Entre os comentadores de VPV, há os que
contestam os seus conhecimentos históricos apressados. É possível que esses
tais tenham razão, e lamento que ele não justifique melhor as suas opiniões,
que a forma diarística torna, necessariamente, concisas e ambíguas. Mas no
capítulo das observações críticas a respeito dos nossos políticos, parecem-me,
por vezes, bofetadas de mão cheia, as que dá. como a referente ao Costa
cozinheiro da cataplana da Cristina, como pessoa seriamente indignada, tal como
nós. Excepto os da banda da Cristina, não sei porquê, e digo-o com vergonha,
tão artificial e saloiamente pedante parece tudo aquilo, do pouco que vi, é
certo. Nossa marrabenta. Mas nunca o reconheceremos.
CRÓNICA: Diário
António Costa, de avental, a
cozinhar uma cataplana no “Programa da Cristina”, é simplesmente penoso e
reles; e nem sequer tem a desculpa de precisar de votos.
VASCO PULIDO VALENTE OBSERVADOR, 9 de Março de
2019
A senadora democrática do Massachusetts e candidata presidencial, Elisabeth Warren,
uma espécie de Catarina Martins num mau dia, quer apoderar-se de 2% das
fortunas dos americanos com mais de 50 milhões de dólares, para financiar um
serviço nacional de creches. O senador democrático e candidato
presidencial, Bernie Sanders, quer instituir na América um serviço de saúde
gratuito e universal e um serviço público de educação do básico ao superior,
também gratuito e universal. Têm ambos muito apoio de intelectuais e de
estudantes.
Trump diz que a oposição é socialista
e que só ele pode salvar a América do socialismo. Se calhar, ainda salva.
3 de Março
Tudo
se pode dizer do juiz Neto de Moura. Os
processos com que ele ameaça o mundo não valem nada. Uma única coisa não
se pode pedir: a remoção do homem. Foi isso precisamente o que Catarina Martins
fez hoje, esquecida de que um dia, se por acaso for objecto de uma campanha
dos media e das redes sociais, talvez precise de um
judicial independente.
As
sentenças são, legitimamente, objecto de crítica e esse direito não deve ser
restringido. Só que os juízes devem ser irresponsáveis pela substância do
que decidem. Se não é melhor irmos todos viver para a Polónia, ou
emigrarmos no tempo para a Ditadura.
4 de Março
Marcelo
fez muito mal aos políticos portugueses. Nas piores cenas de rua, ele é salvo
por uma certa condescendência de classe e
uma certa arrogância salazarista.
Mas não se passa o mesmo com os outros. António Costa, de avental, a cozinhar uma cataplana no
“Programa da Cristina”, é simplesmente penoso e reles; e nem sequer
tem a desculpa de precisar de votos.
5 de Março
A inquietação a propósito das fake news e
da iliteracia informática lembra a polémica sobre a bondade da alfabetização
do povo, aí por volta de 1865, quando se inventou o papel barato e as tiragens
dos jornais subiram de uns milhares de exemplares para dezenas de milhar. Havia
quem não quisesse ensinar a ler à ralé, com medo que os jornais a desvairassem
e ela se bandeasse com a revolução radical. E havia quem a quisesse ensinar a
ler, exactamente pelas razões contrárias.
O Governo também tem medo da
má influência das redes sociais nos portugueses. No
fundo, acha que eles não são de confiança e não sabem distinguir as notícias
falsas das verdadeiras; nem são capazes de perceber o que é uma campanha de
ódio e o que é simples propaganda política. Os jornais de grande tiragem do
século XIX provocavam o mesmo pânico nos políticos da altura. Era o
pânico da democracia.
6 de Março
A Relação do Porto capitulou perante os media e
as redes sociais. Isto
significa que o poder judicial, um poder soberano, se deixa transviar por causa de um programa de Ricardo Araújo Pereira e
de umas tantas petições no Facebook.
É
a primeira grande cedência do Estado português ao populismo. Como diria o
outro, as instituições são fracas.
7 de Março
Ontem, Mário Centeno na RTP. Desde o bom velho Alfredo de Sousa, nunca consegui
explicar a um economista, e conheci muitos, os estreitos limites da sua visão
do mundo. Agora aparece este, a dizer que os políticos andam a
prejudicar o crescimento económico.
Ele pensa, sinceramente, que se os políticos resolvessem a trapalhada do
“Brexit”, se Trump chegasse a um acordo com os chineses e o populismo
desaparecesse da Europa, ficávamos no melhor dos mundos. O mal são os
políticos. Mário Centeno excluído.
8 de Março
Macron
apela ao renascimento europeu. Como sempre, a França toma-se pelo que não é e
quer-se fazer passar pela cabeça da Europa. Não admira que os franceses e o
Estado-Fantasma de Bruxelas tenham tanta dificuldade em compreender o “Brexit”.
Afinal, a União Europeia é, na essência, uma aliança entre as três potências do
Continente – a França, a Alemanha e a Itália – que foram derrotadas na II
Guerra Mundial. Há 74 anos? Sim, mas não é muito tempo.
COMENTÁRIOS
Maria Odete Vilas Coutinho, Lisboa: Apesar de exorcizado por uns quantos, a verdade é
que VPV soma e segue, e possivelmente já é mais lido do que ele próprio
desejaria - a avaliar pelo número de comentários, que suscita, está quási a
rivalizar com JMT... Cuidado, caro Vasco!
Raquel Azulay: Exorcizado???
LOL A maior parte das pessoas idolatra-o. Um historiador (da história
Portuguesa) brilhante mas quando se aventura em análises de política europeia e
internacional...desculpe lá!! Não há pachorra. Muito azedume e pouca leitura
(sobre política internacional). Muita asneira. Em Portugal há muito esta mania
de idolatrar certas figuras (pq estudou em Ox, porque X e porque Y...) Eu só
olho para aquilo que o Sr escreve. Mais nada me interessa. Não me interessam as
suas idiossincrasias, as suas birras, etc. Leio o que ele escreve, rien de plus.
Raquel Azulay: Elizabeth
Waren é uma Catarina num mau dia. Que perspicácia notável. Já não tenho
pachorra para ler este Sr.
cisteina, Porto: Com mais ou menos bourbon, mais ou menos
whisky, por que não uns copos de vinho tinto maduro, do bom, VPV é impagável na
verrina cheia de humor, uma pedrada no charco da má imprensa (muita, muita que
anda por aí, também fake news), lê-se com gosto, agora em modo telegráfico o
que não é nada fácil, pena bem afiada mas bem apontada. Claro, tem dias
(sábados), todos temos, mas está a tornar-se figura de cartaz na imprensa, bem
precisamos de alguém que nos proteja e ensine. Parabéns!
Aónio EliphisAlgures
nos pólderes da ordem de Orange!:
A
potência beligerante que ganhou a segunda grande guerra foi a União Soviética.
Vamos por isso venerar a Rússia e o socialismo? Nunca a Europa teve um período
tão longo de Paz, desde o império romano, desde que está sob o auspício da UE.
Que a plebe o olvide é compreensível, que VPV o ignore, imperdoável.
nelsonfari, Portela-Loures:
São vários temas e escolhi dois: concordo
com a apreciação a Costa que ganharia mais votos se, porventura, declinasse
o convite da Cristina. Marcaria a diferença. Mas a satisfação de clientelas
falou mais alto: o séquito é enorme e, em Portugal, país turístico mas de
escassos recursos fundamentais, o que está a dar - e sempre deu - é o
Estado. E os empresários(?) também são clientes. Veja-se o figurão
Saraiva da CIP que não descura dinheiros da Segurança Social para compor o
ramalhete. Quanto à França: se Macron levanta a crista é porque o seu
vizinho está nas lonas, com o sistema industrial e financeiro em débâcle. Os
tempos próximos são de tormenta para a Europa. Veja-se em Macron mais a necessidade
de procurar outros objectivos, mais mundo e menos Europa.O Euro não tem futuro.
Ruína...
Manuel Brito, LISBOA 14:10: A Alemanha nas lonas, com o sistema
industrial e financeiro em débâcle? Não me faça rir. Tomáramos nós a débâcle
alemã.
pronouncer:
Os juízes devem ser irresponsáveis pela substância do que decidem? Mas que raio
de coisa é essa de haver profissionais irresponsáveis pela substância do que
decidem?
Reparei Reparei: Quer dizer que os delitos que se julgam em
tribunal não foram cometidos pelo juiz que delibera. Isto porque muitas pessoas
consideram o Neto Moura como um agressor.
Aónio Eliphis, Algures
nos pólderes da ordem de Orange!: Não
só! Ninguém pode processar um juiz pelas decisões que toma. Por isso é que
existem recursos!
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