Já Platão nos comparou a prisioneiros de
uma caverna, acorrentados em frente a uma parede onde, graças a um clarão que
lhes vem detrás, só vêem sombras na parede e não a realidade, que um dos
prisioneiros, que se soltou e veio para a luz, descobre fora. É, realmente,
cansativo não estarmos cientes de nada, neste conhecimento empírico que os
sentidos nos dão como representação apenas das coisas, a realidade sendo outra
coisa. Mas, enfim, o nosso tempo de passagem sendo curto, o melhor mesmo é
agradar-nos das coisas que vamos vivendo, no bulício do mundo. Porque o resto “é
silêncio”, embora também não saibamos disso. É só isto que o texto de Salles da Fonseca me sugere, no meu triste conhecimento empírico.
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO17.11.19
No
seu livro «O mundo como vontade e representação», Schopenhauer considera que o que conhecemos através dos nossos sentidos, o conhecimento
empírico, é a simples representação das coisas mas que a realidade dessas
mesmas coisas é praticamente inacessível ao comum dos mortais.
Daí,
Sue Prideaux, na sua biografia sobre
Nietzsche intitulada «EU SOU DINAMITE» afirmar no final da pág. 69 que…
Toda a vida é anseio por um estado
impossível [o da compatibilização entre
a representação e a realidade] e, por conseguinte, toda a vida é
sofrimento. Kant escreve
de um ponto de vista cristão que tornava suportável o estado sempre imperfeito
e sempre desejoso do mundo empírico porque seria possível esperar uma espécie
de final feliz, caso se fizesse o esforço suficiente. A redenção era
sempre possível através de Cristo.
* * *
Esta «saída» kantiana faz-me lembrar que só a
fé move montanhas.
Julho de 2019
Henrique Salles da Fonseca
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