terça-feira, 26 de março de 2019

Suspense para o apetite



O prometido é devido, e eis que surge o capítulo introdutório do périplo de Salles da Fonseca por terras da Arábia - Felix - , que vai resultar, certamente, em narrativa desenfastiante e rica de conteúdo não só narrativo como crítico e de humor leve, mas eficazmente certeiro, como de costume. E dessa forma o acompanharemos, sem, contudo, as imagens que avivam o seu blog. A expressão “Não me deixem esquecer” acompanha gradualmente este seu primeiro texto, dos vários transportes apanhados e algumas peripécias até aos locais das férias, como estribilho de suspense, a marcar as futuras aventuras ou descritivos.
Para melhor contextualizar, desperto o interesse pela viagem que todos, certamente, gostaríamos de fazer, procurei na Internet os referentes históricos e geográficos, que os mapas ajudam a perspectivar.
Uma viagem de prazer, que agradecemos. Por cá, a praga dos incêndios, consequência da seca. Já.

A ARÁBIA FELIX (1)
INTRODUÇÃO 
Saída pelas nuvens ralas de Lisboa rumo a Madrid onde almoçámos em Barajas à espera do voo para o Dubai.
Voo nocturno e chegada ao destino pela manhãzinha.
Sabíamos que toda a viagem seria de classe única mas coube-nos viajar em Executiva por alguma razão que não descortinámos. Terá sido a afabilidade habitual da Graça ou a respeitabilidade do meu bigode? Fica o mistério para que alguém o desvende.
Encaminhados do aeroporto ao barco, o "Horizon Pullmantur", e devidamente instalados no nosso camarote (a meia nau, no deck do Comando), aí estamos nós a caminho da primeira "vuelta" (a organização é espanhola) finalizando com um rally e um jantar no deserto. Algumas curiosidades para contar. Não me deixem esquecer.
Zarpando já pela noite dentro, afocinhámos um pouco nas primeiras ondas do Golfo que desta banda lhe chamam Arábico (da outra, chamam-lhe Pérsico). Foi nos braços de Morfeu que as Senhoras cruzaram o Estreito de Ormuz (pareceria muito mal se se dissesse que nós, os homens, o tínhamos cruzado nos braços de Morfina).
Nasceu o dia atracado em Khazab, o primeiro "toque" no Sultanato de Omã. Muito que contar. Não me deixem esquecer.
Pela manhãzinha, chegámos a Mascate (a que os anglófonos chamaram Muscat por corruptela do que nos ouviam a nós, portugueses, pronunciar). "Vueltas y más vueltas", alguma coisa a contar. Não me deixem esquecer.
Estávamos a jantar quando vimos as luzes da cidade a fugir devagarinho de um lado para o outro dos janelões do restaurante.
Navegámos dois dias até aportarmos a Salalah cujo nome adorei. Muito que contar. Não me deixem esquecer.
Seguiram-se cinco dias de pirataria... perdão, de navegação. Adrenalina e fiascos sucessivos. Não me deixem esquecer de vos contar.
Aqaba esperava por nós desde que o Lawrence a conquistou aos otomanos. Muito para vos contar. A ver se não me esqueço.
Retoma da navegação para conclusão do périplo da Península do Sinai, incluindo o Canal de Suez. Algumas coisitas para vos contar, não me deixem esquecer.
Travessia do Suez. Muitíssimo para contar, não me deixem esquecer.
Travessia do Mediterrâneo durante um dia e uma noite com tempo fanhoso. Se me esquecer, não será coisa de perigo.
Chegámos à terra do Péricles pela manhãzinha, desembarcámos, demos uma volta pela cidade "déjà vue" e rumámos ao aeroporto. Envionámos a horas, foi a horas que as rodas foram para o ar e aqui estou eu a escrever esta introdução porque os headphones estão de férias e os prelúdios de Chopin primam pelo silêncio.
Se tudo correr como previsto, chegaremos a Madrid pelas 17,50 h. locais: se não, não.
Depois conto. Não me deixem esquecer.
Inté.
Março de 2019
COMENTÁRIO de ANÓNIMO: 26.03.2019 ;
Com medo de esquecer? Que tal "Fosforo Ferrero" ? Mande mais que essa viagem foi emocionante, e veja se descobre o Felix da Arábia... essa infeliz e vergonhosa!

TEXTO DE APOIO
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Arábia Feliz
Localização da Arabia Felix (área amarela), tendo, ao norte, a Arábia Pétrea (rosa) e a Arábia Deserta(branca).

Arábia Feliz (em latim: Arabia Felix; também referida, na literatura, como Fertile Arabia; em gregoΕὐδαιμονία Αραβίαtransl.: Eudaimonía Arabía) é a denominação da parte meridional da Península Arábica, correspondente aos actuais Estados do Iêmem e Omã. A região era ocupada por tribos sedentárias que desenvolviam uma economia agrícola e mercantil nas regiões litorâneas da Península.
A parte norte do Iémen e o Vale de Hadramaute constituem a parte mais fértil da Península Arábica, o que justificava a denominação Arábia Feliz. Na Antiguidade, a região era famosa pela exportação de mirra. Os romanos dividiram a Península Arábica em três partes: a Arábia Pétrea, a [[Arábia Deserta]] e a Arábia Feliz.
A Arábia Pétrea corresponde à região mais ao norte, assim denominada por ser muito escarpada, com muitas colinas rochosas, dentre as quais, esta a cidade de Petra, capital do Reino dos Nabateus, acessível por estreito desfiladeiro. Por aí passavam todas as caravanas vindas do sul em direcção ao Mar Mediterrâneo. Esta região foi conquistada pelo imperador Trajano, sendo transformada em província romana.
A Arábia Deserta é a terra habitada por tribos de nómadas que se auto denominavam beduínos, que se agrupavam em torno de poços e oásis. Estas tribos, muito belicosas, guerreavam entre si e contra os impérios Romano e Persa. Seus membros formavam e conduziam as caravanas que uniam a Arábia Feliz à Arábia Pétrea, passando pelas únicas cidades do imenso deserto: Iatrebe e Meca, lugar sagrado onde todas as tribos guardavam os objectos sagrados de seus deuses.
A Arábia Feliz, era rica e generosa, localizada no sudoeste da Península Arábica, que foi um dos países mais ricos da Antiguidade, sendo o único lugar do mundo onde se produzia a mirra, um preciosíssimo unguento. Como na Abissínia, aí se produzia o olíbano, ou incenso. Era também parada obrigatória para os barcos que levavam as riquezas da Índia para Alexandria, no Egito.
Na Arábia Feliz, ao contrário das regiões do norte e central, a água não era escassa, tendo muito sido aproveitada no cultivo dos campos. Era próspera pela sua agricultura e por sua posição privilegiada para o comércio marítimo. Hoje o Iêmen é possivelmente o mais pobre dos países árabes.
A mais importante cidade da Arábia Feliz era Aden, em função de seu grande porto. A região era dividida em tribos e pequenos reinos, dentre os quais, no século VIII a.C., o mais poderoso era o Reino de Sabá. É célebre a passagem bíblica da Rainha de Sabá e do rei Salomão (Rs 10, 1-10). A capital do Reino de Sabá era Maribe e, posteriormente, Saná.


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