De um governo constituído,
essencialmente, para se governar, na aliança a uma esquerda estupidamente
criada para destruir. Mais uma vez se prova o artificialismo das
“generosidades” com que essa esquerda “altruísta” – por inépcia e arrogância –
reduziu ao caos a Saúde Pública, ponto de
partida para o desenvolvimento da Saúde
Privada, como bem explica JMT.
OPINIÃO: A esquerda é a maior amiga da saúde privada
Só mesmo num país de gente que adora ser enganada ou enganar-se a si
própria é que a esquerda pode passar por grande amiga da saúde pública em
Portugal.
JOÃO MIGUEL TAVARES PÚBLICO, 19
de Novembro de 2019
Deve
haver pouca coisa mais deprimente do que a discussão em torno das PPP da saúde
e as profundas reflexões sobre se o SNS deve ser totalmente público e até que
ponto o sector privado se apoia no Estado para enriquecer à custa dos
portugueses. A história das PPP da saúde é a maior cortina de fumo
ideológica que existe neste país, porque se há governo que fez maravilhas pela
saúde privada e pela busca desesperada por um seguro de saúde foi o governo da
chamada “geringonça” – esse grande projecto de esquerda, tão preocupado com a
defesa do interesse público, que conseguiu o prodígio de aumentar o caos nos
hospitais e pôr tudo o que é médico e enfermeiro a fugir do SNS.
Acham
mesmo que o grupo Mello vai ficar destroçado com a perda da gestão dos Hospitais de Braga e
de Vila Franca de Xira?
Basta ver a facilidade com que se despediu de ambas. As PPP hospitalares, por
incrível que possa parecer, foram bem negociadas pelo Estado. Em Braga, a José
de Mello Saúde aproveitou as indecisões do governo para bater com a porta,
porque estava a perder dinheiro. E em relação a Vila Franca de Xira já anunciou
que abandona a gestão a 31 de Maio de 2021, apesar de lhe ter sido proposta a
extensão do contrato por mais três anos. O grupo Luz Saúde tem queixas
semelhantes em relação ao Hospital Beatriz Ângelo (PPP de Loures), garantindo
ter resultados negativos com a parceria.
Afinal,
quem precisa de se andar a chatear com hospitais em PPP e a aturar os resmungos do Bloco de Esquerda e do
Partido Comunista quando a procura por unidades privadas não pára de aumentar?
A José de Mello Saúde tem estado a
investir em grande naexpansão do Hospital CUF Descobertas, na construção da CUF
Tejo e no arranque do Hospital CUF Coimbra. O
grupo Luz Saúde acaba de inaugurar o novo Hospital da Luz e facturou 544
milhões de euros só em 2018. O grupo
Lusíadas vai pelo mesmo caminho: cresce de ano para ano e está prestes a
inaugurar um novo hospital em Braga,
provavelmente para acolher de braços abertos os utentes descontentes da
ex-PPP do grupo Mello, que até há bem pouco tempo estava no top dos melhores
hospitais nacionais.
Acreditam mesmo que este frenesim de
construção de unidades hospitalares, a pulular um pouco por todo o país, em
locais caríssimos, se explica apenas pelo envelhecimento da população
portuguesa? Ou será antes uma conjugação desse envelhecimento com o estado
absolutamente deplorável a que chegou o Sistema Nacional de Saúde, esse grande
orgulho nacional, com o qual o PS adora encher a boca, mas que à custa de
cativações (e, por amor de Deus, parem com a aldrabice de dizer que não há
cativações na Saúde), subfinanciamento crónico, condições de trabalho
deploráveis e regresso criminoso às 35 horas bateu no fundo mais fundo do poço?
Só
mesmo num país de gente que adora ser enganada ou enganar-se a si própria é que
a esquerda pode passar por grande amiga da saúde pública em Portugal. Eu, se pertencesse à família Mello, e tivesse como
única preocupação existencial o recheio da minha carteira, estaria em cada
eleição a votar religiosamente no Bloco, no PCP ou no PS, e na sua preocupação
assolapada com o monopólio público da saúde. A verdade é esta: não
há um único partido à direita que contribua mais para o bem-estar da saúde
privada em Portugal do que os partidos da esquerda – cada suspiro seu de amor
pelo SNS é mais um prego no caixão de um sistema de saúde comatoso, que vai
definhando de dia para dia.
COMENTÁRIO
OldVic1: “Só mesmo num país de gente que adora ser
enganada ou enganar-se a si própria é que a esquerda pode passar por grande
amiga da saúde pública em Portugal”: acertou no centro do alvo à primeira. Os
portugueses acreditam que não há alternativa à oligarquia que os explora e
acreditam que se essa oligarquia estiver calada tudo está bem. Com o berreiro
que ela fez na legislatura anterior por lhe terem tirado uns pontos percentuais
aos salários e pensões, muitos de nós pensaram que era o fim do mundo, de tal
modo que até aceitámos mansamente essa injustiça gritante das 35 horas no
Estado que agora está a pôr os serviços por turnos num caos crescente. Portugal
é o que nós fazemos, e deixamos fazer, dele. Temos o que merecemos.
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