quinta-feira, 30 de julho de 2020

Comentários ao texto de Salles da Fonseca EFEMÉRIDE de 28/7/20


Em Evocações, neste blog.
 Salazar foi responsável por ter erguido a nação. Não podemos deixar de responsabilizar aação no seu comportamento acomodado a todos os ventos, que prefere acusar a agir, com direiteza e clareza, num esforço próprio que não seja o no seu próprio proveito, insensível a valores de justiça e de razão.

Os COMENTÁRIOS
Francisco G. de Amorim 28.07.2020: E quem nos vai agora salvar do comunismo, do fascismo disfarçados de PSs, PCs e outros, e nos vai livrar da bancarrota?
Adriano Lima 29.07.2020: Caro Senhor, penso ter-lhe respondido com o meu comentário, em duas partes, que o distinto proprietário deste magnífico blogue teve a gentileza de aceitar e publicar, fazendo jus à sua tolerância democrática para com a pluralidade de opiniões.
Anónimo 28.07.2020: Quando hoje de manhã liguei o telemóvel à internet e vi uma mensagem tua intitulada “nova efeméride”, disse para comigo. lá está o Henrique a referir-se ao início da Grande Guerra. Mas não, era sobre a morte de Salazar. Não quero fugir à dificuldade e começo por fazer uma declaração de interesses (como agora se diz): fui criado num ambiente oposicionista e sempre o fui também, mas apenas em pensamento, pois a coragem, ou falta dela, não me permitiu ir mais longe. Quando Salazar morreu, eu estava em Portugal de férias da Região Militar de Moçambique, para onde tu irias passado pouco tempo. que tinha equilibrado as finanças públicas e que tinha salvo Portugal da 2ª guerra mundial.
Como ensinaram os nossos professores de História, é necessário, para uma correcta interpretação dos factos históricos, que estes sejam decantados pelo tempo. E no caso de Salazar, temos que aguardar algum tempo mais. Mas os historiadores, mesmo os conceituados, atrevem-se e apresentar livros de História que vão até aos nossos dias. Por exemplo, os 18 volumes de História de Portugal, de Veríssimo Serrão, vão até 1968, e os 8, sob a Direcção de José Mattoso, alcançam 1985.
Sem dúvida que foi a monumental biografia de Salazar de autoria de Franco Nogueira a primeira a permitir uma análise aprofundada do seu regime, particularmente da Bernardo Futscher Pereira. Como se sabe, ao notável jogo de cintura revelado
Deixo para final o teu primeiro item – Foi Salazar ou o seu regime, fascista? Não dou resposta, nem tenho qualificação para tal, e confesso que ainda hoje me sinto baralhado com as definições (porque foram várias) que o querido Mestre Francisco Pereira Moura deu de fascismo. Não adianta também consultar alguns livros de História ou sobre esse período histórico, pois podem reflectir (reflectem, muito provavelmente) a ideologia dos seus autoresJaime Nogueira Pinto diz que não era e Fernando Rosas dirá que era. Aconselho os teus leitores a consultarem uma serena Filipe Ribeiro de Menezes, em que ele faz essa discussão, ao longo de várias páginas, Vasco Pulido Valente também é dessa opinião. Talvez mais isentos sejam historiadores estrangeiros, mau grado a sua ideologia que também a terão. Pelo que me foi dado ler, Ian Kershaw também não perfilha a tese que era fascista, realçando que o estadista repudiou a dependência de um movimento de massas fascista e reprimiu os nacionais-sindicalistas – os camisas azuis de Rolão Preto -, bem como rejeitou um culto de personalidade. Por outro lado, possivelmente um dos maiores historiadores do nosso tempo, já falecido, marxista, anti estalinista, e membro do partido comunista inglês até à sua morte – Eric Hobsbawna História julgará. Aguardemos umas décadas mais (quem puder…). Grande abraço. Carlos Traguelho
Henrique Salles da Fonseca Gostei muito do seu artigo sobre o Salazar. Homem Cristo Prazeres da Costa (Goa . Índia).
Anónimo 29.07.2020: Obrigada Henrique. Muito esclarecedor. Como sempre.
Adriano Lima 29.07.2020:  Dir-se-á que 50 anos não constituem ainda tempo suficiente para os historiadores “fazerem história” sobre Salazar. Terão de desaparecer as gerações e seus descendentes mais próximos que dele guardam memória viva, boa ou má.
Alguns já disseram que Salazar era um “
Bem, trago à colação uma afirmação da Dr.ª Manuela Ferreira Leite
Que nome se dá a isso? O leque classificativo pode ser mais ou menos amplo, mas uma coisa é verdade: a democracia é suprimida para ser substituída por um regime autocrático. O problema é não se poder prever o que virá a seguir.
Para Manuela Ferreira Leite, na sua congeminação profética, seríamos compensados por reformas que nos tirariam dauma vez por todas da cepa torta. Será?
(Continua)
Adriano Lima 29.07.2020:  (Continuação do meu comentário): Bem, Salazar conseguiu empreender essas profundas e benéficas reformas ao longo do seu magistério e do do delfim que se lhe seguiu no poder? Como assim se Portugal, no fim da “longa noite fascista” (expressão cara aos comunistas) era o país europeu em patamar mais baixo ao nível do IDH, ao lado de países como a Albânia? Analfabetismo, cuidados de saúde, mortalidade infantil, subdesenvolvimento?! A este respeito, acho de lapidar interesse citar o testemunho do John Mortimore, que treinou o Benfica por duas vezes. A primeira vez foi em 1976 e a segunda foi em 1985. Ora, Mortimore, quando, em 1985, regressou a Portugal, afirmou numa entrevista dada ao jornal A Bola: “Mortimore se referia ao país de Salazar que encontrou em 1976, e ao país da democracia que encontrou em 1985.
Salazar meteu nos estribos as contas públicas? É um facto, mas ficou estagnado como estadista, revelando-se um político de visão mesquinha e circunscrito ao seu reduto. Incapaz de ler a história do mundo e acertar o passo com o seu evoluir.
Salazar foi um diplomático hábil que nos livrou da II Guerra Mundial? Certamente, mas numa visão congelada e restrita, merecendo críticas por parte do embaixador Arminho Monteiro, em Londres, que o aconselhava a um outro alinhamento estratégico e, sobretudo, a inspirar-se numa democracia como a inglesa.
Salazar foi um homem incorrupto e exemplar na sua conduta pessoal? É evidente, mas fechou os olhos aos desvios e vícios da oligarquia e monopólios económicos, ciente de que o seu poder assentava em deixá-los seguir prosaicamente as suas vidas. E foi isso que inquinou e travou qualquer ideia ou projecto reformista de grande alcance para o país.
O ser enterrado pobre e modestamente numa campa rasa é visto como paradigma de excelsas virtudes cívicas. Errado, pois o país precisaria era de recordar um estadista que ousou abrir e lavrar o caminho para o futuro.


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