Mas desvia os olhos do que ele faz… É o que se costuma pensar da
sentença irónica, que se pode inferir da preocupação do Dr. Salles, perante uma pátria “mergulhada no gosto da cobiça e na rudeza
duma austera apagada e vil tristeza”. Como sempre, aliás, mas há os que decididamente
trazem a alegria do pensamento positivo e são, como o que este texto traduz. O
que é bom, ainda que segundo mais outro provérbio: o da água mole, que, mesmo
que não fure a pedra, contribui para as lavagens - do corpo e da alma, quero
crer. E ficam sempre os textos refrescantes do espírito, como este - mais um –
do Dr. Salles, que se agradece
reconhecidamente, num país donde se pretende substituir os princípios, não se
sabe bem com que fins.
HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 27.08.24
O bem é a Perfeição e a
conveniência da pessoa; o mal é o seu contrário. (da Wikipédia, por adaptação).
* * *
A citação anterior – ou equivalente –
pode ter sido a primeira pedra da
filosofia humanista
judaico-greco-latina que veio
a ser de inspiração cristã e que, inequivocamente, constitui o primeiro Valor
do Ocidente.
…E
passaram séculos e séculos com o sol a girar em volta da Terra até que a
Ciência se começou a libertar dos ditames romanos de cariz exegético e a Terra
começou a girar à volta do sol. E assim se começaram a criar as
condições para o Valor do
respeito mútuo. Voando rapidamente sobre a História, vemos o integrismo de Mazarino a ser arquivado, a ferrugem a tomar conta da lâmina de Robespierre, vemos
também os dramas
horríveis provocados pelas aventuras transfronteiriças e finalmente vemos as águas acalmarem… surgindo então à
superfície a famosa tríade «liberdade – igualdade – fraternidade».
LIBERDADE – conceito
unicitário apenas limitado pela vizinhança - «a minha liberdade termina
onde começa a do próximo»; liberdade
de pensamento, de expressão, de associação; pluripartidarismo; livre arbítrio e
inerente responsabilização; a génese do Poder a partir das bases, as cúpulas
permitidas, a decisão negociada.
IGUALDADE – Versão erudita: a lei é igual para todos; Versão
religiosa: todos
somos iguais perante o Pai; Versão popular: todos nascemos nus.
De importância capital, o
Imperativo Categórico de Kant que diz que «em todas as circunstâncias, o homem deve proceder em conformidade
com os princípios da Moral Universal».
Foi preciso esperar por 1948 para que
a ONU aprovasse a «Declaração Universal
dos Direitos Humanos» a que só falta
atribuir a condição categórica e o estatuto imperativo.
Agosto de 2024
Henrique
Salles da Fonseca
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