Vagamente, é certo, na imprecisão dos
dados, de quando a Crimeia foi anexada pelos russos, e cujas referências procuro
na Internet, para melhor entender o texto de Inna Ohnivets e seus comentadores. Mas a Rússia é um país forte e rijo, não se deixa
convencer assim. E nem sequer se trata de descolonizações, a Rússia era chamada
de URSS, por algum motivo. Ó senhores,
hein!?, como diria, repito, a aluna Catarina d’Os Batanetes.
Crise da Crimeia de 2014
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Crise
da Crimeia de 2014 foi uma crise político-institucional ocorrida na
sequência da revolução ucraniana de 2014, em que
o governo do presidente Viktor
Yanukovych foi deposto. Trata-se de protestos de milhares de pessoas russas étnicas que se opuseram aos eventos em Kiev e reivindicam
laços estreitos ou a integração com a Rússia, além
de autonomia expandida ou possível independência da Crimeia. Outros
grupos, incluindo os tártaros da Crimeia, têm protestado em apoio a
revolução.
Adversários
armados das novas autoridades de Kiev tomaram uma série de edifícios
importantes na Crimeia, incluindo o edifício do parlamento e dois aeroportos. Kiev
acusou a Rússia de intervir nos assuntos internos da Ucrânia,
enquanto o lado russo negou oficialmente tais alegações. Sob cerco, o Conselho
Supremo da Crimeia indeferiu o governo da república autónoma e substituiu o
presidente do Conselho de Ministros da Crimeia, Anatolii Mohyliov por Sergey
Aksyonov.
As
tropas russas estacionadas na Crimeia em acordo bilateral foram reforçadas e
dois navios da Frota do Báltico da Rússia violaram as águas ucranianas.
Em
1 de
março, o parlamento russo concedeu ao presidente Vladimir
Putin a autoridade para usar a força militar na Ucrânia, na sequência de um
pedido de ajuda não-oficial do líder pró-Moscou, Sergey
Aksyonov. Os Estados Unidos e seus aliados condenaram uma
intervenção russa na Crimeia, incentivando a Rússia a retirar-se.
Múltiplos
interesses estão direccionados na invasão da Crimeia, sendo elas por parte da
Rússia pela extensão de gasodutos e a base militar da Crimeia, cuja localização
entre o Mar Mediterrâneo e o Mar Morto é estratégica.
OPINIÃO
A Crimeia cinco anos depois da anexação
Por mais que a Rússia tente
desinformar leitores menos atentos e distorcer os factos com artigos sem teor
fundamentado, a verdade é que a Crimeia é Ucrânia!
Inna Ohnivets
PÚBLICO,
21 de Março de 2019
Sobre o artigo de opinião do embaixador da
Federação Russa em Portugal,
Mikhail Kamynin, há que referir várias incongruências e deturpação de factos. Começando pelo título, “O povo que regressou a
casa”, não se entende a que povo se refere, mas certamente não deverá ser ao
povo russo; quando se diz “a Crimeia é o seu povo” só pode estar a referir-se
aos tártaros da Crimeia, o povo nativo, o qual, por sua vez, está neste momento
a ser novamente expulso da sua terra e é alvo de repressões e perseguições.
O
artigo evoca convenientemente comentários de cidadãos que residem em Portugal,
mas não dos cidadãos que vivem actualmente na Crimeia. Nem refere que, desde 2014, a Rússia já fez mais
de 70 prisioneiros políticos, activistas da Crimeia que estão atrás das grades
por pronunciar a sua vontade pró-ucraniana, entre eles o conhecido cineasta Sentsov,
por exemplo.
Também
é interessante que no referido artigo se faça alusão ao “antigo palácio de
Bakhchisaray, único no género”. A este propósito, numa visita a Portugal, em
abril de 2018, para participar na conferência internacional na Reitoria da
Universidade de Lisboa, a ex-diretora do palácio de Khan em Bakhchisaray,
Elmira Ablyalimova, mostrou, com evidências fotográficas e com pareceres de
arqueólogos, que o governo ocupante russo está a destruir o valor histórico
e cultural do palácio, sob o pretexto de “obras de remodelação”.
Mais,
fala-se no artigo que a Ucrânia tentou impedir o ensino do russo, faltando
provas de tal acusação, mas não refere que na Crimeia ora ocupada se eliminou
totalmente o ucraniano como unidade curricular nas universidades, nem que os
professores foram proibidos de falar ucraniano.
Há
também incongruências ao referir que em 1783 a Crimeia se tornou parte da
Rússia. Note-se que não se tornou parte da Rússia, mas sim do Império Russo.
Império este, agora tão louvado neste artigo, que foi destituído pelos
bolcheviques, que assassinaram a família real em 1917. E já que falamos em crime, não esqueçamos que, em
maio de 1944, Moscovo realizou uma operação criminal em larga escala destinada
a limpar totalmente a Crimeia do povo indígena e a substituí-lo por russos
étnicos (que afirmam agora que a Crimeia é o seu povo). Moscovo sempre impediu
os tártaros da Crimeia de retornar à sua terra natal, cuja repatriação em massa
começou já depois da proclamação da independência da Ucrânia. A própria Ucrânia
assumiu todas as despesas neste processo. Em 2013, 266 mil tártaros retornaram
à Pátria, o que representou 13,7% da população da península, segundo os dados
oficiais.
De
seguida, a “ponte da Crimeia” é evocada no artigo,
mas novamente nada é dito sobre a ilegalidade da sua construção e utilização.
Ora,
é também irónico que se refira às visitas de “parlamentares europeus e
eurodeputados” para “avaliar a situação na península com os seus próprios
olhos”, mas não se refira às equipas de monitorização de paz da ONU e aos seus
relatórios oficiais sobre a situação dos direitos humanos
na península, nem à
Resolução oficial da AE da ONU sobre a “Situação dos Direitos Humanos na
República Autónoma da Crimeia e na Cidade de Sevastopol, Ucrânia”. A estes
documentos e avaliações oficiais internacionais e imparciais da situação na
península, o autor do artigo chama “informação falsa propagada no Ocidente”.
Por fim, e de novo citando as palavras do artigo de
opinião “mentira é sempre uma mentira, em geral e em pormenores, até à
última gota” – nesse mesmo penúltimo parágrafo, salientem-se duas
deturpações (ou, a bem dizer, mentiras). Primeiro, afirma-se que a
Crimeia permaneceu na Ucrânia de 1991 a 2013. Ora, como se pode constatar em
qualquer fonte histórica, a Crimeia faz parte da Ucrânia desde 1954. É
necessário também recordar que em 1918 a República Popular da Ucrânia proclamou
a sua independência, a qual foi suprimida pelos bolcheviques posteriormente. E
naquela altura a península estava integrada na Ucrânia. Portanto, em 2014 a
Rússia capturou-a pela segunda vez. Depois, não se entende ao que se refere o
ano 2013, pois a invasão militar russa deu-se em fevereiro de 2014.
A
Crimeia pertence, hoje, jurídica e legalmente, à Ucrânia, sendo a anexação
ilegal russa considerada oficialmente uma violação das normas internacionais,
pela qual a Rússia está a ser penalizada com sanções pela Comunidade
Internacional.
É
certo que, conforme o “acordo interestatal Rússia-Ucrânia sobre as deslocações
da Marinha Russa no Mar Negro no território da Crimeia”, as forças militares
russas estavam já no território ucraniano. Pois, e não esqueçamos que também lá
estavam quando, em novembro de 2018, dispararam
sobre os navios ucranianos que passavam por águas internacionais do
Mar Negro, ferindo e fazendo refém a sua tripulação. Estas acções russas
constituem uma violação flagrante da Carta da ONU e da Convenção das Nações
Unidas sobre o Direito do Mar.
Não
podemos deixar de concordar que o povo da Crimeia deve exercer o seu direito
legítimo de determinar “livre e democraticamente” o seu próprio destino; para
tal, deve haver um referendo livre, monitorizado internacionalmente, e não sob
a mira das armas russas, como aconteceu com o anterior referendo, que, já
agora, não é oficialmente reconhecido.
Por
mais que a Rússia tente desinformar leitores menos atentos e distorcer os
factos com artigos sem teor fundamentado, a verdade – e a verdade é sempre
verdade “em geral e em pormenores, até à última gota” – é que a Crimeia é
Ucrânia!
COMENTÁRIOS
Conde do
Cruzeiro, Assinante. 21.03.2019
: Senhora embaixadora sabe que o
presidente está em falta, por não ter tido até agora oportunidade de cumprir o
que prometeu a quem o apoiou no golpe de Estado da junta de Kiev, em relação à
Crimeia dai o desespero do presidente da Ucrânia, "Pyotr Poroshenko,
declarou nesta segunda-feira que, se vencer as eleições presidenciais,
reforçará a cooperação internacional para "libertar" a Crimeia."
A Base que ele tinha negociado oferecer à Nato na Crimeia como prova da sua
fidelidade já foi, bem pode esperar o apoio da Federica. " A União
Europeia reafirmou o compromisso com a política de não reconhecimento dos
resultados do referendo na Crimeia, no qual a península se uniu à Rússia, disse
a chefe de política externa da UE, Federica Mogherini, em comunicado no
domingo, "
Veaceslav
Velisco, 21.03.2019 : Sinceramente, um artigo barato de uma jornalista
barata. A senhora "jornalista" está a contar meia verdade. Em
primeiro lugar não diz a percentagem de ucranianos que vivem na Crimeia. Para
falar em ucraniano, há que haver ucranianos. Não diz nada do que aconteceu às
dezenas de cidadãos ucranianos que eram da oposição e arderam de vivos num prédio
na cidade Odessa. Disto ninguém fala. Jornalismo barato. Também não fala como
todos os dias morrem de bombardeamentos de exército ucraniano mulheres e
crianças na região de Donbass. Como em 2014, a oposição com ajuda de EU e USA
deu um golpe militar à democracia na Ucrânia e mandaram abaixo um governo eleito
democraticamente. E o governo actual está a sufocar a democracia na Ucrânia.
Corrupção em todo sentido da palavra.
James Jakub, Mundi 21.03.2019: A senhora é a Embaixadora da Ucrânia em Portugal,
então parece-me normal defender os interesses do país que representa. Se tudo o
que ela escreve é verdade, não sei, mas fiquei indignado por ela defender o
ponto de vista ucraniano... Agora querer afirmar que não existem ou nunca
existiram ucranianos na Crimeia é que me parece uma afirmação Barata pois um
território que foi parte integrante de um país durante algumas décadas e nunca
foi habitado por um único ucraniano... nem uma família... Ninguém nunca
falou ucraniano na dita península! Por fim sobre a corrupção, realmente
é por isso que a Crimeia deve fazer parte da Rússia pois lá nunca se ouviu
falar em corrupção, é realmente o país no mundo onde nunca mas nunca existiu ou
existe corrupção.
Darktin, Anti Comunistas da Extrema-Direita
21.03.2019: Bravo! Putin infantilmente aposta numa
amnésia europeia. O que não deixa de ser sintomático. Deve pensar que somos
lorpas.
Um artigo de consolação, também via
Internet:
Poroshenko
promete buscar a 'libertação' da Crimeia se for reeleito na Ucrânia
O
presidente da Ucrânia, Pyotr Poroshenko, declarou nesta segunda-feira que, se
vencer as eleições presidenciais, reforçará a cooperação internacional para
"libertar" a Crimeia.
"Minha
primeira decisão e minha prioridade número um [depois da vitória eleitoral]
será aumentar a cooperação internacional para libertar Crimeia por meio
político e diplomático", afirmou ele em uma entrevista ao canal de
televisão ICTV.
Poroshenko
chamou a recente visita do presidente russo Vladimir Putin à Crimeia de uma "violação
da soberania da Ucrânia."
Putin
participou nesta segunda-feira de uma reunião com representantes dos círculos
sociais da Crimeia e Sevastopol e disse que a Rússia vai começar a
desenvolver as suas relações com a Ucrânia, quando "o senso comum se
imponha" a Kiev.
Por
enquanto, declarou o presidente russo, as acções das autoridades
ucranianas causam estupor.
A
Crimeia separou-se da Ucrânia e voltou a fazer parte da Rússia após um referendo
em 2014, no qual a esmagadora maioria dos eleitores — mais de 96% —
endossou essa opção.
Já
Kiev considera que a Crimeia é "temporariamente ocupada" e parte do
território ucraniano.
O
governo russo tem afirmado repetidamente que o povo da Crimeia,
democraticamente e em plena conformidade com o direito internacional e da Carta
das Nações Unidas, votou pela reunificação com a Rússia.
Para
o presidente Vladimir Putin, a questão da Crimeia "está definitivamente
fechada".
As
eleições presidenciais na Ucrânia serão realizadas em 31 de março de 2019,
com um total de 39 candidatos aspirantes ao cargo.
Lidera
as pesquisas o comediante Vladimir Zelenski (24%), seguido pelo presidente
Poroshenko (20%) e pela ex-primeira-ministra Yulia Timoshenko (13%).
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