Inteligente, analista sem rebuço,
impiedosamente crítica, procurando o âmago das questões, sem artifício,
directa, perspicaz, objectiva, clara, ponderada. Uma MULHER de valor. Portuguesa.
Perguntar (ainda) não ofende? /premium
Patrões
responsabilizados pelos "olhares insinuantes" trocados entre os seus
empregados. Registos e mais bases de dados. Um Estado acima da lei. Portugal
está entregue aos activismos. Até quando?
Como
estará Portugal quando a frente de esquerda for derrotada? Valha a verdade que a pergunta – Como estará Portugal
quando a frente de esquerda for derrotada? – não está bem formulada pois, como
a experiência por esse mundo fora mostra, dificilmente uma frente de esquerda
aceita ser derrotada pelas oposições. Convém contudo que perguntemos uma e
outra vez – Como estará Portugal quando a frente de esquerda for derrotada? – porque
essa é a pergunta-chave da questão.
Seremos
um país com dois sistemas?
Nas próximas semanas milhares de empresas – mesmo aquelas que só têm um
trabalhador – terão de entregar o Relatório Único de Higiene e Segurança no Trabalho mais os seus seis anexos (vá lá, é só clicar e tentar preencher
os ditos anexos!), obrigação de que sabiamente o Estado isentou os seus
serviços. A isto junta-se o Registo Central de Beneficiário Efectivo (RCBE), nova
obrigação também a cumprir com a chegada desta primavera, justificada com o
magno propósito de identificar todas as pessoas que controlam uma
empresa, fundo ou entidade jurídica de outra natureza. (Não
deixa de ser extraordinário que no país em que o nome dos grandes devedores do
banco público quase se tornou segredo de Estado tenhamos esta exigência de
registo da identidade dos sócios para toda e qualquer empresa, seja ela um
fundo imobiliário ou a churrascaria da esquina). E que dizer da
lengalenga da protecção de dados que agora se acrescenta a qualquer contrato,
sob a ameaça de multas até 20 milhões de euros, multas essas de que o Estado
mais uma vez se dispensou?… Lei a lei, decreto a decreto,
regulamento a regulamento o Estado torna-se, em Portugal, uma cidadela acima da
lei, devidamente sustentada por esses seres de segunda, sempre sob
suspeita, que dão pelo nome de privados e de quem o Estado exige aquilo de que
a si mesmo se isenta. A burocracia crescente, as exigências de
relatórios, planos e registos, tornam cada vez mais difícil a vida das empresas,
sobretudo das mais pequenas (o socialismo sempre preferiu ter como
interlocutores grandes patrões).
Há exigências como a do Código de Boa Conduta para Prevenção e Combate ao Assédio
Sexual – qualquer empresa com mais de sete trabalhadores tem de ter um
código destes – que claramente transformam num inferno a vida de um
pequeno ou médio empresário equiparado por força destes códigos a uma
espécie de vigilante dos actos, palavras e até “dos olhares insinuantes”
trocados pelos seus funcionários (sobre a temática dos “olhares
insinuantes” consultar a página 4 do “GUIA PARA A ELABORAÇÃO DE CÓDIGO DE BOA CONDUTA PARA A
PREVENÇÃO E COMBATE AO ASSÉDIO NO TRABALHO“). Tudo isto vai acontecendo
sob o silêncio de boa parte das organizações empresariais mais dadas a discutir
subsídios e apoios do que a defender a livre concorrência. Quando a frente
de esquerda for derrotada ou mais provavelmente quando deixar de reunir as
condições para governar, Portugal será um país em que o sector privado estará
transformado numa espécie de franchising que o Estado licencia e tolera pois só
assim consegue obter os impostos sempre insuficientes. A excepção, como sempre,
serão os empresários amigos e os banqueiros íntimos.
Um
país sob a supervisão dos activistas. “Neste
momento o Governo anunciou 12,8 milhões de euros para sete concursos na área da
igualdade de género. A maior parte do montante vai para os concursos do POISE,
com prazos até meados de Abril: 3,5 milhões de euros para a “formação de
públicos estratégicos” e seis milhões para a capacitação de organizações
não-governamentais (ONG) e “outras entidades da sociedade civil sem fins
lucrativos que actuam nos domínios da promoção da igualdade entre mulheres e
homens, do combate à violência doméstica e de género e do combate à
discriminação contra pessoas LGBTI.” Portanto no fim de Março, o Governo anunciou
milhões de euros a distribuir em concursos que terão lugar daqui a umas três
semanas. Curioso, não é? A outra parte do espanto nasce daquilo em que se
gasta o dinheiro tão rapidamente distribuído: formação de públicos estratégicos
e capacitação de organizações não-governamentais (ONG). Digamos
que são muitos milhões de euros gastos em agitação e propaganda. A fase em que
os activistas se limitavam a condicionar as agendas mediáticas deu lugar a
outra etapa: o activismo tornou-se num sector de serviços que explora a fileira
da indignação da moda. A realidade não lhes importa. Mas convém que nos
comecemos já a importar com a pergunta: como é que estas milícias vão
reagir quando intuírem que o totoloto que para elas constituiu o actual acordo
governativo pode estar a chegar ao fim?
Um
país cheio de extremistas de direita. Não tenho a menor dúvida que a extrema-direita
vai crescer exponencialmente em Portugal. Chegará aos milhões de militantes.
Dificilmente alguém em algum momento não será de extrema-direita. Quiçá
fascista. Intolerante. Fóbico de não sei quê ou de quem. (O presente delírio com a extrema-direita dentro e fora
de portas leva a situações grotescas como a preocupação expressa esta
semana com a vitória de um partido dito de extrema-direita nas eleições
regionais holandesas quando em Portugal a extrema-esquerda sem ter ganho
eleição alguma impõe a sua agenda). Com
a extrema-direita a ser o que a esquerda quiser e a extrema-esquerda gritar é
mais que óbvio que em torno de todos aqueles que contestam o actual arranjo
governativo vai ser criado o cordão sanitário do costume: quem não está por nós
é de extrema-direita.
Quando acabará o governo da frente de
esquerda? Antes de responder convém lembrar que José Sócrates foi derrotado
porque teve de fazer um pedido de ajuda externa. E na verdade foi contestado
pelo que fez pessoalmente e não pela forma como governou. António Costa
prossegue as políticas de Sócrates tendo sobre ele duas vantagens: não tem
oposição nem de direita nem de esquerda e em segundo lugar o que em Sócrates
era um defeito pessoal – os primos, os amigos e aquela corte estrambólica – tornou-se
agora feitio: este governo de maridos e mulheres não é um acaso é um símbolo
desta forma de ser poder. Gente que governa assim não está preparada para
deixar de ser poder.
PS
. Após
uma leitura aturada dos jornais desta semana venho propor
uma nova classificação para o terrorismo/terroristas. A saber:
1. O
terrorista anti-islâmico que como o nome indica ataca mesquitas e muçulmanos. Na Nova Zelândia tivemos um caso claro deste tipo
de terrorismo. Vimos o rosto e soubemos o nome deste terrorista. Não houve
dúvidas sobre as suas intenções.
2. O
terrorista. Apresentado unicamente como terrorista opera geralmente em África e
na Ásia. Tem os cristãos
como alvos. Mas nunca é apresentado como anti-cristão ou anti o quer que seja.
É terrorista apenas ou preferencialmente “membro de grupo armado”. Não tem nome
nem rosto. As suas vítimas são igualmente desprovidas de qualquer elemento que
as identifique..
3. O
terrorista sem motivação. Trata-se de um endemismo europeu: alguém que age como
terrorista, faz atentados, fere e mata. Mas uma vez detido as autoridades têm dificuldade
em detectar-lhe motivações terroristas mesmo que o terrorista dito sem
motivações confesse, grite e reivindique o seu ódio aos cristãos e ao Ocidente.
Numa evolução recente o terrorista sem motivação transformou-se no
perturbado que pratica actos que parecem terrorismo mas não são terrorismo.
Ou só são admitidos como tal quando o atentado já desapareceu das notícias. Por
exemplo, no atentado que teve lugar esta semana em Utrech o terrorista
até fez questão de redigir uma carta a dar conta das suas motivações mas mesmo
assim ainda não está claro que ele estivesse mesmo motivado.
4. O
terrorista invisível autor de atentados não referidos. Em Itália um homem sequestrou esta semana um
autocarro, com 51 crianças lá dentro. Amarrou-as e, em seguida, incendiou o
autocarro. Anunciou-lhes que iam morrer porque ele queria protestar desse modo
contra as mortes de migrantes no Mediterrâneo. Após uma perseguição policial as
crianças foram retiradas do autocarro em chamas e o homem em questão, um
cidadão nascido no Senegal, foi detido e as crianças libertas. Graças ao efeito terrorista-invisível este atentado pouco
foi noticiado. O terrorista invisível, autor de atentados ainda mais invisíveis
é a versão mais moderna do terrorista sem motivação.
COMENTÁRIOS
Carlos Quartel: Há que ver que o radicalismo da
fé vai alastrando e está mesmo a capturar o tradicional PS. Muitas das medidas
referidas cheiram a vingança sobre uma sociedade que se odeia. A típica abordagem
económica do marxismo está a ser substituída por uma visão de superioridade
mental, de limpeza e desinfecção.
Sem respeito pelas liberdades de cada um e com a
construção de uma teia de leis e normas, onde não se pode respirar. Quanto
a terrorismo, estamos conversados. Esse ataque na Itália passou despercebido,
mesmo para alguém que procura estar informado. Compare-se com a Nova
Zelândia ......
Anabela Faisca: Enquanto a esquerda destrói as liberdades, o sector privado e a
independência económica da classe média só os mais corajosos a enfrentam. Por
todo o lado, reina o instinto de sobrevivência. Nas próximas eleições estará em
causa se vamos ser o último dos países comunistas do mundo e por comunismo
entenda-se uma propaganda de igualdade com uma bota do estado em cima do
pescoço de cada um de nós. Preocupações com ganhar mais, ter uma casa e outras
aspirações, já não pertencerão à nossa liga.
Meio Vazio: Precisamente, Helena. E ainda a
procissão vai no adro. Tenham medo, tenham mesmo muito medo!
António Marques Mendes: “multas essas de que o Estado mais uma vez se
dispensou?… “ E ainda há quem pense que
vivemos num Estado de Direito!
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