Miguel Esteves Cardoso tem uma
forma menos convencional de analisar a questão do Brexit, que parece ser feito de má fé e de astúcias arrogantes
e um tanto desprezíveis, mas não deixa de ser uma preocupação para todos – os ingleses
como os europeus da U. E
“Deus me livre!”: é uma expressão da Anita Guerreiro – a avó de “Os Batanetes”– para a sua amiga “Adelaide João” – “Deolinda”,
vistosa e impúdica, apesar da idade - um par (jarreta) hilariante, de despudor
e graça serôdias. Essa expressão me acode, comum entre nós, com a leitura
deste comentário desinibido de MEC, que os
seus comentadores aprovam e a nós preocupa, Deus me livre!
As eleições no Reino Unido serão,
para todos os efeitos, o segundo
referendo sobre o “Brexit”, mais ou menos disfarçado. Ocorrem porque a causa do segundo
referendo foi abandonada por falta de maioria no Parlamento.
No
momento em que Nigel Farage,
o brexiteiro-mor, decidiu
fazer um acordo unilateral com os conservadores, retirando os candidatos do
Brexit Party nos círculos onde foram eleitos deputados conservadores, deixou de
haver ilusões sobre a natureza das eleições de Dezembro.
Enquanto
Boris Johnson escolheu
sacrificar os eleitores conservadores que são remainers (e que tendem a ser,
por muito que se qualifique, mais liberais e mais burgueses), os trabalhistas
de Jeremy Corbyn continuam a querer fugir à decisão de apoiar ou
rejeitar o “Brexit”, ou, falando mais prosaicamente, continuam a
querer no saco e no papo.
Não
me lembro de outras eleições no Reino Unido em que fosse tão elevado o
número de eleitores órfãos: conservadores que, por serem remainers, não podem
votar em Johnson e trabalhistas que, por serem remainers, não conseguem votar
em Corbyn. A verdade é que tanto Johnson como Corbyn são brexiteiros,
havendo apenas uma (mais pequena do que se julga) diferença de ambiguidade.
Seria
inteligente que as forças anti-“Brexit” e, sobretudo, anticonservadoras, se
juntassem informalmente, como fizeram Farage e
Johnson. Os
lib dems, o SNP e os Verdes estão prontos para isso. O único empecilho são os trabalhistas, por causa
de Corbyn e dos conselheiros dele. Serão eles os primeiros sacrificados. É
bem feito.
COMENTÁRIOS
rafael.guerra,
13:08: Passar a vida
opondo-se à ideia da UE, como o fazem inúmeros políticos britânicos, deve ser o
mesmo que um homem viril se ver condenado a não fazer nada mais do que falar
das mulheres dos outros.
rodrigo barroso: 13.11.2019: Estimado MEC , Vivi em Londres uma década, como tal
sou profundamente ignorante sobre o Uk a realidade londrina é muito diferente, porém
é impossível ficar indiferente a como os líderes partidários são maus. Muito
piores que o Inglês médio. Abandonei o UK no ano da votação e convidaria todos
os do UK a reler o que se disse, prometeu e propagandeou. A união precisa de
novos líderes partidários, mesmo. O UK é Europa, mesmo que a memória do
imperialismo (que é o que resta) vos custe muitíssimo.
o bê de cê, 13.11.2019: A facilidade com que Farage e Johnson mentem e iludem
as pessoas é gritante. Porém, o mais chocante é a quantidade de pessoas que
está disposta a ouvi-los e a votar neles. O povão inglês é mal formado, pouco
inteligente e ingénuo. Os Brexiteers mentem e vendem teorias mirabolantes como
factos inequívocos. Depois da primeira campanha eleitoral ter provado à
exaustão que eles mentem de forma desabrida, e apesar disso, o povão inglês
continua a dar-lhes crédito e acredita piamente que o pós Brexit será um
regresso aos dias gloriosos do Império de sol a sol. Se juntarmos a isto a
desastrada gestão do Labour temos o caldo perfeito para a vitória final do
Brexit à bruta e abrutalhado que o bruto do Johnson tanto defende. "Rule
Britannia, Britannia rule the waves" a caminho do naufrágio!
Fugo, 13.11.2019: "O povão inglês é mal formado, pouco inteligente e
ingénuo." IOL Deve ser da falta de sol, das cervejas mornas e dos
fish&chips.
Jose, 13.11.2019: O sistema eleitoral britânico permite os jogos
descritos por MEC que nos parecem a nós caciquismo e a eles elegante campanha
eleitoral. Este é o modo de eleger quem vai sentar-se nos Comuns para cumprir o
Brexit e partir para a vida que há mais vida para além do Brexit. Certamente
Corbyn está interessado na saída da UE por razões diferentes de Johnson, mas
ambos querem sair e começar nova vida para o RU. Corbyn fez tudo mal e
continua. Vai ficar mais pequenino. O mundo não acaba amanhã.
Fugo 13.11.2019 08: Opá! Deixem lá os brits tratar das merdas deles que
todos temos as nossas. Aliás, eles nem nunca quiseram estar na UE. Sempre foram
um empecilho. Um grão na engrenagem. Na volta, ainda vai ser melhor para todos.
Colete Amarelo, 13.11.2019: Sempre pensei que uma Europa com o UK seria uma Europa
mais forte e mais equilibrada, mas agora depois de todas estas tretas começo a
partilhar a sua visão.
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