O desespero tomou conta do mundo, com a
poluição do planeta e o caótico dos conceitos, na permissividade e
promiscuidade geral, que sobe aos governos, como este nosso, promíscuo, num
país onde a cobardia e a desvergonha definitivamente assentaram, pobres de nós,
que, grosseiramente, vamos fazendo carnavais, do nosso primitivismo tosco e
indiferente a uma real consciencialização. São graves os casos expostos por
Alberto Gonçalves, a merecer marmeleiro, mas iremos continuando passivamente
embrenhados na sordidez dos episódios sucessivos, de sucessiva miséria moral e
social, com protestos aqui e ali, é certo, mas sem resultados práticos, assentes
que são em interesse e perfídia, vasos comunicantes entre si, sem plataformas
de ponderação ética. As histórias que Alberto Gonçalves conta merecem, é claro,
desabafos de gente saturada, daí a facúndia prosística de alguns, como Cipião
Numantino, de desespero semelhante ao de AG. Por isso os transcrevo, como
desabafos de gente que sente e que pensa. Quanto a Alberto Gonçalves… oxalá conseguisse
despertar uma qualquer luz de sanidade por cá. Mas, como Eça, acabará “vencido”.
O Estado na nossa cama /premium
OBSERVADOR, 16/3/2019
Na essência a beatice do ensino
“progressista” não difere da do juiz de que se fala: ambos se convenceram de
que lhes compete evangelizar o próximo – e o pior é que, com frequência, o
próximo agradece
Primeiro
episódio. Há tempos,
um juiz decidiu justificar uma decisão judicial com desabafos próprios e
incursões pela Bíblia. Lembrando, aparentemente com inveja, que “há sociedades
em que a mulher adúltera é alvo de lapidação até à morte”, o magistrado
informou-nos que “o adultério da mulher é um gravíssimo atentado à honra e
dignidade do homem”, que o Código Penal de 1886 “punia com uma pena pouco mais
do que simbólica o homem que, achando sua mulher em adultério, nesse acto a
matasse” e que “o adultério da mulher é uma conduta que a sociedade sempre
condenou (são as mulheres honestas as primeiras a estigmatizar as adúlteras), e
por isso vê[-se] com alguma compreensão a violência exercida pelo homem traído,
vexado e humilhado pela mulher”. Recentemente, o juiz, Neto de Moura, afirmou
em entrevista que preza imenso a fidelidade conjugal. Pelo menos na parte que
cabe à fêmea da espécie, já desconfiávamos.
Segundo
episódio. Uma escola
do Barreiro convocou uma associação LGBTEtc. para promover, junto de crianças
de 11 ou 12 anos, uma palestra destinada a “educar contra a discriminação”,
além de “sensibilizar os alunos para a aceitação das diferenças e o respeito
pela diversidade”. A palestra esteve a cargo da Rede Ex Aequo, uma daquelas
associações que usa o @ no lugar dos pronomes na convicção de que isso disfarça
as carências gramaticais e lhes dá um ar “moderno”. Do que vi, a Rede Ex Aequo,
instalada em instalações da ILGA, vive a “dinamizar sessões” do género (e de
género – desculpem) em escolas de todo o país entre Santarém e Setúbal. Não
satisfeita, a Rede Ex Aequo também promove “encontros de trans”, torneios de
futsal contra a discriminação e acampamentos de Verão “para Jovens LGBT e
Simpatizantes” (com “convidadxs” e “organizadorxs” – juro). Nos intervalos,
aflige-se com o “bullying homofóbico”.
As reacções ao primeiro episódio são assaz conhecidas. Meio mundo
indignou-se com os palpites do juiz e tentou incinerá-lo ou despedi-lo, de
acordo com o que ficasse à mão. Os fãs de apedrejamentos defenderam o sujeito.
Os partidos aproveitaram a deixa para meter um pezinho nas decisões judiciais.
As reacções ao segundo episódio não foram tão espectaculares.
Diversos anónimos acharam a ideia aberrante e um deputado (do PSD) chamou-lhe
“porcaria”. Espectaculares foram as reacções às reacções: os mesmos que pediram
a cabeça do juiz passaram a pedir a cabeça do referido deputado – e aplaudiram
o ministério da Educação, a escola em causa e os saltimbancos da “diversidade”.
O
engraçado, para não dizer deprimente, é que todos, ou quase todos, acabaram a
criticar e a apoiar em simultâneo coisas afinal idênticas. Consoante os
propósitos, os intervenientes e os alvos, uns e outros são a favor de que os
poderes públicos ultrapassem os limites que o bom senso recomenda e desatem a
regulamentar a intimidade alheia. Não importa se o objectivo passa por devolver
as mulheres à subserviência ou por empurrar as crianças para uma parada de “orgulho”,
e também não importa se discordamos ou concordamos com tais desígnios: importa
que nenhum deles deve ser preocupação dos senhores que nos tutelam. Gostos
não se discutem, mas faz-me impressão que, com fins “tradicionais” ou
“avançados”, o Estado se deite na minha cama. Inúmeros portugueses, pelos
vistos, apreciam que o Estado se deite na deles. É uma perversão irrelevante?
Não é. Quando quem manda é convidado a iluminar os “valores”
sexuais de certos indivíduos, é natural que quem manda se sinta legitimado a
iluminar os “valores” sexuais de cada um, incluindo daqueles que dispensam a
ajuda. E é pena. As pessoas deveriam ser livres de sonhar com
donzelas submissas, bichas insubmissas e a rebaldaria que calhar. As pessoas. O
Estado deveria apenas assegurar que, na prática, estas convicções privadas não
transgridem os limites da lei. Caso contrário, entra-se nos curiosos domínios
da moral pública, pasto fértil de beatos sortidos. Na essência, a beatice do
ensino “progressista” não difere da do juiz de que se fala: ambos se
convenceram de que lhes compete evangelizar o próximo – e o pior é que, com
frequência e em vez de despachá-los à vassourada, o próximo agradece. É uma
combinação letal, que antes do desgaste da palavra se designava por fascismo.
Para
cúmulo, tudo isto em volta do sexo, matéria em que, há milhares de anos, lá
temos arranjado maneira de nos desenrascar sem auxílio burocrático. A prova
cabal é a quantidade de cambalhotas ocorridas, geração após geração, até
desaguar na existência d@ rapaziad@ d@ Rede Ex Aequo e do dr. Neto de Moura.
Pensando melhor, talvez haja liberdades excessivas.
Notas de rodapé
Ia
escrever que a artista Leonor Nãoseiquê, a tal que só aceita representar
Portugal na Bienal de Veneza porque temos um espectacular governo de esquerda,
não representa Portugal coisa nenhuma em coisa nenhuma: no máximo, e à
semelhança de cançonetistas, futebolistas e malabaristas, representa-se a si
própria. Mas isso foi antes de ver as “obras” da senhora. Agora, que já vi, não
tenho dúvidas de que aquilo representa o país com particular exactidão.
Em vez de ter amigos e familiares que
lhe emprestam casas, carros, contas e cargos, Pedro Passos Coelho anda para aí
a dar aulas a troco de 2000 euros mensais. Perante tamanha vergonha, as
autoridades nada dizem. Batemos no fundo.
Percebo
e respeito os estudantes que decretaram greve às aulas por causa das alterações
climáticas, do capitalismo e assim: no meu tempo, eu também aproveitava os mais
ridículos pretextos para não pôr os pés na escola. O que não percebo, nem
respeito, é que se espatife o tempo livre em manifestações e berreiro. É a
esses choninhas que queremos deixar um mundo melhor? O actual já
é bom demais.
À revelia da lei e da polícia, a
empresa socialista, perdão, pública Infraestruturas de Portugal mandou remover
ilegalmente um cartaz da Iniciativa Liberal. No mesmo local, permaneceram
imaculados os cartazes de PS, PCP e BE. Quem julga estar no seu país é estúpido
ou faz-se: com ligeiras, e crescentemente raras, excepções, o país é deles.
COMENTÁRIOS:
José Abreu: como sempre, na mouche.
Mosava Ickx reyhmkui,: "Pensando melhor, talvez haja liberdades excessivas." As tais liberdades que viram florescer as
ideologias mortíferas da esquerda caviar gramsciana, sem dúvida, e que são a
única explicação para os Breiviks e casos como o da Nova-Zelândia, e de outros
ainda para vir enquanto não se elimina a praga, de uma maneira ou outra. Ainda estou para perceber como é que se pode
proibir partidos da extrema direita e acarinhar a extrema esquerda sem ser um
caso psiquiátrico perigoso. Talvez não seja
tarde demais. As notas de rodapé são
perfeitas, pérolas de humor assustador. Estamos entregues à bicharada, cuidado,
muito cuidado!
António Moreira: Para memória futura: “NOTA DE RODAPÉ (...)
2. Em vez de ter amigos e
familiares que lhe emprestam casas, carros, contas e cargos, Pedro Passos
Coelho anda para aí a dar aulas a troco de 2000 euros mensais. Perante tamanha
vergonha, as autoridades nada dizem. Batemos no fundo. (...)”Realmente, alguém assim não dá jeito nenhum nos corredores da nossa
política, pois não...?
Cipião Numantino: Juiz?
Juiz é sempre que um homem quiser, certo? E o povão também diz na sua imensa
sabedoria popular, que cada cabeça cada sentença. Lembro-me especificamente de
um juiz, o célebre juiz do oeste americano, de seu nome Roy Bean e que se
intitulou como a única lei a oeste de Pecos. Um homem rocambolesco. Abandonou
a mulher, a quem como agora neste caso em apreço do julgamento do juiz portuga
lhe chegava frequentemente a roupa ao pêlo, abandonou os seus 4 filhos, saiu de
Nova Orleães para a Califórnia, daí para o Texas, entrou na guerra contra o
México e fugido à justiça instalou-se numa espécie de terra de ninguém em
Vinegaroon e aí se arvorou como juiz onde se guiava por uns códigos entretanto
já caducados que interpretava a seu bel prazer. O tribunal instalou-o num bar
que havia adquirido, nunca admitiu jurados e, aquando dos julgamentos, obrigava
toda a gente a comprar bebidas no seu pomposo bar/tribunal. Tinha uma espécie
de fetiche que era a actriz então em voga nos EUA uma tal Lily Langtry e quem
se atrevesse a dizer mal dela, era mais que certo que levava uma pesada multa,
chegando até a ameaçar com a forca alguns recalcitrantes. Um dos julgamentos
seus mais peculiares foi o de um chinês que matou um irlandês quando, a certa
altura, passou perto da cidade a linha férrea em construção. Clamando por
vingança juntaram-se uns 200 irlandeses que ameaçavam colocar a ferro e a fogo
a cidade de Vinegaronn. Consultados pelo juiz Bean os seus
"canhenhos", mais a bíblia de que frequentemente se recorria também
para as suas sentenças (parece que esta é uma autêntica fixação para certos
juízes, tanto no farwest como aqui neste rectângulo bem parecido), decidiu
absolver o homem pela prática do homicídio do irlandês presenciado aliás por
inúmeras testemunhas oculares. Razão e justificação da sentença? Escreveu que
nem os livros da lei que possuía nem a bíblia, não faziam qualquer referência a
chineses!!! Ehehehehehe... Ora digam lá se não temos por aqui, nesta choldra de
país, juízes da estirpe do famoso juiz Roy Bean?... Escola do
Barreiro.: Parece que a
coisa não tem mesmo emenda.E das duas três, como diz o outro. Ou encolhemos os
ombros e assobiamos para o lado, como se não fosse nada connosco ou, então, os
pais dos alunos afectados (lembro que são crianças de 11 anos de idade!!!),
procuram por aí umas vergas de pau de marmeleiro e, aos sociopatas que andam a
meter tais m@erdhas nas cabeças dos seus filhos, é tratar de lhes dar bastas e
profusas vergastadas no lombo, até que os casacos não fiquem com o mais leve
indício de pó! Já tenho os meus filhos grandotes e eles saberão certamente
defender os seus filhos ainda mais crianças, mas se for necessário, ainda sou
bem capaz de ajudar a fazer uma perninha para lhes ajudar a sacudir a poeirada.
De permeio pedirei a tais abencerragens
que o melhor é irem ter tais m@as urbações marcusianas e gramscianas, ali para
os lados do Caribe em Cuba ou, então, em terras do Kim do cabelo cortado com
uma panela enfiada na cabeça. Podem
contar comigo!... Uma
maldade o caso Passos. Então não é
que o homem se faz à vida, numa terrinha onde é pungentemente necessário estar
quieto e sossegado e não fazer ondas? Mas por que é que o raio do homem não pede dinheiro
"emprestadado" a um amigo? E
não compra com proventos escusos e obtusos um "apartment à Paris",
hein? Ou então não
fica quietinho em casa "emprestadada" ali para os lados da Ericeira.
E já agora porque não se limita a viver à
sombra da bananeira e água fresca? Ora,
ora, malhas que o império tece. Ou
então, malhas da rede esquerdosa, onde a virtude passou a ser olhada de
soslaio, a justiça uma completa abstracção e a razão tem ... dias!...
Greve nas escolas? Li por mero acaso no Face um apelo de um estudante
deveras significativo. Tal estudante formulava uma espécie de exegese
profundamente engraçada. Escrevia o manjerico em questão (cito agora de
memória) apelando aos estudantes do secundário, para fazerem uma espécie de
greve aos estudos. Ainda, segundo ele, com isto as notas baixavam drasticamente
e, com estas, as respectivas médias para a entrada na Universidade.
Congratulava-se depois, que com tal estado de coisas toda a gente passava o ano
sem o mínimo esforço!!! Genial,
não acham? E quer-me
parecer que tal substantiva genialidade fará por certo o género do BE.
Aqui teremos pois, um mais que evidente
dirigente político de tal agremiação, bem capaz de fazer suar as estopinhas à
Catarineta e manas Mortadágua! É esta massa de gente que irá conduzir, outra
vez, este país à gesta do império. E à concomitante felicidade que se observa
em todos os locais onde o glorioso socialismo assentou arraiais. Um país
todo formado ou mesmo formatado por doutores! Que sejam da mula ruça, oh, oh, o
que é que isso importa? Querem ver que, eu próprio, ainda vou conseguir o
terceiro Nobel para o país? Onde é a sede do BE para eu me ir inscrever? Estou
em transe! Feliz país que tão ditosos filhos tem. Vou ser o novo Camões. Desta
vez, sem ser ... zarolho!...
Liberal Impenitente: Quase perfeito, excepto a utilização da palavra fascismo para uma moral
sexual cheia de pecados, seja ela a das ILGAS ou a do juíz Neto. Eu detesto
moralistas, mas tal não é fascismo. E é pena que um grande colunista como
Alberto Gonçalves não faça a distinção, e sobretudo, abastarde ainda mais a
palavra fascismo.
Carlos Presunca: Maravilha.
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