Tenho o texto que coloquei esta manhã
todo fora dos eixos, já dentro das normas, mostrando a relação entre o
OBSERVADOR e os nossos Jogos OlÍMPICOS galardoados de 2024. Também a MAFALDA
merece uma medalha – minha – como figura gigante para a minha ignorância
mediática.
Eis o texto já manipulado:
Uns
Jogos Olímpicos não são só um sonho para qualquer atleta; também o podem ser
para jornalistas apaixonados por desporto e viciados em contar boas histórias,
como o nosso enviado especial a Paris, Bruno Roseiro. Esta quinta-feira, por
exemplo, depois de ver a prova da nadadora Angélica André (12ª em águas abertas), tinha um intervalo de quatro horas até começar o
ciclismo de pista, em que Iuri Leitão nos daria uma medalha de prata.
Poderia
ter aproveitado para dormir e compensar as poucas horas de sono; ou para
descansar, depois de ter percorrido 162 km a pé (256 mil passos) desde que os
Jogos começaram; ou ainda para procurar um ambiente ameno, depois da chuvada no
primeiro dia, do gelo no pavilhão em que viu o basquetebol, e do forno no
velódromo onde o ciclista português competiu — mas não resistiu a ir espreitar
um bocadinho de Taekwondo, uma das 22 modalidades a que assistiu nestas duas
semanas.
Tropeçou
logo na história incrível de Kimia Alizadeh, primeira iraniana medalhada de sempre em 2016, que
decidiu deixar o Irão com críticas à falta de liberdade; competiu pela equipa
dos refugiados em Tóquio em 2021 (sendo ostracizada pela televisão pública
iraniana, que não mencionou o seu nome e se referiu a ela como “sem abrigo”);
e agora estava em Paris a representar a Bulgária, país que a acolheu e pelo
qual já se sagrou campeã europeia. Enfrentou uma iraniana que era a sua
melhor amiga, com quem dividia quarto nos estágios e nas competições, e perdeu
o combate a dois segundos do fim. Ambas passaram de forma muito tensa pela zona
mista: a agora búlgara não falou aos jornalistas; a iraniana foi
chamada para ouvir os parabéns de um representante do governo, respondeu apenas
a duas perguntas aparentemente combinadas de uma jornalista do seu país e desapareceu.
Na redação do Observador, apesar de não haver a excitação de estar tão perto dos super-atletas
e de os ver ao vivo, os Jogos têm sido acompanhados com muito entusiasmo, à
mistura com algumas dúvidas sobre as regras estranhas de certas modalidades
menos conhecidas — e, claro, com um complemento da cobertura em permanência no
nosso liveblog no site. Na Rádio Observador, além das atualizações de meia
em meia hora, temos preparado emissões especiais sempre que há hipótese de
medalhas.
Foi assim com a judoca Patrícia Sampaio, com Nuno Delgado
no estúdio e a mãe da medalhada a entrar emocionada no ar; foi assim quando
Gabriel Albuquerque ficou em quinto lugar nos trampolins; foi assim na medal
race da Vela, que depois acabou por não se concretizar; foi assim com Pablo Pichardo esta sexta-feira, em que até contámos com o
presidente da junta de Pinhal Novo, onde o vice-campeão olímpico treina todos
os dias; e foi assim com Iuri Leitão, na última das quatro provas de ciclismo
de pista, em que alcançou o segundo lugar para Portugal.
Para
estas emissões especiais, muitas delas improvisadas com pouca antecedência
quando se torna realista esperar um resultado histórico, tentamos contar com
quem perceba da modalidade, para ajudar a interpretar o desempenho dos atletas;
mas também com quem os conheça melhor, desde colegas de equipa, a dirigentes,
familiares e amigos de infância. No caso do ciclista de Santa Maria
Portuzelo, a emissão foi salva pelo padre da sua paróquia, que não só
entrou no ar assim que acabou a missa como facultou os contactos dos amigos que
pedalam com o Iuri em Viana do Castelo e de um antigo treinador, que se
emocionou em directo assim que ele conquistou a medalha de prata, à conversa
com o Miguel Videira e o Diogo Varela. Mais emocionada ainda estava a
mãe de Iuri Leitão, ao ponto de não conseguir entrar em directo na emissão, por
estar a soluçar — mas a quem a nossa produtora Inês Galrito não deixou de dar
os parabéns pelo resultado épico e inesquecível do filho.
Este
sábado mudámos o alinhamento das manhãs de fim-de-semana para poder acompanhar
em directo depois do meio-dia a final de Fernando Pimenta na canoagem, com
comentários de Eduardo Gomes, canoísta que fez parte da primeira equipa
olímpica portuguesa da modalidade em 1988 (Seul), do ex-campeão nacional Diogo Raposo, e ainda
de Emanuel Silva, vice-campeão olímpico em 2012 precisamente com Fernando
Pimenta. E às 16h59, lá voltaremos
a seguir em directo o regresso à competição de Iuri Leitão no ciclismo de
pista, desta vez com Rui Oliveira. Se voltar a dar medalha, talvez desta vez já
consigamos ouvir a emoção da mãe do Iuri em directo.
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