Unidade da condição humana que, na busca
da paz e da justiça, cria sistemas de divergência, em breve deturpados pela
lógica das novas prepotências e dos egoísmos pessoais sempre, que a hipocrisia
mascara.
Comunismo e fascismo: escolha o pior /Premium
Os comunistas invocam as abominações
do fascismo para relativizar as suas próprias abominações. Mas nem o comunismo
deve servir para branquear o fascismo, nem o fascismo para branquear o
comunismo.
RUI RAMOS OBSERVADOR, 15 nov
2019
Há
discussões que um dia talvez pareçam absurdas. É o caso da que decorreu na
terça-feira, na Assembleia
Municipal de Lisboa, inspirada pelo voto do Parlamento Europeu,
de 19 de Setembro, equiparando os crimes do comunismo e do fascismo. Como é
possível fazer de conta que as ditaduras comunistas do século XX não oprimiram
e assassinaram como as ditaduras fascistas?
A
razão não tem a ver com qualquer diferença entre comunismo e fascismo, mas
com uma iniciativa de Hitler: em Junho de 1941, ao invadir a União Soviética,
empurrou-a, muito contra vontade dos seus dirigentes, para o lado do Reino Unido
e, a partir de Dezembro, dos EUA. Até aí, a Rússia comunista não tinha
apenas ajudado Hitler: tinha dividido com ele a Europa oriental, e imposto na
Polónia, que ocupou a meias com a Alemanha, um terror tão sanguinário como o
dos nazis. As potências ocidentais, antes de 1939, também negociaram com
Hitler, como os comunistas gostam de
lembrar. Mas a
França e o Reino Unido não partilharam conquistas com os nazis, nem se
dedicaram a exterminar milhares de pessoas em países ocupados, como os
soviéticos fizeram a 22 000 oficiais polacos em 1940, em Katyn.
Desde 1945, porém, os comunistas usaram
a sua colaboração com os Aliados para esconder essas e outras barbaridades.
Mais: aprenderam até a invocar as abominações do nazismo para relativizar as
suas próprias abominações, como os milhões de mortos da colectivização na
Ucrânia. Ora, os comunistas não foram sanguinários por acidente: foram-no
porque o ideal e o projecto comunista, tal como o ideal e o projecto nazi,
implicavam a eliminação de grupos inteiros da população, em nome da
homogeneidade social. Essa homogeneidade era, para uns, biológica, e, para
outros, sociológica. Por isso, uns mataram em nome da “raça” e outros em
nome da “classe”. Mas ambos mataram sistematicamente, assim como ambos
instalaram tiranias onde a ideologia passou por ciência (como as teorias de
Lysenko na URSS) e o convencionalismo secou a arte (compare-se a pintura
oficial nazi com a soviética). Nem o comunismo deve servir para branquear o
fascismo, nem o fascismo para branquear o comunismo.
Tudo
isto deveria ser evidente. Não é, porque os comunistas continuam a usar as
suas quezílias históricas com os fascistas como maquilhagem para a sua
criminalidade. Mas os comunistas apenas se opuseram a ditaduras fascistas ou
conservadoras com o objectivo último de as substituir pelas suas próprias
ditaduras, como a Europa de leste viu em 1945 e os portugueses comprovaram em
1975. De resto, se a resistência a ditaduras serve de redenção, também os
fascistas poderiam invocar os seus serviços contra várias opressões. Rolão
Preto, a versão portuguesa de Hitler enquanto chefe dos Nacional-Sindicalistas,
foi um inimigo de Salazar. Em 1958, até apoiou a candidatura do general
Delgado. A questão acaba por estar na ideia de que os fascistas são uma ameaça
maior à democracia liberal do que os comunistas e a extrema-esquerda que
emergiu do comunismo. Para sustentar o medo, comunistas e extrema-esquerda
inventam fascistas onde eles não existem. Sempre foram useiros nisso, como
Emilio Gentile lembra no livro Quem é Fascista? (Guerra e Paz).
Chegamos a isto: assustamo-nos com gente que não se diz fascista nem apoia
ditaduras, mas a que os comunistas chamam fascista, e tratamos com deferência
gente que se diz comunista, homenageia tiranias das mais bárbaras do século XX,
e aplaude os últimos regimes que representam esse horror, como as ditaduras
cubana ou norte-coreana. No futuro, vai ser difícil de compreender. Ou talvez
não, se alguém explicar, como nos explicaram em 2015, que todos os votos
contam.
COMENTÁRIOS:
Amora Bruegas: O
interessante é não se falar nos crimes cometidos pelas democracias. Não me
canso de alertar para o facto de democratas de referência terem cometido
atrocidades da envergadura daquelas que são condenadas, e bem, aos socialistas.
Como não condenar ao Americanos pelos 3 milhões de soldados alemães mortos em
campos de concentração no período de 1945 a 47? Ou do camarada Churchill pelos
mais de 3 milhões de indianos mortos á fome em 1943? E os democratas
abortistas que têm matado dezenas de milhão de Seres Humanos, inocentes e
indefesos? Haja um mínimo de coerência e de respeito pela Vida
Humana.
André Silva: Uns e outros não passam de gente mesquinha e
totalitária que quer impor a sua visão da sociedade – à viva força, porque
nunca houve outra forma de as pessoas aceitarem o inaceitável: a ausência de
LIBERDADE.
Para
tal, passaram por cima de milhões de presos, torturados, escravizados e
assassinados. Um horror indescritível, que pensávamos em ambos os casos nunca
regressar, mas que está sempre ao virar da esquina: veja-se, por ex., a
Venezuela, e por pouco que não a Bolívia, felizmente salva a tempo. A diferença
é apenas na hipocrisia e falsidade que assiste a uns e não a outros (que nunca
esconderam ao que vinham). A merda aos contentores é a mesma, ou não fosse a
raiz – a ignorância atroz (mãe da estupidez), a burrice pura e a ingenuidade
aflitiva - também a mesma. É só vê-los por aqui nas personagens do Conde Cruzeiro,
do Conas 2.0, do Paulo Alexandre Rabeta, e por aí fora. Mentecaptos.
Carlos Guerreiro: Existe uma grande diferença entre os
nacional-socialistas e os comunas (para além de os comunas terem sido muito
mais mortíferos). Os nacional-socialistas mataram principalmente estrangeiros,
enquanto os comunas se dedicaram (e com muito mais eficácia) à morte dos
nacionais. Assim, por uma questão de segurança e para escolher o menos mal, no
país onde se vive é preferível ter nacional-socialistas e nos países vizinhos
comunas. Mas o melhor mesmo será viver num malfadado país capitalista e rodeado
de países capitalistas, têm muitos defeitos, mas vive-se muito melhor e em
segurança.
Combate aos BURROS e ANALFABETOS do
Observador: É um prazer
ler Rui Ramos quando ele fala do que verdadeiramente sabe: História.
Paulo Alexandre : ateu: É claro que o comunismo se revelou tão
criminoso como o fascismo/nazismo mas também é verdade que muitos dos que fazem
esta discussão não deixam de dar o seu suporte a outras ideologias,
nomeadamente religiosas, cujos capitais criminosos não se distinguem,
quantitativa ou qualitativamente, das atrocidades e das barbaridades cometidas
por esses regimes.
Quando a população europeia era muito
inferior à actual, as guerras religiosas resultantes da Reforma e da
Contra-Reforma, provocaram entre 60 a 70 milhões de mortos (séculos XVI e
XVII), eliminando qualquer coisa como cerca de 1/3 dos efectivos humanos em
muitas regiões do nosso Continente. E, como se percebe, este é apenas um mero
exemplo. Muitas outras guerras, conflitos e chacinas foram praticados em nome
de Deus(es), contabilizando centenas de milhões de mortes à custa dessas
ideologias. Mas, ainda assim, não falta quem glorifique essas ideologias
criminosas.
Paulo Alexandre : ateu: É claro que o comunismo se revelou tão criminoso como o
fascismo/nazismo mas também é verdade que muitos dos que fazem esta discussão
não deixam de dar o seu suporte a outras ideologias, nomeadamente religiosas,
cujos capitais criminosos não se distinguem, quantitativa ou qualitativamente,
das atrocidades e das barbaridades cometidas por esses regimes. Quando a
população europeia era muito inferior à actual, as guerras religiosas
resultantes da Reforma e da Contra-Reforma, provocaram entre 60 a 70 milhões de
mortos (séculos XVI e XVII), eliminando qualquer coisa como cerca de 1/3 dos
efectivos humanos em muitas regiões do nosso Continente. E, como se percebe,
este é apenas um mero exemplo. Muitas outras guerras, conflitos e chacinas
foram praticados em nome de Deus(es), contabilizando centenas de milhões de
mortes à custa dessas ideologias. Mas, ainda assim, não falta quem glorifique
essas ideologias criminosas.
Liberal Impenitente: Há muita gente que imagina por sistema que poderá
açaimar comunistas ou fascistas, e trabalhar com eles. São animais deveras
perigosos, camaleónicos e traiçoeiros! É sempre a velha questão de como pode a
democracia albergar os seus inimigos, defendendo-se deles ao mesmo tempo. Não é
agradável saber que a senhora Le Pen tem agora um terço dos votos dos
franceses. Parece "domesticada", não parece? É duvidoso.
joao regras: Podemos escolher o pior é isso??? Então escolho sem
sombra de duvidas o comunismo........o comunismo/socialismo é de longe o pior O
comunismo alem de todos os males não permite a iniciativa privada na economia
nem respeita a propriedade privada O comunismo/socialismo distribui a miséria
por todos Antes facista que socialista
Paulo Silva: Discussão que peca por tardia,
e um tanto ou quanto enviesada...O Fascismo é equiparável, por exemplo, ao
Leninismo… Porquê? Porque Mussolini e
Lenine foram estadistas, meteram a mão na(s) massa(s). Étienne Cabet ou Marx,
não. Ambos os fenómenos são coevos e filhos do pensamento socialsita/comunista
do século anterior… Há um erro categorial na equiparação entre fascismo e
comunismo. Daí tanta confusão. O fascismo é melhor descrito como uma heresia de
esquerda...
José Broa: Um texto para a
"carneirada habitual". Desnecessário e sem qualquer utilidade. A
única coisa boa de ambos os sistemas, é demonstrar o que há de mau na política
e o seu impacto na sociedade. De resto, parece conversa de cachopos ... em que
o meu pai "é mais forte que o teu". Mas se já que se fala em
"escolher o pior", não tenho grandes dúvidas acerca do pior
"opinador" do Observador.
Anibal Augusto Milhais: Rolão Preto, a versão portuguesa de Hitler enquanto
chefe dos Nacional-Sindicalistas, foi um inimigo de Salazar. Em 1958, até
apoiou a candidatura do general Delgado.
Durão Barroso: Actividade política: A sua actividade política teve
início nos seus tempos de estudante, antes da Revolução dos Cravos de 25 de
abril de 1974. Foi um dos líderes da FEM-L (Federação dos Estudantes
Marxistas-Leninistas), do Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado
(MRPP), força política de inspiração maoísta. Barroso foi expulso do MRPP
depois de ter demonstrado uma série de atitudes que atentavam contra os
princípios pelos quais o partido se movia; por exemplo a situação em que Durão
Barroso surge na sede do PCTP/MRPP com uma carrinha cheia de mobília da Faculdade
de Direito de Lisboa, roubada na sequência dos tumultos pós 25 de Abril. Nesse
instante, Arnaldo Matos (líder do partido) ordena a Durão Barroso que vá
devolver o material roubado. Em 1980, Barroso aderiu ao Partido Social
Democrata, partido do centro-direita português, no qual está filiado até hoje.
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