Tivessem esses que trabalhar a sério,
amassem esses a sério, viveriam mais a sério, sem chafurdar em pensamentos de
ignomínia, pretensiosismo e parasitismo, que deveriam dar azo a julgamento e
castigo penal, como crimes de lesa humanidade, esses que praticam, pondo em
causa as próprias leis naturais da física. Tanta saliência que se lhes dá só
pode destruir a tessitura social, com reflexos sobre a educação, mas tal
permissividade dos governos a esses desmandos de idiotia pedante e tosca serve
para encobrir outros desmandos mais afins dos costumes habituais, desses
sociais, ancestrais, mais normais, das impunidades habituais, parece que nunca,
como hoje, tão do foro governativo capital, e até mesmo dos futebóis…
Identidade, modo de usar
As regras do abominável mundo novo
são decretadas e aplicadas por doidos à solta, e não, conforme acontecia até há
uma ou duas décadas, pela biologia, pela física, pela lógica.
ALBERTO GONÇALVES Colunista
do Observador
OBSERVADOR, 03
ago. 2024, 00:192
Durante a polémica no boxe feminino
das Olimpíadas, uma chalaça apareceu na internet. Um
evidente cavalheiro, com barba, peruca e laçarote na cabeça, voltava-se com
maus modos para outro sujeito: “Sim, identifico-me como mulher. Porquê, você é
biólogo?” A resposta deste: “Sim, identifico-me como biólogo.” Entre parêntesis, não há um biólogo digno
do título que ache a “identificação” suficiente para um marmanjo se afirmar
mulher. Mas o ponto da chalaça não é esse. O ponto é que o processo de alucinação em curso permite certos
delírios enquanto interdita outros. De acordo com o regulamento tácito – e
extremamente vago – em vigor, é aceitável e louvável que alguém se declare do
sexo oposto, e é ridículo e punível que, por exemplo, alguém declare possuir
uma formação que não possui ou pertencer a uma etnia a que não pertence.
Em 2014, Rachel Dolezal era a
presidente da delegação do NAACP (uma associação de defesa dos negros) em
Spokane, Washington. Em 2015,
viu-se corrida sob enxovalho. Pelo meio, a denúncia dos pais dela revelou que,
ao contrário do que fingia em público, e não sei se em privado, a dona Rachel
não tinha pingo de sangue africano, e o terrível crime mereceu-lhe acusações de
fraude e “apropriação cultural”. À semelhança de quase tudo nestes
domínios, a “apropriação cultural” também é um conceito vago. Uma caucasiana pode ostentar “dreadlocks”
jamaicanos? Depende. Se for uma dona de casa de classe média, não pode.
Se for uma “okupa” com ardores pela
“Palestina” e aversão pelo banho, pode e deve. E um esquimó com jeans, é ou não “apropriação cultural”? E um índio com conta de e-mail? E um
alemão que come batatas? Muitas perguntas, nenhuma resposta.
Ao invés do sexo, que pelos vistos é à vontade do freguês (a qualquer momento
transformado em freguesa), a “raça” não é tão propensa a “identidades”
instantâneas. E o resto é ainda mais complicado.
Nunca
me ocorreu “identificar-me” como mulher ou aborígene. Porém, em tempos vim aqui
identificar-me como cidadão não-contribuinte, na esperança de que o Estado
deixasse de me cobrar impostos. Não deixou. E eu, à imagem do Manuel Maria que
agora é Maria Manuel, sinto-me não-contribuinte desde a adolescência, tendência
que se acentuou com o primeiro emprego, o primeiro salário, o primeiro assalto
fiscal. Fascismo, é o que é. O mesmo Estado que, através da propaganda da DGS,
implicitamente admite a hipótese de os homens menstruarem (pretensão que
rivaliza com o terraplanismo no campeonato da toleima), não respeita as minhas
inclinações, as minhas crenças, os meus sentimentos e, afinal, o meu “eu”
profundo. O Estado não me respeita. Vendo bem, é justo, em parte porque eu e o
meu “eu” profundo não respeitamos o Estado. E em parte porque, feliz e infelizmente, a vontade individual não
altera os factos.
É redundante dizer que cada um tem, ou
deveria ter, o direito de se “identificar” como quiser, seja mulher, homem,
zulu, islandês, koala, rabanete, utensílio de cozinha ou óxido nítrico. E
ninguém tem a obrigação de ligar ao assunto, ou à falta dele. O conflito de
determinadas cabecinhas com a realidade não se alimenta. No máximo, se houver paciência,
reage-se com polidez, pena ou compreensão. Ou indiferença, caso a paciência
escasseie. Não se
legitima nem se colabora com devaneios, sob pena de loucura colectiva. E não se
elevam os devaneios a um estatuto consequente para terceiros. Se um excêntrico
é livre de acreditar na Terra plana, não é preciso fingirmos concordar com
receio de o ofender. E sobretudo não é aconselhável punir, material ou
simbolicamente, quem o ofende.
A verdade é que os negacionistas de
Aristóteles não beneficiam de grande protecção ou projecção. As tolices
acarinhadas da nossa época são de conteúdo diferente, embora similar na tolice. Em Life of
Brian, após Stan confessar a sua “transição” (“Quero ser uma mulher. De agora
em diante, exijo que vocês me chamem Loretta. É o meu direito enquanto homem.”),
o absurdo instala-se: “Stan: Quero engravidar. Reg: Queres engravidar?! Stan: É
o direito de qualquer homem engravidar se for esse o seu desejo. Reg: Mas… não
podes engravidar! Stan: Não me oprimas! Reg: Não estou a oprimir-te, Stan.
Tu não tens útero! Onde é que o feto se vai desenvolver? Vais mantê-lo numa
caixa?” A comédia de há 45 anos é a ortodoxia de hoje,
amputada de contraditório ou graça.
A ideia de que as mudanças traduzem
invariavelmente um progresso benigno é, além de infantil, perigosa. Com
frequência, e nem sempre com estrondo, as sociedades regridem, o atraso de vida
alastra, a ignorância extrema impõe-se. É na ignorância que se fermenta o
“wokismo” em voga, e é a ignorância que explica a incoerência terminal na
aceitação e na rejeição das “identidades”. Todos podemos ser o que quisermos, excepto se quisermos ser o que,
por isto ou por aquilo, os inquisidores de serviço não aprovam. As regras do abominável mundo novo são decretadas e
aplicadas por doidos à solta e não, conforme acontecia até há uma ou duas
décadas, pela biologia, pela física, pela lógica, ciências que aliás não seriam
afectadas se o fisco me aceitasse como sou e me ignorasse.
IDENTIDADE DE
GÉNERO SOCIEDADE PSIQUIATRIA SAÚDE BIOLOGIA CIÊNCIA FÍSICA DOENÇAS
MENTAIS DOENÇAS
COMENTÁRIOS
Alexandre Barreira: Pois. Caro AG, Olha que umas "trancinhas
lourinhas". Até ficavam de "baril". E a meter inveja
à....."Brigitt Bardot"....!!! José B Dias: E o pior é que os doidos não só andam à solta como
tomaram conta da casa e são mais do que tolerados por hordas de gente acéfala,
apática e/ou cheia de medo de ser apontada a dedo como negacionista, racista,
fascista ou um qualquer outro "ista" da lista de arremesso! Ou temem
ficar sem amigos e/ou emprego por afirmar que só existem 2 sexos, que a "vacina"
da Covid não é uma vacina ou que a Kamala não é negra em lado nenhum que não o
Polo Norte ou os olhos dos jornalistas ... Meio Vazio: E não se pode exterminá-los?" Cisca Impllit: Um mundo sombriamente mágico. Glorioso SLB: E é engraçado q as mulheres do BE defendem igualdade entre
sexos mas tb q os homens possam mudar de sexo. Ao mudarem, ou apenas dizerem q
se sentem mulheres, levará a q, daqui a uns anos, nenhuma mulher ganhe uma
medalha olímpica.
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