De um aborto doutrinário de passa-culpas, conveniente aos instigadores das maiorias acusadoras - Karl Marx. Tanto melhor para as anteriores fêmeas, consideradas responsáveis do MAL, pela gentileza masculina, disso resguardada por conveniência mimosa. Excelente análise de GABRIEL MITHÁ RIBEIRO, apologista de uma sociedade mais liberta e estudiosa.
A origem do mal na terra: Pandora, Eva e
Karl Marx
Desde a revelação de Karl Marx, os
seres humanos não pararam de se tornar mentalmente desequilibrados. Resta-lhes
reinventarem o valor das heranças civilizacionais greco-romana e
judaico-cristã.
GABRIEL MITHÁ RIBEIRO Professor,
investigador e ensaísta, doutorado em Estudos Africanos. Deputado do Chega
OBSERVADOR, 20 ago. 2024, 00:22
O
maior filósofo-vigarista da história, Karl Marx, está para o mundo
contemporâneo como Pandora estava para a origem mitológica do mal para os
gregos da antiguidade ou Eva para a religião milenar judaico-cristã. Esse é o
significado do marxismo para as gerações presentes e futuras.
Em torno das teorias de Karl Marx, desde a
segunda metade do século XIX germinaram e
frutificaram pelo mundo gerações atrás de gerações de políticos, académicos,
intelectuais ou artistas responsáveis pela névoa mais tóxica e densa de sempre
para a mente humana, que hoje cobre o planeta. Só secando esse mal na fonte
tornará possível assegurar que os seres humanos caminhem rumo a uma ordem
moral universalmente válida porque aceite de forma voluntária por todos, assim
como passarem a comungar de mesma lógica no uso da razão. A sanidade mental inerente à condição humana
depende, no século XXI, desses pressupostos, tal como os gregos da antiguidade
e os cristãos conseguiram construir um sentido de universalidade humana, cada
um na sua época e modo.
Só daí em diante os povos do mundo podem
caminhar no sentido da normalização da paz e concórdia, estabilidade social e
política, boa governação e prosperidade económica colectiva. Há cerca de um século, Sigmund Freud
explicou a natureza atemporal do ser humano, isto é, o que é acidental pode
mudar no decurso do tempo longo, o tempo dos milénios, porém o essencial
permanece. Por essa
razão, desde as mais remotas origens até hoje é dever primordial das
sociedades assegurarem aos indivíduos a compreensão da fonte-mãe dos males do mundo, e de forma simples e objectiva,
sabedoria que deve transitar e sedimentar-se a cada nova geração.
Logo, do actual século XXI em diante não
faltam razões por todo o mundo para o lugar histórico de Karl Marx na
transformação da vida humana na terra ser equiparado ao lugar que, na
antiguidade, os gregos atribuíram a Pandora ou os judeus e os cristãos têm
atribuído a Eva nos últimos três milénios.
As três fontes do mal entre os
humanos
PANDORA – registado em forma escrita no século VIII a.C. por Hesíodo,
a tradição mitológica grega assegurava que os deuses guardavam numa caixa, em
segredo, todos os males (como a guerra, discórdias ou doenças) e nela havia um único
dom, a esperança. Pandora desceu do Olimpo, o reino superior dos
deuses, para vir viver junto dos homens na terra com o dever de nunca abrir a
caixa. Não resistiu à tentação e, quando viu o que saía, fechou-a de imediato, onde apenas ficou a esperança. Aberta a Caixa de Pandora, o sofrimento
humano na terra tornou-se inevitável, pelo que passou a competir a cada ser
humano o dever de saber lidar com ele.
EVA – na
tradição judaico-cristã registada no Antigo Testamento por volta dos séculos
XIII/XII a.C., a sagrada escritura revelou aos seres humanos que, na origem, Adão e Eva foram expulsos do Jardim de
Éden porque Eva não resistiu à tentação de dar de comer a Adão o fruto
proibido, a maçã. Consumado o pecado e expulsos do paraíso, daí em
diante os seres humanos passaram a ter de enfrentar as crueldades do mundo e, mais de um milénio passado, nasceu na
terra o filho único de Deus, Jesus Cristo, para remir os pecados do mundo
ensinando a cada ser humano o dever de suportar a sua cruz, a garantia do
regresso da humanidade ao paraíso celeste após a morte para a eternidade.
KARL MARX – datados
do século XIX, os escritos de
Karl Marx fizeram descer à terra a destruição da harmonia moral originária
entre os humanos. Em particular os mais carenciados (rotulados «oprimidos»), converteram-se à
crença de não serem eles os primeiros e principais responsáveis pelo seu
próprio destino, antes passaram a remeter as culpas da sua condição para os
comparativamente mais bem-sucedidos na vida e mais ricos (rotulados «opressores»). Tão revolucionária doutrina da inveja matou-lhes a consciência
individual e a consciência social ao quebrar o dogma universal da autorresponsabilidade
que, antes de Karl Marx, sempre fez dos fracos fortes e estava distribuído de
forma igual por todos os seres humanos da terra: homens, mulheres, ricos,
pobres, brancos, negros e demais tipos. Quando a nova fonte dos males do mundo
jorrava as primeiras gotas, Sigmund Freud tipificou o princípioda realidade
inerente à espécie humana da origem e para a eternidade: o dever de cada um
aprender a suportar a dor e a adiar a recompensa. A partir da revelação
de Karl Marx, os seres humanos não pararam de se tornar mentalmente
desequilibrados pela terra, as suas vidas não mais pararam de se tornar
caóticas, tensas, conflituosas; as suas democracias e instituições entraram em
dissolução (família, ensino, saúde, justiça, segurança, entre outras); o
parasitismo social e a subsidiodependência nasceram e cresceram em forma de
bola de neve; o falhanço social e económico de países e continentes inteiros
generalizou-se; a violência e o crime não pararam de se agravar e circular por
terras e continentes; o mal-estar entre as pessoas tornou-se regra planetária. Resta aos humanos reinventarem o valor das heranças
civilizacionais greco-romana e judaico-cristã na condução do seu destino, caso
contrário a vida na terra será ainda mais penosa.
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NOTAS COMPLEMENTARES
1) O mundo vai transitando da ordem
mitológica e da consequente ordem religiosa para a ordem histórica (ou
factual), mas sem que a natureza atemporal da condição humana sofra alterações. Se
duvidamos que Pandora possa sequer ter existido para mudar para sempre a vida
na terra, não podemos duvidar que Jesus Cristo existiu num espaço e tempo
histórico concretos também para mudar para sempre a vida na terra, e os não
crentes apenas podem duvidar sobre os detalhes do que disse ou fez. A novidade de Karl Marx é a de já não
duvidarmos nem que ele existiu num espaço e tempo histórico precisos, nem que
foi ele mesmo o criador da distopia que também mudou para sempre a vida humana
na terra, e continua em rédea solta.
2) Karl Marx é a primeira figura masculina que oferece a oportunidade de ser feita justiça a
mais de três milénios em que a
origem dos males da terra foi remetida para figuras femininas, Pandora
ou Eva. Esperemos
que, finalmente, as feministas compreendam ser incompatível ser marxista, isto
é, ser de esquerda e, em simultâneo, defender a dignidade das mulheres e da
condição feminina.
3) A morte
da consciência individual e da consciência social nascidas do dogma da «luta de classes», de Karl Marx, ofereceu a
uma parte significativa dos adultos a legitimidade de viverem para a eternidade
como crianças sem qualquer censura moral
ou intelectual. São os «adultos» que monopolizam o direito
inalienável de agravarem de modo continuado o mal-estar social e
civilizacional, o que inclui carta-branca para imporem aos verdadeiros adultos
conflitos, desordem, violência, destruição, caos: «Se sou pobre, a culpa é do rico. Se sou negro, a culpa é do branco.
Se fui colonizado, a culpa é do colonizador. Se sou do hemisfério sul
pobre, a culpa é do Ocidente rico. Se pertenço a uma minoria, a culpa é da
maioria. Se sou imigrante ilegal, a culpa é dos europeus. Se agrido, roubo,
violo ou mato a culpa é da sociedade injusta…» Por aí adiante.
4) O filósofo Olavo de
Carvalho confirmou e popularizou a sentença de outro filósofo,
Eric Voegelin: Karl
Marx foi um «vigarista». Com sucesso planetário há mais de século e meio,
o filósofo-vigarista impôs o maior
empobrecimento de que há memória do entendimento humano ao colocar palas nas
mentes para reduzir a sua capacidade de compreensão a um único fator
explicativo: ser rico ou ser pobre, a sua condição material da existência. Daí em
diante, pouco ou nada se compreende e, pelo contrário, tudo é sumariamente
julgado com consequências devastadoras para a moral e razão humanas. Tal
deformação mental da espécie humana tornou-se a maior inimiga da complexidade,
ambivalência, diversidade, subjetividade enquanto fatores explicativos do
destino humano, isto é, da relação do sujeito pensante consigo mesmo e com os
outros, com meio envolvente ou com o mundo. Para disfarçar, a ignorância criada
pelo filósofo-vigarista vai sobrevivendo disfarçada numa diversidade de rótulos
que, no entanto, querem sempre dizer «esquerdismo»:
marxismo, leninismo, maoísmo, multiculturismo, globalismo, progressismo. Qualquer deles se esgota na crença de ser
pobre é ser «bom» por ser vítima do ser «mau», o rico, ignorando a plenitude
inerente à condição humana que se manifesta no livre-arbítrio. Este
filia-se a um leque diversificado de capacidades humanas, umas manifestas
(racionais, lógicas, conscientes, mensuráveis, visíveis) e outras latentes
(inconscientes, subjetivas, impossíveis de captar na mera dimensão racional, porém
decisivas, como as do campo da fé religiosa ou dos campos emotivo, afectivo,
sentimental). É sempre a
conjugação subjectiva desse universo que decide o destino do sujeito individual
ou do sujeito colectivo, sendo que estes podem sempre mudar de rumo, o que os
torna os primeiros e principais responsáveis por si mesmos. Noutros
termos, no destino de uma vida acabam por ser cruciais as atitudes e
comportamentos quotidianos de cada indivíduo ou colectivo: estudam ou não estudam; trabalham ou não trabalham;
cumprem ou não com o que lhes é exigido; esforçam-se ou não se esforçam ou
limitam-se a exigir dos outros e a protestar; respeitam ou não respeitam o
próximo e as leis; têm comportamentos adequados ou portam-se mal, incluindo
roubar, ser parasita social ou violento; valorizam ou destroem aquilo que
herdaram ou possuem; entre outras virtudes ou vícios humanos. Com a
fonte do mal marxista a jorrar pela terra desde meados do século XIX, o ser
humano (quase) capitulou à crença dos indivíduos fazerem revoluções ou roubarem
por serem pobres, quando sempre foi e será o inverso. Quanto mais as
revoluções se tornaram moda na contemporaneidade por instigação das teorias de
Karl Marx, mais as sociedades e o mundo foram ficando desregulados. Em tais circunstâncias, no decurso do
tempo aumenta a propensão para roubos, crimes, corrupção, abusos, repressão
política, má governação. Tais manifestações desembocam
necessariamente em empobrecimento, violência, caos. Além da
Coreia do Norte ou da Venezuela, entre tantas outras provas factuais dos quatro
cantos da terra, um continente inteiro, a África pós-colonial do último meio
século, decidiu praticamente em uníssono, de governantes aos respetivos povos,
ser marxista-leninista-maoísta-multicultural-globalista-progressista, em qualquer
caso esquerdista. Tantas e tão diversas evidências planetárias
desastrosas desfazem para sempre dúvidas do filósofo-vigarista
Karl Marx ser a versão masculina actualizada das femininas Pandora e Eva.
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