Em cheio, este Vasco Pulido Valente do seu “Diário” de hoje, a
quem se admira a lucidez crítica e o dedo sintético e certeiro no apontar das
mazelas sociais e outras mais. Não tão satiricamente como AG, do texto anterior, que se desfaz numa
troça de alto calibre literário, no referenciar dos mesmos ou outros grotescos
factos de que trata VPV. Mas este é
sério e triste, no seu zurzir implacável e sem disfarces metafóricos, de
idêntica honestidade intelectual, contudo. Bem-haja o meu país que “tais filhos tem”. Se ao menos nos servissem
de exemplo, como faróis orientadores, para corrigir tanta penúria, que a sua
argúcia capta, como a de outros, é certo, bem necessários todos... mas mal
podemos crer nisso. A última é a das crianças servindo de cobaias num pretenso
doutrinamento macaqueador e desonesto, que apenas as ensina a prevaricarem mais
cedo, faltando às aulas em fútil pretexto causador apenas de ruído e mais mândria
e má educação. De facto, essas normas deviam ser-lhes incutidas – e suponho que
o são ainda, mau grado o contexto de indisciplina geral – nas suas aulas –
normas de respeito pelos outros, pela natureza, por valores morais – que se
enraízam no espírito humano – que não lhes pertence a elas doutrinar mas apenas
cumprir e contra cuja manipulação por pseudo-doutrinadores embrulhados na sua parolice
supostamente adulta e que não passa de desprestigiante imaturidade imitadora do
que vai lá por fora.
E, à tristeza dos dois articulistas,
presto homenagem, com o poema da tristeza de outro génio poético: Fernando Pessoa:
Na sombra
Cleópatra jaz morta
Na sombra
Cleópatra jaz morta.
Chove.
Embandeiraram o barco de maneira errada.
Chove sempre.
Para que olhas tu a cidade longínqua?
Tua alma é a cidade longínqua.
Chove friamente.
E quanto à mãe que embala ao colo um filho morto —
Todos nós embalamos ao colo um filho morto.
Chove, chove.
O sorriso triste que sobra a teus lábios cansados,
Vejo-o no gesto com que os teus dedos não deixam os teus anéis.
Porque é que chove?
Fernando Pessoa
Chove.
Embandeiraram o barco de maneira errada.
Chove sempre.
Para que olhas tu a cidade longínqua?
Tua alma é a cidade longínqua.
Chove friamente.
E quanto à mãe que embala ao colo um filho morto —
Todos nós embalamos ao colo um filho morto.
Chove, chove.
O sorriso triste que sobra a teus lábios cansados,
Vejo-o no gesto com que os teus dedos não deixam os teus anéis.
Porque é que chove?
Fernando Pessoa
OPINIÃO
Diário
Claro
que o PS vai ganhar as eleições e que António Costa vai continuar no seu papel
de grande merceeiro português. Nem Assunção Cristas nem Rui Rio inspiram a
mesma confiança, para não falar dos dementes do PC e do Bloco.
VASCO
PULIDO VALENTE
PÚBLICO,
16 de Março de 2019,
10 de Março
Ana
Gomes é um prodígio – é o exemplo mais perfeito de um espírito estalinista.
Para ela, o mundo aparente é uma “encenação”, que esconde as reais manobras do
“gang” da Lone Star e do “gang” Espírito Santo, em prejuízo dos contribuintes
em geral e do povo em particular.
Por
razão inversa, não consegue disfarçar a sua admiração pelo hacker das Football
Leaks, Rui Pinto, que na
imaginação dela começou a desvendar os culposos mistérios do futebol.
11 de Março
O
PÚBLICO traz um artigo com o seguinte título: “Estará o inglês a deixar de ser a
língua padrão da música global?”.
A explicação vem a seguir: “Em 2018, oito das dez canções mais ouvidas no
YouTube eram cantadas em espanhol.” Conviria que as boas almas, que se indignam
com o muro de Trump, percebessem que a América anglo-saxónica, branca e
protestante, tem uma certa dificuldade em engolir estas coisas. E que talvez
resista à sua transformação num país bilingue e tendencialmente católico.
Trump
passará. Mas não passará o problema que a imigração da América Central e da
América do Sul põe à América dos ingleses e da imigração europeia.
12 de Março
Parece
que o Parlamento vai impor aos seus membros um regime policial. A polícia começa a ser uma vocação portuguesa.
Deputados, comentadores, televisões, tablóides não param um segundo na
perseguição ofegante dos malfeitores. Agora, a própria Assembleia da República
parte do princípio de que os representantes da nação não passam de uma cambada
de meliantes, que têm de ser vigiados de perto e punidos com severidade.
A
democracia portuguesa está a tornar-se num asilo de loucos.
13 de Março
António
Costa anda, desavergonhadamente, a fazer
campanha eleitoral. Não percebo o nervosismo, a não ser que ainda
hoje o aflija o espectro de “Tozé” Seguro e do “poucochinho”. Claro que o PS
vai ganhar as eleições e que ele vai continuar no seu papel de grande merceeiro
português.
O
país pensa, com toda a razão, que ele não levará o Estado à falência, e que
distribuirá a sopa do convento o melhor que souber e puder. Nem Assunção
Cristas nem Rui Rio inspiram a mesma confiança, para não falar dos dementes do
PC e do Bloco.
14 de Março
Os três anos de Marcelo. Basta uma medida. Quem foram os políticos que o bom
povo tratou pelo nome próprio? Não foram de certeza António Ramalho Eanes,
Mário Soares, Jorge Sampaio ou Aníbal Cavaco Silva. Na história da política
portuguesa só há o João Carlos, o António Maria e o António José. Depois do 25
de Abril, há o Marcelo, mais ninguém.
15 de Março
Gosto
de Jorge Coelho. É um homem inteligente, bom, bonacheirão e tranquilo, não está
ali para enganar ninguém. Quando foi da ponte de Entre-os-Rios, um desastre em
que ele não teve a mais leve responsabilidade, demitiu-se logo. Pensa como o
“povão” de que faz parte. Exactamente por isso, não se pode ignorar o que ele
diz hoje sobre a Pátria.
E
o que é que ele diz? Diz que a grande obra do governo de Costa foi devolver à
Pátria umas “finanças sãs” e poupá-la aos desvarios democráticos do “Brexit”.
Reconheço,
melancolicamente, a conversa. É a conversa sobre a natureza do nosso desgraçado
país e das relações que ele pode ter, ou não ter, com a Europa. É a propaganda
de Salazar e do salazarismo. Na boca de um ingénuo. Mas será que nos podemos
salvar deste destino?
15 de Março, à noite
Algumas
centenas de alunos do básico e do secundário andaram hoje pelas ruas de Lisboa
e do Porto, para “salvarem o planeta”.
Fora meia dúzia de aprendizes de demagogo, que poderiam ir já para o Bloco, o
resto repetiu as frases da propaganda que os professores lhes meteram no
encéfalo plástico.
Isto
é um puro abuso de confiança que o Estado permite e encoraja. Uma pessoa
imagina as mesmas criancinhas a repetir a propaganda do Omnipotente ou de
Maduro. Ou, ainda com mais fervor, a do Führer e a do camarada Estaline.
COMENTÁRIOS
Rebelde, Venezuela Livre: Sempre
impecável.
Bruno Costa: Normal,
os partidos pequenos são maioritariamente silenciados pela comunicação social
excepto a aliança pois o santana ser conhecido e vir do laranjal pelo que o cds
e o psd não são credíveis, muitas pessoas não conhecem os outros partidos nem
as ideias que defendem.
Raquel Azulay : "A democracia portuguesa está a tornar-se num
asilo de loucos."/// lol. touché!
Reparei Reparei 15 de março - É claro que podemos escapar ao destino salazarista.
Recentemente tivemos uma grande injecção de atavismo salazarista, governo de
Passos Coelho, que demonstrou a sua inadequação aos tempos modernos. O
saudosismo também pode transpirar de forma negativa para o presente em
afirmações como esta. Infelizmente a AR não é um asilo de loucos. Na realidade
a AR é a verdadeira bolsa de Portugal. Uma bolsa à margem da lei.
bento guerra: Marcelo é mais "ti Celito" e sempre é
diferente de ser"fixe" , como o outro.
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