superlativa inteligência de António Guterres.

Há décadas que colegas, amigos, conhecidos, conterrâneos, camaradas e afins afiançam da extraordinária inteligência de António Manuel de Oliveira Guterres. Uma pessoa questiona a razão para os resultados decepcionantes dos seus governos e logo se vê confrontado com o facto de podendo ser isso verdade não se poder escamotear Guterres ter sido o melhor aluno do Técnico. Mais estranhamente ainda quando se tenta perceber o que levou esta espécie de beato da inteligência lusa a demitir-se do cargo de primeiro-ministro para, segundo o próprio, evitar que o país “caia num pântano político”, logo nos respondem com o QI de Guterres mais o seu brilhantismo enquanto estudante de Electrotecnia. O que terá a ver o seu talento para a Electrotecnia com a sua decisão-fuga naquela noite das eleições autárquicas de 16 de Dezembro de 2001?

O problema é que o engenheiro Guterres não se dedicou à engenharia electrotécnica em que se licenciou nem a qualquer outra engenharia, áreas em que a sua indesmentível inteligência se teria podido manifestar, mas sim à política actividade em que a sua igualmente indesmentível falta de senso se manifesta todos os dias. A sua actual lassidão perante os ataques do Hezbollah e do Hamas a Israel, que sucede à sua fase de profeta do Apocalipse a propósito do clima e a que se soma a sua inoperância perante a captura pelo Hamas da UNRWA (Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente), completa o capítulo da sua caminhada para o grau absoluto da ineficácia.

O que me leva a uma outra pergunta: se Guterres fosse burro teria feito qualquer diferença?

Marcelo Rebelo de SousaA inteligência de Marcelo é uma certeza nacional da mesma natureza arquetípica que detectamos no castelo de Guimarães, no cabo da Roca ou nos pastéis de nata: não se explicam. Basta-lhes estar.  Não há superlativos absolutos ou relativos que cheguem para caracterizar a inteligência do actual PR.

O culto da inteligência de Marcelo é uma verdadeira mania nacional pois sem que ao certo alguém consiga identificar um momento em que a enorme inteligência de Marcelo se tenha manifestado e produzido algo de útil, todos garantem que Marcelo é inteligentíssimo. Aliás é tal a clivagem entre a apregoada inteligência de Marcelo e o desacerto dos seus procedimentos que invocar a inteligência de Marcelo se tornou o comentário-desculpa mais consensual da pátria. Mas não só. O próprio Marcelo beneficia desta dicotomia entre um Marcelo brilhante desde o berço e um Marcelo em que a táctica se confunde com a infantilidade. Sim, o “Marcelo inteligente” é a muleta de linguagem que recorrentemente salva o Marcelo real da estupidez dos seus actos: Marcelo PR enredou-se no caso das gémeas? Sim, responde alguém para de imediato acrescentar “Mas ele é tão inteligente”. Marcelo contribuiu para o afastamento de Joana Marques Vidal da PGR? Sim, mas ele é tão inteligente. Marcelo não teve coragem para travar as medidas da geringonça? Sim, mas ele é tão inteligente…

A inteligência de Marcelo existe. Só não se sabe para que serve.

PS. André Ventura & Pedro Nuno Santos. Não, a inteligência de cada um não é para aqui chamada mas já a forma como subestimaram a inteligência dos demais explica a armadilha em que caíram. O problema de André Ventura e Pedro Nuno Santos nesta negociação do Orçamento é que partiram do princípio que os outros eram parvos. Ou menos inteligentes que eles. Nos outros incluo naturalmente Luís Montenegro que cada um deles subestimou mas incluo sobretudo os demais portugueses. André Ventura e Pedro Nuno Santos acharam que podiam dizer, desdizer,  sim e não porque antes pelo contrário mas talvez… que certamente isso não lhes seria assacado. Não só foi como pode virar-se contra eles. Na política pode tentar fazer-se dos outros parvos mas nunca se deve acreditar que eles são parvos.

COMENTÁRIOS (de 171):

Fernando ce: Não diria melhor. Muito bom. Salva-se Cavaco Silva, que além de muito inteligente, mudou o país para muito melhor. É que os outros (inteligentes) “ falam falam falam , mas não os vejo a fazer nada”. Americo Magalhaes: HM continua a ser uma mais-valia no Observador. Vale a pena a assinatura. Desmascara com classe e com nível as figuretas Guterres e Marcelo . Tenho amigos que me dizem que Marcelo " é muito inteligente " e um grande constitucionalista, mas quando os questiono sobre algum livro ou estudos científicos publicados , não conseguem encontrar um . É  uma autêntica fraude. De igual modo o famoso homem do pântano , usando o seu próprio vocabulário  uma completa vacuidade.        António Fernandes: Excelente artigo. O primeiro parágrafo diz tudo. Inúteis!                   Meio Vazio: Mas afinal o homem não ganhou o Nobel? Sacrilégio! A minha alma está parva! O embaixador do Reino da Suécia já foi chamada às Necessidades para as devidas explicações? Para quando um "manifesto dos 50"? Demora muito o voto de repúdio no Parlamento? Onde anda o seu amigo e omnipresente "Marcelo", quando da sua inteligência e do seu verbo fácil a honra lusitana mais precisa?                 klaus muller: O Guterres foi o melhor aluno do Técnico. O João Soares foi culturalmente o melhor Presidente da Câmara de Lisboa. O Costa foi o político mais hábil de sempre. O Sampaio falava Inglês melhor que a Rainha. Marcelo é duma inteligência inultrapassável. O Sócrates era duma ............. bem, next. O Santos é inexcedível como gestor e rapidíssimo nas decisões. É impressionante como tendo sido governado por estas inteligências Portugal está cada vez mais próximo da cauda da Europa. Os únicos que conseguiram que este país realmente progredisse, Cavaco e Passos, só têm defeitos. Poupem-me, eu posso não ser tão inteligente como esses socialistas todos, mas também não sou completamente parvo.     Alfredo Freitas: Outra inteligência fulgurante agora a despontar para o grande público é a Dourora Alexandra Leitão, uma grande mulher de esquerda, cheia de vitalidade. A ser verdade trazer os filhos no colégio alemão ignorando a escola pública é mais uma personagem que de socialismo só tem a conversa, porque o modo de viver de socialista não tem nada. O Partido Socialista está cheio deste pessoal, só fachada e verborreia.                   Afonso Soares: Eu acredito que somos um país atrasado por isso mesmo. Temos demasiadas pessoas inteligentes que em vez de se dedicarem a funções em que seriam úteis aplicando a sua inteligência se dedicaram à política, área em que não é necessária tanta inteligência. Poderiam ser, por exemplo, bons gestores, bons empreendedores, bons investigadores, etc, mas não, dedicaram-se à política onde a sua inteligência não serve para nada. Aliás temos tanta gente inteligente que somos todos doutores e doutoras.              Maria Tejo: Concordo até certo ponto. Na verdade estas duas super inteligências têm o condão de piorar tudo em que tocam. Não são inócuos como os inúteis.                    José Paulo Castro: Uma inteligência que só serve a carreira do próprio é inútil para os outros. Os outros é que têm de ser inteligentes e perceber isso a tempo. Não tem sido o caso. Recentemente, despachámos mais um para Bruxelas, depois de o deixarmos manipular tudo e todos.     Maria Melo: Marcelo tem utilizado a dita inteligência apenas em proveito próprio (e da família, namorada e amigos). Como político é um inútil e razão tinha PPCoelho para lhe chamar “catavento “.                   António Martins: Tanto Guterres como Marcelo têm aquilo a que se pode chamar "inteligência confidencial" : são muito inteligentes mas não se sabe para quê.               Ruço Cascais: 5 estrelas, não, 6 estrelas numa escala de 1 a 5. Grande artigo. Finalmente alguém com coragem para atacar a inteligência.  Sabem porque é que Guterres tem aquele ar atarracado, com o pescoço meio enterrado no tronco? Tudo foi devido à inteligência. Quando era pequenino já todos lhes diziam com uns tapas no cimo da cabeça: - quando fores grande vais ser um grande homem! Tantos calduços no toutiço atarracaram o homem.  Marcelo escapou-se porque o padrinho não gostava de dar palmadinhas. Guterres é inteligente e está picado com os israelitas e os israelitas agora com ele. Se Guterres andasse por Portugal, consigo facilmente imaginá-lo com um lenço palestiniano à volta da cabeça a marchar de braço dado com a Mortágua (está a envelhecer mal, cada vez está mais feia o raio da mulher) numa manifestação anti-semita. Os lapsos de Guterres na ONU em condenar os ataques que Israel sofre, não são lapsos, são sinais da inteligência de Guterres. Guterres não gosta de Israel, ponto. Marcelo também é inteligente, basta ver como ele se escapou a defender Guterres após este ter sofrido o ataque de persona não grata por parte dos israelitas na ONU. Ah, disse Marcelo, é tudo uma questão de bom-senso, os israelitas ainda vão rever a posição. Marcelo pôs-se ao fresco. Para os guterristas pode ser visto como uma facada nas costas. Marcelo foi inteligente; mexer com israelitas pode queimar, e, depois da presidência, quiçá ainda pide vir a trabalhar para alguma organização judaica. Até eu gostava. São um povo extraordinário. Um Marcelo pouco inteligente, ou melhor, menos inteligente, com os neurónios sossegados e ordenados como numa cidade japonesa seria a nossa sorte. Só que os neurónios de Marcelo são como o trânsito em Deli, funcionam, mas só no caos. Alguém com os neurónios sossegados, ligeiramente casmurro, pragmático e com a têmpera de um Eanes colocava o país rapidamente na ordem. Não há entendimentos na aprovação do OE e é chumbado, vamos para novas eleições. Não há nenhum partido que garante a estabilidade governativa? Ok, ficamos em duodécimos até surgir uma solução de governabilidade que garanta a aprovação dos Orçamentos de Estado e a implementação de reformas estruturais de que o país precisa. Por último, Luís Montenegro, à semelhança de Pedro Nuno e André Ventura também não se achou mais esperto que a concorrência e desprezou a esperteza da oposição? Eu acho que sim, e, dos três, Montenegro é o que treme mais com novas eleições. O pior que pode acontecer a alguém é passar de cava.lo para bu.rro.          SDC Cruz: Pobre Portugal este, cheio de hiper inteligentes  mas tudo muito artificial.              F. Mendes: Como já por aqui escrevi várias vezes, o negócio do Milénio seria comprar a inteligência do Marcelo pelo pouco que vale, e vendê-la por aquilo que ele julga que vale. Nem é preciso acrescentar nada!    José Ferreira: Excelente artigo. No caso das inteligências pardas que refere, foi uma pena que não tivessem ido para cientistas, já que, dessa forma, poderiam ter feito alguma coisa de útil pelo País e pelo Mundo...  A atribuição do Prémio Nobel ao Eng. Guterres seria, no mínimo, estúpido. De qualquer forma, tudo serve para que os amigos e os "de serviço" nas redes sociais e nos media o promovam ...                 Nuno Abreu: Bolas. Leio aqui tantos comentários a concordar com Helena Matos que eu, não concordando com eles, fico a pensar que sou ainda mais burro do que pensava. Então Marcelo, Guterres, Costa não são afinal superinteligentes como eu pensava? Então gente que não tem na vida qualquer obra digna de registo – nem o assentar de meia dúzia de tijolos! – e consegue atingir os objectivos com que sempre sonharam não revela a sua egoística superinteligência?! Um atinge o cargo de o mais alto magistrado da nação portuguesa durante uma década. Outro alcança o cargo de Secretário-Geral da mais alta organização da Política Mundial, a ONU. Por fim o Costa, espezinhando económica e socialmente os portugueses durante oito anos, é nomeado Presidente do Conselho Europeu! Haverá algum português que tenha feito tão pouco e que tenha atingido tão altos patamares? Burros? Burros fomos nós que os carregamos às “Costas”! Quanto a André Ventura e Pedro Nuno Santos estou a sentir que “trabalham” apenas para tentar seguir aqueles exemplos!                      Manuel F: Com uma vida activa já encerrada e não me considerando muito inteligente nem totalmente destituído da mesma, constatei ao longo da minha vida profissional que, pessoas que tiveram um aproveitamento acima da média nos estudos (para não dizer brilhante), em não poucos casos se revelaram uma nulidade na vida profissional.               Mario Figueiredo: Isto da inteligência já vem de trás, cara Helena. Eu sei que a memória em Portugal é curta. Mas alguns de nós ainda se lembram quando  ainda há dois anos, num dos vossos Contra Corrente, se teciam grandes sonetos à inteligência de Marcelo e se procurava perceber isso no contexto das trapalhadas em que se metia. A vossa tese era que do alto da sua grande inteligência, Marcelo não via a inteligência dos outros. Era, asseguravam vocês, com o vosso diploma conjunto em Psicologia, uma característica das pessoas inteligentes. Nesse dia intervim no programa. E questionei-vos que inteligência seria essa que não tomava em conta a inteligência dos outros. Seguramente, seria uma inteligência pouco inteligente. Fiquei sem resposta, como aliás muitas vezes vocês fazem naquele programa. O ouvinte interveniente é gado para ocupar espaço no programa. Nada mais. E o programa acaba como começou, com a Helena e o José Manuel Fernandes a acharem que ele era um homem muito inteligente. E só, coitadinho. Muito só. Mas muito inteligente. (Sinceramente já nem sei bem porque vos continuo a ouvir...) Fiquei à espera, enquanto lia o artigo hoje do momento em que a Helena se ia lembrar de ser uma das pessoas que aqui critica, que se assombra e declara a inteligência dos outros... Mas como seria de esperar, a memória em Portugal é curta. E a hipocrisia sobra.                    António Soares > Américo Silva: O prepúcio dos judeus incomoda-o? Fique-se pelos muçulmanos com prepúcio.                    JORGE PINTO: São inteligentes não praticantes”                    Maria Paula Silva: Mais importante do que ser inteligente é saber o que se faz (ou não)  com a inteligência que se tem. Não se percebe, portanto, porque estamos a ser (des)governados por tantos iluminados há décadas e temos o país afundado. Bu.rro é aquele que apesar de ser inteligente não conta com a inteligência dos outros. Sintético, divertido e elucidativo, gostei do texto, muito bom.                   Vasco Esteves: Artigo acertado. A inteligência destes dois homenzinhos não passa de propaganda dos seus partidos. São duas nódoas que nada contribuíram para o país e mundo, envergonhando o país e os portugueses. Não passam de um palhaço e um comuna ….                 João Ramos: Excelente, este artigo é a prova provada da celebérrima história de que “o Rei vai Nu”, as últimas frases referentes no artigo a cada um dos “inteligentíssimos” são absolutamente lapidares, não há nada como demonstrar a verdade com clareza! Quanto ao PostScript devo de dizer que em relação a Ventura ainda falta provar o que ali escreveu e é bom não esquecer que o homem é espezinhado todos os dias por tudo quanto é lado e isto na grande maioria das vezes porque quem o faz se acha ou quer parecer “muito inteligente” por fazê-lo, mesmo assim representa o 3o partido com 50 deputados, também é bom ver com clareza neste capítulo…               Carla Martins: Na mouche, @Helena Matos. Como sempre. Muito obrigada pela sua clarividência que tão bem passa a palavras. Uma pérola no               o problema-chave de Portugal!                José B Dias: Está identificado o problema base que aflige o país e o impede de sair da estagnação ... a definição de inteligência carece de ser revista!               Antonio Sennfelt: A lassidão - para não utilizar outro substantivo! - do actual SG das NU poderá estar na origem da estranhíssima infiltração da UNRWA por terroristas do Hamas, tendo vários funcionários daquela agência humanitária das NU comprovadamente participado no massacre de 7 de Outubro do ano passado! A mesma lassidão - para não utilizar outro substantivo! -  poderá igualmente estar na origem da não menos estranha e total passividade da UNIFIL  - a força de "capacetes azuis" encarregue da "manutenção da paz" na fronteira entre Israel e o Líbano - que nunca reage, nem mesmo quando terroristas do Hezbollah, acoitados junto aos seus postos de observação, abrem fogo contra soldados do exército israelita. Ele por vezes há "génios" que antes não fossem tão "geniais"!                   Liberales Semper Erexitque: Já há muito que não lia um realmente bom artigo desta colunista. Foi hoje! Sobre as "inteligências" de Guti e Selfito, é caso para dizer, se são isto os inteligentes, venham os burros! Achei piada ao P.S., sobretudo na parte que refere que Montenegro foi mais uma vez subestimado. Cá para mim ele adora ser subestimado, o "rústico"!          José Paulo Castro: O Post Scriptum deste artigo enferma de um erro fatal. Considerar que LM e os demais portugueses, especialmente os que votaram nele, não foram parvos quando estão prestes a votar e aceitar um orçamento quase ditado pelo PS e que o PS não reconhece como seu, quando votaram maioritariamente - como quase nunca o fizeram - para se verem livres do PS. Se isto não é ser parvo, não sei que mais o seja.               Luis Fernandes Machado: A melhor forma de perceber que não anda ali muita inteligência é que muito pouca gente realmente inteligente se mete na política. Pessoas inteligentes não querem frequentar os meios que esta gente frequenta.               Zé das Esquinas o Lisboeta: Todo o raciocínio explanado neste artigo, serve, infelizmente, para muitas outras situações no panorama da política nacional e não só. A articulista tem a 'sorte' de estar no Observador porque se estivesse no Público era bloqueada.  Muito bom. Plenamente de acordo.                  Manuel Lisboa: Excelente Helena Matos. De facto, tem sido bastante deficiente a actuação do actual  secretário-geral das Nações Unidas em relação à crise iniciada com o ataque terrorista do Hamas, de há um ano; e, sobretudo, enquanto primeiro-minitro português revelou a sua soberba inteligência apenas na noite em que anunciou a sua demissão da chefia do governo. Aquele alto-funcionário internacional português, outro primeiro-ministro que foi, durante dez anos, presidente da comissão europeia e o penúltimo chefe de governo português na actualidade presidente do conselho europeu preferiram carreiras internacionais, nas quais a necessidade de escolha ou tomar decisões políticas pessoais  são, de facto, inexistentes e o exercício efectivo de influência foram ou são irrisórias, do que o peso da responsabilidade de chefiar um governo ou instituições, que dependam das suas capacidades de planeamento e visão. Outras "personalidades" portuguesas menos notórias, que desempenharam funções em cargos governamentais ou em instâncias superiores nacionais optaram também pela emigração para organismos internacionais burocráticos, que se multiplicaram, após a Segunda Guerra Mundial e continuam a crescer, onde exerceram ou estão ainda vegetando. Compreende-se: os vencimentos são bastante maiores, os locais atraentes e o escrutínio da opinião pública praticamente inexistente. Eram e continuam, sem dúvida, a ser inteligências brilhantes; claro nenhuma superlativa como a primeira mencionada na saborosa e arguta crónica de Helena Matos. E não comento o presidente da república portuguesa; fala por si a triste e  inegável realidade diária das televisões.                 António Soares: Disse inúteis e disse muito bem. Eu acrescentaria perniciosos, perniciosos  para  Portugal (Marcelo) e pernicioso para o Mundo inteiro (Guterres).           Jose Miguel Pereira: Howard Gardner defendia a existência de 8 tipos de inteligência, sendo que uma pessoa pode ter muita de uns tipos e muito pouca dos outros. Se calhar é isso...                   Maria Emília Ranhada Santos: Para se ser agradável à ONU e se ser eleito para prémios nóbeis, é só  preciso ser-se da esquerda, muito da esquerda! Ou seja, contra a ciência, a ordem, a moral, a integridade, e todos os mais valores que neste século das trevas se tornaram "luz"!                       Paul C. Rosado: Muito bem. É verdade. Inteligência não é sinónimo de sabedoria, nem de ética, nem de honestidade intelectual.                Henrique Mota: Mariano Gago foi ainda melhor aluno que Guterres. Mas a inteligência é apenas uma das características de um ser humano. Existem muito mais atributos que fazem com que alguém seja bem-sucedido. A empatia, a inteligência emocional são mais importantes do que a inteligência geral. E , sem pretender ofender ninguém, será assim tão inteligente alguém que acredita na concepção sem acto sexual, na ressurreição, e em seres extra-terrestres que aparecem em cima de azinheiras ?                  Josél Paulo > klaus muller: Tem razão. Mas como dizia Medina Carreira bastava às nossas avós iletradas saber  como governar uma casa e um país. Estou farto de seres iluminados e bajuladores... senti vergonha alheia a quem se despediu da Procuradora... cinismo...hipocrisia e gente se são inteligentes... antes os meus amigos animais  os burros Louvor a eles. Os outros deviam  extinguir-se! o mundo ficaria muito melhor.                    Maria Paula Silva > Liberales Semper Erexitque: M Tatcher dizia muitas coisas e quase todas elas acertadas. Talvez lhe interesse recordar: www.rtp.pt/play/p12811/thatcher-nao-morre com os políticos actuais acho que nem se coloca essa questão de confiarem no povo. Acredito profundamente que eles, sem excepção, se estão literalmente nas tintas para o povo e que a principal e maior motivação de irem para a política é obterem tachos que lhes garantem uma boa vida com pouco trabalho e reformas chorudas garantidas. Isso do espírito de Servir acabou, já era.                    Antonio Moreira: Cara Helena Matos. Artigo arguto e oportuno. Nem sempre de acordo consigo, mas reconhecendo-lhe pensamento original e livre. Parabéns e obrigado por partilhar. Deixo uma achega. Há largos anos que chamo a atenção dos mais jovens para uma frequente confusão entre qualidades ou caraterísticas humanas. Esperteza, inteligência, instrução, cultura e sabedoria não são  a mesma coisa. Esperteza? Capacidade de se desenrascar numa dificuldade específica, sem se preocupar com o que vem a seguir... Inteligência? Capacidade de analisar um problema e encontrar uma solução teórica para o mesmo. Nada tem a ver com a capacidade de executar a solução encontrada ou com a bondade da mesma. Instrução? A quantidade de graus académicos que fomos capazes de adquirir ao longo da vida. Cultura? Conjunto de conhecimentos sobre a Humanidade e vivência deles. Como se diz no Norte de um homem ou mulher cultos: "tem mundo". Quem viaja com vontade de conhecer e apreender com diferentes culturas, também acrescenta à sua. Sabedoria? Trata-se de qualidade com dois componentes. Um inato - o bom senso - e outro adquirido - a capacidade de apreender com a experiência. Todos nós conhecemos pessoas com muita experiência que praticam sempre os mesmos erros. Estas não são sábias, pois não apreendem com os erros. Muitas vezes confundem-se estes conceitos ou qualidades. Todos têm o seu tempo e espaço. A um político pede-se, além de qualidades éticas (honestidade intelectual e pessoal, sentido de serviço público, etc), que seja sábio na sua acção. Por isso, e porque a experiência e a capacidade de aprender com essa experiência é elemento constituinte da sabedoria, a idade bem vivida e de comportamento ético de um político é também factor relevante. Então sugiro que se olhe para os políticos como aquilo que se espera de tais cidadãos numa democracia: que sejam eticamente exemplares e com sábia acção. Haverá poucos assim? Talvez, mas não é por essa eventual constatação que mudo de opinião. Outras qualidades são, porventura, apelativas, mas irrelevantes ou quase irrelevantes num momento de escolha de um político. Ou, pelo menos. Seria desejável que assim fosse.                 Francisco Ramos: A isto chama-se coragem, coisa rara na atualidade.                João Floriano: Excelente análise. Tanto Guterres como Marcelo Rebelo de Sousa são os mais citados exemplos da inteligência nacional e no entanto as suas acções não fazem jus à inteligência que lhes é atribuída. Penso tratar-se de uma questão de inteligência emocional que nitidamente lhes falta. Quanto à avaliação da inteligência de PNS e Ventura, penso que ainda é cedo para tirar conclusões. Como se diz no futebol, a bola ainda corre no campo e até ao apito final pode-se sempre marcar golo.                   Ronin kaishakunin > Ruço Cascais: Excelente comentário e com humor!

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