“Grandes primatas”, foi a designação dada por Clara Ferreira Alves aos seres humanos
de que tratou na sua crónica de 2/2, aqui colocada, referente a seres
políticos, orgulhosos de si, que fazem “Brexits”e tramam e se tramam por isso,
mas em todo o caso, seres musculados. O texto de HELENA MATOS, pelo contrário,
trata de seres de sombra, seres sem músculo, espécie de vermes que vão roendo as
estruturas sociais, num país de faz de conta, de governantes finórios e sem
classe, a participarem nas lutas de concorrência televisiva, em total
abandalhamento das suas funções de dirigentes, todos eles Tinos de Rans da
nossa farsa política. Um texto perfeitamente aterrador, este de HELENA MATOS,
que mostra bem a teia que vão urdindo os aracnídeos que a vão tecendo em torno
de um povo que por eles se vai deixando envolver, parolamente,
carnavalescamente.
POLITICAMENTE
CORRECTO: Bem-vindos à
ditadura do sem/premium
HELENA MATOS OBSERVADOR, 24/2/2019
Sem sexo. Sem glúten. Sem lactose. Sem
nomes. Sem carne. Sem peixe. Sem pai nem mãe. Sem gorduras. Sem cor... Aterrados com o sermos a “favor de”
transformámos o quotidiano numa casa de pânico.
Sem notícias que não cabem na agenda.
23
de Fevereiro. Três jovens ficaram feridos com gravidade na cara na
sequência de uma desordem envolvendo armas brancas, ocorrida nas imediações da
discoteca Urban Beach, em Lisboa. Na véspera, 22, tornaram-se conhecidos dois
vídeos que mostram agressões entre jovens num parque de skate de São João do Estoril. Numa
atitude que já vimos noutras situações semelhantes nenhum dos jovens presentes
tenta proteger a vítima. A 20, três jovens foram esfaqueados junto da Escola Secundária Eça de
Queirós, nos Olivais, em Lisboa, na sequência do ataque de um grupo
de dez indivíduos. O grupo de atacantes pôs-se em fuga logo após as agressões…
A PSP só encontrou os feridos. Nem armas. Nem agressores.
O
que está a acontecer entre os jovens e crianças? Como é que estes
acontecimentos se enquadram no retrato da “geração mais preparada de sempre”?
Facas, murros, grande violência… e nem uma palavra sobre esta tragédia? Ou será que esta violência não é uma tragédia? Porquê
o silêncio? Miúdas de doze anos espancam-se por causa de “coisas de namorados”.
Os rapazes andam com facas. Sempre que se tenta perceber algo mais
deparamos com alusões a rixas. Gangs. Conflitos entre gangs. Ajustes de contas.
Depois segue-se o silêncio. Esta violência tal como os assaltos aos
velhos não está na agenda. E nós só podemos falar daquilo que o Bloco
autoriza, que o Presidente declara ser uma tragédia e que as forças vivas da
nação a caminho de mais um simposium avisam ser uma chaga e para a qual já existe um guião prévio
dentro da chamada luta de mentalidades. Pelo contrário abordar
esta violência que obriga muito frequentemente a entrar no terreno
minado das etnias sem a ter certeza de arranjar um “homem branco” para fazer o
papel de vilão. Logo as notícias são breves. Ninguém se admira por a polícia
não ter detido ninguém. Muito menos se quer saber para onde vão as queixas.
(Entretanto, na Venezuela, Maduro
resiste. As ditaduras são todas igualmente más mas as comunistas resistem muito
mais na hora da agonia.)
Sem
pai nem mãe. Sem sexo e sem género.
A
21 de Fevereiro, de manhã, a secretária de Estado da Justiça Anabela Pedroso
declara à TSF: “Nós retiramos na nova versão de
cartão de cidadão o género, há países que vão manter o género, Portugal não vai
manter. É facultativo.” Horas depois a mesma secretária de Estado da
Justiça Anabela Pedroso declarava à mesma TSF: “É um lapso meu.”
Ouvindo
as sucessivas declarações de Anabela Pedroso constata-se que estamos
provavelmente diante de um recuo e não de um lapso: a secretária de Estado
mostrava-se informada sobre as decisões tomadas pelo Governo de que faz parte e
não parecia nada estar a trocar Portugal com a Holanda, como depois afirmou. (Segundo
Anabela Pedroso ela estava a pensar na Holanda e não em Portugal quando
explicou que os cartões iam ficar sem género.) Mas voltemos às declarações
de Anabela Pedroso. Explica a secretária de Estado na sua rectificação que se
manteve o género nos cartões de cidadão portugueses porque várias bases de
dados, nomeadamente da aérea da saúde, “continuam a fazer algum tipo de ligação
com esse campo.” Qual campo? O do sexo. Valham-nos as consultas de Ginecologia
e Obstetrícia ainda não serem mistas e o cartão de cidadão incluir dados do SNS
para durante algum tempo podermos manter esse arcaísmo o sexo/género no nosso
CC! Obviamente isso acontecerá até ao momento em que as bases de dados
da saúde sejam corrigidas dessa bizarria de nos dividir em homens e mulheres.
(Uma dúvida: em alguma das inúmeras reuniões referidas pela secretária de
Estado para análise dos conteúdos do referido cartão alguém terá tido a bondade
de explicar que seria excelente que estes passassem a ser legíveis? É que é
mais ou menos impossível aos olhos de ambos os géneros ler sem recurso a lupa
os algarismos que identificam o respectivo cartão!)
Paulatinamente
os documentos oficiais estão a tornar-se em peças de criação de uma identidade
ditada pela ideologia, em que o facto consumado dita a lei: causou agora
perplexidade que em França se pretenda excluir os termos pai e mãe da
documentação escolar. Mas na verdade já em 2017 a Junta da Andaluzia eliminara
as figuras de pai e mãe nos boletins escolares. E a discussão sobre se se deve
ou não celebrar o Dia da Mãe e do Pai nas escolas tem largo historial por essa
Europa fora.
Em
nome da não discriminação dos homossexuais, das pessoas que mudam de sexo ou
que não se revêem em sexo algum e de cada minoria dentro da minoria que nasce a
cada hora, está a impor-se administrativamente uma identidade sem sexo, sem pai
e sem mãe. Mesmo quando essa “identidade ideológica” compromete o fim para que
foram criados os documentos. Por exemplo, se os cartões de cidadão/bilhetes de
identidade se destinam a identificar os cidadãos, excluir o sexo da informação
visível nesses cartões/bilhetes faz algum sentido? Para quê então incluir a
altura que, por sinal, varia ao longo da vida? Ou o nome? Como se justifica a
exclusão de sexo em documentos que se dizem de identificação?
Com os líderes políticos a mostrarem
um enorme receio de entrar nesta discussão a agenda ficou nas mãos dos
radicais. E assim o que começou por ser uma luta por direitos iguais tornou-se
numa ditadura igualitarista. Criámos um mundo em que “sem” se tornou sinónimo
de saudável, de certo, de tolerante. Aterrados com o sermos a “favor de”
transformámos o quotidiano numa casa de pânico e barricamo-nos atrás do mundo
sem. Sem sexo. Sem lactose. Sem glúten. Sem nomes. Sem carne. Sem peixe. Sem
pai nem mãe. Sem gorduras. Sem cor. “Viver sem” é a ditadura do nosso tempo.
(Alguém
sabe quantos intelectuais venezuelanos perseguidos por Chávez ou Maduro foram
convidados pela Universidade de Coimbra para denunciar o que estava a acontecer
no seu país?)
PS. Volta
e meia vou sabendo deles: têm um andar afectado a escritório num prédio de
habitação. Ou melhor tinham. Pretendem agora que o andar volte a ser de
habitação mas falta-lhes sempre uma assinatura. E é por isso que escrevem aos
restantes condóminos. Podia pensar-se que dada a falta de andares para
habitação seria legalmente fácil devolver um andar de habitação ao seu uso
original: habitação. Nada disso, a legislação trata estes proprietários como
aqueles que querem transformar um andar de habitação em escritório ou
consultório: impõe que todos os condóminos, lojas incluídas, dêem a sua
autorização. Por escrito. No caso de uma fracção pertencer a uma herança
indivisa não basta assinar o cabeça de casal: têm de assinar todos os
herdeiros. Como se percebe o processo dura anos!
COMENTÁRIOS
Maria Emília Santos Santos: Os radicais assaltaram o poder e tomaram conta dos
locais que ditam as leis, impondo a sua radicalidade mórbida e estúpida.
Colocam à frente destes organismos pessoas conservadoras, para fingir, e
controlam todo o sistema, para que através da propaganda tudo corra veloz para
os seus objectivos. Só temos duas hipóteses: Ou fazemos como em outros países e
reagimos, ou fazemos como outros e esperneamos, medrosos e atemorizados,
enquanto eles batem na barriga e ameaçam com tudo o que nós já sabemos.
Jorge Martins: Como sempre, correctíssimo diagnóstico dos tempos
absurdos e idiotas em que vivemos, onde ínfimas minorias impõem a sua agenda à
maioria em nome do "parecer bem" a que agora chamam politicamente
correcto.
Marco Silva: As esquerdas são assim. Querem destruir o que foi
construído com séculos de suor, sangue a lágrimas, com base numa ideologia sem
nexo. Querem que as mulheres possam abortar do primeiro dia ao nono mês de
gravidez, mas depois promovem a migração em massa do terceiro mundo, com
culturas e religiões bárbaras, pois a natalidade está em baixo...isto
enquanto aumentam impostos para sustentar os bárbaros migrantes, pagos pelos
que não têm a possibilidade de ter as próprias crianças, pois têm cada vez
menos dinheiro no bolso.... Querem impor a vontade de uma minoria que sofre de problemas mentais
(trans-género) à maioria que a ciência suporta: só há dois géneros, ponto
final. Querem garantir que as "minorias" selvagens com as tais culturas
e religiões bárbaras, não têm qualquer problema em continuar a sua demanda pela
anarquia nas sociedades civilizadas que invadiram. Matam, violam, mutilam,
abusam de menores, mas são imediatamente protegidos pelos esquerdalhas...pois o
branco opressor é que é o culpado destes animais cometerem os crimes que
cometem. Não esquecer o que o Bloco de Esquerda disse sobre o casamento de crianças
com adultos por parte de ciganos...que era uma questão cultural e têm todo o
direito de o fazer...portanto há que libertar todos os pedófilos. Ou
converterem-se ao Islão, outro bastião de bárbaros e selvagens que podem abusar
de menores, cortar cabeças pela "honra" e espancar homossexuais, pois
faz parte da cultura e religião deles... Assim é a esquerda. Sem cérebro, sem
racionalidade...é um vírus que infecta os mais ignorantes que depois tenta
destruir todos os que não consegue infectar. E não o faz apenas às
pessoas...destrói países por completo mesmo.
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