segunda-feira, 4 de março de 2019

Não, Miguel Esteves Cardoso não deve considerar-se “touché”


No caso do encerramento da SÁ DA COSTA, o motivo da minha tristeza – que ainda perdura, como profanação de um monumento pátrio a que deveríamos estar gratos sempre – foi mesmo a saudade de uma velha amiga que publicara a colectânea de tantos clássicos portugueses, em preços acessíveis, mesmo para estudantes, que sem ela talvez nunca tivéssemos oportunidade de conhecer. Não compreendi por que motivo nenhum representante dos que governam, do Ministério da Educação, lançou mão de qualquer estratagema para salvar a SÁ DA COSTA, como aconteceu com o CHIADO, depois do incêndio. Isso justifica também o encerramento da TEMA, dos requintes culturais de Miguel Esteves Cardoso, e compreendo a sua pena. Os seus comentadores que falam ironicamente em ordenados médios pátrios de baixo calibre, não têm, realmente, razão, pois que não é disso que se trata – como um outro comentador informa, e a gente vê nas ruas, há sempre belos carros pousados ou a rodar, no nosso espaço pátrio, o que traduz um bem-estar que permitisse manter esses espaços de venda de livros, fôssemos nós inclinados para o “revestimento” mental tanto quanto o somos para a aparência física. É mesmo um “Escândalo cultural” isso de que MEC tratou na sua crónica - a questão do encerramento da «única loja séria da imprensa estrangeira que Lisboa tem» e as razões que evoca. E apesar da graça de alguns comentadores, a tristeza permanece, por conta do desmazelo que nos define.

OPINIÃO
Escândalo cultural
A Tema é a única loja séria da imprensa estrangeira que Lisboa tem. Como é que se quer fazer passar por uma cidade cosmopolita se nem sequer há um sítio onde se pode escolher e comprar revistas estrangeiras especializadas?
JOSÉ ESTEVES CARDOSO
PÚBLICO, 27 de Fevereiro de 2019
Entristeceu-me saber que amanhã, quinta-feira, vai fechar a Tema: a única loja de jornais e revistas em Lisboa onde se encontra uma boa selecção da imprensa inglesa, americana, italiana e francesa.
reportagem, escrita por Kátia Catulo, está no Corvo. A loja dos Restauradores é considerada "a mais importante loja de revistas e jornais internacionais em Lisboa". O pior é não haver outra que possa substitui-la - nem mesmo parcialmente.
Lembro-me da alegria da abertura da loja onde eu ia todas as semanas encher os braços de revistas. Acabava-se o inferno das assinaturas e dos números atrasados. Os jornais estavam todos ali à vista, podendo-se decidir se valia a pena comprá-los. Havia revistas académicas e tudo - a selecção era inteligente, não era ao calhas ou conforme o gosto do distribuidor.
As revistas estavam muito bem arrumadas - quem conhecesse as secções podia fazer raids-relâmpago, colhendo as publicações desejadas em menos de um minuto.
Ainda o ano passado fui lá fazer uma visita e fiquei contente de verificar que não tinha perdido qualidade. Saí com material para uma semana de leituras. Não há nada como ter uma pilha de revistas e jornais novinhos em folha ao nosso lado. Qual é que vou ler primeiro?
A Tema é a única loja séria da imprensa estrangeira que Lisboa tem. Como é que se quer fazer passar por uma cidade cosmopolita se nem sequer há um sítio onde se pode escolher e comprar revistas estrangeiras especializadas?
Lisboa está cada vez mais pitoresca e parola. É um vergonha e uma miséria.
COMENTÁRIOS:
Leitor Registado, Ando por aí 27.02.2019: Pois é Miguelito....não podemos ter tudo! Em Fevereiro andavas muito contente com a a Press Reader e com o que poupavas com essa app: " Viva a Press Reader. Ando muito contente com a Press Reader. Tem bons jornais e boas revistas portuguesas, brasileiras, inglesas, francesas, americanas e de muitas outras nacionalidades. Ando muito contente com uma aplicação chamada Press Reader. Custa quarenta euros por mês e tem bons jornais e boas revistas portuguesas, brasileiras, inglesas, francesas, americanas e de muitas outras nacionalidades. Fiz as contas das minhas assinaturas existentes e vi logo que poupava vinte euros ...."...em Novembro....não em Fevereiro
Sandra, Lisboa 27.02.2019:  Pois... é o que diz o Leitor Registado. Mais palavras para quê?
Miguel Esteves Cardoso, Colares27.02.2019: Touché.
Raul Silva, Agualva-Cacém 27.02.2019: Tenham calma porque o Presidente da República já passa pela Tema antes desta fechar, como fez na Pastelaria Suíça. Pelo menos, uma selfie recordará a Tema, no futuro.
nelsonfari, Portela-Loures 27.02.2019: The sign of the times...As mudanças culturais. Para nós, os da periferia, é uma perda. Ainda passo por lá para comprar jornais, nomeadamente o "Le Monde". Falando no caso dos grandes jornais eles sobrevivem bem, como é o caso do referido "Le Monde" e dos grandes jornais da América. O diário francês tem uma tiragem diária de 200.000 exemplares em papel e, repare-se, 300.000 assinaturas no digital. Sobrevivem porque são bons e o que vendem não é efémero, tem qualidade e serve a novos e velhos. Basta querer saber como vai o mundo. Quanto às revistas a questão conjuga-se da mesma forma. Mas, estou convencido que no caso português em geral e de Lisboa em particular tem a ver com as difíceis condições de vida da população. Perceba-se que estamos num país com 890 euros/mês de salário médio.
rosab: Lisboa 27.02.2019: Pois é difícil, é. Tem-se visto com o aumento das despesas em compras de Natal como se verificou e muito se comentou em 2018, são os carros caros a saírem em ritmo vertiginoso dos stands, são os equipamentos (telemóveis por exemplo) do último modelo que se vendem como pão, - ridículos e parolos, sim senhor!!
RUI MACHADO DE FRIAS, BUCELAS27.02.2019: E verdade...! Estamos num país que sobrevive com 890 euros por mês, como salário médio. Mas para se chegar a esta média, quantos não estarão abaixo disso ? Também, da produtividade e do investimento, estamos muito abaixo do que seria normal...!
nelsonfari, Portela-Loures 27.02.2019: Por isso não informam o valor do desvio-padrão e, como tal, não sabemos o valor do coeficiente de variação, ou seja, a dispersão. Quais os valores mínimo e máximo. Qual é o valor da mediana. Qual o valor da moda. E, então, que tipo de distribuição temos, se enviesada à direita ou à esquerda do valor da média. E qual o valor do coeficiente de concentração de Gini. E a curva de Lorenz.
Artenzen: 27.02.2019: Se calhar é por parolos como eu preferirem a comodidade e a economia da Zinio. Venham de lá os bons novos tempos.


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