As da tal lei de 2016 de que trata
JMT no seu excelente
artigo, que segue normas de bom senso e racionalidade, num país que há muito se
afastou delas, como se verifica em comentários lorpas de ataque pessoal que o
devem, ao contrário do que aqueles visam, numa pobre inveja mascarada de
sensibilite demagógica, estimular a que continue a batalhar por um país menos
grotesco e de real humanidade.
OPINIÃO
A lei de 2016 ajudou a matar os cães de
Santo Tirso
Os 73 animais que morreram queimados
em Santo Tirso começaram a ser mortos no Parlamento em 2016. E todos votaram a
favor.
JOÃO MIGUEL
TAVARES
PÚBLICO, 25 de
Julho de 2020
Em
Setembro de 2018, quando entrou em vigor a proibição
de abate de animais em canis e gatis municipais, escrevi um texto
neste jornal intitulado “Abater cães e gatos é mau? Sim, mas é necessário”. O texto teve quase 5000 partilhas e mais de 160
comentários, boa parte deles muito pouco simpáticos. Tudo o que mete cães e
gatos dá origem a discussões assanhadas. Infelizmente, quando se fazem
leis baseadas apenas em sentimentos fofos, os resultados são trágicos. A maior
parte das pessoas adora cães e gatos, logo, matar cães e gatos está errado,
logo, proíba-se.
E
é assim, com este raciocínio cuja sofisticação me abstenho de classificar, que
se acaba a promover a proliferação de pardieiros como o de Santo Tirso, e
dezenas, se não centenas, de outros por esse país fora. Uns são fonte de negócios ilegais;
outros são fruto de síndromes de Noé dos proprietários; todos são autênticos
campos de concentração desses cães e desses gatos tão amados pelas classes
urbanas – que ignoram totalmente as diferenças entre o papel dos animais no
campo e na cidade, e que após consolarem as suas consciências se borrifam para
os efeitos práticos de leis absurdas (como a 27/2016) num país pobre,
subfinanciado e desorganizado como é Portugal.
Nesse
artigo, eu avisava que aquela era uma lei estúpida, que iria prejudicar os animais que era suposto
proteger, e não era preciso ser visionário para chegar a tal conclusão – bastava
ouvir a voz do bom senso de numerosos
veterinários no terreno, que alertavam para a impraticabilidade da
lei. A questão não era sentimental, mas puramente matemática.
Só em 2017, foram recolhidos 40 mil
animais. Desses, apenas 16 mil foram adoptados. Em 2018 foram recolhidos 35 mil
e adoptados 15 mil. O simples
acumular de uma diferença de tamanha dimensão – cerca de 20 mil animais por ano
– iria obviamente provocar o estouro imediato na rede de canis e gatis
municipais; iria estimular os abrigos ilegais; iria prejudicar as condições de
acolhimento dos bichos; e iria promover o surgimento de matilhas de cães errantes.
Adivinham o que é que aconteceu? Acertaram: exactamente tudo o que era óbvio
que iria acontecer.
Não
adianta considerar o abate de animais uma barbaridade se não houver forma de
implementar políticas que consigam controlar o seu abandono, que continua a
atingir números astronómicos em Portugal. Antes de mudar leis, é preciso mudar
mentalidades. Os meios de um Estado são sempre limitados e, por isso, a
conversa das vidas que não têm preço é uma farsa – têm preço as vidas das
pessoas e, por maioria de razão, têm preço a vida dos animais.
Se um cão viver em média 12 anos e se
houver 20 mil animais recolhidos que não são adoptados nem abatidos todos os
anos, isso significa que Portugal tem de encontrar abrigo para 240 mil cães e
gatos a médio prazo. Se cada um deles custar 300 euros por ano em alimentação e
saúde, são 72 milhões de euros anuais. A isso, há que somar o custo da
construção e manutenção de milhares de abrigos. Se houver 100 animais por
abrigo, são 2400 abrigos – oito por município. Pergunto: o país pode dar-se ao luxo de
gastar 100 milhões de euros por ano em canis e gatis? É que 100 milhões de
euros foi o valor com que o governo reforçou o SNS por causa da
pandemia da covid-19.
Desculpem
ser bruto, mas de boas intenções está o inferno cheio. Os 73 animais que
morreram queimados em Santo Tirso começaram a ser mortos no Parlamento em 2016.
E todos votaram a favor.
Jornalista
TÓPICOS
COMENTÁRIOS:
Tiago
Pires.241514 INICIANTE: Antes de 2016 isto não aconteceria?!
"Abrigos" assim não existiam antes da lei?! E a culpa da lei não ser
cumprida é de quem a fez ou de quem a implementa e fiscaliza? A sua frase
"Antes de mudar leis, é preciso mudar mentalidades" também se aplica
às leis contra a violência doméstica? Eu compreendo que é complicado
"opinar" todos os dias. Mas exige-se um mínimo de honestidade
intelectual a quem tem acesso a um jornal como o Público. 27.07.2020
João
Pereira INICIANTE: Como vivemos num mundo capitalista, não
sei qual o problema de resolver esta situação (animais abandonados que ninguém
quer ver, quanto mais adoptar), exportando os cães para onde os apreciam. A
China, por exemplo. Faziam algum dinheiro que podia ser investido na melhoria
das condições dos lares da terceira idade. Que se parecem com os depósitos de
animais espalhados por esse país fora. 27.07.2020
cisteina
EXPERIENTE: Estou admirado com alguns comentários e acusações a autarcas que
não cuidam de dar alojamento aos animais de quem todos, com raras excepções,
gostamos muito. E pergunto: com que dinheiros se ele não sobra, há muitos anos,
para dar uma habitação minimamente digna a tantas pessoas? E que noção de
responsabilidade têm pessoas como estou ou quem tem aqui a 100 metros um canil
clandestino, tal o latir constante dos pobres cães, fenómeno que se multiplica
por todo o país? Pessoalmente, a lei foi um favor ao PAN ... resolveu o
problema ou agravou-o? Havia condições para entrar em vigor sem o Estado fazer
o que devia? Somos um país com uma administração pública e uma AR de treta, o
costume. NB - Estou a passar férias Uns dias, se aqui habitasse já teria avisado
as autoridades. 26.07.2020
António Cunha INICIANTE: Que seríamos nós sem os
doutos conhecimentos de JMT?! Sabe tudo e tudo comenta! Uma mais valia n'O
Público! 26.07.2020
Ricardo
Laskas INICIANTE: O JMT toca no problema sério dos custos e
na questão moral da elevação de certos animais a quasi-humanos. Primeiro,
custos. Os donos destes certos animais, ou vice-versa, que paguem uma taxa
social municipal animal para manter as casas de repouso em condições. Tipo
subsídio de abandono e pensão de reforma. Até pode servir para certos
municípios depauperados de gente atraírem população. Com tanto cão e gato, loja
de animais e vets de bolso não deve ser difícil arranjar uns míseros 100
milhões. Segundo, animais como nós ... bem, só para cães e gatos, por enquanto.
Chinchilas, coelhos, cobras e lagartos, periquitos e papagaios, passarinhos
canários, peixinhos dourados, tarântulas ou jacarés esses não. Não sei pq, é um
mistério. Acho que o lobby cani-gati é tão forte que abafa os outros coitados.
25.07.2020
rafael.guerra
EXPERIENTE:No mundo civilizado os animais domésticos são vacinados e
desparasitados e os donos ocupam-se responsavelmente. Louis Schweitzer, ex-CEO
da Renault, é o presidente da Fundação para o Direito Animal (LFDA) e dá um exemplo
de humanidade. Esta fundação co-redigiu há mais de 40 anos a Declaração
Universal dos Direitos dos Animais, proclamando o lugar do ser humano no reino
animal e que os animais não deveriam ser apenas protegidos, mas também
respeitados. Esta é a única forma de restaurar o equilíbrio entre o Homem e a
natureza. Desde então, têm liderado acções contra a agricultura industrial que
ignora o bem-estar dos animais, o cativeiro de animais selvagens, a caça e
pesca recreativas, os abusos da experimentação, entre outros. Pensem como
gostariam de ser tratados por uma espécie superior. 25.07.2020
VIEIRA
MESQUITA INICIANTE: O mal não é da lei que mais não fez do
que reconhecer o direito à vida dos pobres animais, O mal foi o de alguns
senhores autarcas que embora tivessem verbas disponíveis não as utilizaram e
nada fizeram, provavelmente aguardando o regresso da lei do abate. A lei deve
ser mantida, como é evidente. 25.07.20
IZANAGI01
INICIANTE: Dos 100 milhões com quanto está disposto a entrar? É-se muito
generoso com o dinheiro dos outros 25.07.2020
rafael.guerra
EXPERIENTE: Também não perguntaram a todos os portugueses se queriam
continuar a financiar as touradas, os estádios de futebol ou emissões de
televisão inúteis, entre muitos outros mimos para os nossos bolsos. 25.07.2020
André
Silva.883057 INICIANTE: Quanto aos gatos há programas como o de
capturar, esterilizar e devolver que funcionam muito bem. Cães é para capturar
e abater se ninguém os adoptar e não têm espaço no canil. Esta lei foi uma
estupidez e ai de quem não fosse a favor , que era pior que o Estaline, Mao e
Pol pot. 25.07.2020
José
Brandão INICIANTE: Totalmente de acordo com o JMT. Mesmo
aqueles que "gostam" muito de animais enchem os jardins e os passeios
com porcaria, sem qualquer respeito pelos outros e nada se preocupam com a
possibilidade de provocarem doenças às crianças que neles brincam. As correntes
ideológicas "animalescas" são do mais irracional e mais perigoso que
existe hoje em dia na sociedade. 25.07.2020
rosab
EXPERIENTE: Tenha juízo e informe-se melhor antes de debitar
"dessas" na cxa de comentários. O que o preocupa tanto? A selvajaria
e porcaria que inunda os crânios de alguns donos de animais de companhia,
deixando-os em liberdade total para largarem os seu dejectos onde calha e
depois não os recolhem, ou os animais que...não encontram placas
sinalizadoras:- "aqui, sim". As correntes ideológicas "anti-animalescas"
é que são perigosas e selvagens na nossa sociedade. Já vi esse filme, e achei-o
miserável. Esterilizem os animais de companhia, mas isso não, credo!! isso é
desperdiçar dinheiro para, por exemplo, colocar jantes todas modernaças e
brilhantes no pópó da moda. Que Saco!! 25.07.2020
rafael.guerra
EXPERIENTE: As correntes fascistas-comunistas-islamistas seguiriam correntes
racionais? Os pedófilos e violadores também? Os poluidores e exterminadores das
espécies deste planeta que correm atrás do lucro fácil também ainda? Se sim,
prefiro a irracionalidade mas grande gentileza do meu cão. 25.07.2020
Completamente de acordo com o artigo em apreço. Mas animais são
só cães e gatos? Então as vacas e os bois dos bons bifes são mortos diariamente?
As galinhas, os patos, os cabritos, etc,etc não são chacinados igualmente? É
claro que os cães está estipulado que são para lhes chamarem
"Vicente" "Oscar" ,etc. e quando não os querem são
descartáveis. Uma sociedade hipócrita e doente que substitui os filhos por cães
e gatos, porque dão menos trabalho e quando dão mais, ninguém nota e vão para a
via pública. "Os animais são todos iguais, mas há uns mais iguais que
outros"! Parabéns pela lucidez e pertinência do artigo! 25.07.2020
Monteiro
Monteiro INICIANTE: Concordo plenamente com o JMT. A
acrescentar a isso há a referir o facto de haver pessoas que são muito sensíveis
com o sofrimento dos animais mas pouco ou nada se importam com o sofrimento
humano. 25.07.2020
rafael.guerra
EXPERIENTE O ser humano é um animal. Quando formos visitados por uma
espécie superior, esperemos que eles possuam princípios morais superiores aos
mamíferos da sua espécie. 25.07.2020
Janus
INICIANTE: Completamente de acordo! As hordas histéricas que agrediram quem
lhes aparecia à frente deviam adoptar os animais que se encontram nos canis e
gatis. Depois há outros que gostam tanto de animais que depois os abandonam
quando vão de férias ou se fartam deles, como se fossem objectos de usar e
deitar fora. São estes hipócritas supostamente defensores de animais que como
matilhas têm estes comportamentos. Uma vergonha, esta sociedade está doente! 25.07.2020
joorge
INICIANTE: Deveriam preocupar-se era com a saúde pública. Vão, por exemplo,
a Telheiras ver a autêntica nojeira em que se transformaram todos os pequenos
espaços verdes que por lá há. É só fezes de cãozinhos muito queridos,
ternamente amados pelas mamãs e pelos papás. As crianças que respirem aquilo...
mas que lhes interessa? Eles até gostam mais de animais que de humanos.
25.07.2020
ofélia
Lopes INICIANTE: NA verdade, a falta de educação e CIVISMO
ameaça esta sociedade portuguesa. Em França, também os passeios des
Champs-Elysées e outros eram brindados com dejectos de cães diversos,
reclamações mil até que se instituiu multas para os prevaricadores e as coisas
melhoraram substancialmente. Porque não se faz por cá? Já que copiamos tudo,
urge copiar esta. 25.07.2020
joane
hou EXPERIENTE: Acho incrível a quantidade de pessoas que
comentam os artigos deste moçoilo da direita religiosa, homofóbico (gritou aqui
bem alto, "eu hoje sou homofóbico" depois de meter o rabinho entre as
pernas quando confrontado por um homossexual acerca das bacoradas que tinha
andado a dizer, assumiu-se e aposto arrependeu-se de o fazer aqui, lol) que
nada de jeito diz para além de não conhecer as leis... Quer protagonismo e
irritar as pessoas e parece que até consegue alguma atenção embora meta-me pena
quando o vejo, daí não gostar e não ter vontade de o achincalhar... Que
continue por aqui com a sua demagogia de padreco ressabiado por muitos anos...
25.07.2020
Rita_Laranjeira
INICIANTE: O joane hou arrotou uma seríe de ataques ad hominem. Só se
esqueceu de rebater qualquer um dos argumentos de JMT... 26.07.2020
mário
borges INFLUENTE: Algum dia tinha de acontecer.
Inteiramente de acordo com o JMT. E mais. Os animalistas começam a ser um
problema para a humanidade. As cidades estão literalmente a ser invadidas por
cães e gatos e com a agravante da vastíssima maioria de donos (ou papás e mamãs
como eles se auto intitulam) nem sequer saberem fazer um cão não ladrar. Acho
que 95% dos donos de cães nem sabem que não é sequer suposto um cão ladrar. E
depois não nos venham dizer que os donos de cães limpam os dejectos dos
animais. É só olhar para os jardins e parques e há quase sempre prendas
castanhas à vista de todos. Para se ter animais devia de se ter licença e
seguro. Se assim fosse a grande maioria nunca teria animais porque não querem
nenhum tipo de responsabilidade legal sobre eles. 25.07.2020
Pedro Ribeiro INICIANTE: Foram os animalistas que provocaram esta
pandemia?! Foi precisamente o desrespeito pela vida animal que causou toda esta
problemática do Covid-19. Tenha noção! 25.07.2020
João Cunha INICIANTE: É óbvio, mas talvez por
isso mesmo, é importante que seja dito e redito. Apoiado!
Rita_Laranjeira
INICIANTE: Certíssimo, JMT. A lei de 2016 foi uma aberração reveladora da
decrescente qualidade dos nossos deputados. 25.07.2020
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