sexta-feira, 29 de março de 2019

Nós, é mais fofocas e arranjinhos



A viagem que Salles da Fonseca fez no seu cruzeiro por terras e mares arábicos é enriquecedora e vai-nos abrindo o apetite para o acompanharmos, consultando as vias poderosas da Internet. Gratos por isso lhe estamos, que, neste texto, nos traz vestígios da passagem portuguesa de outrora por terras de Oman – o que SF aproveita em sugestões de apelo a uma vivificação turística ou histórica e até linguística de curiosidade e patriotismo.
 Regressamos à realidade portuguesa actual, e a realidade é esta, a dos lugares, mexe e remexe, num saracoteio constante de distribuição de pastas, num fervilhar de compadrios e amizades. Como ouvi parte da entrevista ao ministro do Planeamento Pedro Marques, candidato agora a comissário dos fundos estruturais, escolho a crónica de São José Almeida para nos elucidar neste nosso cruzeiro de avidez do ganho, no soma e segue do struggle for life humilde e pedinchão.



I - ARÁBIA FELIX – 5

DE QUANDO ORMUZ ERA PORTUGUÊS
 HENRIQUE SALLES DA FONSECA
A BEM DA NAÇÃO, 29.03.19
Zarpando do Dubai um pouco antes da meia noite, navegámos lentamente contra uma ondulação que nos fez afocinhar mais do que o desejado por muitos dos nossos companheiros de viagem e acordámos atracados a Khasab, no exclave omanita na Península de Musandam, o mesmo é dizer que na margem árabe do Estreito de Ormuz.
Dizem os folhetos turísticos que se trata dos «fiordes» de Omã mas… vou ali e já venho. Sim, há penhascos que descem quase na vertical até ao mar mas nada da imponência norueguesa. Também nada que tenha impedido a construção das estradas por que circulámos confortavelmente. Sinuosas, sim, mas nada que assuste turistas experientes em alturas e planuras.
E qual não foi o meu espanto quando o passeio matinal tinha (e teve) como objectivo a visita a um forte português numa das praias a que hoje se acede com facilidade mas que no século XVI só se alcançaria por mar ou pelos penhascos que ainda lá estão.
Então, o mais curioso é que a parte mais «forte» do forte é a que está virada para terra já que do mar não esperavam os portugueses qualquer perigo.
Foi com alguma emoção que constatei o respeito com que em Omã se referem aos portugueses e ao esmero com que preservam a nossa memória edificada.
Perguntado sobre outras memórias da presença portuguesa, o nosso guia (um dos vários egípcios que para ali foram depois de o turismo ter caído a pique no seu país devido à instabilidade provocada pela Irmandade Muçulmana) referiu que há diversas localidades na região de Musandam e algumas ilhas no Estreito cujos habitantes – maioritariamente pescadores - se dizem portugueses e que falam um dialecto próprio.
Talvez um dia haja um operador turístico que se preocupe com este género de ocorrências históricas e proporcione visitas a estes (e outros) «portugueses abandonados». Talvez…
(continua)
Março de 2019

NOTAS (da Internet):
Omã: País no Médio Oriente. Omã, ou, mais raramente, Omão, oficialmente Sultanato de Omã, é um país árabe na costa sudeste da Península Arábica. Wikipédia
Estreito de Ormuz
Estreito de Ormuz está situado na entrada do Golfo Pérsico, entre Omã, localizado na Península Arábica e o Irão. Trata-se de uma via marítima estratégica por onde transita mais de 40% do petróleo mundial e 20% de transporte marítimo mundial. De pequena extensão, tem 54 km de largura mínima e seu trecho mais largo não passa de 100 km.   (Estreito de Ormuz, em detalhe. Mapa: CIA.)
Mesmo pelo pequeno tamanho, é uma importante rota marítima por ser a única passagem de grandes áreas de exportação de petróleo para o mar aberto. Passam diariamente de 16 a 17 milhões de barris de óleo pelo Estreito de Ormuz, tornando-o um dos mais estratégicos “choke points” do mundo. Localizadas estrategicamente, próximo da costa norte, situam-se as ilhas de Kish, Qeshm, Abu Musa e Tunbs Maior e Menor, as quais funcionam como plataformas de controle do tráfego marítimo.
Segundo um guia histórico, o estreito de Ormuz está situado à esquerda de grandes montanhas, chamadas Asabon, e à direita de outras arredondadas e altas, chamadas Semíramis. Na parte superior e final deste golfo há uma cidade, perto de Charax Spasini e do Rio Eufrates.
Para alguns, Estreito de Ormuz é assim chamado pois, deriva do nome do Deus Persa Ormoz e para outros historiadores e linguistas o nome é oriundo de uma palavra persa local chamada Hur-mogh, que significa Tamareira.
Desde 1997 o ministro do Irão apoiou o livre transporte de petróleo através do estreito, porém se reservou no direito de fechar a rota se o Irão fosse ameaçado. Há alguns anos, rumores afirmavam que o governo do Irão estaria disposto a travar uma nova guerra no Oriente Médio, com a ameaça de bloqueio do Estreito de Ormuz. A questão é a proximidade a que os navios navegam, explicam a facilidade com que podem entrar em confronto, podendo gerar guerras.
Em março de 2007, um incidente envolvendo o Irão acabou afectando também a marinha britânica, quando quinze marinheiros ingleses foram capturados por lanchas iranianas na região, sendo libertados apenas 2 semanas depois. Já em 2008 um incidente internacional envolveu o Irão e os Estados Unidos: um navio da Guarda Revolucionária Iraniana e três embarcações americanas, pioraram ainda mais a imagem que o governo americano divulga sobre o Irão pelo mundo e a relação entre esses dois países.
Factos recentes mostram que o general Jaafari (Irão) anunciou que a República Islâmica poderia fechar o estreito de Ormuz em represália a um ataque contra suas instalações nucleares. Em resposta aos Iranianos, os Estados Unidos e Israel não descartaram a possibilidade de um choque armado para conter as pesquisas.

Pedro Marques candidato a comissário dos fundos estruturais
António Costa aposta na conquista para Portugal da pasta dos fundos estruturais na próxima Comissão Europeia. Se o desejo se concretizar, o comissário será o cabeça de lista ás europeias.
PÚBLICO, 25 de Março de 2019
António Costa aposta em Pedro Marques para comissário europeu responsável pelos fundos estruturais LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO
O cabeça de lista do PS às europeias, Pedro Marques, poderá ser o comissário europeu a designar pelo Governo, se Portugal ficar com o pelouro dos fundos estruturais na próxima Comissão Europeia, confirmou o PÚBLICO junto de um responsável governamental.
A aposta do primeiro-ministro, António Costa, é conquistar a pasta dos fundos estruturais no novo mandato das instituições europeias que sairá das eleições para o Parlamento Europeu. Para isso, a direcção do PS está apostada em aumentar a sua representação nos hemiciclos de Bruxelas e Estrasburgo. Actualmente, os eurodeputados socialistas são oito e já foi assumido pela secretária-geral adjunta, Ana Catarina Mendonça Mendes, entrevista ao PÚBLICO, que o PS quer crescer.
Um responsável governamental afirmou ao PÚBLICO que, se eleger nove eurodeputados, o PS ficará fortalecido dentro do Partido Socialista Europeu (PES), família política em que o prestígio de António Costa tem crescido, ao ponto de ter “influenciado decisivamente” o manifesto eleitoral do PES para as europeias, aprovado em Madrid, nomeadamente na defesa de um novo contrato social para a União Europeia.
Esse fortalecimento do PS dentro dos socialistas europeus permitirá ao Governo, durante a fase de formação da Comissão Europeia, ganhar poder de influência que lhe permita conquistar o pelouro da gestão dos fundos estruturais. Um cargo que a direcção socialista considera assentar como uma luva em Pedro Marques, que foi, até 18 de Fevereiro, ministro do Planeamento e das Infra-estruturas. Nessa qualidade, foi o responsável pela negociação da aplicação do IV Quadro Comunitário de Apoio, o Portugal 2020, assim como pela preparação e negociação em Bruxelas do futuro V Quadro Comunitário de Apoio, o Portugal 2030.
Há outros nomes para ocupar o lugar de comissário europeu a designar pelo Governo português, de acordo com o que venha a ser a pasta atribuída a Portugal. Outros nomes possíveis são Capoulas Santos, se o pelouro for a Agricultura, e Maria Manuel Leitão Marques, se Portugal ficar com a área da digitalização e modernização administrativa. Mesmo a manutenção de Carlos Moedas, actual comissário da Investigação, Ciência e Inovação não está excluída, embora seja considerada difícil, até porque será praticamente impossível Portugal continuar com a mesma pasta.
Mas de acordo com as informações já divulgadas pelo PÚBLICO e agora reconfirmadas, está fora de causa que Mário Centeno venha a ser designado comissário europeu na formação da Comissão. Um responsável governativo garantiu ao PÚBLICO que Centeno se manterá como ministro das Finanças num próximo governo, se o PS ganhar as legislativas de 6 de Outubro.
A razão é simples. Centeno preside ao Eurogrupo e a direcção do PS considera que Portugal não pode perder este lugar, por isso ele deve ficar de pedra e cal no Governo. Isto porque se o ministro das Finanças mudar, o novo ocupante da pasta não poderá manter a presidência do Eurogrupo, por muito prestigiado que seja, não terá currículo à frente das contas públicas para assegurar o lugar, que a direcção do PS considera essencial no xadrez do poder na União Europeia. Além de que, com Centeno no Eurogrupo, Portugal assegura dois lugares, este e o de comissário europeu.
Centeno só será comissário se, no próximo mandato das instituições europeias, evoluir favoravelmente a ideia de que a presidência do Eurogrupo deve ser detida pelo vice-presidente da Comissão responsável pelas questões orçamentais e financeiras, o que, a acontecer, poderá levar longos meses, no âmbito da reforma da zona euro. Nesse caso, sendo já presidente do Conselho de Ministros das Finanças do Eurogrupo, Centeno seria um forte candidato ao lugar.
Se o PS ganhar as legislativas e se confirmar a manutenção de Mário Centeno como ministro das Finanças será a primeira vez que uma mesma pessoa ocupa esta pasta em dois governos seguidos desde o 25 de Abril. Até hoje, apenas António Sousa Franco conseguiu cumprir uma legislatura inteira à frente do Ministério das Finanças, no primeiro governo de António Guterres, entre Outubro de 1995 e Outubro de 1

COMENTÁRIOS
FzD, Almada 25.03.2019: Penso que haverá cada vez mais abstenção, em todas as eleições nacionais, porque é cada vez mais difícil as pessoas escolherem (entre os agraciados pelos estados-maiores dos partidos – são esses os únicos que podemos escolher). Esta é mais uma razão por que se não deveria equiparar a abstenção, o voto branco e o voto nulo. Se a abstenção se pode entender como indiferença pelos resultados, o voto branco devia ser entendido como “são todos bons” e o voto nulo como “nenhum presta”. Se esta fosse a interpretação oficial, eu votaria sempre…
ana cristina. Lisboa et Orbi 25.03.2019: por amor de deus, não entreguem o ouro ao bandido.
C. Santos, C. PIEDADE ALMADA 25.03.2019: Porquê? O C. Moedas tem feito um bom trabalho.
OldVic, Música do dia: "Canto de Hacha" (Francisco Ulloa) Liberdade para a Venezuela! 25.03.2019 : O cabeça de lista da viagem enriquecedora do PS é o exemplo acabado de um ministro que governou para António Costa e não para Portugal. Para Costa, foi um sem fim de anúncios, promessas propagandas vazias; para Portugal também. O problema é que para Costa era isso que se pretendia, e para Portugal não. Talvez Costa possa dar-lhe uma condecoração qualquer do PS. Se isto se concretizar, adeus fundos estruturais. Em vez de dinheiro vamos ter promessas e inaugurações virtuais. Pior seria com o Nuno Melo. Então teríamos só palhaçadas. Embora não saiba a quem respondo, acho que não deve ser a um utente dos comboios públicos.
mail : Não discordo do que diz sobre o Nuno Melo, mas agora que a família socialista alimenta muita gente lá isso alimenta  Eu também não sei a quem respondo. Não, não sou um utente dos transportes públicos mas sei quem é que nada fez ao longo dos anos para os degradar com o objectivo de os vender aos amigos a preço de saldo. A exemplo de outras muitas situações. Quanto aos transportes públicos tem conhecimento de uma reforma anunciada pelo governo que a direita muito a custo e com muita azia já reconhece como uma medida estrutural de muito grande relevo a vários níveis? Deve saber e estar contente já que é um utente dos transportes públicos.
OldVic, Música do dia: "Canto de Hacha" (Francisco Ulloa) Liberdade para a Venezuela!26.03.2019 : Não, não tenho. Que medida é essa?

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