O Rei da Bélgica, Alberto
I,
para impedir que as tropas alemãs invadissem a França. David Martelo conta, no seu Blog “A Bigorna”, de tanto
interesse. Enviado por João Sena.
AGOSTO DE 1914 – A INVASÃO DA BÉLGICA
A Bélgica, tendo repudiado o ultimato alemão que, também a 2 de
Agosto, exigia o direito de passagem das suas tropas a caminho do Norte da
França, preparava-se para resistir ao invasor. Nessa ocasião, Edward Grey 1 endereçou
ao embaixador britânico em Berlim, Edward Goschen, a seguinte mensagem:
«O rei dos Belgas dirigiu-se a S. M. o Rei, solicitando
uma intervenção diplomática em favor da Bélgica, nos termos seguintes:
“Recordando-me das numerosas provas de amizade de Vossa Majestade e do seu
predecessor, assim como da atitude amistosa da Inglaterra em 1870 e ainda do
testemunho que acabais de nos dar, faço um supremo apelo à intervenção
diplomática do governo de Vossa Majestade, para a salvaguarda da integridade da
Bélgica”.» 2 De nada
valeriam as diligências diplomáticas britânicas perante a premência do
desencadeamento das operações militares. No dia 3 de Agosto, claramente para
consumo interno, o governo alemão apresentou no Reichstag um documento no qual,
sob a pressão dos acontecimentos, se declarava que a Alemanha se via envolvida
numa guerra defensiva, contra uma agressão da Rússia. A omissão a qualquer
referência à França e à Grã-Bretanha decorria, naturalmente, da circunstância
de não haver, ainda, o estado de guerra com aqueles países. Entretanto, ao
findar a tarde desse mesmo dia, o embaixador germânico em Paris, Von Schoen,
apresentou-se no gabinete de Viviani 3. Ia com a missão de ler uma nota na
qual a Alemanha começava por acusar a França de actos de «hostilidade
organizada», de ataques aéreos a Nuremberga e Karlsruhe e de violação da
neutralidade belga sob a forma de voos de reconhecimento. Face a essas alegadas
violações, «o Império Alemão considerava-se em estado de guerra com a França».4 Era
evidente que a intenção do governo alemão era, por um lado, convencer o seu
povo de que a guerra resultava de uma agressão externa, e, por outro, poder
iniciar imediatamente as operações a ocidente, para tirar partido da expectável
lentidão da mobilização russa. Só essas circunstâncias podem justificar – se é
que justificam mesmo – o ter a Alemanha prescindido da vantagem moral que
poderia usufruir de ser a França a declarar-lhe guerra, como seria a sequência
lógica da aplicação da Convenção Franco-Russa. O governo francês, nessa
eventualidade, teria de passar pela provação de aparecer diante da Assembleia
Nacional para obter a anuência parlamentar para uma declaração de guerra à
Alemanha, com o único argumento de que era para cumprimento de um compromisso
com a Rússia, no seguimento de uma declaração de guerra da Alemanha à Rússia.
Custa a imaginar que um tal debate parlamentar fosse fácil para o governo de
Viviani. Assim, o primeiro-ministro francês teve, apenas, de ir ao parlamento
anunciar que a Alemanha declarara guerra à França, que ela pretendia «confiscar
as liberdades da Europa» 5 e que,
portanto, a França se via forçada, muito a contragosto, a defender-se. Não
houve debate nem perguntas. Os termos da Convenção com a Rússia não foram
sequer invocados e tão-pouco o texto do tratado foi transcrito no Livre Jaune
francês, publicado em 1914. E, se veio a ser publicado em 1918, foi porque o
governo de Paris soube que o governo revolucionário russo o iria publicar.6 Ainda na noite de 3 de Agosto, o rei Alberto
da Bélgica estava consciente da iminência da invasão do seu país. Dando mostras
de uma rara capacidade de decisão, ordenou a imediata destruição das pontes
sobre o rio Mosa, em Liège, bem como dos túneis e pontes das vias-férreas da
fronteira com o Luxemburgo. Entretanto,
em Londres, o governo britânico continuava dividido quanto à conveniência do
envolvimento numa guerra continental. Na reunião matinal de 3 de Agosto, o
primeiro-ministro Asquith começou por dizer que tinha recebido os pedidos de
resignação de quatro membros do
1 Ministro dos Negócios Estrangeiros
britânico. 2 THOMASSON, Raoul de, Le revers de 1914 et ses causes,
p. 91. 3 Primeiro-ministro da França. 4 TUCKMAN,
Barbara W., Os canhões de Agosto, p. 122. 5 DEMARTIAL, Georges, Le mythe des guerres
de légitime défense, p. 30. 6 Ibidem, p. 28. 2
governo,
por discordarem do provável abandono da neutralidade por parte do governo de
Londres. Os ministros demissionários eram Burns, Morley, Simon e Beauchamp.
Prosseguindo na sua apreciação a esta situação, afirmou Asquith: «Julgo saber,
além disso, que muitos outros membros do governo, talvez a maioria, partilham
das suas opiniões [dos demissionários], embora, presentemente, não sigam o seu
exemplo. Garantiram-me
que a maioria do nosso partido, na Câmara dos Comuns, tende a posicionar-se no
mesmo sentido. Bem, se a situação em que o país se encontra fosse normal, a
minha solução seria perfeitamente clara. Iria imediatamente ao rei e pedia-lhe
para arranjar outros ministros. Mas a situação nacional está longe de ser normal,
e não posso persuadir-me de que o outro partido é liderado por homens, ou
inclui homens, capazes de lidar com ela. Assim sendo, ocorreu-me, naturalmente,
a ideia de uma coligação. Mas
as coligações quase nunca resultaram bem na nossa história. Não posso encarar
esperançadamente esta hipótese. Vocês [ou nós] podem [podemos] formar uma
coligação parcial. De qualquer maneira, é meu dever colocar a minha [ou a]
posição perante o Conselho de Ministros.»7 Horas
depois, Asquith logrou convencer Simon e Beauchamp a manterem-se em funções,
concretizando-se, apenas, as saídas de Morley e Burns. O Memorando de
Resignação de Lorde Morley of Blackburn só foi conhecido depois da sua morte,
em 1923. Essa circunstância não impediu, naturalmente, que se conhecesse a sua
oposição à guerra, mas consentiu que se pensasse e se publicitasse que fora a
violação da neutralidade da Bélgica o motivo pelo qual a Grã-Bretanha decidira
entrar na guerra. Todo o processo que levou à demissão de Morley demonstra, no
entanto, que a sua decisão estava tomada antes desse acontecimento, porque já
se convencera de que o governo iria para a guerra por causa da França, com ou
sem violação da neutralidade belga por parte da Alemanha. Depois da reunião do Conselho de Ministros, foi a vez
de Edward Grey ir ao Parlamento apresentar aos deputados a posição do governo.
Numa longa intervenção, o ministro dos Negócios Estrangeiros dissertou sobre os
esforços que o governo desenvolvera para tentar salvar a paz e fez questão de
sublinhar que, tal como já fora anteriormente anunciado, não havia nenhum
compromisso secreto que impedisse a Câmara de decidir livremente sobre a futura
atitude da Grã-Bretanha. Depois, a pouco e pouco, foi revelando as conversações
que, desde 1906, se haviam estabelecido com o governo de Paris, no plano
político e no plano militar, salientando, designadamente, o seguinte: «A
esquadra francesa encontra-se no Mediterrâneo e, desde há alguns anos, ali foi
concentrada atendendo aos sentimentos de confiança e amizade existentes entre
os dois países. O meu sentimento vai no sentido de que se uma esquadra de uma
potência estrangeira, envolvida numa guerra com a França que esta não provocou
e em que não foi o agressor, vier para o Canal de Inglaterra e bombardear e
atacar a costa indefesa da França, não podemos pôr-nos de lado.»8 Não
havia, até este ponto do discurso, qualquer alusão à hipótese da violação da
neutralidade da Bélgica. Só mais
adiante, no seu discurso, Grey revelaria as diligências que fizera junto dos
governos de Paris e de Berlim para saber se essa neutralidade seria respeitada
e o teor das respostas que obtivera. Depois, prosseguindo na informação à
Câmara dos Comuns, Grey entrou finalmente naquela que deveria ser a parte
essencial da sua argumentação: os incomensuráveis danos geopolíticos que
poderiam resultar de uma vitória da Alemanha sobre a França e do risco que
poderiam correr as independências dos três pequenos países banhados pelo Mar do
Norte (Bélgica, Holanda e Dinamarca). O cenário de uma só grande potência a
dominar todo o oeste do Continente era algo que a GrãBretanha não poderia
aceitar. Ora, esta argumentação era tão
válida em 3 de Agosto como em qualquer dos dias das últimas duas semanas. É
evidente que o governo de Londres sabia que, nos termos do Tratado de Londres,
de 1839, não devia furtar-se à eventualidade de intervir, no caso de a Bélgica
ser invadida. A dúvida
que persistia era sobre o tipo de “intervenção” a implementar, dependendo da
extensão da violação territorial e, sobretudo, do grau de resistência oferecido
pelo Exército Belga. A invasão acabou por se consumar a 4 de Agosto,
pouco depois das oito da manhã, na localidade fronteiriça de Gemerich, a cerca
de 50 km de Liège. A força invasora, sob o comando do general Emmich,
articulava-se em 3
7
Relato
registado por Lorde Morley, conforme MORLEY, John, Memorandum on resignation,
http://tmh.floonet.net/articles/lordmorley.shtml 8 REID, Robert (The Earl
Loreburn), How war came, p. 222.
3
divisões de cavalaria, 6 brigadas de infantaria, diversa artilharia e outras
unidades de apoio. Ao
anoitecer desse dia, a cabeça dessa força atingiu o rio Mosa, próximo de Visé.
Ao ter conhecimento da invasão da Bélgica, no próprio dia 4 de Agosto, e da
determinação do rei Alberto I e do seu governo em resistir ao invasor, o
governo de Londres já não tinha como se esquivar às suas responsabilidades,
pelo que decretou a mobilização e instruiu o seu embaixador em Berlim no
sentido de apresentar ao chanceler alemão uma nota que, em boa verdade, acabava
por constituir um verdadeiro ultimato. Nesse documento, declarava-se que a Grã-Bretanha
se via obrigada «a defender a neutralidade da Bélgica e a observação do
Tratado, do qual a Alemanha era igualmente signatária»9 .
Depois, deixando espaço para um recuo das tropas invasoras, solicitava uma
resposta satisfatória até à meia-noite desse mesmo dia. No caso de essa
resposta não ser recebida, o embaixador britânico pediria o seu passaporte –
forma diplomática de anunciar uma próxima declaração de guerra. Apesar da
posição britânica ser a única que correspondia ao cumprimento dos seus
compromissos, os alemães colocaram-se no papel de ofendidos e reagiram como se
acabassem de ser vilmente atraiçoados.
O almirante Tirpitz, certamente lembrado do ultimato que,
em 1890, o governo de Londres enviara ao governo português, a propósito da
disputa pelos territórios compreendidos entre Angola e Moçambique, afirmou
mesmo que os britânicos não podiam «tratar-nos como se fôssemos Portugal».10 Ainda nessa noite de 4 de Agosto, o embaixador
britânico em Berlim, Edward Goschen, avistou-se uma última vez com o chanceler
alemão. Dessa memorável entrevista, Goschen enviou para Grey o seguinte relato:
«Encontrei o chanceler11
muito agitado. Sua Excelência começou imediatamente uma arenga que durou cerca de
20 minutos. Afirmou que o passo dado pelo governo de Sua Majestade era de certo
modo terrível, só por causa da palavra “neutralidade”, uma palavra que, em
tempo de guerra havia sido tantas vezes desprezada. Por um pedaço de papel, a
Inglaterra lança-se numa guerra contra uma nação irmã, cujo mais caro desejo é
manter com ela relações amistosas. Todos os seus esforços nessa direcção foram
tornados inúteis, conforme eu sabia, por este último e terrível passo, e a
política à qual, como eu sabia, ele se tinha devotado desde que assumira
funções, desmoronara-se como um castelo de cartas. [...] Respondi que, do mesmo modo que ele e o
Senhor Von Jagow12 pretendiam que eu compreendesse que, por razões
estratégicas, era uma questão de vida ou de morte para a Alemanha avançar
através da Bélgica e violar a sua neutralidade, também eu desejava que
compreendesse que era, por assim dizer, uma questão de “vida ou de morte” para
a honra da Grã-Bretanha que ela mantivesse o seu solene compromisso de fazer
tudo o que pudesse para defender a neutralidade da Bélgica em caso de ataque.
Esse compromisso solene tem que ser respeitado, senão, que confiança poderia
alguém ter nos compromissos assumidos pela Grã-Bretanha no futuro? O chanceler
replicou: mas a que preço esse compromisso vai ser mantido? O governo britânico
pensou nisso? Dei a entender a Sua Excelência, tão completamente quanto me foi
possível, que o receio de consequências era algo que dificilmente podia ser
visto como desculpa para quebrar um compromisso solene. Mas Sua Excelência
estava tão excitado, tão evidentemente esmagado pela notícia da nossa acção e
tão pouco disponível para ouvir a voz da razão que me abstive de atirar mais
combustível para a fogueira através de mais argumentos. Quando estava para me
retirar, disse-me que o choque de ver a Grã-Bretanha juntar-se aos inimigos da
Alemanha era tanto maior quanto era certo que, até ao último momento, ele e o
seu governo tinham trabalhado connosco e apoiado os nossos esforços para manter
a paz entre a Áustria e a Rússia. Admiti que assim sucedera e acrescentei que
isso era parte da tragédia que viu as duas nações afastarem-se uma da outra
justamente no momento em que as relações entre elas tinham vindo a ser mais
amistosas e cordiais do que haviam sido durante muitos anos.».13 Não tendo
havido, dentro do prazo estipulado, qualquer resposta de Berlim, a Grã-Bretanha
considerou-se em guerra com a Alemanha a partir da meia-noite de 4 de Agosto
(23 horas em Londres). Mesmo assim, a decisão de enviar o Corpo Expedicionário
Britânico para França só seria tomada a 6 de
9 TUCKMAN, Barbara W., Idem, p. 128. 10
Ibidem, p. 129. 11 Bethmann-Hollweg. 12 Ministro dos Negócios Estrangeiros da
Alemanha. 13 FAY, Sidney, The Origins Of The World War, Vol. II,
pp. 545-546.
Agosto. As forças terrestres
britânicas iam para a guerra sem que tivesse havido qualquer preparação séria
para o efeito. O general Mahon, responsável pela logística no Ministério da
Guerra, haveria de descrever a sua espinhosa missão nos seguintes termos:
«Providenciar a partir de nada, ou de quase nada, as prodigiosas necessidades
de um exército imenso era uma tarefa quase super-humana nas suas dificuldades.
Nenhum dos políticos que poderiam ter de colocar as forças armadas em
pé-de-guerra tinha pensado em armazenar reservas de artilharia, espingardas ou
munições em quantidades suficientes para permitir um rápido aumento de
efectivos, se tal se revelasse necessário, e foi-nos dito que eles sabiam que
seria necessário. Quando chegou a altura, não havia nada com que pudéssemos
começar. Não havia maquinaria, em muitos casos não havia matéria-prima nem
havia trabalhadores treinados para a tarefa.»14 Para completar o quadro de guerra generalizado, no
dia 5 de Agosto a Áustria-Hungria declarou a guerra à Rússia. Das
potências ligadas pela Tripla Aliança só a Itália permaneceu neutral. A
nível interno, o apoio à participação na guerra era muito reduzido. Católicos e
socialistas coincidiam nessa posição. Uma das figuras mais destacadas do
socialismo italiano, Benito Mussolini, editor do Avanti!, fora mesmo ao
ponto de ameaçar com uma revolução, no caso de o governo decidir a entrada na
guerra.15 Assim
sendo, em 1 de Agosto, o ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, marquês
de San Giuliano, informou o embaixador alemão em Roma de que, embora a Itália
se não sentisse obrigada a entrar na guerra, reservava a opção de
«subsequentemente, considerar como poderia ir em auxílio dos seus aliados,
quando e se os seus interesses forem salvaguardados por acordos prévios e
precisos».16 Esta
atitude cautelosa mereceria do embaixador austríaco em Roma, o seguinte
comentário: «Fiquei com a impressão de que era uma questão de chantagem...[...]
A Itália o que pretende é ser paga antecipadamente, tenha a guerra
características locais ou gerais.»17 Posteriormente, apesar dos termos da declaração de
guerra da Alemanha à França fazerem deste país o agressor, o governo de Roma,
liderado por António Salandra, confirmou que não entendia oportuno
envolver-se no conflito, declarando a sua neutralidade em 3 de Agosto.
Tão-pouco terá acreditado na versão alemã sobre as violações francesas, o que,
nos estritos termos do tratado, o dispensava de qualquer colaboração. O facto
de a Áustria ter sob o seu domínio o Trentino, o AltoÁdige e Trieste,
províncias com importantes percentagens de italianos, também não favorecia a
colaboração com o poderoso vizinho. De resto, o futuro dar-lhe-ia razão.
Beligerante ao lado dos Aliados, a partir de 1915, a Itália, no final da
guerra, obteria a anexação dos três territórios, aproveitando o desmembramento
do Império dos Habsburgos. Ao
iniciarem-se as operações militares, já poucos se lembravam de umas notícias
sobre a Sérvia que, nos finais de Junho, haviam feito as manchetes dos jornais.
Tudo ocorrera tão depressa, e de uma forma tão pouco visível pelo cidadão
comum, que a própria percepção do perigo como que se embotou. Só assim se
entende o teor do registo oficial britânico da batalha de Mons, travada a 23 de
Agosto de 1914, quando a invasão da Bélgica já se iniciara havia 19 dias: «O
dia 23, um domingo, amanheceu com nevoeiro e chuva, mas pelas 10 horas fez-se
um dia bonito. Tocavam os sinos e viam-se ir para a missa, com os seus fatos
domingueiros, os habitantes das aldeias junto do canal, como se a guerra fosse
uma coisa distante. Os comboios passavam para Mons, apinhados de pessoas que
ali iam passar o dia feriado, como de costume».18
David
Martelo – 2013
14 REID, Robert (The Earl Loreburn), Idem,
pp. 247-248. 15 Poucos meses volvidos, em Novembro de 1914, Mussolini
passaria a defender a participação da Itália na guerra, mas, tal como haveria
de suceder em 1915, contra o militarismo dos Impérios Centrais. 16 JOLL, James,
The Origins of the First World War, pp. 34-35. 17 Ibidem, p. 35. 18 EDMONDS,
James, History of the Great War Military Operations, p. 7
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