Vê-se que é jovem – Bernardo Sacadura - e que
segue princípios que muitos de nós, velhos, também seguimos – o de atribuir à
família o dever de formar, à escola o de instruir. Gostámos a valer do seu
texto, que corajosamente se opõe à invasão da escola pública no foro ideológico
dos alunos, que deve apenas respeitar sem intervir, desde que isso não afecte
comportamentos menos disciplinados dos alunos, tantas vezes causadores de
violências, cada vez mais do tipo bullying, talvez porque a família se
destituiu, é certo, cada vez mais do seu papel de educadora, papel que
naturalmente a Escola também é chamada a exercer, para suprir irregularidades,
com os seus meios próprios, mas estes são cada vez menos eficientes, pela destituição,
pelo próprio Estado, desse papel disciplinador da Escola. Mas não é esta a
questão, de momento, apesar da sua interligação, que se traduz em
comportamentos de choque. Respeitar o outro, qualquer que seja o seu estatuto
sexual, é o que se pretenderia numa sociedade ideal, mas sabemos que isso não
acontece. Que há sempre motivos de grosserias, que se lêem também em
comentários escritos, hoje, sobretudo, daqueles que se pretendem progressistas,
para poderem, muitas vezes, extravasar recalcamentos e ódios. Sabemos isso.
Não vimos o tal programa que refere Bernardo
Sacadura, mas calculo a violência argumentadora dos defensores
das “irregularidades” sexuais - que hoje se chamam de “ideologia de género” - e,
tal como Bernardo Sacadura, apoiamos Maria Helena Costa e o Tiago Aragão que, segundo aquele, «tiveram a coragem de enfrentar os
defensores da ideologia de género e do papel do Estado num ambiente totalmente
adverso. Estamos no meio de uma guerra cultural feroz. Bem hajam pelas lutas
que travam em nome dos nossos filhos».
Os meus filhos educo eu
A escola pública não pode ser
ideológica. O foco da escola pública deve ser a instrução dos alunos. O foco
das famílias a educação dos filhos. Alunos e filhos são conceitos completamente
diferentes.
BERNARDO SACADURA OBSERVADOR, 01 nov 2019
No dia 29/10 passou na TVI um debate
sobre a educação da ideologia de género nas escolas públicas. Este debate
deixou-me revoltado e preocupado. A facilidade como se discute a intenção do
Estado se tornar educador, se tornar “pai”, é revoltante.
Sou
pai de 4 filhos, 3 raparigas e 1 rapaz. Aos meus filhos ensino que quem nasceu
rapariga é rapariga e quem nasceu rapaz é rapaz. Que ser rapariga é diferente
de ser rapaz e que isto se materializa não apenas nos órgãos sexuais, mas
também no tipo de comportamentos que são próprios de cada um (nesta fase é a
brincar que expressam a sua personalidade, a título de exemplo não deixaria o
meu filho usar vestidos de “princesa”). Que o facto de serem raparigas ou
rapazes é uma realidade da sua substância que não é alterada por outras
realidades acidentais, tais como os seus sentimentos ou pensamentos.
A
educação dos meus filhos não se limita a isto. A educação dos filhos não é
um processo programático composto por módulos, mas sim um processo integral.
Ensinar que são raparigas ou rapazes independentemente da sua vontade não é o
mesmo que ensinar que podem tratar mal todas as pessoas que pensam de maneira
diferente. A base da educação dos meus filhos é a matriz cristã que
pressupõe o amor como ponto de partida e de chegada para tudo. Ou seja, tudo o
que fizerem na sua vida tem de ser por amor e com amor. Por isso, se algum dos
meus filhos tratar mal outro que pensa de forma diferente será recriminado,
pois aí não está o amor.
Dito
isto, a nenhum dos meus filhos será ensinado que respeitar a visão do outro
significa ter de a aceitar como uma realidade alternativa. O outro que acredita
que existem géneros, que acredita que a relação homossexual é moralmente igual
à relação heterossexual, que acredita que ter relações sexuais antes do
matrimónio é bom, deve ser respeitado e amado como pessoa, mas as suas ideias
combatidas. E isto sempre fez parte das sociedades livres.
O problema é quando o Estado, neste
caso materializado na escola pública, quer tomar o papel de educador dos meus
filhos nestas matérias.
Esta pretensão é um ataque ao meu
direito Constitucional de educar os meus filhos. Este direito é pré-existente à
Constituição e esta apenas pretende garantir que não é desrespeitado. Por isso
qualquer movimento neste sentido é um ataque à Constituição. Para além disso, o
Estado que tem como função legislar para um conjunto de indivíduos no abstracto,
não pode chamar a si a função de educar no particular. Ou seja, na maior parte dos casos, quem conhece o que
é mais conveniente para a formação dos seus filhos são os pais. Eu sei como
eles são diferentes, como as suas maturidades são diferentes e como as suas
sensibilidades são diferentes. O Estado conhece os meus filhos no abstracto. Não
sabe que um deles é tímido e obediente, e que o outro é desafiador e orgulhoso
e que por isso precisam de ser tratados de forma distinta. Para o Estado são
apenas crianças de uma determinada idade e, por princípio, iguais às restantes.
Assim, a escola pública não pode ser
ideológica. O foco da escola pública deve ser a instrução dos alunos. O foco das famílias deve ser a educação dos filhos.
Alunos e filhos são conceitos completamente diferentes. O Estado é fundamental para garantir a instrução
a todos os alunos, as famílias são fundamentais para garantir a educação dos
seus filhos. O amor, a educação para a sexualidade, a visão antropológica da
pessoa são valores que devem ser ensinados pela família.
Para
demonstrar que estas preocupações não se tratam de excesso de zelo, veja-se a
disciplina obrigatória Cidadania e Desenvolvimento que tem na sua componente de
Educação para a Sexualidade como referencial um documento
redigido pela associação rede ex aequo (denominam-se de jovens LGBTI) que
contém extraordinárias sugestões para os professores deste tipo: “Mostre à
turma filmes com personagens gays, lésbicas, ou bissexuais seguros de si ou
convide pessoas que sejam lésbicas/ gays/ bissexuais assumidos para falarem à
turma”; “Prepare uma lista de perguntas do tipo “Quem…” (por exemplo,
(…) Quem é que entraria num café para lésbicas? Quem é que iria a uma discoteca
gay?”; “Mães e pais não têm influência na orientação sexual dos seus filhos ou
filhas (…)”; “Tente integrar nas suas aulas (Matemática, História, Geografia,
Literatura, Ciências Sociais, Saúde…) exemplos de vivências homossexuais”;
“Conte a seguinte história aos seus alunos: “A Cristina é católica e muito
praticante. Simultaneamente, sente-se atraída por mulheres (…) Decidiu então
escrever anonimamente para a coluna de Perguntas & Respostas de uma
revista: Os meus pais e a Igreja a que pertenço condenam as relações lésbicas.
Mas li que, em algumas igrejas protestantes, as lésbicas podem casar. Que devo
fazer?”; “O sexo e género são conceitos distintos, distinguindo-se ambos de
orientação sexual” etc etc. Infelizmente a lista de exemplos não
tem fim. Isto é pura ideologia de género, é propaganda LGBT. Esta associação
tem um relatório onde indica ter realizado 315 sessões nas escolas entre
Janeiro 2016 e Dezembro de 2018 no âmbito do projeto
Educação LGBTI. Estão a usar as nossas escolas e os nossos filhos
para disseminar a sua visão do mundo, a sua ideologia e nós não podemos
aceitar.
Aproveito para agradecer à Maria
Helena Costa e ao Tiago Aragão que tiveram a coragem de enfrentar os defensores
da ideologia de género e do papel do Estado num ambiente totalmente adverso.
Estamos no meio de uma guerra cultural feroz. Bem hajam pelas lutas que travam
em nome dos nossos filhos.
COMENTÁRIOS:
Maria Emília Santos Santos: Temos um Governo traiçoeiro,
que opera às escondidas, porque sabe que aquilo que faz é muito mau, é
destruidor de Portugal, das crianças, das novas gerações! Um Governo que já nos
tinha atraiçoado antes, exactamente neste mesmo aspecto, e que os portugueses
já lhe disseram que não querem esse veneno satânico nas escolas para os seus
filhos, mas ele, este Governo, esteve-se nas tintas para os desejos dos
portugueses, preferindo ser fiel às fraudulentas ideologias de género, LGBTs
que visam criar gerações amorais, de seres infelizes, sem valores, sem futuro,
destinados à escravatura, incapazes de uma relação autêntica! Os corruptos
destruidores de democracias, os bilionários globalistas investem forte, só que
quem tem governos sensatos, que querem o bem do povo que governam, safa-se.
Quem não tem, como os portugueses, Terá que se revoltar com quem alguns
"cegos" elegeram. A ideologia de género conduz à
barbárie!
Ana Ferreira: Infelizmente quando os filhos
deste senhor puderem aperceber-se do pai que têm já sofreram bastante, será
esse o preciso momento em que ele começará a receber deles aquilo que merece!
Inês L: Espero que este senhor saiba
que os seus filhos (se bem educados) vão ter opiniões próprias que não serão
necessariamente um reflexo das suas. Não crie alguma aberta de mentalidade que
vai ver onde é que essa relação pai-filhos vai parar...
Carlos Ferreira: O homem é um misto de biologia, pensamento e circunstâncias, ainda que
mudem o pensamento e as circunstâncias, a parte da biologia não pode mudar;
poderá artificialmente, mas nunca na essência, é isto que deve ser ensinado a
todos. O resto não é ciência, é ideologia sociológica e politica, é engenharia
social, radical e intolerante, de pensamento único e que deve ser contestada. A
cegueira, a surdez, a bipolaridade, são diferenças que devo respeitar e
incluir, amando as pessoas portadoras, mas não podem obrigar-me a considerar
que ser cego, surdo ou bipolar é normal e positivo. Aos radicais não interessa
a biologia, apenas o que decretam como certo e apelidam de ciência. Os trans
não ficam curados depois dos procedimentos invasivos a que se sujeitam;
continuarão a ser trans pela vida fora, com o que isso tem de bom e de mau, se
por qualquer razão deixarem de se medicar a sua biologia impor-se-á e, quando
engravidam, é porque são biologicamente mulheres e querem ser mães e não pais,
interessam-lhes as denominações tradicionais que lhes dão jeito, rejeitam e
impõem aos outros as que inventam para se normalizarem. Isto é tudo muito feio
e intolerante.
Lopes Luis: O
combate já está perdido… As minorias lgbts e cia estão próximas do poder e
conseguem impor a sua religião sem que o poder tenha alguma consideração pela
maioria! A primeira lei do costa quando apanhou o poder?…O casamento
dos que…pegam de marcha atrás.
Mosava Ickx: A escola não deve deve servir para educar, mas para ensinar. Hoje, nem isso
sabe fazer!
José Paulo C
Castro Congratulo-me pelo facto de ter 4 filhos. São eles que
vão pagar a sua reforma no futuro e ainda as dos lbgt que estão a protestar. Naturalmente, só por isso, devia ter direito a impor
ao estado o seu direito a educar os seus filhos. Quanto ao custo dos lbgt na sociedade portuguesa
e no estado social, é a questão interessante... Será que pagam ou contribuem o
suficiente para o que exigem ? Uma coisa é respeito e protecção, outra é custos
acrescidos. Quem paga as aulas da ideologia errada ?
Maria Nunes: Excelente.
Paulo Monteiro: A ideologia do género a
procurar fazer o seu caminho totalitário, como é próprio de qualquer
extremismo, fazendo uso das crianças.
Carminda Damiao: 100% de acordo. O que querem
fazer às crianças é criminoso. Deixem as crianças em paz.
Isabel Brito: Completamente de acordo com o
artigo! Parabéns!
Manuel Magalhães: A escola pública ou outra não
deve nem pode ser ideológica, isso é falsear, abusar e formatar as crianças que
ainda não têm a capacidade de fazer os seus próprios juízos, se não fosse assim
não deveria haver a distinção entre adultos e crianças!
João Fernandes: Concordo consigo, mas os pais
de hoje demitiram-se da sua função de educadores por falta de tempo ou por
laxismo. A escola tem vindo a tentar substituir essa função, muitas vezes
erradamente como refere, mas outras vezes com sucesso relativamente a vários
aspectos do crescimento. O problema também reside no facto de que os pais, na
sua grande maioria, só vão à escola quando algo corre mal, falta de tempo ou
laxismo. É preciso mais diálogo com os professores. Quanto á disciplina de
cidadania, na minha modesta opinião, deveria dedicar mais tempo a ensinar
regras de civismo.
Glorioso SLB: Demasiado Opus Dei. Mas
concordo plenamente. Cm já comentei aqui, se ñ tiver dinheiro pra colocar os
meus filhos em escolas privadas q ñ tenham essas ideologias, ñ sei o q fazer.
Antonio Fonseca: "Este debate deixou-me
revoltado e preocupado." Recorra ao
ensino doméstico. Foi o que milhares de pais "revoltados e
preocupados" fizeram nos USA.
Carmo Matos: Parabéns pelo artigo! Até há pouco tempo, ser gay ou lésbica era um
estigma, agora, querem impor à maioria uma visão LGBT da sociedade.
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