Ao menos, que nos valha Amália, para disfarçar:
Zanguei-me Com Meu Amor
Zanguei-me
com meu amor
Não o vi em todo o dia
À noite cantei melhor
O fado da mouraria!
Não o vi em todo o dia
À noite cantei melhor
O fado da mouraria!
O sopro duma
saudade
Vinha beijar-me, hora a hora
Pra ficar mais à vontade
Mandei a saudade embora!
Vinha beijar-me, hora a hora
Pra ficar mais à vontade
Mandei a saudade embora!
De manhã,
arrependida
Lembrei-o e pus-me a chorar
Quem perde o amor na vida
Jamais devia cantar!
Lembrei-o e pus-me a chorar
Quem perde o amor na vida
Jamais devia cantar!
Quando
regressou ao ninho
Ele que mal assobia
Vinha a assobiar baixinho
O fado da Mouraria!
Ele que mal assobia
Vinha a assobiar baixinho
O fado da Mouraria!
Crónica anunciada dos próximos meses /premium
Salazar e salazaristas em cada
esquina. A direita que se tornou oposição de si mesma reduzida à contabilidade
dos votos que o Chega pode conseguir. E Marcelo a dizer coisas.
HELENA RAMOS, Colunista
do Observador
OBSERVADOR, 26 jul
2020
Salazar
e salazaristas em cada esquina. Meio século depois de ter morrido, Salazar vai
estar mais vivo do que nunca. O regime precisa da ficção de um perigo
salazarista pois o anti-salazarismo tornou-se a definição possível para o que
somos e que não é bem aquilo que imaginámos vir a ser. Sem outro
projecto que não seja o viver à conta alheia, as esquerdas ressuscitam o
passado para que não nos interroguemos sobre o presente.
Felizmente
para si mesmo (e para nós) Salazar teve o bom senso (e também o imenso orgulho
dos que optam por se manter pobres) de se fazer enterrar numa campa rasa no
cemitério da sua terra, caso contrário acabaria exumado como Franco que, ironia das ironias, teve Sánchez e
Iglesias a garantirem-lhe um funeral transmitido em directo pela televisão pública
espanhola (a mesma televisão que meses depois fez uma cobertura rudimentar da
missa em memória das vítimas do Covid.)
A
direita que se tornou oposição de si mesma vai andar entretida a fazer contas
de somar e diminuir em torno dos votos que o Chega pode conseguir. A direita que se tornou oposição de si mesma
é a herdeira daquela que em 2015 defendia a tese da vacina: não valia a pena a
luta ideológica – garantiam – bastava que a esquerda governasse, mais a mais
governando com a extrema-esquerda como era o caso, e as pessoas logo
perceberiam a superioridade das outras opções. Ficavam vacinados!
Foi
quase com exasperação que esta boa gente viveu a tomada de posse do governo de
Passos Coelho, a 30 de Outubro de 2015. E não apenas porque muitos deles não gostavam
de Passos Coelho mas sobretudo porque os incomodava aquele exercício de poder,
aquela afirmação de legitimidade. Para mais a esquerda não escondia a
impaciência e fulanizava a sua ira na figura de Cavaco Silva: o deputado
socialista Tiago Barbosa Ribeiro chamava-lhe gangster. O então candidato
presidencial do PCP, Edgar Silva, optava pelo termo múmia: “Há uma múmia
em Belém que não tem coração para atender o povo”. Já Catarina Martins
preferia a expressão “líder de seita”. Para quê irritar esta gente?
Entre
aquilo que se designa como sociedade civil havia quase que um incómodo com o
que lhes parecia ser uma obstinação do então PR. Como explicava o presidente da Confederação Empresarial de Portugal, António Saraiva, o
Presidente da República pode “prejudicar o ambiente político-partidário” e o
“quadro de diálogo de estabilidade”. (São assim muitos empresários
portugueses: gostam de quem mande e de ganhar sem arriscar e por isso muito
acertadamente preferem os governos socialistas)
A
10 de Novembro, o governo de Passos Coelho caía no parlamento. Dezassete dias
depois António Costa tornava-se primeiro-ministro: “E o palácio encheu-se de
gente normal” – titulava o Público numa reportagem que simboliza o início do
estado de exaltação colaborante do progressismo mediático nacional com o governo
de António Costa. A 11 de Novembro a direita das vacinas deve ter começado
a perceber que não ia passar a ser amada simplesmente por ter sido arredada do
poder. Mas logo se agarrou a outro mantra: nunca era o momento adequado para se
fazer oposição. Em 2020, essa estratégia revelou-se na magnitude dos seus
resultados: a principal preocupação de quem lidera o PSD deixou de ser fazer
oposição ao PS mas sim contar os votos que o Chega pode ter. O caso
seria anedótico não fosse o tacticismo fútil de Marcelo e o autismo de Rui Rio
terem destruído o centro direita como o havíamos conhecido.
Quanto
às vacinas
comprovadamente em política elas não funcionam: aqui estamos cinco anos
depois, aceitando o que antes nos indignava; normalizando o que era
escândalo… A única preocupação é saber se os holandeses deixam vir o
dinheiro. E claro, os votos que o Ventura vai ter.
Marcelo
diz. Aqueles que nas sondagens dizem aprovar Marcelo vão sair de casa para
votar nele? A esta pergunta Marcelo procura responder falando, falando e
falando. Todos os dias Marcelo diz qualquer coisa. Só neste mês de Julho
tivemos afirmações tão atolambadas quanto “O Presidente da República,
Marcelo Rebelo de Sousa, disse que a solução encontrada para a TAP foi
apenas a que sobrou, entre as restantes” ou “Marcelo diz que Portugal já
apoiou Reino Unido no passado “(…) Quando se está em baixo precisa-se dos
outros. Quando se está no alto – ou quando se pensa que se está no alto – às
vezes esquecem-se os outros“. Marcelo diz uma coisa e o seu contrário sobre
todo e qualquer assunto, as mais das vezes sem saber o que está dizer: “Marcelo
diz que medidas de combate à Covid-19 têm de ser agora específicas e “de
pormenor” ou “Marcelo diz que parecer que arrasa plano de investimentos “é sobre o
passado“ … Há mais dizeres de Marcelo neste mês mas há limites para
a minha capacidade de transcrição! Marcelo acredita que se disser
constantemente algo, os eleitores vão depositar o voto com a cruz no seu nome,
tal como os telespectadores carregavam na tecla do comando da televisão que
correspondia ao canal em que ele surgia. Creio que há a forte possibilidade
de não ser assim porque não existem eleitores de sofá nem de selfie: para votar
há que fazer um esforço. E quem está disposto a esforçar-se por Marcelo?
PS. Vamos lá
ver se nos entendemos: em Marrocos, candidatos a migrantes pagam a passadores e
estes fazem-nos desembarcar no Algarve. Mas não existe uma rota de migração segundo
o Governo. Sim, uma
rota de migração é precisamente o que acontece no Algarve: candidatos a
migrantes pagam a passadores e estes fazem-nos desembarcar num determinado
ponto após fazerem um determinado trajecto. Mas não estamos perante uma rota de migração: o ministro da Administração
Interna até acha ridículo dizer-se tal coisa. Ou seja é uma rota
de migração mas não se pode dizer que é uma rota de migração.
COMENTÁRIOS
Margarida Couceiro: Óptimo texto. Realmente vai ser só rir quando se chegar ao momento de
efectivamente contar os votinhos das pessoas reais, que, vivendo na pobreza ou
no limiar da indigência, têm ainda que sofrer diariamente o aviltamento do
roubo e da corrupção xuxa-maçónica, da doutrinação acéfala da corrupta e
analfabeta comunicação social, do fascismo dos ganzados-homossexualistas do
esterqueiro de esquerda e da parasitagem criminosa da selvajaria que tal lixo
importou para este país. Quando se vir que, afinal, fazer "sondagens"
de propaganda com seiscentos parasitas do sistema corrupto não tem o condão de
alterar a realidade das coisas, vai ser uma risota!!! Já estou a ver o panfleto
comunista dos azevedo e o resto dos corruptos "jornalistas" a
discorrer e tecer loas ao grandioso pote de unto, que se mantém dono do tacho
!!! ignorando a realidade que se move à frente do seu nariz !!! Quanto ao
admiravelmente burro Rio e à sua destruição do espaço político não
social-fascista, só me surpreende mesmo é os néscios que nem tão-pouco realizam
ou estão ao corrente que o mesmo é escolha directa do catavento-fala-barato que
conspurca a presidência, precisamente por ser quem melhor serve os interesses
da sua egoísta e doentia egomania. Esse afilhado do Caetano, e herdeiro da sua
cátedra, sem produção de qualquer trabalho científico que o justifique ao longo
de toda uma vida, não olha a quaisquer meios para atingir os seus interesses de
vaidade pessoal. É o responsável último pela aniquilação da liberdade e da
democracia no nosso país e pela corrupção que define a ditadura xuxa-maçónica.
Não se compreende mesmo como alguém não social-fascista admita sequer a
possibilidade de voltar a votar em tal criatura, que só pode repugnar qualquer
pessoa de bem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário