Em Evocações, neste blog.
Salazar foi responsável por ter
erguido a nação. Não podemos deixar de responsabilizar aação no seu
comportamento acomodado a todos os ventos, que prefere acusar a agir, com
direiteza e clareza, num esforço próprio que não seja o no seu próprio proveito,
insensível a valores de justiça e de razão.
Os COMENTÁRIOS
Francisco G. de
Amorim 28.07.2020: E quem nos vai agora salvar do comunismo,
do fascismo disfarçados de PSs, PCs e outros, e nos vai livrar da bancarrota?
Adriano Lima 29.07.2020: Caro Senhor,
penso ter-lhe respondido com o meu comentário, em duas partes, que o distinto
proprietário deste magnífico blogue teve a gentileza de aceitar e publicar,
fazendo jus à sua tolerância democrática para com a pluralidade de opiniões.
Anónimo 28.07.2020: Quando hoje de
manhã liguei o telemóvel à internet e vi uma mensagem tua intitulada “nova efeméride”,
disse para comigo. lá está o Henrique a referir-se ao início da Grande Guerra.
Mas não, era sobre a morte de
Salazar. Não quero
fugir à dificuldade e começo por fazer uma declaração de interesses (como agora
se diz): fui criado num ambiente oposicionista e sempre o fui também, mas
apenas em pensamento, pois a coragem, ou falta dela, não me permitiu ir mais
longe. Quando Salazar morreu, eu estava em Portugal de férias da Região Militar
de Moçambique, para onde tu irias passado pouco tempo. que
tinha equilibrado as finanças públicas e que tinha salvo Portugal da 2ª guerra
mundial.
Como
ensinaram os nossos professores de História, é necessário, para uma correcta
interpretação dos factos históricos, que estes sejam decantados pelo tempo. E
no caso de Salazar, temos que aguardar algum tempo mais. Mas os historiadores,
mesmo os conceituados, atrevem-se e apresentar livros de História que vão até
aos nossos dias. Por exemplo, os 18 volumes de História
de Portugal, de Veríssimo Serrão, vão até 1968, e os 8, sob a Direcção de José
Mattoso, alcançam 1985.
Sem
dúvida que foi a monumental biografia de Salazar de autoria de Franco Nogueira a primeira a permitir uma análise aprofundada do seu
regime, particularmente da Bernardo Futscher Pereira.
Como se sabe, ao notável jogo de cintura revelado
Deixo
para final o teu primeiro item – Foi Salazar ou o seu regime, fascista? Não dou resposta, nem tenho qualificação para tal, e
confesso que ainda hoje me sinto baralhado com as definições (porque foram
várias) que o querido Mestre Francisco Pereira Moura deu de
fascismo. Não adianta
também consultar alguns livros de História ou sobre esse período histórico,
pois podem reflectir (reflectem, muito provavelmente) a ideologia dos seus
autoresJaime Nogueira Pinto diz que não era e Fernando Rosas dirá que era.
Aconselho os teus leitores a consultarem uma serena Filipe Ribeiro de Menezes, em que ele
faz essa discussão, ao longo de várias páginas, Vasco Pulido Valente também é dessa opinião. Talvez mais isentos sejam historiadores
estrangeiros, mau grado a sua ideologia que também a terão. Pelo que me foi dado ler, Ian Kershaw
também não perfilha a tese que era fascista,
realçando que o estadista repudiou a dependência de um movimento de massas
fascista e reprimiu os nacionais-sindicalistas – os camisas azuis de Rolão
Preto -, bem como rejeitou um culto de personalidade. Por outro lado, possivelmente um dos maiores
historiadores do nosso tempo, já falecido, marxista, anti estalinista, e membro
do partido comunista inglês até à sua morte – Eric Hobsbawn – a História julgará.
Aguardemos umas décadas mais (quem puder…). Grande abraço. Carlos
Traguelho
Henrique Salles da
Fonseca Gostei muito do seu
artigo sobre o Salazar. Homem Cristo Prazeres da Costa (Goa .
Índia).
Anónimo
29.07.2020: Obrigada Henrique. Muito esclarecedor.
Como sempre.
Adriano Lima 29.07.2020: Dir-se-á
que 50 anos não constituem ainda tempo suficiente para os historiadores
“fazerem história” sobre Salazar. Terão de desaparecer as gerações e seus
descendentes mais próximos que dele guardam memória viva, boa ou má.
Alguns já disseram que
Salazar era um “
Bem, trago à colação
uma afirmação da Dr.ª Manuela Ferreira Leite
Que nome se dá a isso?
O leque classificativo pode ser mais ou menos amplo, mas uma coisa é verdade: a democracia é suprimida para ser substituída por um
regime autocrático. O problema é não se poder prever o que virá a seguir.
Para Manuela Ferreira
Leite, na sua congeminação profética, seríamos compensados por reformas que nos
tirariam dauma vez por todas da cepa torta. Será?
(Continua)
Adriano Lima 29.07.2020: (Continuação do meu comentário): Bem, Salazar conseguiu
empreender essas profundas e benéficas reformas ao longo do seu magistério e do
do delfim que se lhe seguiu no poder? Como assim se Portugal, no fim da “longa noite
fascista” (expressão cara aos comunistas) era o país europeu em patamar mais baixo
ao nível do IDH, ao lado de países como a Albânia? Analfabetismo, cuidados de
saúde, mortalidade infantil, subdesenvolvimento?! A
este respeito, acho de lapidar interesse citar o testemunho do John Mortimore, que treinou o Benfica
por duas vezes. A primeira vez foi em 1976 e a segunda foi em 1985.
Ora, Mortimore, quando, em 1985, regressou a Portugal, afirmou numa entrevista
dada ao jornal A Bola: “Mortimore se referia ao país de
Salazar que encontrou em 1976, e ao país da democracia que encontrou em 1985.
Salazar meteu nos estribos as contas públicas? É um facto, mas ficou estagnado como estadista, revelando-se um político de visão mesquinha e circunscrito ao seu reduto. Incapaz de ler a história do mundo e acertar o passo com o seu evoluir.
Salazar meteu nos estribos as contas públicas? É um facto, mas ficou estagnado como estadista, revelando-se um político de visão mesquinha e circunscrito ao seu reduto. Incapaz de ler a história do mundo e acertar o passo com o seu evoluir.
Salazar foi um diplomático hábil que nos livrou da II
Guerra Mundial? Certamente, mas numa visão congelada e restrita, merecendo
críticas por parte do embaixador Arminho Monteiro, em Londres, que o
aconselhava a um outro alinhamento estratégico e, sobretudo, a inspirar-se numa
democracia como a inglesa.
Salazar foi um homem
incorrupto e exemplar na sua conduta pessoal? É evidente, mas
fechou os olhos aos desvios e vícios da oligarquia e monopólios económicos,
ciente de que o seu poder assentava em deixá-los seguir prosaicamente as suas
vidas. E foi isso que inquinou e travou qualquer ideia ou projecto reformista
de grande alcance para o país.
O ser enterrado pobre e
modestamente numa campa rasa é visto como paradigma de excelsas virtudes
cívicas. Errado, pois o país precisaria era de
recordar um estadista que ousou abrir e lavrar o caminho para o futuro.
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