A que os aproxima, gente da mesma
origem, de vastas zonas terráqueas que os comentários de FUGO e da RAFAEL
GUERRA parecem esclarecer perfeitamente, zonas da conquista inglesa, forte e
decidida, que soube avançar em desafio e força pelo mundo além, como se nota
ainda nos westerns americanos das cavalgadas pela campina ou nos filmes de
guerra odisseicos e poderosos, ou mesmo da intriga policial que tão bem sabem
urdir. Não admira a fraternidade e a interajuda, de gente com a educação
forjada numa Távola Redonda de partilha.
CRÓNICA
A solidão tardia
No Reino Unido, depois do “Brexit” e
do reforço da União Europeia à luz da covid, nota-se um novo isolacionismo e
uma nova xenofobia. Parece independência da Europa mas também parece
dependência dos Estados Unidos da América.
MIGUEL ESTEVES
CARDOSO
PÚBLICO, 24 de
Julho de 2020
Nós temos os velhos do Restelo – chatos
mas úteis, desconfiados mas prudentes, mal compreendidos e injustamente vilipendiados
– e os ingleses têm os little
Englanders.
No
Reino Unido, depois do “Brexit” e do reforço da União Europeia à luz da covid, nota-se
um novo isolacionismo e uma nova xenofobia. Parece
independência da Europa mas também parece dependência dos Estados Unidos da
América.
É sempre de desconfiar quando surgem
novos inimigos – ou velhos inimigos que entretanto foram apresentados como
amigos mas agora voltam à condição anterior.
É o caso da China e da Rússia. De
repente, surge uma série de problemas chineses e russos que, vendo bem, já
existem há muito tempo.
O
que mudou é a ênfase que se passou a dar a essas coisas, dada com a mesma
alacridade com que se fez recentemente vista grossa sobre os mesmíssimos
assuntos.
O discurso dos direitos humanos e
da interferência nos nossos sistemas políticos é, como se sabe, infinitamente
flexível.
Mesmo
assim, há algo de novo no impulso que leva o Reino Unido a afastar-se da União
Europeia, da Rússia e da China para se entregar a uma versão ilusória do mais
do que extinto império britânico.
Parece,
aliás, uma última jogada imperial do Reino Unido, contra o pequeno mas próximo
império da União Europeia e contra os impérios da Rússia e da China.
Assenta numa aproximação fantasiosa
aos países do antigo império britânico, a começar pelo ainda poderoso império
americano.
É
preciso ver que o original velho do Restelo falou a tempo – antes da partida
para a Índia.
Colunista
TÓPICOS
COMENTÁRIOS:
Fugo EXPERIENTE: Existe um pormenor nada despiciendo; Os EUA, o RU, o
Canadá, a Austrália e a Nova Zelândia têm um acordo de defesa militar à margem
da OTAN tal, que os torna efectivamente interligados. E o estar na UE sempre
foi uma pedra na engrenagem dada a necessidade de partilha e de cumprimentos de
determinadas regras interpares.
rafael.guerra EXPERIENTE: Uma compreensão tardia é o que é. No RU, antes do
“Brexit” e na fraqueza da UE à luz dos fluxos migratórios, notou-se um velho
isolacionismo e uma velha xenofobia. Os EUA sempre foram uma amante com quem o
RU se deitou apesar de dizer que amava a UE.
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