De alguém que parece conhecer e amar a
Venezuela. Gostámos de rever, e fazemos iguais votos. Afinal, nós por cá, mesmo
sem petróleo, temos tido sensaborias parecidas…
A queda da Venezuela: uma nação refém da tirania
Para compreender a situação actual na
Venezuela, é importante fazer uma breve retrospectiva, especialmente para
informar a minha geração sobre o que foi a Venezuela e o potencial que tem.
DAVID PINTO
CAVALEIRO FERREIRA DE ALMEIDA Consultor, Licenciado em Gestão Internacional
pela Universidade Católica Portuguesa
OBSERVADOR,08
ago. 2024, 00:154
No dia 28 de julho de 2024, a
Venezuela realizou eleições presidenciais para determinar o seu presidente
durante os próximos seis anos. No
dia seguinte, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) anunciou que Nicolás Maduro
tinha sido reeleito com 51,2% dos votos, derrotando Edmundo González e Maria
Corina Machado.
A maior parte da comunidade internacional exigiu a divulgação das actas
eleitorais, a oposição denunciou fraudes na contagem dos votos e os cidadãos
venezuelanos têm se manifestado contra os resultados, resultando em 16 mortes e
mais de 1.000 detenções até à data.
Para compreender a situação actual na
Venezuela, é importante fazer uma
breve retrospectiva, especialmente para informar a minha geração sobre o que
foi a Venezuela e o potencial que tem.
Se eu vos dissesse que:
A Venezuela tem a maior reserva
de petróleo do mundo, ultrapassando países como a Arábia Saudita, o Canadá e o
Irão.
Entre 1959 e 1983, o país teve
uma das menores taxas de desemprego e inflação da região, com uma taxa média de
crescimento superior a 4% ao ano.
Na década de 1970, a população
tinha o maior poder de compra entre os países latino-americanos.
E que agora:
Em 2023, 94,5% da população
vivia abaixo do limiar da pobreza.
A inflação em 2020 foi de
quase 3.000%.
Os supermercados enfrentam
graves carências de abastecimento. Grandes empresas multinacionais abandonaram
o país devido à insegurança jurídica e social.
Mais de 7,7 milhões de
venezuelanos deixaram o país desde 2018, de acordo com as Nações Unidas.
Como é que o país com a maior reserva
de petróleo do mundo chegou a esta situação?
Em 1992, o partido MBR-200, liderado
pelo coronel Hugo Chávez, tentou derrubar o presidente Carlos
Pérez através de um golpe de Estado. O fracasso do mesmo levou à sua prisão. No
entanto, em 1998, após a sua pena ter sido perdoada, com o apoio dos partidos
de esquerda, aproveitando a insatisfação da população com a corrupção e prometendo
mais justiça social através da exploração do petróleo, Chávez foi eleito presidente com 56% dos
votos e a promessa de implementar o “socialismo do século XXI”.
O governo de Chávez foi
marcado pelo populismo, pelo enfraquecimento do sistema democrático através de
inúmeras reformas constitucionais, mas também por políticas de distribuição de
riqueza que lhe concederam popularidade entre as classes mais baixas.
Em 2013, após a morte de Chávez, Nicolás Maduro assumiu a
presidência. Nessa
altura, a Venezuela já enfrentava um sistema democrático gravemente
enfraquecido e uma crise económica emergente.
Desde então, o cenário só piorou. A
administração de Maduro foi marcada por:
Um
colapso económico em 2014,
com uma queda acentuada nos preços do petróleo que levou a um declínio de quase
4% no PIB do país.
Uma administração pública atroz e políticas que devastaram os sectores
industrial e agrícola, deixando o país completamente dependente da importação.
As sanções impostas pelos EUA
em 2017 por Donald Trump em resposta ao autoritarismo do regime, que
agravaram a situação económica e obrigaram o país a reduzir as suas exportações
de petróleo.
Actualmente, a Venezuela vive a mais
grave recessão económica e crise sociopolítica da sua história. A instabilidade deu lugar ao
totalitarismo, com a perseguição e a prisão de opositores, mais reformas
constitucionais com o objectivo de permanecer no governo indefinidamente e a
repressão violenta de qualquer tipo de protesto.
Citando Franklin D. Roosevelt: “A verdadeira liberdade individual não pode
existir sem segurança e independência económica. Pessoas com fome e sem
trabalho são o material de que são feitas as ditaduras”. Isto
explica por que razão Nicolás Maduro enfraqueceu ainda mais o país, pois quanto
pior estiver a situação do povo, mais tempo poderá perpetuar o seu domínio.
A Venezuela está a viver uma repressão e
uma tirania inimaginável. No entanto, há esperança. Mesmo depois da fraude eleitoral,
acredito que os venezuelanos voltarão a ter liberdade de expressão, que as
entidades privadas poderão retomar as suas actividades, que o país voltará a
cooperar internacionalmente com nações não comunistas, que os alimentos
voltarão aos supermercados e que haverá empregos e oportunidades para todos.
Acima de tudo, acredito que o regime tirânico pode terminar finalmente.
Há que acreditar, há que fazer a nossa parte também!
A sensibilização da opinião pública é
fundamental, mesmo que não possamos fazer mais. Falar, espalhar a palavra e
mostrar que nos preocupamos, que estamos com o povo venezuelano e que queremos
a sua liberdade é essencial.
Escrevo para apoiar da forma que
posso, e por isso peço-vos que partilhem e espalhem a mensagem. Mostrem que se
preocupam!
Abaixo a ditadura! #FreeVenezuela
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SOCIEDADE SOCIALISMO
POLÍTICA
COMENTÁRIOS (de 4)
joaquim zacarias: Para o comuna Lula,as eleições decorreram "de
forma normal".
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