O prometido é devido, e eis que surge o capítulo introdutório do
périplo de Salles da Fonseca por terras da Arábia - Felix - , que vai resultar,
certamente, em narrativa desenfastiante e rica de conteúdo não só narrativo como
crítico e de humor leve, mas eficazmente certeiro, como de costume. E dessa
forma o acompanharemos, sem, contudo, as imagens que avivam o seu blog. A expressão
“Não me deixem esquecer” acompanha
gradualmente este seu primeiro texto, dos vários transportes apanhados e
algumas peripécias até aos locais das férias, como estribilho de suspense, a
marcar as futuras aventuras ou descritivos.
Para melhor contextualizar, desperto o interesse pela viagem que todos,
certamente, gostaríamos de fazer, procurei na Internet os referentes históricos
e geográficos, que os mapas ajudam a perspectivar.
Uma viagem de prazer, que agradecemos. Por cá, a praga dos incêndios,
consequência da seca. Já.
A ARÁBIA FELIX (1)
INTRODUÇÃO
Saída pelas nuvens ralas de Lisboa rumo a
Madrid onde almoçámos em Barajas à espera do voo para o Dubai.
Voo nocturno e chegada ao destino pela manhãzinha.
Voo nocturno e chegada ao destino pela manhãzinha.
Sabíamos que toda a viagem seria de classe
única mas coube-nos viajar em Executiva por alguma razão que não descortinámos.
Terá sido a afabilidade habitual da Graça ou a respeitabilidade do meu bigode?
Fica o mistério para que alguém o desvende.
Encaminhados do aeroporto ao barco, o "Horizon
Pullmantur", e devidamente instalados no nosso camarote (a meia nau,
no deck do Comando), aí estamos nós a caminho da
primeira "vuelta" (a organização é espanhola) finalizando com
um rally e um jantar no deserto. Algumas
curiosidades para contar. Não me deixem esquecer.
Zarpando já pela noite dentro, afocinhámos um
pouco nas primeiras ondas do Golfo que desta banda lhe chamam Arábico
(da outra, chamam-lhe Pérsico). Foi nos braços de Morfeu que as Senhoras
cruzaram o Estreito de Ormuz (pareceria muito mal se se dissesse que
nós, os homens, o tínhamos cruzado nos braços de Morfina).
Nasceu o dia atracado em Khazab, o primeiro
"toque" no Sultanato de Omã. Muito que contar. Não me deixem
esquecer.
Pela manhãzinha, chegámos a
Mascate (a que os anglófonos chamaram Muscat por corruptela do que nos ouviam a nós,
portugueses, pronunciar). "Vueltas y más vueltas", alguma coisa a
contar. Não me deixem esquecer.
Estávamos a jantar quando vimos as luzes da
cidade a fugir devagarinho de um lado para o outro dos janelões do restaurante.
Navegámos dois dias até
aportarmos a Salalah cujo nome adorei. Muito que contar. Não me deixem esquecer.
Seguiram-se cinco dias de pirataria... perdão, de navegação. Adrenalina e fiascos sucessivos. Não me deixem esquecer de vos contar.
Seguiram-se cinco dias de pirataria... perdão, de navegação. Adrenalina e fiascos sucessivos. Não me deixem esquecer de vos contar.
Aqaba esperava por nós desde que o
Lawrence a conquistou aos otomanos. Muito para vos contar. A ver se não me
esqueço.
Retoma da navegação para conclusão do périplo
da Península do Sinai, incluindo o Canal de Suez. Algumas
coisitas para vos contar, não me deixem esquecer.
Travessia do Suez. Muitíssimo para contar, não
me deixem esquecer.
Travessia do Mediterrâneo durante um dia e uma noite com
tempo fanhoso. Se me esquecer, não será coisa de perigo.
Chegámos à terra do Péricles pela
manhãzinha, desembarcámos, demos uma volta pela cidade "déjà vue" e
rumámos ao aeroporto. Envionámos a horas, foi a horas que as rodas foram para o
ar e aqui estou eu a escrever esta introdução porque os headphones estão de férias e os prelúdios de Chopin primam pelo
silêncio.
Se tudo correr como previsto, chegaremos a
Madrid pelas 17,50 h. locais: se não, não.
Depois conto. Não me deixem esquecer.
Depois conto. Não me deixem esquecer.
Inté.
Março de 2019
COMENTÁRIO de ANÓNIMO: 26.03.2019 ;
Com medo de esquecer?
Que tal "Fosforo Ferrero" ? Mande mais que essa viagem foi
emocionante, e veja se descobre o Felix da Arábia... essa infeliz e vergonhosa!
TEXTO DE APOIO
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Arábia Feliz
Localização da Arabia Felix (área
amarela), tendo, ao norte, a Arábia Pétrea (rosa) e a Arábia
Deserta(branca).
Arábia Feliz (em latim: Arabia Felix; também
referida, na literatura, como Fertile Arabia; em grego: Εὐδαιμονία Αραβία; transl.: Eudaimonía Arabía)
é a denominação da parte meridional da Península Arábica, correspondente aos actuais Estados do Iêmem e Omã. A região era ocupada por tribos sedentárias que desenvolviam uma economia agrícola e mercantil nas regiões litorâneas da
Península.
A parte
norte do Iémen e o Vale de Hadramaute constituem
a parte mais fértil da Península Arábica, o que justificava a denominação
Arábia Feliz. Na Antiguidade, a região era famosa pela exportação de mirra.
Os romanos dividiram a Península Arábica em três
partes: a Arábia Pétrea,
a [[Arábia Deserta]]
e a Arábia Feliz.
A
Arábia Pétrea corresponde à região mais ao norte, assim
denominada por ser muito escarpada, com muitas colinas rochosas, dentre as
quais, esta a cidade de Petra,
capital do Reino dos Nabateus, acessível por estreito desfiladeiro. Por aí
passavam todas as caravanas vindas do
sul em direcção ao Mar Mediterrâneo.
Esta região foi conquistada pelo imperador Trajano, sendo transformada em província
romana.
A
Arábia Deserta é a terra
habitada por tribos de nómadas que se auto denominavam beduínos, que se
agrupavam em torno de poços e oásis. Estas tribos, muito belicosas, guerreavam entre si e
contra os impérios Romano e Persa. Seus membros formavam e conduziam as
caravanas que uniam a Arábia Feliz à Arábia Pétrea, passando pelas únicas
cidades do imenso deserto: Iatrebe
e Meca, lugar sagrado onde todas as tribos guardavam os objectos
sagrados de seus deuses.
A Arábia Feliz, era rica e generosa, localizada no sudoeste
da Península Arábica, que foi um dos países mais ricos da Antiguidade, sendo o único lugar do mundo
onde se produzia a mirra, um preciosíssimo unguento. Como na Abissínia,
aí se produzia o olíbano, ou incenso. Era também parada obrigatória para os barcos que
levavam as riquezas da Índia para Alexandria,
no Egito.
Na Arábia Feliz, ao contrário das regiões do norte e central, a água não era escassa, tendo muito sido
aproveitada no cultivo dos campos. Era próspera pela sua agricultura e por sua posição privilegiada
para o comércio marítimo. Hoje o Iêmen é possivelmente o mais pobre dos países árabes.
A mais importante cidade da Arábia Feliz era Aden,
em função de seu grande porto. A região era dividida em tribos e pequenos
reinos, dentre os quais, no século VIII a.C., o mais poderoso era o Reino de Sabá.
É célebre a passagem bíblica da Rainha de Sabá e do rei Salomão (Rs 10, 1-10). A
capital do Reino de Sabá era Maribe e, posteriormente, Saná.
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