quinta-feira, 7 de março de 2019

Lições comezinhas de história contemporânea



A propósito do BREXIT: Tantas as cabeças quantas as sentenças. E isso por cá. Que fará por lá, pelo UK? Quanto a mim, que sei que nada sei, mas sinto, preferia que fosse tudo como estava dantes, cada país alombando com as suas responsabilidades e competências, continuando nós com as nossas habituais do “Lá vamos cantando e rindo” ….
I - REINO UNIDO: O Brexit e os referendos perigosos /premium
ANDRÉ ABRANTES AMARAL, advogado          OBSERVADOR, 6/3/2019
Quem é que terá dito a David Cameron que numa democracia representativa cabia ao povo votar ideias abstractas para que os políticos sacudissem a água do capote?
Quase três anos após o referendo o impasse do Brexit mantém-se. A 12 de Março a Câmara dos Comuns votará o novo acordo com Bruxelas conseguido por Theresa May. Caso seja chumbado (o que é provável) os deputados britânicos votam se querem um hard Brexit (não se espera que o queiram) após o que decidirão por um adiamento da saída da União Europeia. Ou seja, quase três anos depois do referendo é provável que o impasse se mantenha até 2021. Não vou aqui discutir o Brexit, se é bom se é mau, mas o próprio referendo em si como modo de resolver questões cruciais para a vida de uma país.
‘Should the United Kingdom remain a member of the European Union or leave the European Union?’ A pergunta era simples, directa e os britânicos tiveram apenas de colocar uma cruz num dos dois quadrados vazios colocados em frente de ‘Remain a member of the European Union’ ou de ‘Leave the European Union?’. Não havia que enganar.
Mas se a pergunta era directa para que os eleitores exprimissem o que desejavam, já era vaga quanto às consequências. Assim, caso ganhasse (como ganhou) o ‘Leave’ como é que o Reino Unido iria sair da UE? E qual seria o posicionamento do RU relativamente à União Europeia? Sairia da União mas ficava na União Aduaneira, numa posição idêntica à da Turquia? Não ficava na União Aduaneira, mas aceitaria a livre circulação, à semelhança da Noruega e da Suíça? Ou saía da UE e pertenceria ao mercado único, como a Noruega e parcialmente a Suíça? Ou ainda outra possibilidade: sair totalmente e fazer acordos comerciais com a UE, o Canadá, os EUA, a Índia e o Japão?
Ninguém sabia porque também ninguém perguntou. Ou seja, se os que votaram ‘Remain’ conheciam as consequências do seu voto, votar ‘Leave’ era (foi) votar na incerteza. Um tiro no escuro. Nesta medida o erro do referendo foi a sua própria existência. Porque numa democracia liberal e representativa os políticos que não conseguem resolver questões prementes não as podem atirar para cima do eleitorado lavando daí as suas mãos. Precisamente o que fez David Cameron que ganhou as eleições de 2015 mantendo o Partido Conservador unido à custa de uma promessa que lhe custou, mais tarde, o cargo e aos britânicos a paz de espírito.
Referendos como os de 2016 são um perigo. E numa democracia representativa não se devem votar ideias abstractas (e sair da UE pode significar muitas coisas diferentes e contraditórias, com variadíssimas consequências que não cabem numa pergunta). A existirem os referendos, estes devem ser concretos. No caso do Brexit, uma pergunta sobre um plano efectivo para a saída do RU da UE. A grande lição a tirar deste processo, além naturalmente da necessidade da Bruxelas repensar o seu modelo, é que os referendos, quando mal feitos, são um tiro no escuro: se se acerta é por acaso.
COMENTÁRIOS:
Liberal Impenitente: Assim se comprova que a ideia toda pós-modernaça e super-vivaça de que o referendo é a solução desejável para os males dos países não passa de uma bela treta. Acho que o "Brexit" pariu um rato! Ide pois agora explicar à maioria que votou pela saída que não vai haver saída nenhuma!
chints CHINTS: O referendo do Brexit, além do muito bem apontado, também pôs a nu o incrível baixo nível de cultura dos ingleses. Foi chocante, uma enorme percentagem é de analfabetos, como será em muito pouco tempo a de Portugal  Efeitos do desinvestimento na educação que, no Reino Unido começou 7 ou 8 anos antes de Portugal. 
Paulo F.: As "consequências" estão a ser empoladas principalmente por aqueles que têm medo que daqui a três anos se veja que estar fora da UE é muito melhor do que estar dentro. Como se a UE fosse o fim da história e depois dela só o deserto, mas não é, há mais de 100 países no mundo que não fazem parte dela e muitos estão melhor que alguns países da UE.  Ou seja, se os que votaram ‘Remain’ conheciam as consequências do seu voto, votar ‘Leave’ era (foi) votar na incerteza. Um tiro no escuro. Nesta medida o erro do referendo foi a sua própria existência." - O erro do referendo foi o governo britânico ter sido incapaz de explicar as consequências da saída e os iliterados do Reino Unido terem aceitado votar na saída sem conhecerem essas consequências. Nada de novo para quem conhece minimamente bem os súbditos de sua majestade: são tão acéfalos como botas da tropa. 
Ricardo Pinheiro Alves: Leave means leave.  Quem faz as confusões é quem não quer sair. Isso é muito evidente no caso britânico, em que são os deputados que estão a bloquear a saída. Os mesmos que aprovaram o referendo e que foram eleitos a defender a saída. A hipocrisia está toda nos representantes da democracia representativa.
Maria L Gingeira: O contexto do referendo foi a onda de refugiados a entrar pela Europa. Os ingleses viram o seu sistema social ainda mais ameaçado do que já está. E resolveram trancar as portas. Eles lá sabem. Talvez o contexto hoje seja outro. Mas a ideia enraizou-se. Os britânicos preservam uma identidade muito sua. E não vão quebrar. É uma questão de honra.
Marco Silva > Maria L Gingeira: Correcto. A situação do Reino Unido já está num extremo onde há pessoas a serem presas por apenas criticar a migração em massa ou fazer qualquer espécie de crítica contra muçulmanos e as suas crenças por exemplo. O referendo do Brexit foi a possibilidade de muitos poderem dar a sua palavra de modo a querer de volta o controlo sobre o seu próprio país. Já há zonas no Reino Unido onde os ingleses são a minoria, quando no passado (até há relativamente poucos anos) não era assim. Os casos de violações de crianças (1400 crianças inglesas) por parte de gangs de muçulmanos, com a protecção da própria polícia inglesa foi mais uma prova de como o Reino Unido estava a definhar e obviamente a maior parte dos ingleses não quer ver as suas crianças nas mãos dos selvagens sub-humanos. Quando já há locais onde há mais muçulmanos que querem implementar a lei Sharia, a escravatura sexual de crianças será uma garantia se nada fizerem contra isso. O referendo foi uma bênção, pois como foi provado pelos próprios políticos ingleses e europeus, a decisão de abrir fronteiras aos selvagens de terceiro mundo, foi a pior decisão de SEMPRE da UE.
E portanto, ao contrário do que este autor quer fazer parecer, a democracia representativa não garante o melhor interesse do povo, que vê as suas crianças a serem atacadas, bem como as suas próprias vidas, e esses "representantes" nada fazem...aliás até apoiam os criminosos a fazer mais, pois recebem-nos de braços abertos à custa dos contribuintes do país.
Marco Silva > Rodrigo Ferreira: Haha "extrema direita"...não falha... Então e os remainers ? Não pensaram apenas nos prós do remain, esquecendo-se dos cons ? Esse argumento é ridículo, pois obviamente qualquer lado puxa sempre a "brasa à sua sardinha". Tanto os brexiteers como os remainers fizeram isso. Pessoalmente e conhecendo a realidade britânica actual, o Brexit é uma necessidade imperativa. Ou no mínimo dos mínimos fazer como faz a Polónia, Hungria e Itália, que ignoram por completo as politicas migratórias globalistas dos acéfalos esquerdalhas europeus, como Macron, Merkel, Costa, Sanchez, etc, que já custaram a vida a milhares de europeus inocentes, ao deixar os selvagens do terceiro mundo entrar na Europa.
II - NOTÍCIA: Brexit: “Nenhuma solução foi identificada” para resolver o impasse
OBSERVADOR, 6/3/2019
O porta-voz da Comissão Europeia informou esta quarta-feira que "apesar das conversações decorrerem numa atmosfera construtiva", não há para já nenhuma solução identificada para o impasse do Brexit.
O principal porta-voz da Comissão Europeia falou na conferência de imprensa posterior à reunião semanal do colégio de comissários
Nenhuma solução foi identificada para resolver o impasse do ‘Brexit’, admitiu esta quarta-feira o porta-voz da Comissão Europeia, após a conclusão de uma nova ronda de negociações, descrita como difícil, entre Bruxelas e Londres.
Michel Barnier esteve presente na reunião [do colégio] e informou os comissários de que, apesar das conversações decorrerem numa atmosfera construtiva, as discussões têm sido difíceis. Nenhuma solução foi identificada neste momento que seja consistente com o acordo de saída e com o protocolo [de salvaguarda] para a Irlanda e a Irlanda do Norte”, declarou Margaritis Schinas.
O principal porta-voz da Comissão Europeia, que falava na conferência de imprensa posterior à reunião semanal do colégio de comissários, reiterou ainda que o acordo de saída do Reino Unido da União Europeia, acordado em novembro entre Bruxelas e Londres, não será reaberto.
COMENTÁRIO:
Lucindo Monteiro: Quando um parto natural se revela problemático, a única solução alternativa óbvia é a cesariana. Neste caso do Brexit, a cesariana será um segundo referendo, que colocará um ponto final no actual imbróglio. Com tanta relutância em realizá-lo, quem mais sofre é a parturiente.

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