Aparentemente tudo corre nas calmas, com
os talibãs chefiando, desde que não haja veleidades afegãs de se pisar o risco,
sobretudo as mulheres que deverão manter a sua discrição antecedente…? Sempre me
perguntei se Biden não ficou com pesos na consciência, ao ter abandonado o povo
afegão tão intempestivamente a um grupo de irracionais talibãs…
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Três anos após regresso dos talibãs, o
Afeganistão está mergulhado na pobreza
Após três anos do regresso dos talibãs ao Afeganistão, a Economia
não cresceu e não tem perspectivas de crescimento. O país enfrenta uma crise
humanitária agravada.
OBSERVADOR, 13
ago. 2024, 09:57 3
Três anos após o regresso dos talibãs
a Cabul, o Afeganistão tem uma economia de “crescimento zero”, com a população
atolada na pobreza, uma crise humanitária que se agrava e sem esperança de melhoria
num futuro próximo.
Em
2021, o novo governo herdou uma administração estabelecida. Os preços baixaram,
a moeda aguentou-se bem, a corrupção deixou de ser um fenómeno sem precedentes
e a cobrança de impostos melhorou.
Acima de tudo, a segurança regressou,
criando um clima propício à actividade empresarial. Após 40 anos de guerra, as
mercadorias e as pessoas podem agora deslocar-se em segurança de Cabul a Herat,
a oeste, e de Mazar-e-Sharif, norte, a Jalalabad, leste.
Mas o Produto Interno Bruto (PIB)
sofreu uma contração violenta, de 26% em 2021 e 2022, segundo o Banco Mundial,
que antecipa que “o
crescimento será nulo nos próximos três anos e o rendimento per capita
diminuirá devido ao crescimento demográfico”.
A ajuda ao desenvolvimento
praticamente cessou porque o governo não é reconhecido por nenhum país e a
ajuda humanitária foi reduzida, além de um terço dos 45 milhões de afegãos
sobreviverem com pão e chá, enquanto o desemprego é maciço.
O Afeganistão, rico em
minerais, tem também um grande potencial agrícola, mas sofre de fuga de
cérebros, falta de infraestruturas, de conhecimentos especializados
estrangeiros e de financiamento.
“A guerra está a encontrar parceiros
estratégicos”, disse à agência AFP Sulaiman Bin Shah, vice-ministro do Comércio
na manhã em que, em agosto de 2021, os talibãs entraram em Cabul e
que é actualmente consultor de investimentos.
Cabul encontrou alguns: “com a
Rússia, a China, o Paquistão, o Irão [e as repúblicas da Ásia Central], estamos a
cooperar muito”, afirmou hoje, com satisfação, Ahmad Zahid, vice-ministro do
Comércio e da Indústria.
O projecto em Mes Aynak, o segundo
maior depósito de cobre do mundo, que está parado desde 2008, acaba de ser
relançado por Cabul e Pequim. Mas
para sair do subdesenvolvimento, “é preciso reabrir os canais bancários”,
bloqueados pelas sanções ocidentais e pelo congelamento dos activos do Banco
Central, diz Bin Shah.
A AFP perguntou aos afegãos em Cabul,
Herat e Ghazni (centro do Afeganistão) como vivem actualmente.
Aos 54 anos, Azizullah Rehmati
é um empresário feliz. A sua fábrica de açafrão deverá duplicar a produção este
ano. “Antes, queríamos investir fora do país, mas com a segurança de volta e as
exportações facilitadas, preferimos investir no Afeganistão”, diz.
Até 2021, a sua Red Gold Saffron Company
tinha o seu açafrão escoltado por guardas até ao aeroporto de Herat. “Agora, não há qualquer problema”, afirma
Rehmati, que exporta para 27 países. Na sua fábrica, as mulheres
seleccionam os pistilos vermelhos da preciosa especiaria com pinças.
Mas
apenas metade das empresas afegãs ainda dão emprego a mulheres. As restrições
impostas pelos Talibãs às actividades e à educação das mulheres estão a pesar
na economia.
“A
transferência de dinheiro é um verdadeiro problema. Temos de passar por agentes
de câmbios no Dubai para conseguirmos levar o nosso dinheiro para o
Afeganistão”, acrescenta Regmati.
“Se
não conseguirmos um visto a tempo de ir a feiras internacionais, ou se não
conseguirmos um visto de todo, perdemos posições no mercado mundial”, lamenta.
Wahid Nekzai Logari foi membro da
Orquestra Nacional e deu concertos de sarenda, um instrumento de cordas tradicional,
e de harmónio, até à Índia. “Sustentei
toda a minha família. Tínhamos uma boa vida”, diz o afegão de 46 anos, na sua
modesta casa num subúrbio de Cabul.
“Com
a criação do Emirado Islâmico, a música foi proibida. Agora estou desempregado”. Para
alimentar a família de sete pessoas, conduz ocasionalmente um táxi. Actualmente, ganha apenas 5.000 afegãos
por mês (65 euros), um quinto do que ganhava com os seus concertos.
“Os
talibãs revistaram a minha casa, como todas as outras em Cabul. Viram os meus
instrumentos. Eu disse-lhes que já não os tocava e eles não os partiram.
Ninguém nos disse: já não podem tocar música, mas vamos arranjar maneira de
alimentarem a vossa família”, lamenta.
A ordem
de encerramento dos salões de beleza no ano passado “partiu-lhe o coração”,
mas Sayeda (nome fictício) mudou-se para outra zona de Cabul há quatro meses. “Encontrámos este lugar para alugar”, diz a
gerente de 21 anos, “na condição de os clientes virem muito discretamente e de
alguns dos nossos empregados dormirem aqui, para que os vizinhos pensem que
vive aqui uma família. Antes,
tínhamos 30 a 40 clientes por dia, agora são seis ou sete”, diz a mulher que,
no entanto, manteve os seus 25 empregados para que “todos tenham um
rendimento”.
O
rendimento do salão foi dividido por três. O salário de Sayeda passou de 25.000
afegãos para entre 8.000 e 12.000. “Estamos a trabalhar às escondidas e não
sabemos por quanto tempo mais”, preocupa-se Sayeda. A polícia “descobriu
alguns salões [ilegais], partiu o equipamento, maltratou o pessoal” e aplicou
multas.
Durante
quatro anos, Abdul Wali Shaheen quis “morrer como um mártir” nas fileiras
talibãs. Depois da vitória, trocou o lança-foguetes por um computador no
Departamento de Informação e Cultura de Ghazni.
“Não
estava tão stressado como agora”, admite o antigo mujahid de 31 anos. “Tenho
mais responsabilidades para com o público. A única coisa que fazíamos era fazer
a jihad, mas agora é mais difícil”, diz.
O salário de 10.000 afegãos é suficiente
para alimentar a família de cinco pessoas. “Dou ao Emirado um 1/10 dos meus
rendimentos nestes três anos. Tudo está a correr bem e temos esperança no
futuro”, diz.
Cita
o regresso da segurança, “um grande sucesso”, e a expropriação de terrenos e
edifícios públicos ocupados ilegalmente. No entanto, admite que existem
“lacunas”, que espera que “sejam colmatadas”.
“A paz deve continuar”, conclui.
COMENTÁRIOS
Antonio Rodrigues: Para compreender os sintomas
do fim da Civilização Ocidental como a conhecemos não encontro melhor que ler e
reler esta crónica sobre Os Talibãs, https://expresso.pt/opiniao/2021-08-20-O-regresso-dos-Talibas-a4336058
. E tenham medo, tenham muito medo.
João Alves: Que foto tão bonita. Um Talibã terrorista equipado
com a mais recente tecnologia militar oferecida de bandeja pela
administração Biden na sua desastrosa retirada apressada. Assim este sortudo Talibã vai poder perseguir a
aterrorizar com mais eficácia que nunca as mulheres, os intelectuais, e os não
crentes no seu deus. Obrigado Biden e Kamela.
Pobre Portugal: Pobres mas felizes. Noutro
contexto mas, é exactamente como em Portugal.
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