De Rui Ramos. De uma ousadia e acuidade de discurso que, denunciando
o tal partido e as intenções desse - de desfeitear a nação, pelo ódio e a
caricatura, sem pejo de se promover assim à mesma mesa dos demais - lhe abre o
jogo e desmistifica, afinal, também, o governo que o acolhe e a nação que se
acobarda. Por isso coloco os comentários dos que igualmente se rebelam,
acompanhando o articulista na sua indignação, por muito que tais explosões
possam ser denunciadas como racistas, racismo que é comum, afinal, a todos, e
muito especialmente aos que ferem pela chalaça do seu desprezo e do seu veneno
mortífero, no desrespeito e ingratidão, tal o ofídio enregelado pelo frio, que
o camponês apiedado aqueceu no seu bolso e que, assim que ganhou forças, o
picou na mão…
1 - Partidos
desesperados para dar nas vistas /premium
A extrema-esquerda vota orçamentos de
Estado aprovados em Bruxelas e acha os pobres racistas. Não fossem as saias e o
ódio à bandeira, como se distinguiriam esses deputados de um qualquer
socialista?
RUI RAMOS
OBSERVADOR, 29 out 2019
Uma
das maiores partidas que Salazar pregou às esquerdas foi não se ter deixado
sepultar no Mosteiro dos Jerónimos. Imaginem a alegria que agora teriam as
esquerdas, se pudessem dividir o país, como fizeram os seus correligionários do
outro lado da fronteira, com a profanação do túmulo do general Franco. Em vez disso, resta-lhes pôr saias nos assessores
nascidos com o sexo masculino (é assim que se deve dizer?), e esperar que dê
fotos na imprensa e comentários nas redes sociais. Para além
das saias, há a bandeira da República Portuguesa. Em 1910, para marcar a ruptura de regime, os
antepassados carbonários da extrema-esquerda insistiram numa nova bandeira, com
as cores da revolução. E é essa mesma bandeira que o esquerdismo, depois de
a ter imposto ao país, agora acha “imperialista”, pelo menos na opinião dos fãs da deputada do Livre.
Em
1910, os revolucionários mudaram as cores da bandeira e eliminaram a coroa. No
entanto, mantiveram as armas nacionais e adicionaram-lhes a esfera armilar. A
ideia era ainda anexar a história que a bandeira contava. A extrema-esquerda de
hoje, porém, não gosta dessa história. Todo o passado português lhe parece
criminoso. Gostaria, por isso, de o apagar. Nada disto, aliás, é muito original. Decorre, de
maneira muito pedestre, da colonização das universidades portuguesas pelo
radicalismo académico americano.
Pensarão:
mas não é isto um erro, que só pode hostilizar e ser estranhado pela maioria
dos portugueses? Não é, porque esta extrema-esquerda não
aspira a persuadir maiorias. O que lhe importa são umas dezenas de milhares de
votos, sobretudo em Lisboa, que lhe sirvam para aceder aos subsídios do Estado. Esta, de resto, já não é a extrema-esquerda do
COPCON, mas de António Costa, isto é, mais um alicerce do domínio do PS. Vota
orçamentos de Estado aprovados em Bruxelas e acha os pobres racistas. Não
fossem as saias e o ódio à bandeira, como se distinguiria um deputado de
extrema-esquerda de um qualquer deputado socialista?
No
outro extremo, a vida parece mais fácil. Bem sei que é costume haver muitas
queixas em Portugal sobre a injustiça com que a direita é tratada (por mais
democrática, é sempre fascista; por mais filantrópica, é sempre racista). Mas quando o que interessa, como no caso do Chega, é
a fama de ruptura e de iconoclastia, essa tradicional má vontade contra a
direita é muito útil. Pensem em André Ventura. O novo deputado não precisa
de truques de indumentária nem sequer de grandes guerras simbólicas para passar
por radical e perigoso. Pelo contrário, pode até permitir-se o luxo da
moderação, como numa entrevista de ontem.
Que disse Ventura? Que se recusa a falar com a Alternativa para a Alemanha, que considera
“um partido ridículo, extremista e desumano”; que pretende ser uma muralha
contra esse tipo de extremismo em Portugal; e que quer que a deputada do Livre
tenha mais tempo para falar do que os outros, porque “nós temos de ser
tolerantes”. Eis a face hedionda do fascismo português. Eis a propostas tremendas
que fazem os porteiros do regime exigir que na Escola Prática de Cavalaria de
Santarém os Chaimites estejam de motores ligados, prontos a arrancar para
Lisboa ao primeiro sinal de que Ventura vai obrigar mais um deputado do CDS a
levantar-se. André Ventura poderia até dormir durante todas as sessões da
próxima legislatura, confiante em que os deputados seus colegas nunca se
esquecerão de o lembrar ao povo como uma opção para todos os que estiverem
frustrados com o regime. Com que inveja deve a extrema-esquerda parlamentar,
do BE e do Livre, olhar para o Chega.
COMENTÁRIOS:
O Famoso Faisão: A ideologia
já era basta olhar para o PS que só querem poleiro, basta olhar para o BE e PCP
que aprovaram todos os orçamentos de estado do PS, ou o ridículo que é olhar
para o PSD a chorar por uma migalha do PS. Não é o Chega que vai crescer é os
outro que vão perder eleitorado pois não são coerentes com o que defendem….
Isabel Martin Benito: O assessor da
Joacine fez com que o tema principal da primeira sessão parlamentar fosse a sua
indumentária. Fê-lo de forma absolutamente consciente e premeditada. E provou,
igualmente, o total vazio ideológico do Livre, que tem de recorrer ao
"estratagema" da provocação permanente (a que se soma a gaguez da
deputada...) para conseguir um "espaço" na vida política portuguesa.
Maria Emília Santos Santos: A
oportunista traidora, soberba e arrogante, a guineense que veio para o nosso
país estudar à nossa conta, receber subsídios dos nossos descontos, cospe agora
em cima de quem a acarinhou, ajudou, deu a mão e fez dela alguém, A ingratidão
tem limites, e se houvesse justiça em Portugal, ela seria devolvida ao seu país
de origem, para aí calcar aos pés a bandeira nacional do país dela. E devemos
continuar a aturá-la? Este é o nosso país, este é Portugal! Os imigrantes que
não estão bem, mudem-se! As “portas da imigração”, por graça dos esquerdistas,
estão todas abertas! O Parlamento português não é um palco de máscaras, onde
cada um se empenha em sobressair pelos excessos com que se mascara! Fora com
ela! Quem manda aqui são os portugueses, não são os imigrantes, mesmo que se tenham
nacionalizado! Esta é a nossa Nação e vai continuar a sê-lo, queiram os
invasores ou não!
Heleno Dias Maria > Emília Santos Santos: Tudo correcto. A Maria diz muito bem, mas não deve ter
qualquer ilusão de que este ser nojento seja uma excepção de qualquer tipo. Se
tem a boa sorte de não conhecer pessoalmente, só recomendo que se informe com
amigos desses países ou com pessoas que conheçam o que se passou e passa nos
países europeus que já estão mais avançados no processo de invasão
africana/muçulmana. Não há qualquer possibilidade de manter uma sociedade
civilizada e salubre com um espécime que seja de tal gente a viver entre
nós.
MCMCA Oliver Klein: Estranhamente
tem a nacionalidade portuguesa o que nos leva a perguntar como é que conseguiu
se tantos dos que vieram com a descolonização ainda hoje penam para conseguir a
cidadania com que nasceram. Portas enviesadas foram-lhe abertas pela certa e,
por isso, já que não gosta prestará um enorme serviço ao seu país de origem,
que tão necessitado de quadros está, regressando à casa que a viu nascer. Mas
lá cheira mal (a catinga) e não existem as mordomias daqui e por isso a
defensora dos oprimidos negros pôs-se a salvo. É a sina de África em que os
principais negreiros eram os próprios negros
Isabel Amorim: Rui Ramos
presta e muito bem. Demasiado claro para mentes nebulosas... até incomoda não
é?! Irrita-me profundamente constatar que demos nacionalidade portuguesa à guineense
que veio para o nosso país com 8 anos que usufruiu de tudo o que é bom
(compare-se tudo com o pais dela, porque veio para cá se é assim tão mau?) Até
tirou um curso superior e pós-graduação (com bolsa?) vem agora de papo cheio
reclamar que somos racistas? Pois a esta gente pobre e mal agradecida que não
sabe estar em sociedade recambiava-os para o país de origem obrigados a
devolver o que lhes demos (o valor real que um aluno gasta ao Estado português)
inclusive devolver o estatuto de também ser cidadã portuguesa. Não deveríamos
pois apagar todos os laços do passado como querem? Então a que propósito
teremos esta sujeitinha no presente a relembrar um passado tão asqueroso?
Manuel Ferreira: Concordo que
a animosidade que a extrema-esquerda tem contra a extrema-direita é
estratégica, preparada, propagandeada e vendida. Já a animosidade da dita
extrema-direita contra a extrema-esquerda é uma reacção natural a essa
propaganda. Uns já são filiados da extrema-esquerda, os outros correm a
filiar-se em reacção. Ver a Joacine dizer que somos todos racistas ao lado de
um homem de saias e com uma bandeira que não a portuguesa no cenário poderia
levar-me naquele instante a votar no Chega. Toma que é para aprenderem, diria! Também
creio que o Tavares – que foi deputado europeu - não esteja confortável com
esta publicidade. Possivelmente o partido está a escapar-lhe por entre os
dedos, e se não me engano muito a parceria com a Joacine pode ser uma espécie
de casados à primeira vista.
2 - A deputada que não precisa de falar /premium
O objectivo da eleição de Joacine
Katar Moreira não foi fazer entrar uma voz (como se costuma dizer) na
Assembleia da República, mas um símbolo. Ela foi proposta simplesmente como
mulher e como negra.
OBSERVADOR, 08 nov 2019
Inexplicavelmente,
a pátria decidiu preocupar-se com a deputada do Livre. Primeiro a medo, com
muitas bandeirinhas de consideração pela senhora. Depois, cada vez mais à
vontade, com uma incompreensão crescente: como é que uma pessoa com
dificuldades de fala pode dar voz às ideias e propostas de um partido, ainda
para mais numa instituição – o parlamento – destinada a debates e à respectiva
ginástica verbal? É como se o problema, não tendo ocorrido ao partido que
escolheu a candidata nem aos eleitores que votaram nela, devesse agora ser da
Assembleia da República, quando não de todos nós.
Desculpem
eu achar tudo isto de uma ingenuidade comovedora. Que uma deputada não consiga discursar nem
debater, é um problema dessa deputada, do seu partido e dos seus eleitores, mas
não é um problema do parlamento, e muito menos nosso. Ou antes: é um
problema que os outros deputados já resolveram da melhor maneira, que é fazerem
uma pausa nos seus habituais apartes e cochichos, e ficarem todos muito
calados, em sentido, a olhar fixamente em frente, enquanto a deputada gasta os
minutos da sua intervenção.
A
questão da deputada do Livre é outra: porque é que a sua
incapacidade de falar e discutir não é um problema para ela, nem para o seu
partido, nem para os seus eleitores? E a razão
por que essa incapacidade de falar e discutir não é um problema, é porque a
deputada, o partido que a elegeu e os seus eleitores não estão minimamente
interessados em falar nem em discutir.
O
objectivo da eleição de Joacine Katar Moreira não foi fazer entrar uma voz
(como se costuma dizer) na Assembleia da República, mas um
símbolo. A candidata do Livre foi
proposta aos eleitores, não como uma oradora eloquente nem como uma legisladora
competente, mas simplesmente como mulher e como negra. E a esse respeito, nunca valeu a pena explicar que
há e já tinha havido outras deputadas negras em Portugal. O Livre
precisava de dar aos seus eleitores a sensação de que iam fazer história, mesmo
que à custa da história.
Votar
na candidata do Livre, mulher e negra, era a oportunidade de o eleitor se lavar
dos pecados de uma sociedade racista e patriarcal. Foi assim que tanta gente,
em tanto lado, dizendo até discordar do posicionamento do Livre, fez questão no
entanto de fazer em público votos piedosos para que a sua candidata fosse
eleita. A dificuldade de fala da candidata era, a esse respeito, irrelevante,
quando não mais uma ocasião para o eleitor demonstrar rectidão,
escolhendo uma pessoa com deficiência física. O voto no Livre foi o equivalente de
uma penitência religiosa.
Ou
seja, a deputada do Livre, independentemente das suas capacidades e ideias, foi
eleita como um símbolo. Está na assembleia como um monumento, a lembrar as
virtudes dos que votaram nela, e os crimes dos que não votaram. Desse
ponto de vista, Joacine Katar Moreira é o membro mais eloquente do parlamento.
Nenhum outro deputado se faz compreender tão bem, nenhum outro comunica tão
claramente. Basta olhar para ela, e está tudo dito e percebido.
O Livre apostou tudo na mística e no ritual do politicamente
correcto. Por isso, é um partido que não precisa de dizer nem de propor nada.
Chega-lhe mostrar a pele da sua deputada ou as saias do seu assessor. É
significativo que a mais conhecida
iniciativa atribuída a Joacine Katar Moreira seja falsa (a substituição da
bandeira “colonialista”): como acontece a qualquer símbolo, a deputada pode ser
investida, por amigos e inimigos, dos mais variados significados. Para que
servirá, se a moda pega, um parlamento cheio de símbolos, como estátuas num
parque, é outra questão.
COMENTÁRIOS
Ricardo Marques: Sim, como
mulher, como negra e como GAGA. Esqueceste o mais importante.
Antonio Rodrigues: Não faço intenção de ouvir, sequer tentar perceber o que a senhora diz. E
se não gaguejasse também não teria intenção. Enquanto esta fraude não for desmascarada por entidades técnico científicas
isentas e idóneas o circo está montado. Para durar.
Jay Pi: JKM tem um passado de associativismo e activismo onde mobilizou grupos de
gentes com base na sua eloquência discursiva. JKM gagueja quando quer.
Carlinhos dos Rissóis: Infelizmente o ISCTE tornou-se - também, - numa madrassa que ensina e
propaga ideologias da treta. JKM é mais uma
vítima de quem a instrumentalizou e usou para finalidades pífias. Aliás, a gaguez (ou qualquer outro defeito) só é
notada e valorizada, quando as pessoas que padecem dessa deficiência, nada têm
de relevante e interessante para comunicar Por
exemplo, o rapaz da IL que agora se retirou da direcção, também é gago. No
entanto, transmitia e acrescentava valor. Percebemos
a mensagem que pretendeu transmitir, ao contrário de JKM que praticamente só
destilou e destila ódio.
Aónio Eliphis: Poderia Stephen
Hawkings ser parlamentar?
Carlinhos dos Rissóis > Aónio Eliphis: A questão
não é a forma, mas a substância. Parafraseando uma máxima bíblica, "pelos
frutos os conhecereis".
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