sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Dois formidáveis libelos



De Rui Ramos. De uma ousadia e acuidade de discurso que, denunciando o tal partido e as intenções desse - de desfeitear a nação, pelo ódio e a caricatura, sem pejo de se promover assim à mesma mesa dos demais - lhe abre o jogo e desmistifica, afinal, também, o governo que o acolhe e a nação que se acobarda. Por isso coloco os comentários dos que igualmente se rebelam, acompanhando o articulista na sua indignação, por muito que tais explosões possam ser denunciadas como racistas, racismo que é comum, afinal, a todos, e muito especialmente aos que ferem pela chalaça do seu desprezo e do seu veneno mortífero, no desrespeito e ingratidão, tal o ofídio enregelado pelo frio, que o camponês apiedado aqueceu no seu bolso e que, assim que ganhou forças, o picou na mão…

1 - Partidos desesperados para dar nas vistas /premium
A extrema-esquerda vota orçamentos de Estado aprovados em Bruxelas e acha os pobres racistas. Não fossem as saias e o ódio à bandeira, como se distinguiriam esses deputados de um qualquer socialista?
RUI RAMOS
OBSERVADOR, 29 out 2019
Uma das maiores partidas que Salazar pregou às esquerdas foi não se ter deixado sepultar no Mosteiro dos Jerónimos. Imaginem a alegria que agora teriam as esquerdas, se pudessem dividir o país, como fizeram os seus correligionários do outro lado da fronteira, com a profanação do túmulo do general Franco. Em vez disso, resta-lhes pôr saias nos assessores nascidos com o sexo masculino (é assim que se deve dizer?), e esperar que dê fotos na imprensa e comentários nas redes sociais. Para além das saias, há a bandeira da República Portuguesa. Em 1910, para marcar a ruptura de regime, os antepassados carbonários da extrema-esquerda insistiram numa nova bandeira, com as cores da revolução. E é essa mesma bandeira que o esquerdismo, depois de a ter imposto ao país, agora acha “imperialista”, pelo menos na opinião dos fãs da deputada do Livre.
Em 1910, os revolucionários mudaram as cores da bandeira e eliminaram a coroa. No entanto, mantiveram as armas nacionais e adicionaram-lhes a esfera armilar. A ideia era ainda anexar a história que a bandeira contava. A extrema-esquerda de hoje, porém, não gosta dessa história. Todo o passado português lhe parece criminoso. Gostaria, por isso, de o apagar. Nada disto, aliás, é muito original. Decorre, de maneira muito pedestre, da colonização das universidades portuguesas pelo radicalismo académico americano.
Pensarão: mas não é isto um erro, que só pode hostilizar e ser estranhado pela maioria dos portugueses? Não é, porque esta extrema-esquerda não aspira a persuadir maiorias. O que lhe importa são umas dezenas de milhares de votos, sobretudo em Lisboa, que lhe sirvam para aceder aos subsídios do Estado. Esta, de resto, já não é a extrema-esquerda do COPCON, mas de António Costa, isto é, mais um alicerce do domínio do PS. Vota orçamentos de Estado aprovados em Bruxelas e acha os pobres racistas. Não fossem as saias e o ódio à bandeira, como se distinguiria um deputado de extrema-esquerda de um qualquer deputado socialista?
No outro extremo, a vida parece mais fácil. Bem sei que é costume haver muitas queixas em Portugal sobre a injustiça com que a direita é tratada (por mais democrática, é sempre fascista; por mais filantrópica, é sempre racista). Mas quando o que interessa, como no caso do Chega, é a fama de ruptura e de iconoclastia, essa tradicional má vontade contra a direita é muito útil. Pensem em André Ventura. O novo deputado não precisa de truques de indumentária nem sequer de grandes guerras simbólicas para passar por radical e perigoso. Pelo contrário, pode até permitir-se o luxo da moderação, como numa entrevista de ontem.
Que disse Ventura? Que se recusa a falar com a Alternativa para a Alemanha, que considera “um partido ridículo, extremista e desumano”; que pretende ser uma muralha contra esse tipo de extremismo em Portugal; e que quer que a deputada do Livre tenha mais tempo para falar do que os outros, porque “nós temos de ser tolerantes”. Eis a face hedionda do fascismo português. Eis a propostas tremendas que fazem os porteiros do regime exigir que na Escola Prática de Cavalaria de Santarém os Chaimites estejam de motores ligados, prontos a arrancar para Lisboa ao primeiro sinal de que Ventura vai obrigar mais um deputado do CDS a levantar-se. André Ventura poderia até dormir durante todas as sessões da próxima legislatura, confiante em que os deputados seus colegas nunca se esquecerão de o lembrar ao povo como uma opção para todos os que estiverem frustrados com o regime. Com que inveja deve a extrema-esquerda parlamentar, do BE e do Livre, olhar para o Chega.
COMENTÁRIOS:
O Famoso Faisão: A ideologia já era basta olhar para o PS que só querem poleiro, basta olhar para o BE e PCP que aprovaram todos os orçamentos de estado do PS, ou o ridículo que é olhar para o PSD a chorar por uma migalha do PS. Não é o Chega que vai crescer é os outro que vão perder eleitorado pois não são coerentes com o que defendem….
Isabel Martin Benito: O assessor da Joacine fez com que o tema principal da primeira sessão parlamentar fosse a sua indumentária. Fê-lo de forma absolutamente consciente e premeditada. E provou, igualmente, o total vazio ideológico do Livre, que tem de recorrer ao "estratagema" da provocação permanente (a que se soma a gaguez da deputada...) para conseguir um "espaço" na vida política portuguesa.
Maria Emília Santos Santos: A oportunista traidora, soberba e arrogante, a guineense que veio para o nosso país estudar à nossa conta, receber subsídios dos nossos descontos, cospe agora em cima de quem a acarinhou, ajudou, deu a mão e fez dela alguém, A ingratidão tem limites, e se houvesse justiça em Portugal, ela seria devolvida ao seu país de origem, para aí calcar aos pés a bandeira nacional do país dela. E devemos continuar a aturá-la? Este é o nosso país, este é Portugal! Os imigrantes que não estão bem, mudem-se! As “portas da imigração”, por graça dos esquerdistas, estão todas abertas! O Parlamento português não é um palco de máscaras, onde cada um se empenha em sobressair pelos excessos com que se mascara! Fora com ela! Quem manda aqui são os portugueses, não são os imigrantes, mesmo que se tenham nacionalizado! Esta é a nossa Nação e vai continuar a sê-lo, queiram os invasores ou não!
Heleno Dias Maria > Emília Santos Santos: Tudo correcto. A Maria diz muito bem, mas não deve ter qualquer ilusão de que este ser nojento seja uma excepção de qualquer tipo. Se tem a boa sorte de não conhecer pessoalmente, só recomendo que se informe com amigos desses países ou com pessoas que conheçam o que se passou e passa nos países europeus que já estão mais avançados no processo de invasão africana/muçulmana. Não há qualquer possibilidade de manter uma sociedade civilizada e salubre com um espécime que seja de tal gente a viver entre nós. 
MCMCA Oliver Klein: Estranhamente tem a nacionalidade portuguesa o que nos leva a perguntar como é que conseguiu se tantos dos que vieram com a descolonização ainda hoje penam para conseguir a cidadania com que nasceram. Portas enviesadas foram-lhe abertas pela certa e, por isso, já que não gosta prestará um enorme serviço ao seu país de origem, que tão necessitado de quadros está, regressando à casa que a viu nascer. Mas lá cheira mal (a catinga) e não existem as mordomias daqui e por isso a defensora dos oprimidos negros pôs-se a salvo. É a sina de África em que os principais negreiros eram os próprios negros  
Isabel Amorim: Rui Ramos presta e muito bem. Demasiado claro para mentes nebulosas... até incomoda não é?! Irrita-me profundamente constatar que demos nacionalidade portuguesa à guineense que veio para o nosso país com 8 anos que usufruiu de tudo o que é bom (compare-se tudo com o pais dela, porque veio para cá se é assim tão mau?) Até tirou um curso superior e pós-graduação (com bolsa?) vem agora de papo cheio reclamar que somos racistas? Pois a esta gente pobre e mal agradecida que não sabe estar em sociedade recambiava-os para o país de origem obrigados a devolver o que lhes demos (o valor real que um aluno gasta ao Estado português) inclusive devolver o estatuto de também ser cidadã portuguesa. Não deveríamos pois apagar todos os laços do passado como querem? Então a que propósito teremos esta sujeitinha no presente a relembrar um passado tão asqueroso? 
Manuel Ferreira: Concordo que a animosidade que a extrema-esquerda tem contra a extrema-direita é estratégica, preparada, propagandeada e vendida. Já a animosidade da dita extrema-direita contra a extrema-esquerda é uma reacção natural a essa propaganda. Uns já são filiados da extrema-esquerda, os outros correm a filiar-se em reacção. Ver a Joacine dizer que somos todos racistas ao lado de um homem de saias e com uma bandeira que não a portuguesa no cenário poderia levar-me naquele instante a votar no Chega. Toma que é para aprenderem, diria! Também creio que o Tavares – que foi deputado europeu - não esteja confortável com esta publicidade. Possivelmente o partido está a escapar-lhe por entre os dedos, e se não me engano muito a parceria com a Joacine pode ser uma espécie de casados à primeira vista.

2 - A deputada que não precisa de falar /premium
O objectivo da eleição de Joacine Katar Moreira não foi fazer entrar uma voz (como se costuma dizer) na Assembleia da República, mas um símbolo. Ela foi proposta simplesmente como mulher e como negra.
OBSERVADOR, 08 nov 2019
Inexplicavelmente, a pátria decidiu preocupar-se com a deputada do Livre. Primeiro a medo, com muitas bandeirinhas de consideração pela senhora. Depois, cada vez mais à vontade, com uma incompreensão crescente: como é que uma pessoa com dificuldades de fala pode dar voz às ideias e propostas de um partido, ainda para mais numa instituição – o parlamento – destinada a debates e à respectiva ginástica verbal? É como se o problema, não tendo ocorrido ao partido que escolheu a candidata nem aos eleitores que votaram nela, devesse agora ser da Assembleia da República, quando não de todos nós.
Desculpem eu achar tudo isto de uma ingenuidade comovedora. Que uma deputada não consiga discursar nem debater, é um problema dessa deputada, do seu partido e dos seus eleitores, mas não é um problema do parlamento, e muito menos nosso. Ou antes: é um problema que os outros deputados já resolveram da melhor maneira, que é fazerem uma pausa nos seus habituais apartes e cochichos, e ficarem todos muito calados, em sentido, a olhar fixamente em frente, enquanto a deputada gasta os minutos da sua intervenção.
A questão da deputada do Livre é outra: porque é que a sua incapacidade de falar e discutir não é um problema para ela, nem para o seu partido, nem para os seus eleitores? E a razão por que essa incapacidade de falar e discutir não é um problema, é porque a deputada, o partido que a elegeu e os seus eleitores não estão minimamente interessados em falar nem em discutir.
O objectivo da eleição de Joacine Katar Moreira não foi fazer entrar uma voz (como se costuma dizer) na Assembleia da República, mas um símbolo. A candidata do Livre foi proposta aos eleitores, não como uma oradora eloquente nem como uma legisladora competente, mas simplesmente como mulher e como negra. E a esse respeito, nunca valeu a pena explicar que há e já tinha havido outras deputadas negras em Portugal. O Livre precisava de dar aos seus eleitores a sensação de que iam fazer história, mesmo que à custa da história.
Votar na candidata do Livre, mulher e negra, era a oportunidade de o eleitor se lavar dos pecados de uma sociedade racista e patriarcal. Foi assim que tanta gente, em tanto lado, dizendo até discordar do posicionamento do Livre, fez questão no entanto de fazer em público votos piedosos para que a sua candidata fosse eleita. A dificuldade de fala da candidata era, a esse respeito, irrelevante, quando não mais uma ocasião para o eleitor demonstrar rectidão, escolhendo uma pessoa com deficiência física. O voto no Livre foi o equivalente de uma penitência religiosa.
Ou seja, a deputada do Livre, independentemente das suas capacidades e ideias, foi eleita como um símbolo. Está na assembleia como um monumento, a lembrar as virtudes dos que votaram nela, e os crimes dos que não votaram. Desse ponto de vista, Joacine Katar Moreira é o membro mais eloquente do parlamento. Nenhum outro deputado se faz compreender tão bem, nenhum outro comunica tão claramente. Basta olhar para ela, e está tudo dito e percebido.
O Livre apostou tudo na mística e no ritual do politicamente correcto. Por isso, é um partido que não precisa de dizer nem de propor nada. Chega-lhe mostrar  a pele da sua deputada ou as saias do seu assessor. É significativo que a mais conhecida iniciativa atribuída a Joacine Katar Moreira seja falsa (a substituição da bandeira “colonialista”): como acontece a qualquer símbolo, a deputada pode ser investida, por amigos e inimigos, dos mais variados significados. Para que servirá, se a moda pega, um parlamento cheio de símbolos, como estátuas num parque, é outra questão.
COMENTÁRIOS
Ricardo Marques: Sim, como mulher, como negra e como GAGA. Esqueceste o mais importante.
Jay Pi > Ricardo Marques: Um reparo: mulher, preta e pseudo-gaga. Sim, porque JKM simula gaguez.
Antonio Rodrigues: Não faço intenção de ouvir, sequer tentar perceber o que a senhora diz. E se não gaguejasse também não teria intenção. Enquanto esta fraude não for desmascarada por entidades técnico científicas isentas e idóneas o circo está montado. Para durar.
Jay Pi: JKM tem um passado de associativismo e activismo onde mobilizou grupos de gentes com base na sua eloquência discursiva. JKM gagueja quando quer. 
Carlinhos dos Rissóis: Infelizmente o ISCTE tornou-se - também, - numa madrassa que ensina e propaga ideologias da treta. JKM é mais uma vítima de quem a instrumentalizou e usou para finalidades pífias. Aliás, a gaguez (ou qualquer outro defeito) só é notada e valorizada, quando as pessoas que padecem dessa deficiência, nada têm de relevante e interessante para comunicar  Por exemplo, o rapaz da IL que agora se retirou da direcção, também é gago. No entanto, transmitia e acrescentava valor. Percebemos a mensagem que pretendeu transmitir, ao contrário de JKM que praticamente só destilou e destila ódio.
Aónio Eliphis: Poderia Stephen Hawkings ser parlamentar?
Carlinhos dos Rissóis  > Aónio Eliphis: A questão não é a forma, mas a substância. Parafraseando uma máxima bíblica, "pelos frutos os conhecereis". 


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