Também em Lourenço Marques havia a Av.
24 de Julho, enorme, creio que a maior da cidade, que levava ao Hospital Miguel Bombarda, e onde,
muitas vezes, íamos apanhar o machimbombo para o liceu. Nunca me dei ao cuidado
de procurar o motivo do nome, embora tenha vivido na 5 de Outubro que, essa, era uma data decente para se
fixar, vivendo nós já na República. Julgo que, em leituras posteriores à
meninice, cheguei a ler sobre a guerra civil entre liberais e absolutistas, mas
escapou-me a data, no aéreo dos registos, que se fixaram nas generalidades da
dureza e traições frequentes, que “Mário” de Silva Gaio, das minhas leituras
adolescentes, confirmaria com repúdio. Agradeço, pois, ao Dr. Salles o ter decifrado esse lapso e a Carlos Traguelho o ter lembrado José Matoso, por onde estudávamos, em versão reduzida,
mas suficiente para podermos trazer Saldanha, Teles Jordão e até Napier, além da
Convenção de Évora-Monte aos escaninhos da memória gasta. – 24 de Julho de 1833.
HENRIQUE SALLES DA
FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 24.7.
20
24 DE JULHO
DE 1833
Vindas
dos Açores e desembarcadas no Mindelo, as forças liberais entrincheiraram-se no
Porto dando os miguelistas início ao duro e prolongado Cerco da cidade. Mas,
conseguindo furar o bloqueio naval da barra do Douro, uma frota liberal fez-se
ao mar e seguiu até ao Algarve onde defrontou uma esquadra miguelista que
rapidamente se entregou.
FOTO: Batalha Naval no Cabo de S. Vicente,
5 de Julho de 1833
24 DE JULHO DE 1833
Feitas as pazes localmente, as forças liberais e
miguelistas uniram-se em Cacela
(hoje, Cacela Velha) sob o comando do Marechal Duque da Terceira que rumou a Lisboa não mais pelo mar mas sim por terra ludibriando o
bloqueio que os miguelistas faziam da barra do Tejo.
Chegados a Cacilhas, atravessaram o Tejo em todos os barcos,
pequenos e grandes, que encontraram e desembarcaram em Lisboa no dia 24 de
Julho tomando a cidade que se entregou sem resistência.
COMENTÁRIOS:
Anónimo 24.07.2020: Henrique,
permite-me que em meia dúzia de linhas acompanhe a saudação ao 24 de julho,
data da História de Portugal que primeiro fixei, em virtude de morar, quando
criança, próximo da enorme (então, para mim) Avenida com esse nome,
que bordejava dois locais de extrema importância para o teu amigo – o jardim
(Praça D. Luís) onde eu brincava sob o olhar da estátua do Marquês
Sá de Bandeira e a Praça da Ribeira, adjacente, onde ia às compras com a minha Mãe e que Leitão
de Barros, na década de 60, nas suas saborosas e saudosas
crónicas publicadas no “Diário de Notícias” com o nome “Corvos”, haveria de
chamar, atendendo à cúpula do Mercado, a “Mesquita Aqui-Há-Nabo”.
À
tua excelente síntese, junto dois aspectos que respiguei de uma ou de outra
fonte, mormente, da colossal História de Portugal, dirigida por José
Mattoso.
O Comandante
da frota liberal que derrotou a esquadra miguelista em S. Vicente, e cujo
desfecho deu grande ânimo às forças liberais, era um almirante
mercenário britânico, de seu nome Charles John Napier. (Li algures, mas não garanto que seja verdade, que ele
teria adoptado em Portugal o nome de Carlos
de Ponza para não
perder a sua patente na armada inglesa por combater no estrangeiro sem licença
do seu governo).
O segundo aspecto tem a ver com o comandante miguelista vencido na batalha de Cacilhas/Almada – General Teles Jordão. O historiador Mattoso escreve que aquele, reconhecido como odioso torcionário da repressão miguelista (ao que parece ter-se-ia destacado nessa arte quando comandava o Forte de S. Julião da Barra), foi linchado por soldados liberais enraivecidos.
O segundo aspecto tem a ver com o comandante miguelista vencido na batalha de Cacilhas/Almada – General Teles Jordão. O historiador Mattoso escreve que aquele, reconhecido como odioso torcionário da repressão miguelista (ao que parece ter-se-ia destacado nessa arte quando comandava o Forte de S. Julião da Barra), foi linchado por soldados liberais enraivecidos.
Pode
ler-se ainda que revoltas, assaltos, vinganças, ajustes de contas e tumultos
registaram-se, sem que se conseguisse pôr termo à espiral de violência. Houve
necessidade de esperar alguns meses mais, até 26 de maio de 1834, para que a Convenção
Évora Monte fosse
assinada e com ela se consumasse a vitória dos liberais sobre os absolutistas. Abraço. Carlos
Traguelho
Anónimo
26.07.2020: Mas os miguelistas iriam continuar a dar sinal de
vida.
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