sábado, 9 de março de 2019

VPV ganha inimigos


Entre os comentadores de VPV, há os que contestam os seus conhecimentos históricos apressados. É possível que esses tais tenham razão, e lamento que ele não justifique melhor as suas opiniões, que a forma diarística torna, necessariamente, concisas e ambíguas. Mas no capítulo das observações críticas a respeito dos nossos políticos, parecem-me, por vezes, bofetadas de mão cheia, as que dá. como a referente ao Costa cozinheiro da cataplana da Cristina, como pessoa seriamente indignada, tal como nós. Excepto os da banda da Cristina, não sei porquê, e digo-o com vergonha, tão artificial e saloiamente pedante parece tudo aquilo, do pouco que vi, é certo. Nossa marrabenta. Mas nunca o reconheceremos.
CRÓNICA:  Diário
António Costa, de avental, a cozinhar uma cataplana no “Programa da Cristina”, é simplesmente penoso e reles; e nem sequer tem a desculpa de precisar de votos.
VASCO PULIDO VALENTE           OBSERVADOR, 9 de Março de 2019
 A senadora democrática do Massachusetts e candidata presidencial, Elisabeth Warren, uma espécie de Catarina Martins num mau dia, quer apoderar-se de 2% das fortunas dos americanos com mais de 50 milhões de dólares, para financiar um serviço nacional de creches. O senador democrático e candidato presidencial, Bernie Sanders, quer instituir na América um serviço de saúde gratuito e universal e um serviço público de educação do básico ao superior, também gratuito e universal. Têm ambos muito apoio de intelectuais e de estudantes.
Trump diz que a oposição é socialista e que só ele pode salvar a América do socialismo. Se calhar, ainda salva.
3 de Março
Tudo se pode dizer do juiz Neto de Moura. Os processos com que ele ameaça o mundo não valem nada. Uma única coisa não se pode pedir: a remoção do homem. Foi isso precisamente o que Catarina Martins fez hoje, esquecida de que um dia, se por acaso for objecto de uma campanha dos media e das redes sociais, talvez precise de um judicial independente.
As sentenças são, legitimamente, objecto de crítica e esse direito não deve ser restringido. Só que os juízes devem ser irresponsáveis pela substância do que decidem. Se não é melhor irmos todos viver para a Polónia, ou emigrarmos no tempo para a Ditadura.
4 de Março
Marcelo fez muito mal aos políticos portugueses. Nas piores cenas de rua, ele é salvo por uma certa condescendência de classe e uma certa arrogância salazarista. Mas não se passa o mesmo com os outros. António Costa, de avental, a cozinhar uma cataplana no “Programa da Cristina”, é simplesmente penoso e reles; e nem sequer tem a desculpa de precisar de votos.
5 de Março
A inquietação a propósito das fake news e da iliteracia informática lembra a polémica sobre a bondade da alfabetização do povo, aí por volta de 1865, quando se inventou o papel barato e as tiragens dos jornais subiram de uns milhares de exemplares para dezenas de milhar. Havia quem não quisesse ensinar a ler à ralé, com medo que os jornais a desvairassem e ela se bandeasse com a revolução radical. E havia quem a quisesse ensinar a ler, exactamente pelas razões contrárias.
O Governo também tem medo da má influência das redes sociais nos portugueses. No fundo, acha que eles não são de confiança e não sabem distinguir as notícias falsas das verdadeiras; nem são capazes de perceber o que é uma campanha de ódio e o que é simples propaganda política. Os jornais de grande tiragem do século XIX provocavam o mesmo pânico nos políticos da altura. Era o pânico da democracia.
6 de Março
A Relação do Porto capitulou perante os media e as redes sociais. Isto significa que o poder judicial, um poder soberano, se deixa transviar por causa de um programa de Ricardo Araújo Pereira e de umas tantas petições no Facebook.
É a primeira grande cedência do Estado português ao populismo. Como diria o outro, as instituições são fracas.
7 de Março
Ontem, Mário Centeno na RTP. Desde o bom velho Alfredo de Sousa, nunca consegui explicar a um economista, e conheci muitos, os estreitos limites da sua visão do mundo. Agora aparece este, a dizer que os políticos andam a prejudicar o crescimento económico. Ele pensa, sinceramente, que se os políticos resolvessem a trapalhada do “Brexit”, se Trump chegasse a um acordo com os chineses e o populismo desaparecesse da Europa, ficávamos no melhor dos mundos. O mal são os políticos. Mário Centeno excluído.
8 de Março
Macron apela ao renascimento europeu. Como sempre, a França toma-se pelo que não é e quer-se fazer passar pela cabeça da Europa. Não admira que os franceses e o Estado-Fantasma de Bruxelas tenham tanta dificuldade em compreender o “Brexit”. Afinal, a União Europeia é, na essência, uma aliança entre as três potências do Continente – a França, a Alemanha e a Itália – que foram derrotadas na II Guerra Mundial. Há 74 anos? Sim, mas não é muito tempo.
COMENTÁRIOS
Maria Odete Vilas Coutinho, Lisboa: Apesar de exorcizado por uns quantos, a verdade é que VPV soma e segue, e possivelmente já é mais lido do que ele próprio desejaria - a avaliar pelo número de comentários, que suscita, está quási a rivalizar com JMT... Cuidado, caro Vasco!
Raquel Azulay: Exorcizado??? LOL A maior parte das pessoas idolatra-o. Um historiador (da história Portuguesa) brilhante mas quando se aventura em análises de política europeia e internacional...desculpe lá!! Não há pachorra. Muito azedume e pouca leitura (sobre política internacional). Muita asneira. Em Portugal há muito esta mania de idolatrar certas figuras (pq estudou em Ox, porque X e porque Y...) Eu só olho para aquilo que o Sr escreve. Mais nada me interessa. Não me interessam as suas idiossincrasias, as suas birras, etc. Leio o que ele escreve, rien de plus.
Raquel Azulay: Elizabeth Waren é uma Catarina num mau dia. Que perspicácia notável. Já não tenho pachorra para ler este Sr.
cisteina, Porto: Com mais ou menos bourbon, mais ou menos whisky, por que não uns copos de vinho tinto maduro, do bom, VPV é impagável na verrina cheia de humor, uma pedrada no charco da má imprensa (muita, muita que anda por aí, também fake news), lê-se com gosto, agora em modo telegráfico o que não é nada fácil, pena bem afiada mas bem apontada. Claro, tem dias (sábados), todos temos, mas está a tornar-se figura de cartaz na imprensa, bem precisamos de alguém que nos proteja e ensine. Parabéns!
Aónio EliphisAlgures nos pólderes da ordem de Orange!: A potência beligerante que ganhou a segunda grande guerra foi a União Soviética. Vamos por isso venerar a Rússia e o socialismo? Nunca a Europa teve um período tão longo de Paz, desde o império romano, desde que está sob o auspício da UE. Que a plebe o olvide é compreensível, que VPV o ignore, imperdoável.
nelsonfari, Portela-Loures: São vários temas e escolhi dois: concordo com a apreciação a Costa que ganharia mais votos se, porventura, declinasse o convite da Cristina. Marcaria a diferença. Mas a satisfação de clientelas falou mais alto: o séquito é enorme e, em Portugal, país turístico mas de escassos recursos fundamentais, o que está a dar - e sempre deu - é o Estado. E os empresários(?) também são clientes. Veja-se o figurão Saraiva da CIP que não descura dinheiros da Segurança Social para compor o ramalhete. Quanto à França: se Macron levanta a crista é porque o seu vizinho está nas lonas, com o sistema industrial e financeiro em débâcle. Os tempos próximos são de tormenta para a Europa. Veja-se em Macron mais a necessidade de procurar outros objectivos, mais mundo e menos Europa.O Euro não tem futuro. Ruína...
Manuel Brito, LISBOA 14:10: A Alemanha nas lonas, com o sistema industrial e financeiro em débâcle? Não me faça rir. Tomáramos nós a débâcle alemã.
pronouncer: Os juízes devem ser irresponsáveis pela substância do que decidem? Mas que raio de coisa é essa de haver profissionais irresponsáveis pela substância do que decidem?
Reparei Reparei: Quer dizer que os delitos que se julgam em tribunal não foram cometidos pelo juiz que delibera. Isto porque muitas pessoas consideram o Neto Moura como um agressor.
Aónio Eliphis, Algures nos pólderes da ordem de Orange!: Não só! Ninguém pode processar um juiz pelas decisões que toma. Por isso é que existem recursos!


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