Ou,
mais singelamente, “À sombra da bananeira”, que é como, em parte, se vive por
cá, a Ucrânia dando o corpo ao manifesto, a Europa monetária fornecendo a moeda,
sob a perspectiva ameaçadora do corte do cibo. Passarinhos descontentes e
medricas, de piu piu e agasalho mas muito gozo também, é o que somos, alguns
lutando por medalhas, todavia. Ou sem esperar por elas, mas esforçando-se, como
a “Luísa que sobe a calçada”, sem
sombra de faia a proteger do sol. Mundo variado, todavia, que prepara guerras e
jogos olímpicos, em progressão contínua de trabalho e descoberta sucessiva,
atingindo os mundos para lá deste, apesar de tanto de mal que se fabrica cá.
Sim, “come chocolates, pequena suja!”...
União Europeia está refém!
Esta década parece trazer um declínio
do sonho europeu, estaremos a assistir ao seu desaparecimento? Ou são apenas
dores de crescimento, desta união complexa e desunida?
INÊS PINA Autora
OBSERVADOR, 01
ago. 2024, 00:106
A década de 20 deste milénio ficará
marcada por uma apatia europeia que levará a história a dizer que esta união
está refém no enredo mundial onde há muito não é a personagem principal, nem
secundária.
A
União virou a tia solteira e moralista da família, fala, fala, fala…e não tem
efectivamente voz. Todos a ignoram e seguem com as suas vidas. A Rússia
continua na Ucrânia, as cadeias de produção estão sediadas na China e quando
esta fecha as portas os consumidores europeus ficam órfãos dos seus bens
preciosos, a transição energética está a ser feita a ferro e fogo, os extremos
políticos estão a subir ao poder à conta da crise migratória…
O que mais sobressai nesta década é a falta de caráter e de
integridade em várias áreas. A crise
migratória é talvez a mais visível e o maior divisor de águas, muitos países
recusam aceitar quotas de refugiados o que gera tensão dentro da união. A par
disso, sendo um tema apenas discutido por uma facção política tornou-o difícil
e levantou uma névoa sobre o mesmo, tornando-o quase tabu. O ponto é que
precisamos de sentar e conversar sobre o tema.
Apesar de ter sido na década passada a crise das dívidas soberanas e
a forma austera de lidar com o fenómeno, exacerbou problemas sociais e
económicos, que ainda hoje, são feridas abertas, em especial nos países do sul.
As
eleições europeias de 2024 levantaram questões importantes que devem ser
revistas nos próximos tempos. Há um déficit democrático na
Europa. As decisões importantes são tomadas por instituições que não são directamente
eleitas pelo povo, como a Comissão Europeia. Decisões
essas, que influenciam o quotidiano dos cidadãos, é preciso que os mesmos sejam
uma voz activa no processo.
Por se sentir, que só uma parte avança
na tomada de decisão nasce e reforça-se a preocupação: serão as grandes corporações e os
interesses especiais os que influenciam a formulação de políticas na UE? A
preocupação fica latente quando se fala nas políticas
comerciais e nas políticas
ambientais. Sobre vários acordos comerciais da UE há
um coro de críticas afiançando que se beneficiam grandes empresas à custa de
pequenas economias e dos direitos dos trabalhadores. Apesar de políticas ambientais avançadas,
há críticas de que não se faz o suficiente para combater as mudanças climáticas,
especialmente em relação a políticas agrícolas e de pesca.
É no xadrez externo que mais se
ressente a fragilidade da união europeia. Há
uma falta de
coerência gritante que se
sente na abordagem dos direitos humanos e na abordagem dos valores democráticos
em países parceiros. A percepção,
é que os interesses económicos, frequentemente, prevalecem sobre os
princípios éticos. Prova
disso, são as relações estreitas com governos autoritários quando há benefícios
económicos ou estratégicos, o que é visto como uma contradição aos seus valores
declarados de promover a democracia e os direitos humanos.
Depois, é o peso da máquina
europeia, que lhe determina intervenções limitadas. Nas
crises internacionais, a UE é frequentemente vista como lenta e inadaptada a
responder às diferentes solicitações. É lenta e sem coesão a posicionar-se,
seja a condenar ataques, seja a reconhecer países, seja a apoiar políticas…
Esta década parece trazer um declínio do
sonho europeu, estaremos a assistir ao seu desaparecimento? Ou são apenas dores
de crescimento, desta união complexa e desunida?
Quanto estaremos nós dispostos a
lutar por este projecto, que tem espalhado a percepção de falta de carácter e
de integridade? A Europa está refém das movimentações mundiais. Quase já não conta
como peça no tabuleiro de xadrez, apenas é uma espectadora.
COMENTÁRIOS
(DE 6)
Tim do A: A UE está a ser dirigida por
um bando de oportunistas corruptos não eleitos. A Europa já não conta no mundo.
E os seus habitantes estão a empobrecer rapidamente com o desaparecimento da
classe média. A sua população está a ser substituída por africanos, árabes e
indianos. E está falida com o endividamento astronómico das suas nações. Como
pode chamar a isto serem possibilidades de dores de crescimento?!? São dores de
fim de vida!
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